Já arrancou a 4ª edição do BIP!

Aconteceu no passado dia 28 de outubro, e de forma totalmente remota, a primeira sessão do Business Ignition Programme 2020. Este é já a 4ª edição do BIP, um programa organizado pela U.Porto Inovação para formar investigadores, estudantes e docentes da Universidade do Porto em competências de negócio. A edição do BIP 2020 funcionará totalmente online dado o contexto pandémico da COVID-19. À semelhança dos outros anos, o BIP vai decorrer ao longo de 8 semanas e são 14 os projetos a concurso, envolvendo perto de 40 pessoas. Entre as ideias participantes estão, por exemplo, uma plataforma para democratizar a educação e as explicações privadas (Atlas), um laboratório de simulação e de projetos urbanos para melhorar a qualidade de vida nas cidades (TechScape) ou até mesmo novos métodos e processos para ajudar a capacidade reprodutiva de animais domésticos de elevado valor (ScHIVA), entre outros. Os participantes garantem ao programa uma elevada amplitude de domínios científicos e know-how, bem como alguma diversidade no que toca às fases de desenvolvimento tecnológico e comercial. Assim, espera-se que seja uma edição rica em partilha de experiências, à semelhança do que tem vindo a ser feito nas anteriores. Prémios do BIP 2020 vão até 4000€ O objetivo final é que os participantes saiam do programa com a capacidade de elaborar um modelo e um plano de negócio, dominando ferramentas que os permitam abordar o mercado, seja pela criação de uma spin-off ou até mesmo com um foco renovado na transferência de tecnologia. Para isso, contarão com a ajuda de mentores especializados, prontos para ajudar as equipas nas tarefas. Do grupo fazem parte membros da U.Porto Inovação e UPTEC, mas também outros especialistas, entre eles: João Pereira (Head of Digital na Portugal Ventures), Paulo Cunha (CEO na MediData), Nuno Rocha e Bruno Rio (2Venture), e até um empreendedor de uma spin-off da U.Porto: Luís Valente (CEO da iLOF). Depois das oito semanas de formação e mentoria especializada, o BIP 2020 termina com o pitch day, com data a anunciar em 2021. Nesse dia serão coroadas as equipas vencedoras, e atribuídos os prémios que vão dos 1500€ aos 4000€ - um apoio do Santander Universidades. Além disso, os participantes terão aqui uma oportunidade para apresentar o seu negócio ao ecossistema universitário e empreendedor do Porto. Além do apoio do Santander Universidades, esta edição conta com o apoio estratégico de parceiros do ecossistema: i3S, INEGI, INESC TEC Porto, CIBIO-InBIO, ISPUP e CIIMAR. O BIP 2020 é enquadrado no SPIN UP, um projeto cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do Programa de Cooperação Transfronteiriça INTERREG V A Espanha-Portugal 2014-2020 (POCTEP). O SPIN UP pretende aumentar a transferência de tecnologia para o mercado nas regiões do Norte de Portugal e Espanha.        Com o apoio de:

Spin-off da U.Porto na "corrida" das vacinas contra a COVID-19

Desde a sua fundação, em 2014, que a Immunethep se tem dedicado à criação de vacinas, principalmente contra infeções bacterianas multirresistentes. Este ano, e depois de se verem obrigados a parar toda a atividade devido à pandemia da COVID-19, a spin-off Universidade do Porto mobilizou-se para pensar numa solução para este problema que está a afetar o mundo inteiro. O vasto conhecimento da Immunethep na área permitiu-lhes avançar rapidamente. E além da experiência está, claro, a urgência: “A situação económica em que o país se encontra fez-nos perceber o quão importante será, para o nosso país, termos uma solução interna que nos permita vacinar as pessoas o quanto antes”, refere Bruno Santos, CEO da empresa. Assim sendo, a equipa arregaçou as mangas e começou a trabalhar numa solução que “irá promover uma forte e duradoura imunidade à COVID-19”, referem. “Esta vacina foi desenhada para potenciar a resposta imune ao vírus e tem uma dupla função: induzir a produção de anticorpos específicos para neutralizar este novo coronavírus, mas também aumentar a capacidade natural do ser humano de combater infeções virais”, diz Bruno Santos. Isto porque, segundo os especialistas, a vacinação dos pacientes poderá não gerar uma resposta em tempo útil. Assim, a Immunethep está a desenvolver dois produtos (um para prevenção e outro para tratamento) e a criar uma terapia mais abrangente para tratar o que chamam de “estas infeções bacterianas oportunistas”. Immunethep aposta na prevenção mas também no tratamento A vacina já está a ser testada em ratinhos e o objetivo será induzir uma imunidade contra o SARS COV-2. “Essa vacina é composta pelo vírus inativado, e será inalada para potenciar a imunidade pulmonar”, explica Bruno Santos. Ao mesmo tempo, a Immunethep está a trabalhar também num outro produto, os anticorpos monoclonais, que suportará a recuperação de pessoas já infetadas. A spin-off da U.Porto é conhecida pela sua experiência na criação de imunoterapias anti-bacterianas, desenvolvidas após terem descoberto que “diferentes bactérias usam exatamente o mesmo mecanismo para impedir a atuação correta do nosso sistema imune”, referem os cientistas. Assim, essas imunoterapias consistem numa outra vacina preventiva antibacteriana e de largo espectro e pelos anticorpos monoclonais, anteriormente referidos, que podem ser administrados como tratamento para essas mesmas infeções. Bruno Santos acrescenta ainda que se verificou que “mais de 50% dos casos fatais em pacientes com COVID-19 são precisamente causados por infeções bacterianas oportunistas.” Concluindo, a Immunethep está a apostar nas duas frentes: “Em pessoas que já estão com COVID-19 podemos administrar os anticorpos monoclonais e, assim, impedir o desenvolvimento das referidas infeções bacterianas oportunistas”, explica Bruno Santos. Ou seja: sses anticorpos não são direcionados especificamente para o vírus SARS COV-2 mas impedem um dos principais riscos em pacientes COVID-19: as infeções bacterianas. Produto final ainda pode demorar Se tudo correr como esperado, e se for aprovada, a vacina será produzida juntamente com uma empresa do Canadá, com a qual a Immunethep já trabalhou na produção da sua vacina bacteriana. No entanto, a spin-off U.Porto alerta para o tempo necessário para o desenvolvimento seguro de uma vacina, sendo a palavra “breve” sempre muito relativa. “Normalmente o processo de ensaios clínicos (admitindo que tudo corre bem) dura, em média, oito anos. Achamos que as primeiras vacinas podem estar disponíveis para distribuição em larga escala dentro de um ano, mas vivemos uma situação de informação atualizada quase ao minuto. Por isso, é muito difícil fazer previsões”, alerta Bruno Santos. Quando questionados sobre se este tipo de pandemias serão mais frequentes no futuro, o CEO da Immunethep não tem dúvidas em afirmar que sim. Segundo os cientistas, “os processos recentes de globalização aumentaram muito as vias de transmissão de novos agentes infeciosos” e sempre que um deles ganha a capacidade de causar doença em humanos, “o risco de pandemia é enorme, pois não se conhece a sua evolução”, refere Bruno Santos. Assim sendo, e independentemente de ser uma doença mais ou menos grave, a Immunethep acredita que “será de esperar que que pandemias deste género sejam cíclicas”. Sobre a Immunethep Criada em 2014 por Bruno Santos e por Pedro Madureira, antigos estudantes, respetivamente, da Porto Business School (o primeiro) e da Faculdade de Ciências (FCUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da U.Porto (o segundo), a Immunethep recebeu a chancela U.Porto Spin-off em 2017. Desde a sua fundação, a empresa tem-se dedicado a combater uma das principais causas de morte em todo o mundo: as infeções bacterianas. Para isso, desenvolve imunoterapias antibacterianas capazes de proteger uma ampla gama de segmentos populacionais que vão desde recém-nascidos até idosos. Em 2017, a Immunethep viu o seu trabalho reconhecido pela Fundação Bill & Melinda Gates (BMGF), que forneceu um grant para que a Immunethep pudesse testar um dos seus produtos. Um ano depois, a empresa fundada na U.Porto alcançou 1.º prémio – no valor de 25 mil euros – na competição internacional Emprendedor XXI.  

Innovation Support Programme finalists selected

EIT Health Hub U. Porto has already selected the final projects for de Innovation Support Programme (PAI). 20 applications were approved, with innovative ideas of products and services concerning healthcare, from software for an earlier and more effective breast cancer diagnosis, to vascular grafts. Amongst all the approved applications, eight are in an early stage of development and so, under this programme, they will be verified and validated through several aids, such as mentorship oh the specialist areas, prototype construction, market viability studies, and tests with end-users. These projects’ ideas encompass the creation of apps that allow the monitorization of multiple sclerosis patients, games to help the clinical support of anorexic teenagers, devices that manage the bipolar disease, the impact of apps on people with diabetes type 1, early diagnosis of breast cancer and melanoma, development of nanoparticles for dentistry, and apps that measure and prevent elderly fragility. Twelve other projects that are in a more advanced phase were also selected and will benefit from logistical and financial support, up to 4.000€, for the production of a product prototype of implementation of a pilot service, besides support on market validation. Those projects are: CyanoCare – cyanobacteria products for the protection and regeneration of skin; GoGraft – innovative vascular graft; Sense4Med – cellular therapy for joints injuries; TexTeLi – textile structure to fix tendons and ligaments; BioGadgets – microbial solutions library; MAMMO|3D – 3D mamographies images; BBIT20 – trials on a molecule that helps fighting breast and ovary cancer; EvolOva – new evaluation tool on women's reproductive function; GRIPWISE: FRÁGIL – device that evaluates elderly fragility; Otitest – thermometer that detects otitis; LIPOWISE: MÃES – adipometer for pregnant women; Games to Learn – a serious game about the rational usage of medicines. Work has begun on October 1st and the first results will arise by the end of 2020. Next year, PAI will open new applications opportunities to strengthen the regional entrepreneurial ecosystem, by providing tools that allow both individuals and companies to increase the success of innovative solutions implementation.

Programa de Apoio à Inovação já tem finalistas

O EIT Health Hub U. Porto já selecionou os projetos finalistas do Programa de Apoio à Inovação (PAI). Foram 20 as candidaturas aprovadas, com ideias de produtos e serviços inovadores, na área da saúde, desde software para um precoce e mais eficaz diagnóstico do cancro da mama, até enxertos vasculares. A maioria dos projetos é da Universidade do Porto. Entre todas as candidaturas aprovadas, oito são ideias embrionárias que, ao abrigo do PAI, vão poder ser verificadas e validadas através de vários apoios, tais como mentoria nas áreas de especialidade, construção de protótipos, estudos de viabilidade de mercado e teste junto dos utilizadores finais. Estes projetos envolvem ideias como a criação de aplicações que permitem a monitorização de pacientes com esclerose múltipla, jogos para apoio clínico de jovens com anorexia, dispositivo para gestão da doença bipolar, impacto da utilização de aplicações em pessoas com diabetes tipo 1, soluções para diagnóstico precoce de cancro da mama e do melanoma, desenvolvimento de nanopartículas para a medicina dentária e aplicações que meçam e previnam situações relacionadas com a fragilidade dos idosos. Houve ainda doze projetos que estão em fase mais avançada de desenvolvimento, e que vão beneficiar de apoio logístico e/ou financeiro, até um total de 4.000€, para a produção de um protótipo do produto ou implementação de um piloto do serviço a validar, além do apoio na validação de mercado. Os projetos selecionados são: CyanoCare – utilização de produtos provenientes de cianobactérias para a proteção e regeneração da pele; GoGraft – desenvolvimento de um enxerto vascular inovador; Sense4Med – terapia celular para lesões das articulações; TexTeLi – estrutura têxtil para reparar tendões e ligamentos; BioGadgets – biblioteca de soluções microbiais; MAMMO|3D – ferramenta de imagens mamográficas 3D; BBIT20 – ensaio de molécula que ajuda a combater o cancro da mama e dos ovários; EvolOva – método de avaliação da função reprodutiva feminina; GRIPWISE: FRÁGIL – dispositivo para avaliar fragilidade do idoso; Otitest – termómetro que permite avaliar a presença de otite; LIPOWISE: MÃES – adipómetro para mulheres grávidas; Games to Learn – jogo sério sobre o uso racional de medicamentos. O início dos trabalhos deu-se a 1 de outubro e os resultados preliminares deverão surgir até ao fim de 2020. No próximo ano, o PAI voltará a abrir candidaturas para continuar a fortalecer o ecossistema empreendedor regional, através de ferramentas que permitam aos indivíduos e empresas envolvidos aumentar o sucesso da entrada no mercado de soluções inovadoras.  

“A pandemia foi uma oportunidade única para produzir conhecimento”

Médico dentista, investigador, inventor, apaixonado pela vida e pelo trabalho que escolheu. Este é o retrato de Miguel Pais Clemente, um cientista da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). “Ser investigador é algo que nasce connosco no sentido de termos uma vertente crítica e inconformada que quer ir mais além, saber mais, questionar procedimentos e analisar resultados”, conta o docente e investigador em entrevista à U.Porto Inovação. Assim, e apesar de, como em tantas crianças, astronauta ter sido a primeira escolha no que dizia respeito à profissão, Miguel Pais Clemente descobriu cedo qual o caminho que queria seguir. Neto e filho de médicos, lembra-se de ter apenas 10 anos e andar pelos corredores do Hospital de São João no Porto, ao lado do pai, pensando que um dia também poderia ser médico ali. No entanto, as médias exigentes acabaram por impor um pequeno “desvio” no percurso, tendo acabado por se licenciar em Medicina Dentária: “Portanto, o meu desejo de ser médico ficou numa área anatómica anexa, como se de uma anastomose se tratasse”, refere. Terminada a licenciatura, o investigador começou o mestrado em 2004 “à moda antiga” na Faculdade de Medicina Dentária da U.Porto. Foi aí que teve contacto com metodologias inovadoras para a altura, nomeadamente a interpretação de amostras de tecido ósseo em microscópica eletrónica de varrimento”, explica. Seguiu-se o Doutoramento, com uma equipa de orientação constituída por pessoas das Faculdades de Medicina, Medicina Dentária e também Engenharia, começando a evidenciar-se a ligação multidisciplinar que, no futuro, não deixaria de estar presente no percurso académico do investigador. Graças à participação da Faculdade de Engenharia nesta parte do percurso, Miguel Pais Clemente teve a oportunidade de “utilizar diferentes tipos de sensores, como por exemplo termografia, em contexto de atividade clínica dentária”, refere o que em muito contribuiu para o que foi alcançando, enquanto cientista, até aos dias de hoje. Foi depois de concluir o Doutoramento que Miguel Pais Clemente sentiu “ter atingido o início da maturidade na investigação”. A área de trabalho que escolheu, e cujo caminho percorre até hoje, foi a Oclusão e dos Distúrbios temporomandibulares. Quando questionado sobre essa escolha, Miguel Pais Clemente refere que a considera fascinante do ponto a nível clínico, mas, sobretudo, muito importante no ponto de vista da investigação uma vez que “os distúrbios temporomandibulares são a causa mais frequente de visita ao profissional de saúde oral a seguir à dor de origem dentária”, explica. Então, juntando a curiosidade, a sede de informação e de respostas, a orientação de alunos e a paixão por esta área científica, Miguel Pais Clemente instalou-se definitivamente na FMUP dando seguimento, mesmo que de outra forma, ao imaginário do menino de 10 anos. “Gosto muito de ser inventor na Universidade do Porto onde existem exemplos firmes e sólidos que nos fazem ambicionar sempre mais. O que mais gosto é a questão relacionada com o relacionamento humano de ajuda e partilha de conhecimento entre os professores, bem como de poder trabalhar em equipas multidisciplinares”, conta o investigador. A ciência ao serviço da sociedade E foi a partir de uma dessas interações, mais precisamente com Joaquim Gabriel Mendes (docente e investigador da Faculdade de Engenharia da U.Porto) que Miguel Pais Clemente teve a oportunidade de participar na criação de uma inovação recente, que promete ser revolucionária nos tempos que vivemos. Falamos do escudo protetor de aerossóis para uso na área da Saúde Oral, que se propõe a resolver alguns dos desafios que a pandemia da COVID-19 colocou a essa área clínica. Na sua opinião, a altura da pandemia, em que o mundo parou, “foi também uma oportunidade única para produzir conhecimento”, conta. Assim, e seguindo os conselhos de quem o rodeava, juntou-se a Joaquim Gabriel Mendes nesta invenção revolucionária e desenvolvida em tempo record para dar resposta rápida aos desafios da pandemia. “O escudo protetor confere um grau de proteção adicional aos profissionais de medicina dentária, bastante expostos dada a proximidade com a cavidade oral, bem como com a facilidade de transmissão do coronavírus SARS-CoV2 pelas gotículas que se propagam no ar”, explica o investigador. Na sua opinião, existe uma “responsabilidade maior e há uma crença em que os resultados possam ser úteis para a academia e para a sociedade em geral”, e isso motivou-o a não baixar os braços durante uma altura em que todo o mundo precisa de soluções eficazes para começar a viver no “novo normal”. Para a dupla de investigadores era imperativo encontrar uma forma de proteger estes profissionais de saúde oral do risco elevado que corriam ao tratar os seus pacientes e, como diz Miguel Pais Clemente, “traduzir o conhecimento em algo útil para sociedade é um estímulo constante”, presente nas suas mentes durante todo o processo. Sonhos? Futuro?: "O ser humano é um ser insaciável" Ao falar em sonhos e planos futuros, Miguel Pais Clemente não hesita em citar o conhecido poema de Antonio Machado, dizendo “o caminho faz-se caminhando”. Neste momento, a sua realização profissional existe muito graças ao trabalho que executa na FMUP “onde ilustres académicos como Altamiro da Costa Pereira (diretor da FMUP), Adelino Leite Moreira (diretor do departamento) e José Manuel Amarante (Diretor do mestrado de Cirurgia Ortognática e Ortodontia) ilustram equipas de trabalho de excelência ao nível da investigação”, refere o investigador. No entanto, essa satisfação não é nunca sinónimo de parar ou conformar-se, e Miguel Pais Clemente sonha em poder dar continuidade ao seu trabalho no estudo, ensino e investigação na área das ciências dentárias, “potenciando a formação pós-graduada que existe na FMUP nas áreas da medicina dentária e estomatologia”, diz. No que diz respeito à sua invenção mais recente - o escudo protetor - está já a desenhar-se uma parceria com a empresa Laborial, que tem como principal objetivo melhorar o protótipo e, assim, passar para a implementação de facto no mercado. “Porque a vida recente ensinou-nos que há um vírus que pode parar o mundo, e quanto melhor nos prepararmos para o futuro mais estaremos a fazer em prol das nossas vidas e das gerações vindouras”, conclui.

SPRELIVE: azeite para barrar que nasce do bagaço da azeitona

  Sabia que são necessários 5kg de azeitonas para fazer um litro de azeite? E que o subproduto remanescente, chamado bagaço de azeitona, representa 80% da quantidade inicial de azeitonas, constituído pela polpa, caroço e pele? E ainda que esse bagaço de azeitona tem, na sua composição, compostos fitotóxicos, que apesar de terem um grande impacto a nível ambiental e económico, também podem ter efeitos positivos na saúde humana graças às suas propriedades antioxidantes? Então… como poderemos aproveitar o que sobra da produção de azeite, reduzindo o desperdício e a pegada ambiental, mas aproveitando os benefícios? Antes de tudo, é necessária uma gestão cuidada do bagaço de azeitona, desde a sua remoção, passando pelo transporte ao armazenamento. Sendo a indústria do processamento de azeite uma das mais relevantes na economia portuguesa, as quantidades de bagaço de azeitona geradas são muito significativas, podendo ser prejudiciais a nível ambiental (se o bagaço for colocado no solo, por exemplo, os compostos bioativos do bagaço de azeitona inibem o crescimento de plantas). Depois, é fundamental encontrar uma estratégia de valorização desse subproduto tão rico em possibilidades. Beatriz Oliveira, Maria Antónia Nunes e Rita Alves, investigadoras da Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP) e do REQUIMTE, têm vindo a estudar as potencialidades do bagaço de azeitona e a trabalhar no desenvolvimento de novos subprodutos. São elas as mentes por trás de uma opção possível para aproveitamento do bagaço de azeitona: o SPRELIVE, um creme vegetal, para barrar, à base de azeite. Este produto alimentar inovador conjuga as propriedades benéficas do azeite com as de um extrato funcional e natural, extraído do bagaço de azeitona de forma sustentável. “O SPRELIVE atende a uma necessidade emergente dos consumidores: a utilização de ingredientes naturais na formulação de alimentos, associada a alimentos mais saudáveis”, referem as investigadoras. Além disso, procura-se ainda que o produto final tenha efeitos moduladores em fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Princípios da "química verde" O modo de obtenção do extrato funcional, referem as investigadoras da FFUP/REQUIMTE, “não utiliza qualquer tipo de solventes químicos” seguindo, assim, os princípios da química verde para obter um extrato natural. “Esta estratégia baseia-se em princípios de bioeconomia e economia circular, sendo recomendada pelas políticas agroalimentares atuais a utilização de recursos e matérias-primas de forma sustentável. O nosso processo pretende encontrar o ponto de equilíbrio entre a recuperação dos compostos bioativos e a sustentabilidade ambiental e económica”, contam. Além disso, o facto de ser um “azeite barrável” faz do SPRELIVE um produto funcional e conveniente, o que permite expandir as aplicações do azeite na alimentação diária. O caráter inovador do produto – que já tem dois pedidos de patente internacional submetidos (Europa e Estados Unidos) -  foi recentemente reconhecido no concurso Food Valorization & New Food, criado para apoiar projetos de inovação na área dos produtos alimentares tradicionais. Levar o azeite barrável para as prateleiras do supermercado O sonho das investigadoras passa, naturalmente, por colocar o SPRELIVE no mercado, de modo a “proporcionar melhores escolhas alimentares e contribuir para adoção de hábitos saudáveis dos consumidores”. Para isso, a próxima etapa será aumentar a escala do processo e, possivelmente, gerar novos players no setor oleícola. Neste momento o SPRELIVE está numa ativa procura de parceiros comerciais para exploração e/ou comercialização da inovação. “As indústrias do processamento de azeite serão os principais “alvos”, uma vez que detêm as matérias-primas e os canais de distribuição tradicionais, podendo assim verticalizar a área de negócio, desenvolvendo e comercializando o SPRELIVE”, referem as investigadoras. No entanto, existe também a possibilidade de as empresas utilizarem apenas o processo de extração desenvolvido na FFUP/REQUIMTE e não o desenvolvimento do SPRELIVE o que, na opinião das cientistas, é “perfeitamente exequível uma vez que o extrato obtido pode ser disponibilizado para outras indústrias”. Na opinião de Beatriz Oliveira, Maria Antónia Nunes e Rita Alves “é de extrema importância encontrar e promover formas inovadoras de maximizar as oportunidades que a indústria do azeite gera”, porque a produção de azeite tem aumentado consideravelmente e a tendência é para continuar. “O SPRELIVE pretende posicionar-se, assim, como uma alternativa a outros produtos da mesma categoria, no segmento dos produtos funcionais e ecológicos, sendo também uma aplicação inovadora do azeite, um produto tradicional.”, concluem.

À conversa com as empresas: Hugo Maia, da Glintt

Nesta edição da rubrica "À conversa com as empresas" fomos conversar com Hugo Maia, Diretor de Inovação da Glintt. Na sua opinião, é fundamental "ter os parceiros certos para enfrentar novos desafios", tendo a Glintt já encontrado "estes parceiros junto da Universidade do Porto. P: Qual a importância da relação da Glintt com o meio cientifico e tecnológico? R: A Glintt é uma empresa de criação de tecnologia com um foco na área da Saúde. Os mercados em que atuamos, tecnologia e saúde, têm características específicas que os tornam muito exigentes. Por um lado, a rápida obsolescência a que a tecnologia está sujeita, por outro a elevada sensibilidade do conhecimento que adquirimos sobre a saúde humana.  Estas características são os motivadores principais para que a Glintt dedique uma parte significativa do seu budget à Inovação, nomeadamente em colaboração com outras instituições. Neste âmbito, o nosso relacionamento com o meio científico e tecnológico é claramente um acelerador e uma variável diferencial para os produtos que gerimos e desenvolvemos todos os dias na Glintt. Acima de tudo, temos que garantir que estamos a colocar nas mãos dos profissionais de saúde ferramentas com a tecnologia mais atual, que são úteis e produzem resultados cada vez mais eficientes.   P: Como é que Glintt tem vindo a interagir com a U.Porto? R: Nos últimos anos temos tido várias interações com a Universidade do Porto. Temos encontrado pessoas de diferentes áreas de atividade, desde alunos, a professores e investigadores, que contam connosco para tornar realidade vários projetos. Para nós isso é motivo de orgulho e dá-nos uma capacidade de estarmos sempre na linha da frente no que respeita as diferentes temáticas em que nos envolvemos. Destas interações destaco o acompanhamento de alunos no desenvolvimento das suas teses ou o acolhimento de alunos para realização de estágios curriculares. Desta parceria têm surgido diferentes propostas de novas tecnologias que são testadas e implementadas no âmbito dessas teses. Mais recentemente participámos em conjunto na submissão a um a CoLab – o Innov4Life CoLab. A visão estratégica deste CoLab passa por apostar na promoção da saúde e bem-estar de todos os cidadãos, através da aceleração do desenvolvimento e adoção das soluções digitais de saúde mais apropriadas.  Por último destacaria ainda o desenvolvimento das ideias submetidas no Programa 365 da Glintt Inov . Por exemplo uma das ideias foi submetida por um ex-aluno da Universidade do Porto (Porto Business School), que atualmente é colaborador da Glintt.   P: Quais os principais desafios que os dois agentes têm pela frente? R: O principal desafio que os dois agentes têm pela frente é o desenvolvimento da sua capacidade de continua adaptação aos tempos atuais. O fator mais importante para sobreviver na sociedade moderna é “não dar nada como adquirido”. Tomemos como exemplo a pandemia mundial provocada pelo Covid19, pois tenho a certeza que no final de 2019, quando se projetava o próximo ano, ninguém teve em consideração este fator no seu exercício de gestão anual. Assim, saber contar com a imprevisibilidade e desenvolver a capacidade de adaptação à sociedade é fundamental para garantir que continuamos relevantes no nosso mercado e que continuamos a acrescentar valor nos produtos e serviços que criamos – aquilo a que chamo criar “valor relevante”. Hoje mais do que nunca não chega acrescentar valor, mas sim acrescentar algo que é de facto relevante e adotado pela maioria. No final estes são os atributos que nos tornam competitivos, quer seja na área da tecnologia, quer seja na área do ensino/investigação. Ter os parceiros certos para enfrentar os novos desafios será metade do trabalho. Acredito que a Glintt já terá encontrado estes parceiros certos junto da Universidade do Porto.  

A chat with companies: Hugo Maia, from Glintt

In this edition of the "A chat with companies" section, we talked to Hugo Maia, Innovation Director at Glintt. In his opinion, it is essential "to have the right partners to face new challenges", and Glintt has already found these partners with the University of Porto. Q: How important is Glintt's relationship with the scientific and technologic community? A: Glintt is a technology creation company with a focus on the Health area. The markets in which we operate - technology and health - have specific characteristics that make them very demanding. On the one hand, the rapid obsolescence to which technology is subject, on the other hand the high sensitivity of the knowledge we have acquired about human health. These characteristics are the main motivators for Glintt to dedicate a significant part of its budget to Innovation, namely in collaboration with other institutions. In this context, our relationship with the scientific and technological environment is clearly an accelerator and a differential variable for the products we manage and develop every day at Glintt. Above all, we must ensure that we are putting tools with the latest technology in the hands of healthcare professionals, which are useful and produce increasingly efficient results.   Q: How have Glintt and the University of Porto been collaborating? A: In recent years, we have had several interactions with the University of Porto. We have met people from different areas of activity, from students, to teachers and researchers, who count on us to make various projects come true. For us, this is a source of pride and gives us an ability to always be at the forefront with regard to the different topics in which we are involved. Of these interactions, I highlight the supervision of students in the development of their theses or the hosting of students to carry out curricular internships. From this partnership, different proposals for new technologies have emerged that are tested and implemented within the scope of these theses. More recently we participated together in submitting to a Collaborative Lab - the Innov4Life CoLab. The strategic vision of this CoLab is to invest in promoting the health and well-being of all citizens, by accelerating the development and adoption of the most appropriate digital health solutions. Finally, I would also like to highlight the development of the ideas submitted in the Glintt Inov 365 Program. For example, one of the ideas was submitted by a former student at the University of Porto (Porto Business School), who is currently a Glintt employee.   Q: What are the main challenges these two players face? A: The main challenge facing the two institutions is to develop their ability to continue adapting to current times. The most important factor for surviving in modern society is "taking nothing for granted". Take the world pandemic caused by Covid19 as an example: I am sure that at the end of 2019, when the next year was projected, no one took this factor into account in their annual management exercise. Thus, knowing how to count on unpredictability and developing the capacity to adapt to society is essential to ensure that we remain relevant in our market and that we continue to add value in the products and services we create - what I call creating “relevant value”. Today more than ever it is not enough to add value, but rather to add something that is in fact relevant and adopted by the majority. In the end, these are the attributes that make us competitive, whether in the area of ​​technology or in the area of ​​teaching / research. Having the right partners to face the new challenges will be half the job. I believe that Glintt has already found these right partners at the University of Porto.  

BIP 2020: Candidaturas já estão abertas!

De: 
15/09/2020
Até: 
21/10/2020

O Business Ignition Programme (BIP) está de volta e as candidaturas já estão abertas! Estamos à procura de 20 projetos tecnológicos que queiram dar o salto, testar e criar um negócio!

O BIP é um programa de valorização e desenvolvimento de modelos de negócio para tecnologias desenvolvidas no meio académico. O objetivo é ajudar tecnologias da Universidade e dos nossos parceiros a aproximarem-se do mercado, seja para serem compradas ou licenciadas por empresas maiores ou para serem utilizadas na criação de uma start-up ou spin-off universitária.

A edição de 2020, em parceria com o Santander Universidades, arranca no dia 28 de outubro. Durante 8 semanas, os participantes terão acesso a formação e a mentoria com empreendedores, venture capitalists e outros especialistas para criarem estratégias vencedoras. Tudo isto culmina no pitch day (a acontecer em 2021) onde cada equipa terá a oportunidade de apresentar o seu negócio e obter financiamento para o mesmo. É também neste dia que será conhecido o vencedor do BIP 2020.

A equipa vencedora receberá um prémio no valor de 4000€ para aplicar no desenvolvimento do projeto, negócio ou tecnologia. Os segundos e terceiros classificados receberão, respetivamente, 2500€ e 1000€.

Para mais informações consultar bip.up.pt . As candidaturas estão abertas aqui até ao dia 21 de outubro. Em caso de dúvida contactar, por favor: Cláudio Santos (cjsantos@reit.up.pt ou bip@reit.up.pt)

O BIP 2020, uma iniciativa da U.Porto Inovação, é enquadrado no SPIN UP, um projeto cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do Programa de Cooperação Transfronteiriça INTERREG V A Espanha-Portugal 2014-2020 (POCTEP). O SPIN UP pretende aumentar a transferência de tecnologia para o mercado nas regiões do Norte de Portugal e Espanha.

    

 

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Healthy Systems e Glintt unem forças em tempo de pandemia

Uma parceria estratégica que contribui para uma “oferta diferenciada e completa das necessidades da saúde digital do setor público e privado” – pode ler-se no comunicado que a Healthy Systems (empresa spin-off U.Porto incubada na UPTEC) e a Glintt (uma multinacional de tecnologia e consultoria) lançaram no passado mês de julho. A Glintt passa a deter agora 51% do capital social da startup. Criada por Ricardo Correia, Luís Filipe Antunes, Eduardo Correia e Alexandre Augusto, todos eles antigos estudantes das faculdades de Ciências (FCUP) e Medicina (FMUP) da Universidade do Porto, a Healthy Systems é uma empresa especializada nas áreas da Cibersegurança, Proteção de dados e Integração dos Sistemas de Informação, principalmente em contexto clínico e hospitalar. Ricardo Correia, CEO da spin-off da U.Porto, revela que a Glintt “foi uma escolha óbvia” para abrir oportunidades em Portugal e no estrangeiro, depois de alguns anos de consolidação do modelo de negócio e da oferta da Healthy Systems: “Percebemos que teríamos dificuldade em aumentar o número de clientes com a estrutura atual, e que faria mais sentido procurar investimento inteligente junto de uma entidade complementar que conheça o mercado”, conta. Já a Glintt considera que “as sinergias entre ambas as empresas são o maior ativo da parceria”, bem como a “capacidade conjunta de atuar no ecossistema de saúde com soluções que melhoram a eficiência das unidades de saúde e a qualidade de vida dos seus utentes”, revelam os representantes daquela que é a maior empresa de consultoria e tecnologia a atuar no setor da saúde em Portugal. “A Healthy Systems é, sem dúvida, um player de enorme relevo nas áreas de interoperabilidade, segurança e auditoria dos sistemas de informação e, em particular, na saúde. É uma spin-off com uma cultura de rigor, proximidade na entrega, capacidade de inovar e proximidade à academia, fatores que são muito relevantes para nós”, revelam os representantes da Glintt. Negócios essenciais em tempos de pandemia “Para que a saúde seja cada vez mais digital, mais ágil e mais próxima, é necessária uma complementaridade de soluções e de conhecimentos que são a base para construirmos esta parceria entre a Glintt e a Healthy Systems”, referem os representantes da multinacional, dando especial ênfase ao momento atual que, este ano, fez parar o mundo: a pandemia da COVID-19. Para a Healthy Systems, a pandemia “tornou óbvia a necessidade de sistemas de informação em saúde robustos e que promovam a circulação segura de dados”, explica Ricardo Correia, que é também docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e investigador do CINTESIS. Na opinião dos fundadores, esta pandemia – e outras que possam surgir – “só pode ser controlada e vencida com recurso a dados de qualidade, mantendo a matriz de proteção de dados pessoais que tem caracterizado a Europa.” Assim, a área de atuação da spin-off tem sido central nas discussões relacionadas com a COVID-19, e os membros da Healthy Systems esperam que “haja um investimento forte neste tipo de sistemas de informação em saúde nos próximos anos”. Esta visão é partilhada pela Glintt, o que deu também parte do mote à parceria entre ambas. Para a multinacional, a “capacidade de os sistemas de informação comunicarem é um elemento fundamental na persecução do hospital inteligente, digital e mais humanizado”, referem, acrescentando que o momento atual é “um demonstrador desta necessidade de haver mais tecnologia ao dispor de todos os intervenientes no ecossistema”. Olhar o futuro Ambas as empresas estão alinhadas num significativo investimento em Investigação & Desenvolvimento, partilhando o “compromisso com a excelência e a vontade de melhorar continuamente o ecossistema da Saúde Digital Global”. Assim sendo, acrescenta o comunicado, é “expectável que novas oportunidades surjam para a expansão da Healthy Systems dentro do universo do grupo Glintt, bem como novos mercados”. Ao pensar no futuro, Ricardo Correia fala da vontade de a Healthy Systems trabalhar, já a partir de 2021, com mais instituições do centro e sul do país, uma vez que atualmente tem parte da sua atividade centrada na região norte. Depois, será a vez de explorar o mercado internacional e, com isso, uma eventual necessidade de aumentar a equipa. No que à I&D diz respeito, a empresa spin-off U.Porto pretende apostar no domínio do IoT “com soluções que integrem dispositivos médicos em ambientes extra-hospitalar, nomeadamente cuidados domiciliários e cidades inteligentes, revela Ricardo Correia. Como conclui a Glintt, o propósito fundamental é sempre o de contribuir para Portugal “enquanto país na vanguarda da saúde digital, colocando o cidadão no centro – com os seus dados disponíveis e interoperáveis – com um sistema de saúde mais produtivo, com maior segurança da informação, com o recurso a algoritmos de apoio à decisão para potenciar otimização das operações em saúde e uma decisão clínica mais personalizada e eficaz”.

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