"Embaixadores" da inovação da U.Porto encontram-se

  Foi no passado dia 26 de junho que membros de várias equipas de apoio à inovação, investigação & desenvolvimento (I&D) se encontraram num almoço de confraternização. A iniciativa partiu da U.Porto Inovação e enquadrou-se nas comemorações do seu vigésimo aniversário.  O objetivo do encontro foi que as pessoas se conhecessem e apresentassem o seu trabalho, de forma bastante informal e à volta da mesa, em convívio. Como foi dito muitas vezes à medida que os participantes iam chegando, é frequente que, mesmo sendo colegas, trabalhando para a mesma instituição e nas mesmas áreas, o contacto aconteça apenas por email. "É muito refrescante atribuir caras a nomes que só vemos nos emails diários", referiu uma das participantes. Assim, num esforço de aproximar equipas que, de uma maneira ou de outra, já trabalham em conjunto e, muitas vezes, com grande frequência, a U.Porto Inovação convidou "embaixadores" de inovação de todas as faculdades da U.Porto bem como dos institutos associados. Nesta ocasião estiveram presentes colegas das faculdades de Ciências, Desporto, Direito, Engenharia, Farmácia, Letras e Medicina, e também do CeNTI, INEGI, INESC TEC e REQUIMTE/ICETA.  A ideia é, também, aumentar as colaborações entre os departamentos das várias entidades, de forma mais eficiente e frutífera.

"A missão da U.Porto Inovação era ambiciosa e desafiante"

  Teresa Mata foi a primeira coordenadora, formal e oficial, da U.Porto Inovação. Foi contratada especificamente para o efeito por José Marques dos Santos (na altura Vice-Reitor da Universidade do Porto) e assumiu as funções em setembro de 2004, poucos meses depois da criação da, na altura, UPIN. Dirigiu a equipa durante três anos.  Apesar de ter chegado formalmente à equipa alguns meses depois da sua criação oficial, Teresa Mata participou ativamente no delinear da estratégia de trabalho da UPIN e na definição dos pontos de atuação prioritários. Também esteve envolvida na escrita da candidatura para a constituição, em 2007, do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), com o objetivo de promover a inovação e o empreendedorismo. Na sua opinião, a missão era “ambiciosa e desafiante”, mas acredita que durante o seu período à frente do gabinete contribuiu para se avançar em diferentes áreas.    1. Porque se sentiu a necessidade de criar a U.Porto Inovação? A criação da U.Porto Inovação foi a resposta da U.Porto à necessidade cada vez maior de promover a proteção e valorização dos resultados de investigação e desenvolvimento (I&D) obtidos pelos seus membros, temática que começou a ter maior relevância em Portugal nos finais do século XX e princípios do século XXI, de modo a obter benefícios económicos dessas atividades, promovendo simultaneamente o desenvolvimento da região e do país.  Assim, a equipa atuava em três áreas: Programas de I&D interdisciplinar; Programas de apoio à I&D e inovação; Valorização da I&D e empreendedorismo. Nestas era evidente a preocupação da Universidade em fomentar toda a cadeia de inovação, a montante, através da promoção da investigação interdisciplinar e apoio a candidaturas de projetos de financiamento de I&D, nacionais e internacionais, e a jusante com a valorização dos resultados de investigação, a promoção de formas sustentadas de transferência de tecnologia e conhecimento, a formação em empreendedorismo e o apoio à criação de novas empresas.   2. Foi fácil o processo? Como se desenrolou? Posso dizer que tínhamos uma missão ambiciosa e desafiante, visto que na altura da sua criação as áreas de atividade da U.Porto Inovação ainda não eram comuns nas universidades, nem eram vistas como relevantes. Na área dos programas de I&D interdisciplinar, por exemplo, o objetivo era desenvolver as sinergias necessárias para a constituição de esquemas de trabalho colaborativo, através da dinamização de redes de conhecimento. Estas redes poderiam envolver, para além das unidades de investigação e desenvolvimento tecnológico da universidade (na qualidade de detentoras de massa crítica num leque variado de áreas de investigação), organizações mediadoras (como as associações industriais), entidades especializadas em serviços de inovação e transferência de tecnologia (como a UPIN), e as entidades recetoras ou empresas que no final da cadeia vão absorver e providenciar feedback sobre os processos de transferência de tecnologia e conhecimento.  Na convicção de que as áreas de investigação e desenvolvimento tecnológico a que se dedicam os membros da U.Porto possuíam um grande potencial para gerar resultados, através da proteção da propriedade intelectual e/ou da criação de  “startups”, foi desenvolvida e implementada uma metodologia para aprofundar e sistematizar o conhecimento sobre essas atividades no âmbito da U.Porto. Deste modo, eram analisados o potencial de valorização das tecnologias já desenvolvidas e/ou em fase de desenvolvimento. tomando em conta necessidades identificadas no meio empresarial, e os processos de propriedade intelectual, cujo potencial de valorização tinha sido previamente identificado, de modo a potenciar a sua difusão a empresas potencialmente interessadas, diretamente ou em colaboração com outros organismos de interface, nacionais ou internacionais.  Para além destas atividades, também era fomentada a participação de membros da comunidade universitária na criação de novas empresas de base tecnológica e científica, assim como a participação e a candidatura de projetos de investigação e desenvolvimento tecnológico a programas de financiamento, nacionais e internacionais, particularmente em colaboração com entidades empresariais.  Na área do empreendedorismo, foi definida uma linha de atuação a qual passava pela oferta de ações de formação nas áreas de atividade da UPIN. Numa primeira fase, estes eram destinados a alunos de doutoramento e de mestrado da U.Porto, estendendo-se posteriormente, a docentes, investigadores e alunos finalistas de licenciatura. Estes cursos tinham como objetivo permitir aos participantes criar as competências necessárias para serem agentes de mudança nas suas futuras atividades profissionais. O “Curso de Empreendedorismo da Universidade do Porto” organizado pela U.Porto Inovação em colaboração com a Escola de Gestão do Porto (EGP), atual Porto Business School (PBS), incluía 108 horas de formação, e permitia aos participantes criarem competências necessárias para poderem ser empreendedores e elaborarem um plano de negócios. Para aqueles que pretendiam criar uma nova empresa de base tecnológica e científica, os promotores eram acompanhados no processo de avaliação das oportunidades de negócio resultantes das tecnologias e/ou conhecimentos desenvolvidos nas suas atividades de investigação, facilitando a tomada de decisão na interface crítica onde os conhecimentos são convertidos em produtos e serviços. Também eram prestados apoios nos procedimentos para a constituição da nova empresa, nomeadamente na proteção da propriedade industrial, registo da marca, procura de financiamento, estudo da participação da U.Porto no capital da nova empresa, e potencial integração em incubadoras e/ou parques tecnológicos. Deste modo, a universidade disponibilizava para a comunidade académica outra forma de valorização económica para os resultados das suas atividades na vertente de I&D, considerada até então pouco relevante.    3. Como era constituída a equipa e por que tarefas/projetos começaram? Quando foi constituída a U.Porto Inovação (na altura UPIN), em 2004, eramos apenas 3 pessoas.  As minhas atividades focavam-se mais na área dos Programas de I&D interdisciplinar, enquanto as outras pessoas dedicavam-se mais a apoiar o registo e proteção da propriedade industrial, empreendedorismo, na divulgação dos programas de financiamento de I&D e no apoio ao desenvolvimento e submissão de propostas.  Durante os 3 anos que estive na U.Porto Inovação contratámos mais 6 pessoas, mostrando o cada vez maior interesse nas atividades da equipa por parte dos membros da comunidade académica da U.Porto.   4. Quais as maiores dificuldades? Foi necessário enfrentar vários desafios, resultantes de vários fatores.  A nível institucional, a existência de 14 faculdades na U.Porto, cada uma com a sua própria estrutura e cultura organizacional, e uma cultura académica tradicional resistente a mudanças e à adoção de novas práticas de gestão do conhecimento, foi um dos desafios mais significativos. Por outro lado, a Universidade gera e consome grandes volumes de informação e conhecimento em diversas áreas disciplinares, o que pode dificultar a identificação, organização e acesso eficaz ao conhecimento relevante, situação agravada pela inexistência de práticas de interação e partilha de conhecimentos entre diferentes faculdades e/ou unidades de investigação da U.Porto, aliada a uma certa desconfiança entre os vários agentes envolvidos.  Na universidade, muitas das novas ideias ou descobertas de índole científica não chegam a concretizar-se na criação de uma nova empresa. Esta situação deve-se, em parte, à incapacidade de os investigadores detetarem as oportunidades de negócio, e também porque estes não têm os conhecimentos necessários para criar ou gerir um projeto empresarial.  Para além disso, apesar de os investigadores terem acesso a equipamentos científicos de elevada qualidade, costumam faltar os recursos logísticos ou humanos necessários para garantir o funcionamento de uma empresa. De salientar também a reduzida valorização das atividades de empreendedorismo nas carreiras de professores e investigadores, situação que se tem vindo a alterar de forma positiva nos últimos anos.  Superar estas dificuldades requer um esforço conjunto e estratégico por parte da liderança universitária, dos departamentos académicos e dos profissionais de gestão do conhecimento para promover uma cultura de colaboração, investir em tecnologia e sistemas de informação adequados, e incentivar práticas de partilha e transferência de conhecimento eficazes.    5. Como vê a importância da U.Porto Inovação nos dias que correm? A universidade, sendo uma das mais importantes entidades integrantes da sociedade do conhecimento, tem a noção de que as suas ações devem influenciar o mais possível o meio onde se insere, contribuindo em particular para um desenvolvimento sustentável da região e do país.  Um dos eixos fundamentais de ação é o fomento da colaboração entre a universidade e as empresas, que pode levar a avanços significativos, não somente em matéria de I&D, mas também de criação de valor, não apenas económico, mas também social e ambiental, permitindo que ambas as partes se beneficiem da expertise e dos recursos disponíveis. Essas parcerias podem tomar variadíssimas formas, sejam projetos conjuntos, patentes compartilhadas ou investigação aplicada no desenvolvimento e implementação de soluções inovadoras para desafios complexos. A U.Porto Inovação, em colaboração com as unidades orgânicas, é a entidade da U.Porto vocacionada para responder aos desafios com os quais a universidade se defronta atualmente.  Em particular, em universidades modernas são cada vez mais valorizadas e relevantes as atividades relacionadas com a valorização e/ou transferência do conhecimento e tecnologias geradas nas suas atividades, até como forma de suportar futuras atividades de investigação, o fomento do empreendedorismo, e a colaboração universidade-empresas.  Nestes aspetos julgo que a U.Porto cumpre o seu papel, tanto na área científica como tecnológica, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento sustentável (tomando em conta as áreas económica, social e ambiental) da região e do país onde se insere.   6. Na sua opinião, por onde passa o futuro da inovação na Universidade do Porto? O que falta fazer? O futuro da inovação na U.Porto passa pelo contínuo desenvolvimento e aprofundamento das áreas-chave já referidas, o que implica a realização contínua de diversas atividades para maximizar os resultados e impactos das suas atividades.  Na minha opinião, algumas das ações estratégicas incluem uma maior integração entre as atividades de investigação e inovação, uma maior agilidade e fortalecimento das práticas de transferência de tecnologia, uma ênfase contínua na formação de profissionais com competências em empreendedorismo, colaboração com incubadoras de startups.  Outras linhas de ação incluem a melhoria dos processos de identificação de tecnologias e/ou resultados com elevado potencial de valorização e impacto positivo na economia e sociedade, o desenvolvimento de políticas e processos que facilitem a comercialização da propriedade industrial, garantindo que as descobertas científicas possam ser traduzidas em produtos e serviços que beneficiem a sociedade, e uma maior consciencialização sobre o impacto positivo da inovação resultantes das atividades de I&D na sociedade.  Ao nível da cultura organizacional é necessário continuar a fomentar uma cultura de inovação e formação em empreendedorismo (por exemplo através da incorporação nos currículos dos cursos ou por programas específicos), de promoção de transferência e valorização de tecnologia e conhecimento, estimular a colaboração interdisciplinar entre unidades orgânicas da U.Porto (uma vez que a inovação muitas vezes surge da interseção de diferentes disciplinas), fomentar iniciativas de inovação aberta, com um enfoque em colaborações com o tecido empresarial, para resolver problemas comuns e promover o desenvolvimento de tecnologias e soluções inovadoras.  Além disso, é crucial continuar a investir em recursos e infraestruturas que apoiem a inovação na universidade e promovam uma cultura de colaboração e excelência científica.

Spin-off U.Porto distinguida nos Prémios APOM 2024

Chama-se “Exposições Ver do Bago – Visitas Virtuais 360” e é da autoria da 3Decide, uma empresa spin-off da Universidade do Porto especializada em criar visitas virtuais. O projeto foi desenvolvido para a Rota do Romântico, no Porto, e acaba de ser distinguido pelos Prémios da Associação Portuguesa de Museologia (APOM). A iniciativa destaca a inovação e impacto de projetos no campo da tecnologia aplicada ao património cultural. “Esta distinção é muito importante para a 3Decide”, refere Carlos Rebelo, CEO da empresa. “É um reconhecimento significativo do nosso trabalho e do impacto que estamos a ter na área. Não só valida os nossos esforços contínuos em criar experiências imersivas e envolventes que combinam história, arte e tecnologia, como também reforça a nossa posição no setor e nos motiva a continuar a investir em soluções criativas”, acrescenta. O projeto “Exposições Ver do Bago” oferece visitas virtuais 360º a três exposições lançadas em outubro de 2023. A tecnologia em questão permite revisitar as exposições passadas e também preservá-las para memória futura, permitindo que os utilizadores da tecnologia as vivenciem de forma imersiva e envolvente. Comprometida em continuar a inovar e a fundir história, artes e tecnologia, a 3Decide tem como objetivo principal proporcionar experiências interativas tanto no terreno como de forma virtual e remota, alcançando, assim, audiências globais. Os projetos já desenvolvidos pela spin-off U.Porto incluem visitas virtuais guiadas ao vivo, narrativas digitais envolventes com áudio, experiências com headsets de realidade virtual, entre outros. Atualmente, a empresa está envolvida em vários projetos com a Casa da Arquitectura de Matosinhos, como é o caso do “Matosinhos Não Construídos”, lançado no início deste ano. Trata-se da primeira exposição inteiramente produzida pela Casa de Arquitectura dedicada ao seu arquivo. “Exposições como esta exigem muito trabalho e, frequentemente, desaparecem à medida que novas surgem. Mas as nossas soluções imersivas de visitas virtuais garantem que esses eventos são preservados para sempre”, explica Pedro Gomes. E tudo isto de uma forma “inédita e cativante, que envolve o público”. A 3Decide está, assim, focada em expandir as colaborações com novas instituições culturais e explorar novas tecnologias. Pretendem consolidar a presença em mercados internacionais, levando as soluções a um mercado mais global, e também estabelecer parcerias com outras empresas de tecnologia e instituições cultuais. O objetivo? “Desenvolver projetos que não só preservem o património cultural, mas que também promovam acessibilidade e sustentabilidade”, remata Carlos Rebelo. Sobre os Prémios APOM São uma das iniciativas mais emblemáticas da Associação Portuguesa de Museologia. Criados em 1994, têm como objetivo distinguir os museus e os seus profissionais em diversos domínios. A entrega de prémios desta edição aconteceu no passado dia 31 de maio, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.

"Mais do que uma oportunidade, os serviços da U.Porto Inovação eram uma necessidade”.

Sofia Varge já trabalhava na Reitoria da Universidade do Porto quando se começou a falar da necessidade de criar um serviço como a U.Porto Inovação. Assim, além de ter sido uma das primeiras colaboradoras oficiais da equipa, também participou ativamente no desenho do que viriam a ser as bases e principais atividades da equipa. Acabou por ficar na U.Porto Inovação durante doze anos, onde trabalhou com inúmeras pessoas e em diferentes projetos, depois de ter começado numa equipa de “apenas” três. Nos dias que correm, Sofia considera “fundamental para a Universidade do Porto que haja um serviço que apoie a dita cadeia de valor da inovação”.   1. Porque se sentiu a necessidade de criar a U.Porto Inovação? Já estava na Reitoria da Universidade do Porto quando surgiu a ideia da criação desse serviço. Na altura, estava a fazer um estágio no serviço de relações internacionais, em regime de voluntariado – ofereci-me para ajudar na implementação de algumas atividades porque, sendo a minha área de formação, queria ganhar alguma experiência profissional. Soube que havia um serviço em desenvolvimento que procurava recursos humanos com um nível académico adequado para começar a crescer e que, ainda de forma tímida, procuravam pessoas “da casa”, pois preferiam alguém que já conhecessem a forma de funcionamento. Propus-me para a entrevista e comecei a trabalhar lá logo no início do ano de 2004.  Na altura ainda não existia oficialmente a UPIN, mas sim o GAPI da Universidade do Porto. Os GAPI (Gabinetes de Apoio à Propriedade Intelectual) estavam enquadrados em financiamentos estatais, atribuídos, por via de candidatura, para fazerem a gestão das patentes, como resposta ao incentivo nacional de promover e divulgar a importância do uso da Propriedade Industrial e Intelectual. Apesar da parca procura, na altura, deste tipo de serviços pela própria universidade, a participação nesta rede permitia à Universidade do Porto fazer algum investimento nas tecnologias desenvolvidas e que, por falta de financiamento, não tinham possibilidade de se impor no mercado.    2. Foi fácil o processo? Como se desenrolou? Fui contratada para fazer face a outro tipo de necessidade: o apoio na preparação e submissão de candidaturas a projetos de investigação. Visto que este tipo de serviços era ainda uma novidade no seio da universidade, a ideia era pensar numa data de inauguração que permitisse uma apresentação pública e que desse a conhecer aquilo que passaríamos a oferecer.  No dia 15 abril de 2004 fez-se o lançamento do serviço, ancorado no apoio aos projetos e às patentes, numa apresentação no auditório da Reitoria, na altura sediado na Rua D. Manuel II. O processo, tanto quanto me lembro, foi lento, na medida em que só mais tarde foi feita a apresentação da UPIN a todos os diretores das faculdades e percorreu-se um longo caminho até que se fosse percebendo a utilidade do que se podia oferecer. Também porque, sendo aquele o gabinete que tinha dado origem ao serviço, as patentes, não havia ainda uma grande sensibilização e muitas das tecnologias desenvolvidas não tinham, por defeito, em vista o mercado nem, em consequência, a sua proteção.  A mentalidade que predominava era outra: os resultados dos trabalhos de investigação ficavam escondidos, porque patentear era inalcançável para a maioria. Custos de submissão e manutenção dos direitos, bem como da gestão dos prazos, era algo que não era contemplado nos centros de investigação, ficando reservados apenas para os trabalhos mais visíveis.    3. Como era constituída a equipa e por que tarefas/projetos começaram? Éramos três na equipa. Sob a alçada do Professor Marques dos Santos, na altura vice-reitor da U.Porto e responsável pelo IRICUP (Instituto de Recursos e Iniciativas Comuns), contava-se com a coordenação do António Teixeira, com a Ana Casaca e comigo. O António Teixeira acabou por deixar a UPIN pouco depois, abraçando outro desafio. Fiquei apenas eu e a Ana, durante alguns meses, até a equipa começar a crescer. Eu comecei por trabalhar na área dos projetos, dando apoio a programas nacionais, da FCT, e ao 7.º Programa-Quadro, da Comissão Europeia, a nível internacional. A minha missão inicial era conhecer os maiores centros de investigação da U.Porto, saber como funcionavam nestas funções de apoio a projetos. Também fui enviada para a Comissão Europeia, com vista à criação de uma rede de contactos, para melhor “olear” os processos de esclarecimentos em potenciais submissões de projetos.    4. Quais as maiores dificuldades? As maiores dificuldades foram as de dar a conhecer o serviço e explicar que, mais do que uma oportunidade, era uma necessidade.    5. Como vê a importância da U.Porto Inovação nos dias que correm? A U.Porto Inovação ganhou uma dimensão que ultrapassa largamente os seus objetivos iniciais.  Parece-me ser mais do que uma necessidade e uma oportunidade: é fundamental para a Universidade do Porto que haja um serviço que apoie a dita cadeia de valor da inovação que, entretanto, se tornou uma área de grande visibilidade, sobretudo a nível nacional, bem como outras áreas que desenvolveu, como o apoio ao empreendedorismo, no qual ainda tive oportunidade de participar.    6. Na sua opinião, por onde passa o futuro da inovação na Universidade do Porto? O que falta fazer? Afastada há alguns anos do trabalho da U.Porto Inovação, tenho alguma dificuldade em opinar. Arrisco apenas a dizer que deve continuar a crescer e fazer o bom trabalho, que parece ser evidente para quem assiste de fora. A ligação com o mercado de trabalho é fundamental para o crescimento saudável da Universidade e a cooperação entre serviços deve ser explorada, para potenciar ao máximo todos os recursos que estão ao dispor, não só dos estudantes, mas da comunidade em geral.

BIP PROOF está de volta para financiar projetos inovadores!

O BIP PROOF- programa que tem se dedica a atribuir apoios para provas de conceito no ecossistema de investigação da Universidade do Porto - está de volta e tem 60 mil euros para distribuir. A iniciativa é da U.Porto Inovação e, à semelhança de anos anteriores, conta com o apoio da Fundação Amadeu Dias e da Caixa Geral de Depósitos. O principal objetivo do BIP PROOF é premiar projetos de provas de conceito (proof of concept) que visam estimular a concretização de etapas de valor conducentes à valorização socioeconómica de resultados de investigação promissores.  Para tal, os projetos a apoiar procederão à realização de protótipos de viabilidade técnica, ensaios in-vitro/in-vivo, estudos de viabilidade e de mercado ou outras atividades que acrescentem valor a estes resultados e aumentem a sua atratividade para poderem vir a ser transferidos para empresas já existentes ou empresas spin-off que venham a ser constituídas para exploração socioeconómica desses resultados.  Nesta edição o programa está organizado em dois grandes domínios de aplicação científico-tecnológica. Por um lado, o domínio que engloba Saúde; Biotecnologia, Tecnologia Alimentar e Agricultura. Por outro, o domínio que engloba Tecnologia da Informação, Eletrónica e Comunicação; Energia, Meio Ambiente e Construção; Transporte, Segurança e Processos Industriais. Assim, a presente edição apoiará os 3 projetos mais bem classificados em cada um dos dois domínios e, portanto, seis projetos vão receber até 10 mil euros para financiar as provas de conceito. O período de candidaturas decorre entre 17 de junho a 29 de julho. Os interessados deverão preencher o formulário que está disponível nesta plataforma. Os interessados terão também que anexar à candidatura uma declaração de apoio da unidade orgânica ou entidade participada na qual o promotor principal da candidatura é afiliado. São elegíveis projetos que, cumulativamente: resultem de I&D desenvolvida no ecossistema de investigação da Universidade do Porto, incluindo as unidades orgânicas e entidades participadas;  cuja eventual propriedade intelectual anterior ou propriedade intelectual futura pertença à Universidade do Porto ou entidades participadas; apresentem um objetivo claro com resultados bem definidos (prova de conceito experimental, protótipos a validar laboratorialmente ou em ambiente industrial);  conduzam ao desenvolvimento ou clarifiquem a viabilidade de novos produtos, processos ou serviços, com aplicação bem definida;  evidenciem que o apoio obtido no âmbito do BIP PROOF tem um impacto significativo na sua aproximação ao mercado;  evidenciem o compromisso da equipa envolvida em apoiar a transferência e uma eventual exploração comercial dos resultados após o término do BIP PROOF.  Com base nas candidaturas apresentadas, a U.Porto Inovação irá proceder à análise das propostas e seriar os projetos mediante avaliação da documentação entregue. Para esclarecimento de eventuais dúvidas deverá ser enviado um email para: bip@reit.up.pt As linhas orientadoras do BIP PROOF estão disponíveis através deste link. SOBRE O BIP PROOF O programa foi criado pela U. Porto Inovação em 2018 e, ao todo, já distinguiu um total de 38 ideias inovadoras com 440 mil euros. Esta é a 7ª edição do programa. No arranque, e contando com o apoio do projeto U. Norte Inova, o BIP PROOF financiou seis projetos com 20.000 euros. Foi já nesse ano que a Fundação Amadeu Dias (FAD) se juntou ao BIP PROOF, permitindo financiar mais quatro projetos com 10.000 euros para cada. A ligação da FAD ao programa manteve-se em todas as edições. Nos ano seguintes repetiu-se a receita de sucesso: em 2019 foram distinguidos quatro projetos, cada um com 10 mil euros. Em 2020 o Santander Universidades juntou-se à iniciativa como patrocinador e foram eleitos seis vencedores, também com 10 mil euros. As edições seguintes (2021 e 2022) distinguiram 10 ideias inovadoras nascidas na U.Porto, contando com o apoio de projetos financiados (Spin-UP em 2021 e UI-TRANSFER em 2022) e também com o patrocínio da J.Pereira da Cruz em ambas as edições. O valor investido nessas duas edições ultrapassa os 100 mil euros. A última edição aconteceu em 2023 e contou com o apoio da Fundação Amadeu Dias e do Santander Universidades. Seis projetos receberam 10 mil euros cada. O principal objetivo do BIP PROOF é criar um sistema de provas de conceito. Essas podem traduzir-se em construção de protótipos de viabilidade técnica, realização de ensaios in vitro/in vivo, estudos de viabilidade ou de mercado, entre outras, para que possam contribuir para a maturação da tecnologia e aproximação ao mercado. Esta edição conta com o apoio da Fundação Amadeu Dias e da Caixa Geral de Depósitos.

Tecnologia da U.Porto vence Prémio Inovação Bluepharma - Universidade de Coimbra 2023

  Em todo o mundo, estima-se que haja mais de 1.5 milhões de pacientes a sofrer de cancros agressivos como o do ovário, pâncreas e mama que não têm outra opção terapêutica além da quimioterapia convencional. Na Universidade do Porto, numa investigação conjunta da Faculdade de Farmácia (FFUP), REQUIMTE e do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), nasceu uma tecnologia inovadora que pode trazer uma nova esperança para estes doentes. Este composto anticancerígeno é o grande vencedor do Prémio Inovação Bluepharma Universidade de Coimbra 2023 e foi o projeto escolhido entre as 19 propostas concorrentes. “Trata-se de um prémio nacional muito prestigiado que tem reconhecido os melhores trabalhos na área da inovação aplicada à saúde. Desta forma, é um reconhecimento da qualidade do nosso trabalho, um incentivo para toda a equipa e um estímulo para um ainda longo e duro caminho que temos pela frente.”, refere Lucília Saraiva, líder da equipa. Os investigadores vão receber um prémio monetário de 20 mil euros que, no futuro, pode traduzir-se num investimento suplementar de 30 mil euros (quando confirmada a viabilidade de mercado do projeto). O valor vai ser aplicado “em estudos de validação da atividade anticancerígena do composto nos quatro tipos de cancro” que estão a estudar, referem. A equipa formou, entretanto, uma empresa chamada BEAT Therapeutics, focada no desenvolvimento de soluções para o tratamento de doenças como cancros agressivos do ovário, pâncreas e mama triplo-negativo e próstata resistente à castração. Falamos de um composto – descoberto e testado com sucesso pela equipa – inovador devido tanto às suas origens como aos seus efeitos. Tem vindo a mostrar resultados promissores e pode ser quatro vezes mais eficaz do que a quimioterapia na redução de tumores. Neste momento, estão concentrados na fase pré-clinica avançada da tecnologia, com resultados obtidos de modelos de doentes, in vitro e in vivo. A equipa por trás do inovador projeto é composta pelas/os investigadoras/es Lucília Saraiva e Ana Catarina Matos (FFUP e REQUIMTE), Ângela Carvalho, Hugo Prazeres e José Luís Costa (i3s), Maria José Umbelino Ferreira (FFUL) e ainda Silva Mulhovo, da Universidade de Pedagógica de Moçambique, numa colaboração frutífera ente várias instituições. A somar distinções desde 2023 Em abril e maio de 2023 a equipa da BEAT Therapeutics conquistou o primeiro lugar no iUP25k – concurso de ideias de negócio da Universidade do Porto – e o segundo lugar no BIP Acceleration. Ambas as iniciativas foram organizadas pela U.Porto Inovação no âmbito do projeto UI-CAN – Universidades como Interface para o Empreendedorismo. Depois, em junho, além de terem sido selecionados para a final da EIT Health InnoStars (iniciativa na qual acabaram por ficar em segundo lugar, em novembro de 2023), a equipa venceu o concurso nacional que colocou frente a frente projetos inovadores nascidos nas sete universidades parceiras do UI-CAN (Aveiro, Beira Interior, Coimbra, Évora, Minho, Porto e Trás-os-Montes e Alto Douro). Já perto do final do ano, a BEAT Therapeutics foi distinguida pelo Programa Gilead GÉNESE, que atribuiu um financiamento de 15 mil euros à equipa, e sagrou-se vencedora nos pitches da categoria Bio/Pharma Tech da edição 2023 do programa de aceleração espanhol "Startup Olé". Já enquanto empresa venceram o Prémio Jovem Empreendedor 2023 (iniciativa da ANJE). Sobre o Prémio Inovação Bluepharma - Universidade de Coimbra 2023 O Prémio Inovação Bluepharma Universidade de Coimbra tem como objetivo distinguir projetos científicos de excelência, a nível internacional, na área das ciências da saúde, que apresentem elevado potencial de transformação em produtos ou serviços, com interesse para a sociedade. Tem periodicidade bienal. Nesta edição as candidaturas foram analisadas pelo júri composto por Luís Pereira de Almeida (Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC), Luís Almeida (BlueClinical), Miguel Botto (Portugal Ventures), Sérgio Simões (Faculdade de Farmácia da UC e Bluepharma) e presidido por Fernando Seabra Santos (Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC).   Foto: Bluepharma/Universidade de Coimbra

" A U.Porto Inovação é essencial para que a Universidade continue na vanguarda da ciência e tecnologia.”

Ana Casaca trabalhou na Reitoria da Universidade do Porto entre 2003 e 2006, tendo contribuído para o lançamento da U.Porto Inovação em 2004. Na altura, faziam parte da equipa também António Teixeira e Sofia Varge. Ana Casaca chegou a assumir parte da coordenação desta primeira equipa. Na sua opinião, a importância de uma estrutura como a U.Porto Inovação mantém-se até aos dias de hoje. “A U.Porto Inovação é mais do que nunca uma pedra angular na estratégia de desenvolvimento e inovação da Universidade do Porto. Desempenhando um papel crucial na promoção da inovação, este gabinete é instrumental na transformação do conhecimento académico em valor económico e social, servindo de ponte entre as áreas de investigação de ponta realizadas dentro dos muros da universidade e o mundo empresarial.”, refere.   1. Porque se sentiu a necessidade de criar a U.Porto Inovação? A necessidade de criar um gabinete como a U.Porto Inovação surgiu do desejo de fortalecer as conexões entre a indústria e os centros de investigação da universidade. O nosso objetivo primordial era formar parcerias estratégicas e fomentar processos de cocriação que resultassem na produção de conhecimento com um impacto tangível e benéfico para a sociedade. A U.Porto Inovação foi concebida para atuar como catalisadora na transferência de tecnologias inovadoras para o mercado e promover a integração da cultura académica com o ecossistema externo mais amplo. Esta iniciativa pretendia não apenas facilitar a aplicação prática do conhecimento científico, mas também abrir novos caminhos para a colaboração entre a universidade e o setor empresarial. Dada a reconhecida excelência da Universidade do Porto na produção científica, era fundamental que a U.Porto Inovação desempenhasse um papel duplo: servir como um farol para a valorização do conhecimento gerado dentro da universidade e como um motor de capacitação empreendedora para professores e estudantes. Este esforço visava diretamente contribuir para o rejuvenescimento e fortalecimento das capacidades industriais da região Norte, além de promover a criação de empregos altamente qualificados. Adicionalmente, reconheceu-se que a U.Porto Inovação deveria posicionar-se no centro dos novos ecossistemas de inovação, facilitando a interação e complementaridade entre as diversas competências académicas e industriais. Este papel central é fundamental para maximizar o potencial inovador e produtivo do país, particularmente na região norte, criando sinergias que impulsionam o desenvolvimento tecnológico e socioeconómico.   2. Foi fácil o processo? Como se desenrolou? A criação de um gabinete de transferência de tecnologia é um processo complexo. Há um duplo desafio de adequação: por um lado, às especificidades de cada instituição de ensino e investigação; por outro, às necessidades do mercado onde a Universidade atua. Iniciamos o processo com uma análise de benchmarking sobre o funcionamento e a estrutura de gabinetes de transferência de tecnologia noutras universidades. Este passo permitiu identificar melhores práticas e foi crucial para entender como outras instituições equilibraram a proteção intelectual com a comercialização eficaz das inovações. Definimos os Macro Objetivos com base nas lições aprendidas durante a fase de benchmarking, o que nos permitiu delinear claramente o scope de atuação que incluía a gestão de propriedade intelectual, a promoção de parcerias entre a universidade e a indústria, e o apoio ao empreendedorismo académico. O alinhamento institucional e interdepartamental foi naturalmente o passo seguinte. Foi necessário trabalhar de forma colaborativa para assegurar que a U.Porto Inovação complementasse e reforçasse os objetivos da Universidade e de pesquisa, sem duplicar esforços ou criar conflitos internos. Em termos de operacionalização, começamos com o Desenvolvimento de Políticas e Procedimentos com uma abordagem holística, desde a identificação e proteção de invenções até à negociação de acordos de licenciamento e parcerias com a indústria. Mas a formação da equipa foi o passo mais importante em todo o processo. Desde especialistas em propriedade intelectual a profissionais de desenvolvimento de negócio, a diversidade de competências foi decisiva para cobrir todos os ângulos da transferência de tecnologia. Isto foi fundamental para abranger as várias facetas da transferência de tecnologia.   3. Como era constituída a equipa e por que tarefas/projetos começaram? A equipa inicial era composta por três profissionais com experiências variadas, desde a proteção de ativos intangíveis até à gestão de candidaturas a fundos comunitários, passando pela criação de empresas. Adicionalmente, priorizou-se a formação de uma rede de parceiros internos e externos para evitar redundâncias e colmatar as competências que não existiam na equipa. Entre os primeiros projetos, destaco: o desenvolvimento e aprovação do primeiro regulamento de Propriedade Intelectual da U.Porto; a criação do primeiro curso de empreendedorismo com o apoio do Professor Daniel Bessa na Porto Business School, focado em alunos de Doutoramento e Mestrado; e, por último, a implementação do processo de transferência de tecnologia em parceria com o Instituto Fraunhofer.   4. Quais as maiores dificuldades? Diria que o maior desafio foi identificar o valor potencial que a U.Porto Inovação poderia agregar à Universidade. Foi necessário assegurar o alinhamento e aprovação com as direções das 14 faculdades e definir os objetivos, indicadores de desempenho e principais linhas de atuação para os primeiros anos, além de garantir financiamento para o arranque do processo.   5. Como vê a importância da U.Porto Inovação nos dias que correm? Além de fomentar o empreendedorismo tecnológico entre estudantes, docentes e investigadores, a U.Porto Inovação é fundamental na criação de um ambiente propício à criação de startups e spin-off, contribuindo significativamente para o ecossistema inovador da região e do país. Ao facilitar o acesso a recursos, mentoria, redes de contactos e financiamento, apoia a comunidade académica a dar o salto em direção ao mercado global. Numa altura em que a rapidez da evolução tecnológica e a intensidade da competição global não têm precedentes, a U.Porto Inovação não só eleva o perfil internacional da Universidade como também desempenha um papel vital na economia, contribuindo para a criação de emprego qualificado, para o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e para a solução de desafios sociais complexos. Assim, a U.Porto Inovação é essencial para que a universidade continue na vanguarda da ciência e tecnologia, reforçando a sua missão de servir a sociedade através da inovação e do conhecimento.   6. Na sua opinião, por onde passa o futuro da inovação na Universidade do Porto? O que falta fazer? O futuro da inovação na Universidade do Porto deve assentar na continuação e intensificação do envolvimento sistemático entre a indústria e o meio académico. A chave está em estabelecer parcerias estratégicas que não só realcem a geração de conhecimento, mas que também promovam a aplicação prática desse conhecimento em benefício da sociedade. A Universidade, mais do que nunca, deve ser vista não só como uma fonte geradora de conhecimento, mas também como um catalisador para a integração de esforços entre diferentes sectores industriais e disciplinas académicas. Esta abordagem multidisciplinar e intersectorial é fundamental para enfrentar os desafios complexos da atualidade. Para além disso, é crucial expandir os esforços no sentido de garantir que a investigação produzida tenha um impacto social tangível e reconhecível. A Universidade do Porto tem o potencial de liderar neste domínio, assumindo um papel central no desenvolvimento de um ecossistema inovador que não apenas alimente a economia com novas tecnologias e soluções, mas que também contribua significativamente para o bem-estar da comunidade. Um aspeto que ainda requer atenção é a necessidade de reforçar a infraestrutura de suporte à inovação dentro da Universidade. Isso inclui desde o aperfeiçoamento dos processos de transferência de tecnologia até ao desenvolvimento de programas que incentivem o empreendedorismo entre estudantes e investigadores. Promover uma cultura que valorize a inovação e o risco calculado pode acelerar significativamente o ritmo da inovação. Em suma, para que a Universidade do Porto se mantenha na vanguarda da inovação, é imperativo que continue a fortalecer as ligações entre a academia e a indústria, desenvolva parcerias intersectoriais e transdisciplinares cada vez mais sólidas, e trabalhe ativamente para garantir que a investigação produza benefícios reais e mensuráveis para a sociedade.

BIP PROOF 2024/2025: Candidaturas abertas!

De: 
17/06/2024
Até: 
29/07/2024

O BIP PROOF - programa de apoio ao desenvolvimento de provas de conceito da Universidade do Porto - está de volta e tem 60 mil euros para distribuir!

Estão abertas as candidaturas ao BIP PROOF 2024/2025, programa que vai atribuir apoios para provas de conceito no ecossistema de investigação da Universidade do Porto. Com o apoio da Fundação Amadeu Dias e da Caixa Geral de Depósitos, seis projetos vão receber até 10 mil euros para financiar provas de conceito. Os interessados podem candidatar-se até ao dia 29 de julho de 2024.

O principal objetivo do BIP PROOF é premiar projetos de provas de conceito (proof of concept) que visam estimular a concretização de etapas de valor conducentes à valorização socioeconómica de resultados de investigação promissores. Para tal, os projetos a apoiar procederão à realização de protótipos de viabilidade técnica, ensaios in-vitro/in-vivo, estudos de viabilidade e de mercado ou outras atividades que acrescentem valor a estes resultados e aumentem a sua atratividade para poderem vir a ser transferidos para empresas já existentes ou empresas spin-off que venham a ser constituídas para exploração socioeconómica desses resultados.

Nesta edição o programa está organizado em dois grandes domínios de aplicação científico-tecnológica. Por um lado, o domínio que engloba Saúde; Biotecnologia, Tecnologia Alimentar e Agricultura. Por outro, o domínio que engloba Tecnologia da Informação, Eletrónica e Comunicação; Energia, Meio Ambiente e Construção; Transporte, Segurança e Processos Industriais. Assim, a presente edição apoiará os 3 projetos mais bem classificados em cada um dos dois domínios e, portanto, seis projetos vão receber até 10 mil euros para financiar as provas de conceito.

São elegíveis projetos que, cumulativamente:

  1. resultem de I&D desenvolvida no ecossistema de investigação da Universidade do Porto, incluindo as unidades orgânicas e entidades participadas; 
  2. cuja eventual propriedade intelectual anterior ou propriedade intelectual futura pertença à Universidade do Porto ou entidades participadas;
  3. apresentem um objetivo claro com resultados bem definidos (prova de conceito experimental, protótipos a validar laboratorialmente ou em ambiente industrial); 
  4. conduzam ao desenvolvimento ou clarifiquem a viabilidade de novos produtos, processos ou serviços, com aplicação bem definida; 
  5. evidenciem que o apoio obtido no âmbito do BIP PROOF tem um impacto significativo na sua aproximação ao mercado; 
  6. evidenciem o compromisso da equipa envolvida em apoiar a transferência e uma eventual exploração comercial dos resultados após o término do BIP PROOF. 

 

Consulte as linhas orientadoras do BIP PROOF através deste link.

Os interessados deverão preencher o formulário que está disponível nesta plataforma. Os interessados terão também que anexar à candidatura uma declaração de apoio da unidade orgânica ou entidade participada na qual o promotor principal da candidatura é afiliado.

Com base nas candidaturas apresentadas, a U.Porto Inovação irá proceder à análise das propostas e seriar os projetos mediante avaliação da documentação entregue. Para esclarecimento de eventuais dúvidas deverá ser enviado um email para: bip@reit.up.pt

 

Esta edição conta com o apoio da Fundação Amadeu Dias e da Caixa Geral de Depósitos.

iUP25k premeia “farinha funcional” que vai mudar a vida dos diabéticos

  São mais de 530 milhões de pessoas que vivem com diabetes em todo o mundo. Esse número é particularmente preocupante se visto na perspetiva de “em 2045, um em cada oito adultos sofrerá de diabetes”. Um cenário que inspirou a equipa FarFun, vencedora da 10ª edição do iUP25k – Concurso de Ideias de Negócio da Universidade do Porto. Regra geral, quem sofre de diabetes deve seguir uma alimentação mais restrita e tem de evitar ou reduzir o consumo de muitos alimentos que apreciam. Apesar de o pão ser um dos alimentos mais consumidos em todo o mundo, quem sofre de diabetes tem a recomendação de reduzir a sua ingestão devido à ocorrência de picos de açúcar no sangue que o pão provoca. E isso “tem um impacto negativo na qualidade de vida e na autoestima”, referem as mentes por trás do FarFun, até porque as opções alimentares atualmente disponíveis para diabéticos ainda são escassas e a maioria delas consiste “apenas numa redução dos açucares adicionados ou na sua substituição por adoçantes naturais ou sintéticos”. Ou seja, não são ideais e não resolvem o problema de forma plena. E é com base nessa premissa que surge o projeto FarFun, resultado de uma colaboração multidisciplinar entre várias entidades. “É uma combinação de cereais (trigo, centeio, milho) com um ingrediente bioativo obtido em algas marinhas, que resultará numa farinha funcional para a produção de pão adaptado às restrições alimentares dos diabéticos”, explica a equipa constituída pelos investigadores Fátima Fernandes, da Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP) e do LAQV@REQUIMTE, Graciliana Lopes (CIIMAR), Mariana Barbosa (UCIBIO/NOVA Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa), Ricardo Cardoso (FEUP) e Patrícia Valentão (FFUP/LAQV@REQUIMTE). Os cientistas acrescentam ainda que este ingrediente não é exclusivo para alimentação de quem sofre com esta patologia, sendo também indicado para “quem evita o consumo de pão por questões de peso corporal”. A mais valia desta inovadora farinha funcional é a sua capacidade de “inibir a absorção de açúcares, evitando a ocorrência de picos de glucose que acontecem com o consumo do pão tradicional”, referem. A equipa encara o primeiro prémio no iUP25k – que inclui um valor monetário de 3.000 euros, um período de pré incubação na UPTEC e consultoria de empreendedorismo – como o reconhecimento do potencial da ideia para a criação do seu negócio. “Os prémios serão fundamentais para nascermos enquanto empreendedores”, referem. Os próximos passos da FarFun, a curto prazo, são “consolidar parcerias já existentes, procurar investidores e concorrer a programas de financiamento”. Prevenir lesões musculares em profissionais de saúde e gerar energia limpa No segundo e terceiro lugares da competição ficaram, respetivamente, os projetos BodyBoost e UPWIND. Nascida da mente das investigadoras Marta Campos Ferreira (FEUP e INESC TEC), Ana Sofia Teixeira (FEUP) e Carla Sílvia Fernandes (Escola Superior de Enfermagem do Porto), BodyBoost procura não só corrigir, mas também prevenir lesões musculoesqueléticas em profissionais de saúde. “É uma solução única e proativa, baseada na recolha de dados em tempo real e equipada com algoritmos de aprendizagem automática”, explicam. O principal objetivo é, em primeiro lugar, promover um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo, mas também reduzir significativamente os períodos de baixa médica dos profissionais por motivo de lesões. O BodyBoost monitoriza e analisa riscos em tempo real, oferecendo feedback imediato para correção de postura através de uma aplicação móvel. Envia também relatórios detalhados para práticas de trabalho mais seguras. “Consiste num dispositivo wearable, combinado com software de análise biomecânica avançada, que monitoriza continuamente o utilizador”, refere a equipa multidisciplinar. A tecnologia é, assim, diferente das soluções existentes, mais reativas e focadas no tratamento das lesões após a sua ocorrência. “O BodyBoost atua preventivamente, e de forma não intrusiva, com especial enfoque na região lombar”, acrescentam as investigadoras. Para a equipa, o 2.º prémio conquistado no iUP25k – que inclui um valor monetário de 2.000 euros, um período de pré incubação na UPTEC e consultoria de empreendedorismo – vai ajudar a alavancar a ideia de negócio. Garantidos um mínimo produto viável, um pedido de patente e uma prova de conceito, as investigadoras pretendam agora “melhorar a ergonomia do dispositivo, avaliar o algoritmo e produzir 100 placas otimizadas para depois conduzir um teste piloto em larga escala e em ambiente clínico”, referem. Os resultados deste teste permitirão, depois, angariar clientes para o BodyBoost. Em terceiro lugar ficou a solução UPWIND, desenvolvida por quatro investigadores do SYSTEC – Centro de Sistemas e Tecnologias da FEUP: Fernando Fontes, Luís Tiago Paiva, Manuel C.R.M. Fernandes e Sérgio Vinha. “Falamos de um gerador portátil e de rápida instalação para produção de eletricidade com base em energia renovável eólica”, apresentam. Segundo os investigadores, “as necessidades de energia elétrica atuais não estão adequadamente satisfeitas em muitos locais onde a rede elétrica não está disponível ou é insuficiente”. Falamos, por exemplo, de comunidades remotas ou sítios com necessidades temporárias de eletricidade como construções, minas, ou locais de eventos. Os geradores a combustível que, por norma, são utilizados nestas situações, além de muito poluentes têm elevados custos de operação. E foi esta a motivação principal para a criação do UPWIND, que proporcionará energia elétrica de forma limpa, com portabilidade, baixo custo operacional e sem necessidade de reabastecimento de combustível. Para os cientistas, o 3.º prémio do iUP25k – que inclui um valor monetário de 1.000 euros, um período de pré incubação na UPTEC e consultoria de empreendedorismo – representa  “uma validação da ideia de negócio por um painel de peritos”. Tendo vindo já a validar a vertente científica e tecnológica da invenção ao longo dos anos, consideram muito importante ver a questão do negócio também reconhecida: “É para nós um motivo de grande orgulho”, referem, e é na vertente empresarial que irão aplicar os prémios recebidos. A equipa tem já protótipos a funcionar “em ambiente controlado” e os próximos passos são “desenvolver ainda mais a ideia para chegarem a um mínimo produto viável que terá de ser validado e certificado”, refere. Assim, estão neste momento à procura de estabelecer uma parceria estratégica para um projeto piloto que lhes permita monitorizar o funcionamento do UPWIND durante longos períodos de tempo. "Trazer o conhecimento para mais perto das empresas, dos produtos em concreto e da sociedade em geral" Esta foi a 10ª edição do iUP25k - concurso de ideias de negócio da U.Porto. A iniciativa é já vista como um dos mais emblemáticos eventos de promoção do empreendedorismo na instituição e, este ano, contou com o apoio da Caixa Geral de Depósitos e da UPTEC. O júri desta edição foi constituído por André Silva (Astrolábio), Raquel Gaião Silva (Faber) e Raphael Stanzani (UPTEC). A decisão sobre os vencedores do iUP25k 2024 foi demorada, havendo consenso sobre a elevada qualidade dos 12 projetos finalistas. “O nível de participação este ano foi fantástico, e o júri teve dificuldade em chegar aos três vencedores", referiu Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da U.Porto para a Investigação e Inovação, no momento em que anunciou os vencedores. Recorde-se que, durante três dias, as equipas participaram no BIP Ignition, que lhes permitiu não só obter consultoria especializada e aconselhamento sobre como melhorar os seus projetos, mas também acompanhamento dos pitchs para a sessão final. Esta tarefa esteve a cargo da Astrolábio. “Hoje já são todos vencedores, com melhorias implementadas no vosso modelo de negócio durante o BIP Ignition. Por isso, mesmo que não tenham chegado ao «top 3», acreditem no vosso projeto que vale sempre a pena acreditar em projetos tão bons como estes que apareceram aqui”, referiu André Silva, da Astrolábio, entidade responsável por conduzir o BIP Ignition. Organizado pela U.Porto Inovação desde 2010, o iUP25k tem como grande objetivo o de promover o surgimento de novas iniciativas empreendedoras na U.Porto e assegurar vantagens àqueles que querem valorizar o conhecimento gerado na instituição. "Este concurso é o que nós, desde sempre, queremos fazer na Universidade do Porto: trazer o conhecimento e a investigação para mais perto das empresas, dos produtos em concreto e da sociedade em geral", concluiu Pedro Rodrigues.   Esta edição do iUP25k conta com o apoio da Caixa Geral de Depósitos e da UPTEC.

"A U.Porto Inovação é uma estrutura chave na competitividade da U.Porto."

António Teixeira foi um dos principais arquitetos na fundação da U.Porto Inovação. Durante o seu período na U.Porto, ajudou a desenhar o que começou por ser, na altura, a UPIN. Esteve ligado à Universidade do Porto entre 2002 e 2005, começando, antes da existência da U.Porto Inovação, por liderar o Gabinete de Apoio à Propriedade Intelectual (GAPI). Este projeto nacional, financeiramente apoiado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), tinha a missão de “promover a propriedade intelectual por toda a comunidade universitária, bem como estabelecer boas práticas da gestão de propriedade intelectual (PI) e de transferência de tecnologia”, refere António Teixeira. Além disso, o projeto concentrava-se também em promover novos procedimentos para definir a nova política de PI em toda a Universidade do Porto e esse foi um dos motivos que impulsionou a criação da U.Porto Inovação. “Diria que fiz parte do “ano zero” e do “ano um” da U.Porto Inovação.”, diz.   1. Porque se sentiu a necessidade de criar a U.Porto Inovação? Em 2002 já existiam docentes e investigadores que conheciam os benefícios e vantagens da gestão da Propriedade Intelectual (PI) na academia, por via das suas experiências internacionais noutras universidades, mas uma grande parte da comunidade universitária não estava ainda desperta para estas questões. Talvez porque a própria U.Porto não sabia ainda bem como implementar esta componente no seu seio. Existiam dúvidas sobre a política de PI e algum desconhecimento, por isso penso que o contributo do Gabinete de Apoio à Propriedade Intelectual da Universidade do Porto (GAPI.UP), e mais tarde da U.Porto Inovação, terá sido muito importante para a U.Porto que conhecemos hoje.  Trabalhei primeiro com o Reitor Novais Barbosa e o Vice-Reitor Ferreira Gomes e quando o Prof. Marques dos Santos e a Vice-Reitora Isabel Azevedo foram eleitos para o seu primeiro mandato começaram a ser discutidos os resultados do GAPI que já tinha obtido uma elevada aceitação como estrutura na U.Porto. Foi nesta altura, em que o projeto GAPI tinha o financiamento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a terminar, que tomei a iniciativa de sugerir o alargamento de funções do GAPI. O Reitor Marques dos Santos concordou e tivemos diversas reuniões onde ajustei o documento à visão que na altura era pretendida para a Universidade.  Como tinha tido acesso as formações no Reino Unido, providenciadas pela parceria Cambridge–MIT Institute a universidades britânicas, fui sempre muito inspirado em estruturas que conheci na altura (ISIS Innovation ou Oxford University Innovation e Cambridge Enterprise), sobretudo a primeira, e terá sido essa a razão pela qual sugeri o nome de Universidade do Porto Inovação ou UPIN.   2. Foi fácil o processo? Como se desenrolou? Na Academia nada é fácil, mas poderei dizer que também não foi muito difícil, pois existia na Universidade do Porto um conjunto significativo de docentes e investigadores, em conjunto com o Reitor Marques do Santos e a Vice-Reitora Isabel Azevedo, que apoiavam e consideravam este processo determinante para a valorização do conhecimento produzido na universidade e no incentivo à criação de spinoffs baseadas em projetos de investigação.  Recordo o apoio de vários investigadores da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), como por exemplo o Prof. Pedro Guedes de Oliveira. No entanto, na altura existiam outras prioridades, como as obras do ICBAS, a reformulação de currículos formativos, a transferência da Reitoria e a consolidação do Instituto de Recursos e Iniciativas Comuns da Universidade do Porto (IRICUP) que veio a ser a estrutura em que a U.Porto Inovação foi colocada, considerada naquela época a melhor opção de acordo com as políticas da U.Porto.   3. Como era constituída a equipa e por que tarefas/projetos começaram? A equipa da U.Porto Inovação, quando foi instalada no IRICUP, além da minha coordenação, tinha mais duas pessoas: a Ana Casaca e a Sofia Varge. As principais tarefas decorreram da continuação do que tinha sido implementado pelo GAPI. Recordo que, no nosso caso, o GAPI se destacava em algumas práticas, face à dinâmica e potencial da investigação científica realizada pela comunidade académica da U.Porto. As principais tarefas envolviam a análise a tecnologias e resultados da I&D, apoio a pedidos de patente, candidaturas de financiamento à PI (SIUPI), sensibilização da PI nas faculdades e unidades de investigação da U.Porto, seminários e workshops e também parcerias internacionais tendo em vista a valorização da PI da universidade. Por exemplo, conseguimos persuadir uma grande empresa britânica, a BTG-British Technology Group plc, que investia muito no licenciamento de tecnologias oriundas das universidades e em startups a vir ao Porto conhecer a U.Porto e alguns dos investigadores e tecnologias.  Recordo que na altura era a área das ciências da vida que apresentava mais dinâmica e os primeiros pedidos de patente da U.Porto que apoiámos foram nesta área. O primeiro, pensava-se que poderia vir a ser uma vacina contra a cárie, liderada pela Profª. Paula Ferreira do ICBAS, que uns anos mais tarde licenciou a tecnologia à empresa Immunethep. Diria que contribuí também um pouco para esta valorização, e já como Diretor Executivo do Biocant, apresentei a Prof. Paula e a sua tecnologia a outros grupos de investigação neste parque de biotecnologia, onde foi criada a Immunethep, que mais tarde a veio licenciar. É muito importante promover interações entre investigadores de diferentes entidades, gestores e financiadores.    4. Quais as maiores dificuldades? Na altura a principal dificuldade foi a incerteza na abrangência de funções, na dependência hierárquica na Reitoria, no financiamento e na sustentabilidade da estrutura U.Porto Inovação.  A outra dificuldade era ter poucos recursos humanos e financeiros para as funções a que nos propúnhamos. Acabei por não ficar muito tempo na U.Porto Inovação porque, na altura, além de ter sido pai pela primeira vez, fui convidado para um desafio também muito aliciante na Agência de Inovação. Apesar de ter mantido a colaboração com a U.Porto a meio tempo, acabei por decidir ficar na Agência em definitivo. Aprendi muito nesse desafio mas fiquei sempre a pensar que poderia ter feito muito mais pela U.Porto Inovação se lá tivesse permanecido.   5. Como vê a importância da U.Porto Inovação nos dias que correm? Muito importante e uma estrutura chave na competitividade da U.Porto.  Tem vindo a evoluir sustentadamente nestes 20 anos e ganhou o seu espaço por mérito próprio, conseguindo envolver uma das principais forças da U.Porto que, além dos investigadores, são também os estudantes, que são jovens empreendedores e inovadores de grande potencial.  A U.Porto Inovação é uma estrutura conhecida por toda a comunidade académica da U.Porto e apresenta uma equipa estável e competente. Na minha opinião, diria que atingiu a maioridade, como um estudante nos primeiros anos da licenciatura, com distinção, e que agora, como um estudante de Mestrado ou Doutoramento, deveria dar um novo salto evolutivo mais ambicioso.   6. Na sua opinião, por onde passa o futuro da inovação na Universidade do Porto? O que falta fazer? Quando ajudei a criar a U.Porto Inovação, na altura UPIN, acreditava neste modelo organizacional onde estas estruturas, e as pessoas que as formam, eram consideradas uma espécie de agentes de inovação na Universidade e que tudo se articulava à volta deste modelo. No entanto, o mundo mudou muito, como a própria universidade e até as tecnologias, e agora é tudo muito mais rápido, digital e “inteligente”. Por isso, atualmente tenho ideias diferentes do que tinha naqueles anos.  Por exemplo, acho que a U.Porto deveria criar uma “Agenda de Inovação” a longo prazo, que pudesse envolver três aspetos distintos, mas intimamente relacionados: a abordagem da universidade para estimular a inovação, o desenvolvimento de mentalidades empreendedoras e de inovação dos estudantes e a colaboração com parceiros no ecossistema de inovação. Num nível mais operacional e conhecendo outras realidades, penso que devem ser promovidas outro tipo de estruturas organizativas mais desconcentradas, mais abertas, mais ágeis, mais tecnológicas, mais internacionais, mais sustentáveis, com modelos próprios de transferência de tecnologia e valorização do conhecimento, mais perto da indústria e do território e com programas de incubação de ideias e empresas, viradas para um ecossistema de inovação e sustentabilidade com mais impacto na U.Porto, na região ou país.  Refiro como um exemplo interessante, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que está a percorrer o seu caminho com o TecLabs. Este exemplo, não significa que a U.Porto o deve mimetizar, mas antes analisar e definir o seu próprio caminho, pois tem recursos e pessoas muito capazes de conseguir dar um “salto” significativo e muito relevante. A bem da U.Porto Inovação, espero que este “salto” possa ser quântico!  

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