"Trabalhei com uma U.Porto Inovação muito dinâmica e empenhada"

  Helder Vasconcelos foi Vice-Reitor da Universidade do Porto entre 2018 e 2019. Foi um dos membros da Equipa Reitoral montada por António de Sousa Pereira,  eleito Reitor da Universidade do Porto em 2018. Durante esse período, Helder Vasconcelos teve a U.Porto Inovação a seu cargo. Apesar de ter estado pouco tempo com a equipa, há um momento que marca a estratégia de Helder Vasconcelos para a U.Porto Inovação. O antigo Vice-Reitor foi o responsável pela mudança de instalações da equipa , desde 2019, saiu do edifício da Reitoria da U.Porto e passou a estar na UPTEC Asprela I. Helder Vasconcelos assume essa mudança como um dos seus principais objetivos alcançados, acreditando que isso “potenciou o aproveitamento de diversas sinergias decorrentes do trabalho conjunto e complementar que ambas as entidades passaram a desenvolver”.   1. A que U.Porto Inovação chegou quando tomou posse? Encontrei uma U.Porto Inovação muito dinâmica e empenhada no apoio à transferência de conhecimento e tecnologia gerados na universidade para o setor empresarial e para a sociedade em geral. Em particular, encontrei uma equipa jovem e muito motivada no desempenho do seu trabalho e consciente da importância da missão da estrutura em que se encontrava integrada.   2. Quais eram as suas expectativas para a equipa e para o trabalho a desenvolver? Ficou para mim muito claro, desde o início do meu mandato, de que aquela equipa era não só distinta, mas também incluía quer as capacidades necessárias quer a motivação adequada para o desempenho das suas funções.  Neste sentido, a minha principal expectativa era dar continuidade ao bom trabalho que vinha sendo feito no que concerne à promoção da inovação e no aproveitamento do potencial científico e tecnológico da Universidade do Porto para impulsionar o desenvolvimento económico e social.    3. Que objetivos conseguiu alcançar e quais ficaram pelo caminho? Julgo que o principal objetivo que conseguimos alcançar foi integrar fisicamente a U.Porto Inovação com a UPTEC, o que potenciou o aproveitamento de diversas sinergias decorrentes do trabalho conjunto e complementar que ambas as entidades passaram a desenvolver, designadamente:  (i) sinergias operacionais decorrentes da concentração de ambas as entidades no mesmo espaço físico, criando um ambiente mais coeso e colaborativo para o desenvolvimento de projetos de inovação e promovendo um ecossistema de inovação mais dinâmico; (ii) o acesso a recursos compartilhados; (iii) a facilitação da formação de parcerias estratégicas entre projetos de inovação e as empresas instaladas no parque de ciência e tecnologia, impulsionando, deste modo, a transferência de conhecimento e tecnologia para o mercado; e (iv) a promoção da cultura empreendedora mais forte dentro da comunidade académica, incentivando os investigadores da UPorto a considerarem a comercialização de suas inovações e a criação de startups. Ficou, seguramente, muito por fazer, mas estou seguro de que a qualidade da equipa, bem assim como da nova liderança da U.Porto Inovação, nos dão a garantia que o caminho de sucesso, que já vinha sendo trilhado aquando da minha chegada, será continuado e mesmo reforçado.   4. Que atividades destaca nos anos em que esteve à frente da U.Porto Inovação? Em 2018 e 2019 a U.Porto Inovação esteve envolvida em diversas atividades relacionadas à promoção da inovação, transferência de tecnologia e empreendedorismo.  Algumas das atividades que se destacaram nesse período são, a meu ver, a gestão de projetos de I&D realizados por investigadores da U.Porto em colaboração com empresas, a proteção e valorização da propriedade intelectual gerada pelos projetos de investigação na universidade (incluindo a avaliação de potenciais patentes, licenciamento de tecnologias e apoio à criação de spin-offs baseadas em tecnologia), a promoção de parcerias estratégicas com entidades especialmente interessadas em apoiar a inovação (como são os casos do Banco Santander e da Fundação Amadeu Dias), o suporte aos empreendedores na comunidade académica, ajudando-os a transformar ideias inovadoras em projetos empresariais viáveis, e internacionalização das atividades de inovação da universidade (sobretudo no que diz respeito à participação em redes internacionais de inovação).    5. A que necessidades acredita deve responder uma equipa deste género? Uma unidade deste género deve (continuar a) responder às necessidades de gestão de projetos de investigação, valorização da propriedade intelectual, transferência de tecnologia, apoio ao empreendedorismo e internacionalização das atividades de inovação na Universidade do Porto, promovendo o desenvolvimento económico e social através do conhecimento e da tecnologia gerados na instituição.    6. Na sua opinião, por onde passa o futuro da inovação na Universidade do Porto? O que falta fazer? A Universidade do Porto tem a vantagem comparativa de concentrar uma parte muito significativa do conhecimento científico gerado nas universidades portuguesas. A universidade tem, por isso, a responsabilidade de desempenhar um papel crucial no avanço da inovação e no desenvolvimento económico e social em Portugal. Neste sentido, eu destacaria quatro direções estratégicas que podem ser seguidas. Primeiro, estimular a interdisciplinaridade, promovendo a colaboração entre diferentes áreas de conhecimento, faculdades e centros de investigação da universidade. Segundo, investir de forma clara nas tecnologias emergentes, direcionando recursos para áreas de investigação e desenvolvimento relacionadas com as designadas tecnologias emergentes, como a inteligência artificial e as energias renováveis, entre outras. Terceiro, expandir os esforços de internacionalização da UPorto, procurando colaborações com instituições de ensino superior e empresas em todo o mundo. Isso pode envolver a participação em projetos de investigação internacionais, a promoção de programas de intercâmbio de estudantes, docentes e investigadores, e a criação de parcerias estratégicas com universidades e empresas globais. Por último, promover e priorizar a inovação social e sustentável, tendo como objetivo desenvolver soluções que abordem desafios socioambientais importantes. Isso pode incluir o desenvolvimento de tecnologias limpas, a promoção de práticas empresariais responsáveis e a implementação de programas de responsabilidade social corporativa.  

Estão escolhidos os finalistas do BIP Acceleration 2024

  Já estão escolhidos os 10 projetos que vão participar no programa BIP Acceleration. Parabéns às equipas: AI4RETINA BodyBoost MineAI: Inteligência Artificial para Matérias-Primas Críticas MYLeukaemia Therapy Guidance Chipset OCEAN-SLIM-G Orioos - Cost-effective monitoring and phenotyping autonomous robot for woody perennial crops controlled by a smartphone Regenix: um cocktail personalizado de matriz fetal para medicina regenerativa SafeBladder - Design and Implementation of a Wearable Bladder Volume Monitoring System for Neurogenic Bladder Management UPWIND - Generating clean, portable and affordable electricity, anywhere VineComputer   O BIP Acceleration desenrolar-se-á ao longo de 7 workshops imersivos de 4 horas, a cargo da Porto Business School. Haverá muito trabalho de equipa para acelerar a interação e o desenvolvimento de negócios com base em conhecimento científico, tecnológico e criativo nascido na Universidade do Porto. O programa culmina numa sessão final, na qual as equipas vão ter a oportunidade de apresentar o pitch do seu projeto a agentes de inovação e empreendedorismo do ecossistema.   O BIP Acceleration 2024 tem o apoio da Caixa de Geral de Depósitos e a parceria da Porto Business School e da UPTEC.

"O rebranding de UPIN para U.Porto Inovação foi fundamental"

  Carlos Brito assumiu a responsabilidade pela U.Porto Inovação em 2014, durante o seu mandato de Pró-Reitor da Universidade do Porto para a Inovação e Empreendedorismo. No entanto, já estava ligado às áreas da inovação e do empreendedorismo desde 2011, altura em que assumiu o cargo de Pró-Reitor. Uma das mudanças que mais marcam a tutela de Carlos Brito é o momento em que a UPIN passa a chamar-se U.Porto Inovação. Na opinião do, na altura, Pró-Reitor, UPIN era um nome que “não vendia bem”, e por isso tomou a decisão de alterar: “A partir daí, as pessoas passaram a entender, sem necessidade de qualquer explicação adicional, que se tratava de uma estrutura ligada à inovação. “, refere. Durante quatro anos Carlos Brito preocupou-se em dar continuidade a trabalho que já vinha de trás, mas também em criar novas iniciativas como foi o caso da Gala da Inovação ou do The Circle.  “A minha postura é sempre construir sobre o que já existe e nunca fazer um reset, acabando com o que já existia e começando tudo de novo.”, diz.   1. A que U.Porto Inovação chegou quando tomou posse? Quando assumi a tutela da U.Porto Inovação aquilo que encontrei foi um gabinete de transferência de tecnologia com uma vocação para a promoção do empreendedorismo a par da atividade core ligada à propriedade intelectual.  Devo salientar que a unidade era conhecida pela sigla UPIN. Todavia, sempre me pareceu que se tratava de um nome que não “vendia” bem. Num círculo restrito de professores, investigadores e empreendedores o nome era conhecido. Mas noutros âmbitos mais alargados era preciso estar sempre a explicar do que se tratava. Por isso, uma das primeiras decisões que tomei foi mudar o nome para U.Porto Inovação. A partir daí, as pessoas passaram a entender, sem necessidade de qualquer explicação adicional, que se tratava de uma estrutura ligada à inovação.  Pode parecer um pormenor, mas em termos de promoção do gabinete creio que este rebranding foi fundamental. Até pelo significado que teve, pois passámos a estar mais virados para fora.   2. Quais eram as suas expectativas para a equipa e para o trabalho a desenvolver? Na altura, assim como agora, a Universidade do Porto tinha duas estruturas fundamentais no âmbito da promoção da inovação: a U.Porto Inovação e a UPTEC. Esta era e é um parque de ciência e tecnologia, com uma vertente de incubação de start-ups e outra de acolhimento de centros de inovação de grandes empresas. A U.Porto Inovação, por seu turno, estava e está muito mais vocacionada para a proteção e comercialização da propriedade intelectual, bem como para a promoção do espírito empreendedor dentro da universidade e para o relacionamento de longo prazo com empresas e instituições no âmbito da inovação.  Havendo estas duas estruturas complementares, a minha expectativa – ou melhor, a minha ambição – em relação à U.Porto Inovação era simples: fazer dela o melhor gabinete de transferência de tecnologia do país. O que, diga-se de passagem, foi conseguido pois tornámo-nos na referência nacional. Basta dizer que a Universidade do Porto se tornou na universidade portuguesa com mais pedidos de patente submetidos.   3. Que objetivos conseguiu alcançar e quais ficaram pelo caminho? Como salientei, a minha maior ambição foi alcançada. A Universidade do Porto passou a ser a instituição de ensino superior com mais patentes em Portugal e demos um impulso muito grande no que diz respeito à ligação com o tecido empresarial. A nível interno, a U.Porto Inovação foi reforçada com mais meios humanos e reestruturada através de uma maior especialização dos colaboradores, não apenas funcional mas também relacional atendendo às características das entidades com quem interagíamos. De realçar também a implementação de um Balanced Scorecard que nos permitia fazer um acompanhamento estratégico muito rigoroso da atividade realizada, dos recursos utilizados e dos resultados alcançados. O que ficou pelo caminho? Em termos de projetos estruturantes, creio que nenhum. Tudo o que estava previsto foi desenvolvido e lançado. Em termos de resultados alcançados, creio que precisávamos de mais tempo para termos ido mais longe. Mas esse foi o desafio de quem me sucedeu, da mesma maneira que também procurei construir sobre o muito que já estava feito quando assumi a liderança da U.Porto Inovação.   4. Que atividades destaca nos anos em que esteve à frente da U.Porto Inovação? A minha postura é sempre construir sobre o que já existe e nunca fazer um reset, acabando com o que já existia e começando tudo de novo. Dito isto, procurei desde logo impulsionar todo um conjunto de iniciativas que já existiam, como as sessões A2B - Academia-to-Business, o BIP - Business Ignition Programme ou o concurso de ideias de negócio iUP25K. Eram iniciativas meritórias que “herdei”, que já vinham detrás, e que sendo muito relevantes só poderiam contar com o meu apoio e incentivo. Procurámos, por isso, ir mais além neste domínio. Mas também lançámos um conjunto muito significativo de novas iniciativas. Saliento, por exemplo, a Gala da Inovação que, ao fim de três edições, se tornou num evento de referência dentro do ecossistema de inovação do Porto. Criou-se também um Advisory Board constituído quase em exclusivo por elementos externos à Universidade do Porto com o objetivo de ser um think tank de apoio a toda a política de inovação da universidade. Criou-se um clube de start-ups e projetos inovadores denominado The Circle. Reformulou-se o regulamento da atribuição da chancela “U.Porto Spin-off” o que, tendo desburocratizado o processo, levou a um incremento muito significativo do número de start-ups provenientes da universidade a utilizarem aquela chancela.  Apostámos também de forma decisiva na RedEmprendia, na altura a maior rede de inovação do espaço ibero-americano, tendo a Universidade do Porto assumido um papel central dentro dessa rede constituída por quase três dezenas de universidades, algumas das quais muito maiores do que a nossa em termos de número de alunos.  Enfim, lançámos múltiplas atividades, todas elas com o mesmo propósito: serem peças de um puzzle que contribuísse para a valorização económica, social e ambiental do conhecimento gerado dentro da Universidade do Porto.   5. A que necessidades acredita deve responder uma equipa deste género? À concretização da terceira missão da Universidade, que se traduz no reforço da ligação com a sociedade e na capacidade de traduzir desafios e necessidades sociais em novas tecnologias e serviços.  Deve contribuir ativamente para fomentar o diálogo entre o mundo empresarial e a comunidade académica promovendo a criação de pontes fundamentais para a inovação. Isso pode ser alcançado através do desenvolvimento e gestão de patentes, da celebração de acordos de investigação colaborativa e do suporte às fases iniciais de projetos empreendedores, sempre com o objetivo de transformar o conhecimento gerado dentro da universidade em soluções práticas e tangíveis que beneficiem a sociedade como um todo.    6. Na sua opinião, por onde passa o futuro da inovação na Universidade do Porto? O que falta fazer? A Universidade do Porto tem todos os “ingredientes” que existem nas melhores universidades do mundo.  Possui espaços de incubação e de acolhimento de centros de inovação de grandes empresas, possui uma unidade de proteção e comercialização da propriedade intelectual, possui estruturas de interface que desenvolvem projetos de investigação aplicada em parceria com a indústria. As peças existem, mas ainda há um longo caminho a percorrer pois é necessário que a Universidade do Porto, no seu todo, se transforme numa verdadeira universidade empreendedora.  Esse é um desafio que se situa ao nível das pessoas e da cultura organizacional o que, diga-se, é um desafio bem mais complexo. Não basta podermos citar casos de startups extremamente bem sucedidas que são oriundas da Universidade do Porto; não basta termos patentes que poderão valer imenso dinheiro; não basta estarmos envolvidos em projetos que foram decisivos para a competitividade de todo um setor. De tudo isso nos podemos orgulhar. Mas é preciso que os todos nossos professores, investigadores e pessoal não docente sejam empreendedores; é preciso que todos os nossos estudantes sejam empreendedores.  Isso é um desafio para cada um de nós, mas cabe às estruturas de governação fomentar esse espírito, essa atitude inconformista, criadora e aberta ao risco. Foi isso que procurei fazer durante o período em que servi na Reitoria da Universidade do Porto. E, tenho a certeza, é isso que quem me sucedeu procura fazer. O caminho é longo? É. É difícil? Também é. Mas se fosse rápido e fácil certamente que não tinha estado à frente da área de Inovação e Empreendedorismo da Universidade do Porto durante 7 anos.    

Escolhidos os vencedores do BIP Proof 2024/2025!

Depois de uma criteriosa seleção de todas as candidaturas recebidas e elegíveis, estão finalmente escolhidas as equipas vencedoras do BIP Proof, edição 2024/2025. A avaliação, coordenada pela U.Porto Inovação, foi levada a cabo por avaliadores/as com funções na área da propriedade industrial, do investimento de capital de risco e também por empreendedores. Este ano, foram selecionados seis projetos. São eles: As equipas dos projetos selecionados serão contactadas em breve para formalização dos apoios. Parabéns!   Esta edição do BIP PROOF conta com o apoio da Fundação Amadeu Dias e da Caixa Geral de Depósitos.

"Era imperativo sensibilizar e capacitar a comunidade académica"

  Maria Oliveira liderou a U.Porto Inovação durante 11 anos. Quando chegou, tinha bem presente a missão de sensibilizar a comunidade académica para a importância da propriedade industrial e para a transferência de tecnologia. Tinha, assume, a ambição de “afirmar a Universidade do Porto como líder nacional” neste domínio, particularmente no que toca a patentes internacionais. “Foi necessário um esforço persistente e continuado ao longo de vários anos para que a inovação fosse reconhecida como uma área distinta e estratégica, merecedora de uma gestão dedicada, e para que o empreendedorismo e a transferência de tecnologia adquirissem o relevo devido dentro e fora da instituição”, diz.   1. A que U.Porto Inovação chegou quando tomou posse? Quando assumi a U.Porto Inovação esta já incorporava o GAPI e estava a dar os primeiros passos em atividades de apoio a projetos financiados a nível europeu e na interação com as empresas. A equipa era constituída por 6 pessoas, e começava-se a perceber a importância crescente do empreendedorismo para a terceira missão da Universidade do Porto. Desde essa altura, a U.Porto Inovação testemunhou mudanças significativas, não só ao nível do crescimento da equipa e de expansão das suas atividades, mas também em relação ao aprofundamento do seu papel e impacto dentro da universidade e na comunidade mais ampla.    2. Quais eram as suas expectativas para a equipa e para o trabalho a desenvolver? As minhas aspirações centravam-se em assegurar a sustentabilidade e autonomia financeira do departamento, com o intuito de expandir a nossa capacidade para oferecer um apoio mais abrangente e profissional aos estudantes, docentes e investigadores da U.Porto.  Era imperativo sensibilizar e capacitar a comunidade académica para a importância da proteção da propriedade industrial e para a transferência de tecnologia. Ambicionávamos igualmente divulgar as oportunidades e políticas existentes para o reconhecimento das spin-offs da U.Porto, bem como afirmar a Universidade do Porto como líder nacional na proteção da propriedade industrial, especialmente no que toca a patentes internacionais. Estávamos a navegar num território praticamente inexplorado em Portugal, onde a gestão destas áreas ainda não era uma prática estabelecida. Inicialmente, tanto a inovação quanto o empreendedorismo estavam enquadrados no pelouro da Investigação dentro da equipa reitoral. Foi necessário um esforço persistente e continuado ao longo de vários anos para que a Inovação fosse reconhecida como uma área distinta e estratégica, merecedora de uma gestão dedicada, e para que o empreendedorismo e a transferência de tecnologia adquirissem o relevo devido dentro e fora da instituição.    3. Que objetivos conseguiu alcançar e quais ficaram pelo caminho? Entre os objetivos alcançados, destaco principalmente o aumento da equipa e o desenvolvimento de estratégias para a sua sustentação, quer através de projetos financiados, nacionais ou europeus, quer pela procura ativa de parcerias e mecenas.  Conseguimos igualmente expandir de forma significativa o portfólio de patentes da Universidade do Porto, melhorando a gestão dos custos associados e reforçando as políticas de proteção da propriedade intelectual e de reconhecimento das spin-offs da U.Porto.  Lançámos o primeiro concurso de ideias de negócio iup25K, em colaboração com o então Clube de Empreendedorismo da U.Porto, e criámos o The Circle, um clube que reúne as empresas spin-off da U.Porto, que tem crescido consistentemente. Além disso, implementámos o primeiro fundo de provas de conceito da U.Porto para apoiar a validação das tecnologias desenvolvidas. Contudo, alguns objetivos não foram plenamente alcançados. Enfrentámos desafios ao tentar estruturar um veículo de investimento para as spin-offs da U.Porto, visando converter a propriedade intelectual em participações minoritárias. Também tentámos, sem sucesso, fechar acordos de licenciamento de patentes que permitissem retornos significativos para os inventores e para a universidade. Em várias ocasiões, estivemos perto de fechar um acordo, mas dificuldades como tecnologias que não atendiam aos parâmetros esperados em escala piloto, ou patentes contestadas, levaram ao insucesso de negociações avançadas, desfazendo meses de trabalho e negociação em uma única reunião.    4. Que atividades destaca nos anos em que esteve à frente da U.Porto Inovação? Para além das já referidas, tenho um particular carinho pelo programa UPinTech.  Este programa de estágios remunerados de curta duração, destinado a estudantes de mestrado e doutoramento, desempenhou um papel fundamental na criação de embaixadores e pontos de contacto, tanto na U.Porto mas também em várias empresas em Portugal e pelo mundo fora.  O programa foi desenhado para formar os estudantes nas áreas de gestão da propriedade intelectual e da transferência de tecnologia, permitindo-nos, simultaneamente, estreitar relações com a comunidade académica e compreender melhor as suas expectativas. Até ao momento da minha saída, mais de 50 estudantes haviam participado no programa, e é com orgulho que relembro que muitos deles alcançaram posições de liderança em instituições de renome internacional.  Considero um privilégio que a U.Porto Inovação tenha tido a oportunidade de contribuir, mesmo que de forma modesta, para o sucesso destes talentosos indivíduos.   5. A que necessidades acredita deve responder uma equipa deste género? À concretização da terceira missão da Universidade, que se traduz no reforço da ligação com a sociedade e na capacidade de traduzir desafios e necessidades sociais em novas tecnologias e serviços.  Deve contribuir ativamente para fomentar o diálogo entre o mundo empresarial e a comunidade académica promovendo a criação de pontes fundamentais para a inovação. Isso pode ser alcançado através do desenvolvimento e gestão de patentes, da celebração de acordos de investigação colaborativa e do suporte às fases iniciais de projetos empreendedores, sempre com o objetivo de transformar o conhecimento gerado dentro da universidade em soluções práticas e tangíveis que beneficiem a sociedade como um todo.    6. Na sua opinião, por onde passa o futuro da inovação na Universidade do Porto? O que falta fazer? A Universidade do Porto é já uma referência incontornável a nível nacional no ensino e na investigação, sendo uma das universidades mais internacionais de Portugal. Precisa ganhar escala na terceira missão, investir de forma consistente e musculada na criação e manutenção de estruturas que possam competir a nível internacional para a atração de talento e a sua retenção na cidade e na região.  Para tal, é necessário fortalecer as estruturas de transferência de tecnologia, desenvolver as colaborações estratégicas com o setor empresarial e investir em programas de empreendedorismo que apoiem tanto a criação de startups inovadoras, como o seu crescimento e expansão global.      

Rosmaninho+Azevedo requalifica Museu de Aristides de Sousa Mendes

  O atelier Rosmaninho+Azevedo – Arquitectos, uma empresa spin-off da Universidade do Porto, atualmente incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, foi um dos principais intervenientes na recente requalificação do Museu de Aristides de Sousa Mendes. O museu abriu ao público este mês de julho, na Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal. Com mais de 2000m² de construção e um hectare de paisagem, a intervenção foi abrangente, visando não apenas a requalificação da casa, mas também a sua musealização. “Foi crucial manter uma certa ideia de Casa. Esta foi a casa de Aristides de Sousa Mendes, e queríamos refletir isso no nosso trabalho”, destaca Pedro Azevedo, cofundador da Rosmaninho+Azevedo.  Para o arquiteto formado na Faculdade de Arquitetura da U.Porto (FAUP), o projeto representa um marco significativo não só para a Rosmaninho+Azevedo, mas também para a valorização do património em Portugal. “Estamos muito contentes e orgulhosos com o resultado final. Esperamos que esta abordagem ao património inspire outras entidades a avançar com novos projetos”, diz. O envolvimento do atelier Rosmaninho+Azevedo – Arquitectos neste ambicioso projeto começou em julho de 2017, na sequência de um concurso público lançado pelo Município de Carregal do Sal. “Visitámos a casa em agosto e entregámos a proposta em setembro”, refere Pedro Azevedo. O caminho até à inauguração do museu enfrentou vários desafios, incluindo um período de burocracia que acabou por atrasar o início da obra em seis meses. O trabalho foi finalmente adjudicado em abril de 2018, com a entrega do projeto de execução em outubro do mesmo ano. “A inexistência de um levantamento arquitetónico real do edifício foi um dos primeiros obstáculos significativos”, nota Pedro Azevbedo, destacando a necessidade de criar uma base precisa para o projeto. Os incêndios de 2018, que devastaram a zona centro de Portugal, bem como a pandemia da COVID-19 também revelaram ser “pedras no caminho”, mas a perseverança da Rosmaninho+Azevedo e a colaboração com o atual executivo municipal permitiram superar esses obstáculos e ampliar o pacote de financiamento comunitário, possibilitando o início da obra em agosto de 2022. Assim, como referem os representantes da empresa, a colaboração foi um aspeto fundamental para o sucesso do projeto. A começar pelo “excelente diálogo” com a curadora Cláudia Ninhos e a equipa das Cariátides, responsáveis pela conceção museográfica e expositiva. “Foi gratificante trabalhar com uma equipa tão dedicada e competente”, frisa Pedro Azevedo, destacando também a contribuição da equipa de design da United By. O Museu de Aristides de Sousa Mendes abriu ao público no passado dia 20 de julho. A cerimónia de inauguração contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Estiveram também presentes familiares de Aristides de Sousa Mendes e descendentes de refugiados salvos pelos vistos do então Cônsul de Portugal em Bordéus. Sobre a Rosmaninho+Azevedo Criado em 2015, por Susana Rosmaninho e Pedro Azevedo, o escritório de arquitetura já esteve entre os 14 finalistas do prémio Architectural Review Emerging Architecture (AREA), a distinção da Architecural Review para estúdios e arquitetos emergentes, até aos 45 anos. Entre as obras mais reconhecidas da dupla inclui-se a requalificação do Centro Interpretativo do Vale do Tua, vencedor do Prémio Especial do Júri no Troféu Archizinc – VMZinc (Paris), em 2018, e do Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2020. O mesmo projeto foi nomeado para o Prémio de Arquitetura Contemporânea da UE – Mies van der Rohe 2019, e finalista do Prémio Bauwelt 2019: First Works e do Prémio The Plan 2019.

Spin-off da U.Porto assegura investimento de 1,5 milhões

  Aumentar o número de edifícios otimizados de 10 para 600 em menos de dois anos é uma das metas que a Bandora Systems pretende atingir depois de angariar 1,5 milhões de euros numa nova ronda de investimento,  liderada pela BlueCrow Capital e com participação da Portugal Ventures, A spin-off da Universidade do Porto e startup incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto utiliza inteligência artificial para melhorar a eficiência energética e a gestão de recursos dos edifícios.  Com este investimento, a empresa pretende multiplicar a faturação por 10 e otimizar 300 edifícios até ao final de 2024. Além disso, quer aumentar a equipa – nomeadamente nas áreas de vendas e marketing – melhorar a tecnologia e acelerar a entrada em novos mercados, como a Brasil e Emirados Árabes Unidos. “Vamos investir em parcerias estratégicas, o que ajudará a Bandora a posicionar-se como líder global em otimização energética para edifícios inteligentes e alcançar novos segmentos de clientes. Além disso, queremos implementar a Academia Bandora, que visa capacitar parceiros, agentes e revendedores para disseminar a nossa tecnologia e expandir a nossa presença no mercado.”, garante Márcia Pereira, CEO da Bandora Systems e antiga estudante do Programa Doutoral em Sistemas Sustentáveis de Energia, colecionado pela Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP). A médio prazo, a startup da UPTEC quer implementar a sua solução em 600 edifícios, dos quais 150 já contratualizados, e estabelecer uma presença mais sólida em países da Europa e América Latina. Para a CEO da empresa, este investimento servirá para “suportar o aumento da nossa base de clientes e garantir a escalabilidade dos nossos serviços de otimização dos sistemas de AVAC. Estamos, também, a desenvolver novas funcionalidades para a nossa tecnologia, como a integração de sistemas de iluminação, energias renováveis e carregamento de veículos elétricos”. Fundada em 2017, a Bandora Systems desenvolve soluções baseadas em inteligência artificial para a otimização de edifícios. A sua plataforma permite a monitorização e gestão eficiente de energia, contribuindo para a redução de custos e a melhoria do conforto dos ocupantes.  A longo prazo, a empresa pretende consolidar a sua posição como líder global em otimização energética para edifícios inteligentes. “O investimento em novas tecnologias, parcerias estratégicas e expansão internacional será fundamental para alcançar uma posição de liderança sus

Equipas do IJUP empresas visitam GALP

  Perto de uma dezena de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto reuniram, em junho e julho, com representantes da Galp. Estes encontros, em forma de sessão A2B, aconteceram no âmbito da edição do IJUP Empresas do ano passado, altura em que a Galp selecionou três projetos para financiar e estreitar colaborações entre a indústria e a academia. O primeiro encontro teve lugar nas instalações da Galp, e os três projetos tiveram oportunidade de partilhar com a empresa os resultados que conseguiram alcançar até agora, desde a altura em que receberam o financiamento. Jorge Correia Ribeiro, Industrial Innovation Project Manager da GALP, afirma que, apesar de graus de progressos diferentes “condicionados pela natureza dos projetos e pelos recursos necessários, todos os projetos evidenciaram uma evolução relevante”. “Electrifying the future with wireless technologies: electrode-less-batteries enabled by ferroelectrics”, liderado por Helena Braga, da FEUP, numa equipa da qual fazem parte também António Miranda Vale, Beatriz Maia e Ilídio Brito Costa, por exemplo, “teve um desenvolvimento muito significativo, muito importante, estando a larga maioria das etapas do cronograma concluídas, tendo sido produzido conhecimento disruptivo”, refere Jorge Correia Ribeiro. Lembramos que este é um projeto cujo principal objetivo é aproveitar todo o potencial do lítio, nomeadamente para gerar energia sem fios. Já o projeto S.O.S. HYDRO-MAR, desenvolvido por Alexandra Pinto e Diogo Almeida Silva, tem o seu foco nos combustíveis fósseis e em criar alternativas mais sustentáveis. Neste caso, mais voltado para o setor marítimo, um dos mais difíceis de eletrificar e descarbonizar. Foi um projeto que envolveu mais estudos experimentais e testes de otimização, o que acabou por demorar mais tempo. No entanto, como refere Jorge Correia Ribeiro, “a informação obtida nestes testes é muito importante para avaliar o scaling do sistema e também para estudar, por exemplo, o efeito da utilização de água do mar”. Liderado por Adélio Mendes, também da FEUP, o projeto “Direct Air Capture using Alcaline Solutions” revelou uma “evolução interessante” e estão ainda em curso alguns testes experimentais com o equipamento adquirido para “ensaiar/otimizar o processo de captura e pré concentração do CO2 atmosférico”, diz Jorge Correia Ribeiro, da Galp. Lembramos que este é um projeto para desenvolver uma tecnologia de captura de CO2 diretamente do ar com sustentabilidade económica, social e ambiental. Dele fazem parte também os investigadores Bernardo Soares e Felipe Afonso. "Este é um programa de excelência, que merece o nosso apoio continuado na próxima edição" O segundo momento desta sessão A2B incluiu uma visita dos membros da Galp aos laboratórios da FEUP onde estes três projetos se encontram em execução. Na opinião de Jorge Correia Ribeiro, a colaboração com os investigadores tem sido “exemplar, destacando-se a disponibilidade dos mesmos para fornecer informação, esclarecer dúvidas e participar em reuniões de acompanhamento”. O representante da Galp acrescenta ainda a importância e disponibilidade das equipas em fazer a visita aos centros de investigação envolvidos o que, na sua opinião, contribui para o “reforço de uma proximidade que será importante em futuros projetos”. Quando questionados sobre a importância da participação em programas como o IJUP Empresas, a Galp não hesita em afirmar que este é um “programa de excelência”. Nas palavras de João Ribeiro, Lead Open Innovation Manager da Galp, o IJUP Empresas permite à Galp, em parceria com a Universidade do Porto, “explorar o que de melhor se faz em termos de ciência no ramo da energia”. Além disso, acrescenta, “é um programa com a missão de fomentar a carreira de investigação juntando jovens investigadores com investigadores muito experientes, gerido de uma forma profissional e estruturada”. Assim, a empresa reitera o interesse em continuar a participar no IJUP Empresas, um programa que “merece o apoio continuado da Galp numa próxima edição”, conclui João Costa Ribeiro. Sobre as sessões A2B Como forma de aproximar e alargar a rede de contactos entre a comunidade científica e o setor económico empresarial, a U.Porto Inovação promove as sessões A2B (A de Academia, B de Business).  Assim, as sessões A2B têm como objetivo apoiar o esforço de inovação das empresas e fazem-no promovendo o encontro entre grupos de investigação e empresas, com o intuito de formar parcerias que assegurem uma maior eficácia da transferência e valorização do conhecimento.  Através destas iniciativas, que podem ter lugar tanto na Universidade como nas empresas, procura-se dar a conhecer aos investigadores da U.Porto e de Institutos associados as necessidades de I&D das empresas. Por outro lado, são uma oportunidade para apresentar as competências de I&D e inovação da Universidade relacionadas com as atividades dessas empresas. Dessa forma, a U.Porto Inovação aposta no reforço dos laços entre academia e indústria, criando condições ideais para uma investigação aplicada aos desafios que as empresas enfrentam num mundo cada vez mais competitivo.  

Spin-off da U.Porto adquirida por gigante europeu de telecomunicações

É uma “parceria estratégica” que “inaugura uma nova era de crescimento e inovação para a EZ4U e para o mercado português”. Foi desta forma que os representantes da spin-off  da Universidade do Porto, que já esteve incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.porto, anunciaram recentemente a sua aquisição pela LINK Mobility, líder europeia em serviços de comunicação e mensagens móveis. A EZ4U foi fundada em 2010, dedicando-se ao desenvolvimento de soluções de mensagens empresariais, incluindo SMS, Whatsapp, e-mail, IVR, chatbots e, mais recentemente, RCS. Através da sua plataforma cloud e disponibilização de API e canais de alto débito, a empresa potencia as comunicações entre as empresas e os seus clientes, contando com mais de 3.500 contas ativas espalhadas pelos mais diferentes setores de atividade. Unindo-se à LINK Mobility, a “oferta de serviços e produtos será significativamente ampliada, proporcionando aos clientes e parceiros uma experiência ainda mais rica e diversificada”, referem o comunicado da EZ4U. Além disso, a empresa terá a oportunidade de aproveitar a experiência do “gigante” europeu, bem como os seus recursos, para continuar a fornecer soluções inovadoras aos seus clientes. A LINK Mobility é uma fornecedora de mensagens móveis e soluções de plataforma de comunicação como serviço (CPaaS) e tem clientes empresariais, PMEs e instituições governamentais. Oferece uma ampla gama de soluções e tem mais de 50 mil contas de clientes ativas em todo o mundo, trocando mais de 17 biliões de mensagens por ano. Apesar da aquisição, a EZ4U vai manter toda a equipa nesta nova fase, apesar de a gestão ter sido reconduzida. “Os nossos clientes e parceiros podem esperar não só a manutenção dos serviços atuais mas também o acesso a uma gama mais ampla de soluções inovadoras”, referem os responsáveis da empresa, sendo a transição suave e sem impacto operacional um objetivo de todos os envolvidos. O objetivo é que, a médio prazo, novas soluções sejam oferecidas a clientes e parceiros “com o apoio de uma equipa multinacional de sucesso”. "Uma oportunidade poderosa" “Estamos muito entusiasmados com esta aquisição e com as oportunidades que ela trará aos nossos clientes. Juntos, vamos fortalecer a nossa presença no mercado e a nossa oferta de serviços em toda a Europa”, afirma Thomas Berge, CEO da LINK Mobility. No final do mês de junho o CEO visitou a EZ4U, no Porto, e afirma ter encontrado “uma empresa entusiasmante e com um potencial de desenvolvimento significativo”. Duarte Magalhães e Vasco Vinhas, fundadores da EZ4U, reforçam as palavras de satisfação: “Esta parceria representa uma oportunidade poderosa para expandir as nossas capacidades e alcançar novos patamares nas comunicações empresariais.  

"Lembro-me da satisfação de ver a U.Porto Inovação ser tão bem aceite pela comunidade”

Jorge Gonçalves foi Vice-Reitor da Universidade do Porto para a Investigação, Desenvolvimento e Inovação entre 2006 e 2014. Durante esse período, entre outras responsabilidades, tinha a U.Porto Inovação a seu cargo. Recorda que os primeiros tempos da U.Porto Inovação, na altura UPIN, foram muito intensos. Felizmente, na sua opinião, a equipa era muito focada e empenhada e, por isso, as tarefas foram levadas a bom porto. “As minhas expectativas, ou melhor, o meu objetivo, era cumprir o que o Reitor, o Professor Marques dos Santos, se tinha comprometido a fazer no seu programa eleitoral: aproximar a U.Porto da sociedade e contribuir para o seu desenvolvimento.”, refere.   1. A que U.Porto Inovação chegou quando tomou posse? Quando cheguei, a U.Porto Inovação era um projeto recente. Estava a dar os primeiros passos e estava quase exclusivamente focada em questões de propriedade industrial (PI) e a iniciar a ligação da U.Porto às empresas. A equipa era muito pequena, tinha apenas quatro elementos, e as tarefas eram imensas e de difícil execução. Fomos aprendendo fazendo, porque contávamos na UPIN com um núcleo fundador muito empenhado na sua missão. A cultura da U.Porto em termos de inovação e de gestão da PI era muito assimétrica. Havia que usar toda a diplomacia. As unidades orgânicas (UO) com mais histórico em inovação e transferência de conhecimento viam na intervenção da UPIN uma intromissão e um risco para a sua autonomia. Já as mais afastadas deste processo viam nesta iniciativa um modo de “mercantilização” da Universidade. De “neoliberalismo”, como lhe chamaram. Foram tempos muito “intensos”. Quase de bipolaridade. Estávamos a fazer na U.Porto algo que ainda não tinha sido experimentado noutras universidades portuguesas. Ter um gabinete de inovação dentro da Universidade para salvaguardar o conhecimento gerado pela universidade e proteger os seus inventores.  Pretendia-se fazer tudo e ao mesmo tempo: disciplinar a transferência de conhecimento e tecnologia para a sociedade como modo de valorizar os resultados de investigação e a atividade inventiva; disciplinar, com equilíbrio, as ligações com as empresas sem que estas vissem nas novas regras uma hostilização face à prática habitual de ligação direta e informal, legalmente mal acompanhada e frequentemente geradora de mal entendidos e disputas entre empresas e inventores.    2. Quais eram as suas expectativas para a equipa e para o trabalho a desenvolver? As minhas expectativas, ou melhor, o meu objetivo, era cumprir o que o Reitor, o Professor Marques dos Santos, se tinha comprometido a fazer no seu programa eleitoral: aproximar a U.Porto da sociedade e contribuir para o seu desenvolvimento. Entendíamos que a Universidade dificilmente sobreviveria numa comunidade pobre e incapaz de valorizar o saber.  A U.Porto Inovação era um elemento-chave nessa aproximação; para concretizar um modelo de aproximação da U.Porto à sociedade, capaz de promover um ciclo de crescimento e enriquecimento virtuoso.  Procurámos reunir uma equipa capaz de o fazer. Apoiámos o mais possível a sua formação e tentámos dar-lhe as melhores condições possíveis para serem bem-sucedidos. Este foi o primeiro objetivo. O segundo foi conseguir que a equipa fosse reconhecida pela comunidade como um instrumento de apoio e não de policiamento; que fosse reconhecida como uma ajuda para os investigadores serem mais bem-sucedidos na sua relação com as empresas; que as empresas vissem na UPIN um ponto facilitador do contacto com uma universidade imensa e cheia de talento, mas de difícil penetração.  Esta foi a nossa maior preocupação. Não as traduzimos em expectativas. Sabíamos que tínhamos de reunir isso para iniciar o processo. Depois disso, confiávamos que o “céu era o limite” tal era a nossa confiança no talento da nossa comunidade académica.   3. Que objetivos conseguiu alcançar e quais ficaram pelo caminho? Colocada a questão na primeira pessoa, eu dei a minha contribuição para a criação e consolidação da U.Porto Inovação. Pelo mérito da equipa, tornou-se reconhecida e respeitada dentro e fora da U.Porto. Transformou-se num modelo de ação. A U.Porto, através da U.Porto Inovação, integrou equipas internacionais de promoção de boas práticas de inovação e transferência de conhecimento da universidade para a sociedade. Poderíamos ter ido mais longe, se tivesse sido possível que a U.Porto Inovação interviesse em todas as unidades do perímetro da U.Porto, nomeadamente nos institutos de interface. Entende-se a delicadeza do assunto dada a participação de outros parceiros nessas instituições. Mas essa fragmentação tirou à U.Porto capacidade. Podia ter-se ido mais longe e criado um gabinete com maior dimensão e com outra capacidade de intervenção a nível internacional. Não seria impossível, mas teria sido necessário um nível de confiança e vontade para conciliar as partes que, na altura, não tivemos capacidade para fazer.    4. Que atividades destaca nos anos em que esteve à frente da U.Porto Inovação? Para além da consolidação do gabinete, lembro a elaboração do quadro regulamentar com os regulamentos de PI, de spin-offs; a criação do Clube de Empreendedorismo; as edições do IJUP empresas; a tentativa (não conseguida) de criar uma base de contactos para uso partilhado de equipamentos e recursos partilhados.  Lembro também as longas negociações para venda de PI a terceiros. Lembro também a satisfação de ver a U.Porto Inovação ser tão bem aceite e a ser procurada constantemente pela comunidade da U.Porto, o que demonstrava o reconhecimento que a equipa foi capaz de conquistar.   5. A que necessidades acredita deve responder uma equipa deste género? A universidade que formou a maioria dos universitários até à minha geração era uma universidade que transmitia o conhecimento apenas através dos estudantes que formava. Estes eram vistos como a razão única da missão da universidade. Era através dos estudantes que a universidade transferia para a comunidade as competências que necessitava para se desenvolver. Era um modelo que fazia sentido quando o conhecimento se renovava lentamente e a formação dos estudantes tinha a “validade” de toda uma carreira profissional. Era suficiente enquanto a sociedade não tinha necessidades além das que os seus graduados lhe eram capazes de dar.  Este status quo alterou-se no último quartil do século XX. Na sociedade portuguesa, essa mudança notou-se mais tarde quando as empresas portuguesas tiveram que competir num mercado aberto e quando não nos conformamos com um modelo de desenvolvimento baseado em salários baixos. A nova realidade alterou o modo de relacionamento da universidade com a sociedade. Se, no passado, bastava o balcão de matrículas dos estudantes, neste novo contexto há necessidade da criação de novas estruturas para se relacionarem com os novos “clientes” que procuram os serviços da universidade.  Neste percurso, também a universidade e os universitários mudaram. A dinâmica da investigação e a integração dos universitários em redes globais do conhecimento fizeram que muitos percebessem que havia algo que podiam disponibilizar, além da sua participação no ensino conferente de graus. Uma unidade como a U.Porto Inovação é a estrutura fundamental pois está no nó de convergência destas duas necessidades. É fundamental para os diversos atores sociais, nomeadamente as empresas, identificarem quem os poderá ajudar a resolver os problemas que têm para resolver, e não só tecnológica e cientificamente. É fundamental para os investigadores e para a universidade para encontrar parceiros que possam beneficiar do conhecimento gerado na universidade. E é fundamental para que tal decorra com transparência e para que os benefícios de tal interação sejam distribuídos de forma justa.    6. Na sua opinião, por onde passa o futuro da inovação na Universidade do Porto? O que falta fazer? A inovação não acontece no vazio. Nasce da necessidade de resolver um problema. O futuro da inovação na universidade (e não é só na Universidade do Porto) passa por uma maior aproximação entre a universidade e quem tem problemas para cuja resolução podem ser úteis as competências da universidade. Sem conhecermos os problemas dificilmente poderemos encontrar soluções; sem conhecer a capacidade instalada na universidade, dificilmente a sociedade poderá perceber as soluções alternativas para os problemas que enfrenta. Esta foi a nossa preocupação no início. Presumo que continua a ser seguida. Mas é óbvio que mais tem de ser feito. Se não o for, dificilmente teremos empresas capazes de produzir bens de grande valor acrescentado. Estaremos condenados a baixos salários e a maior perda de talento em Portugal. O futuro passa também por alguma alteração na nossa formação pós-graduada. Eu acho que somos bons a formar doutores. Podemos não ter acesso aos meios e aos equipamentos que outros têm. Mas, em média, os nossos graduados têm uma formação científica muito boa e são capazes de responder ao “porquê” com qualquer graduado de outra instituição de referência internacional. E saber como chegar ao “porquê” é a base da boa formação científica. Mas não chega. Temos de ser capazes de também os ajudar a responder ao “para quê”? De ajudar os doutorandos a aplicar o que aprenderam ao longo do seu doutoramento de modo a que com essa capacidade tenham mais possibilidades de ter uma oportunidade profissional mais estável. Parece-me que este é um ponto em que há muito por fazer. No passado, tudo era mais estático e previsível. Um graduado sabia bem o que a sociedade esperava dele. Agora, tudo é mais dinâmico e imprevisível. As necessidades sociais são muito mais diversas e dinâmicas e a oferta formativa mais diversa. Para estes dois mundos se encontrarem, temos de ter na universidade estruturas que facilitem a ligação entre a universidade e a sociedade. É vital que isso aconteça. Sem inovação não haverá desenvolvimento e sem desenvolvimento a universidade dificilmente sobreviverá. Dito isto, regressemos à questão: o que falta fazer? Falta fazer muito pois temos muitas empresas a necessitar de inovação e doutorados sem emprego! Há uma crise gritante de gestão de talento. Também teremos que alargar o conceito de inovação à inovação social. Não são só as empresas que precisam de inovação. Toda a sociedade precisa. Especialmente na área das ciências sociais e das humanidades. Esta dimensão é vital e, no entanto, tem sido tão ignorada. Sem ela, não entender a dinâmica social que vivemos e para encontrar soluções que evitem a repetição dos ciclos que, no passado, nos conduziram a situações de triste memória. E isso é uma tarefa inacabada, da responsabilidade de todos: dos universitários e da sociedade. Que o entenda também a classe política, especialmente quando exclui as universidades e o sistema científico, das estratégias de desenvolvimento nacional.  

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