“A equipa da U.Porto Inovação permite pensar o futuro com bastante otimismo”
Submitted by U.Porto Inovação on 12/12/24
No ano em que a U.Porto Inovação comemora o seu 20º aniversário, ao leme da equipa está Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da Universidade do Porto para a Investigação e Inovação. Assumiu a liderança em 2022, altura em que encontrou uma equipa “com um trabalho já muito consolidado”, diz.
Na opinião de Pedro Rodrigues a palavra inovação ainda faz muito sentido nos dias que correm e, por isso, é preciso continuara a apostar nas pessoas, mecanismos e estruturas que a tornam possível. A comunidade científica, por um lado, e o mundo empresarial, por outro.
“Este diálogo entre as empresas e a comunidade científica tem vindo a aumentar e há, de facto, cada vez mais projetos que juntam estas duas realidades. Mas acredito que isso pode ser ainda mais potenciado e a U.Porto Inovação pode mediar muito esse contacto.”
1. A que U.Porto Inovação chegou quando tomou posse?
Em 2022 deparei-me com uma U.Porto Inovação com uma atividade muito consolidada, com vários anos de trabalho prévio e com uma estrutura madura, organizada e com ideias claras da sua missão. Essa foi a U.Porto Inovação que encontrei.
Naturalmente que cada responsável tem as suas próprias ideias e eu procurei imprimir um cunho muito próprio relativamente ao que era o meu entendimento do trabalho da U.Porto Inovação, embora não se desviando muito do que tinha sido feito no passado recente. No essencial, foram feitos alguns ajustes ao rumo futuro e nas prioridades de atuação dos próximos anos.
A U.Porto Inovação tem um conjunto de profissionais muito qualificados, que trabalham na estrutura já há bastante tempo e isso permite encarar o futuro com bastante otimismo.
2. Diria que que chegou com um objetivo em concreto, uma ambição maior, ou várias, divididas pelas áreas de atuação da U.Porto Inovação?
Naturalmente que há aqui um propósito maior, um objetivo central, que não se desvia muito do que tem vindo a ser a missão da U.Porto Inovação, embora com algumas nuances. Dentro desse objetivo principal há várias questões mais pequenas, embora todas elas caminhem no mesmo sentido.
No que diz respeito à U.Porto Inovação considero que há duas ou três coisas que valeria a pena reforçar. Por um lado, acentuar a visibilidade do Serviço no contexto da Universidade do Porto e do seu ecossistema de inovação, que é um ecossistema diverso e com muitos players – correspondendo a perto de 25% da ciência que se produz em Portugal. Assim, o objetivo é trazer a U.Porto Inovação para a primeira fila, digamos assim, para que o seu trabalho no domínio da valorização do conhecimento, da inovação e dos mais variados domínios em que atua, seja reconhecido.
Acentuar a visibilidade da U.Porto Inovação no seio do nosso ecossistema de investigação, para que o seu trabalho no domínio da valorização do conhecimento, da inovação, e dos mais variados domínios em que atua, seja mais conhecido. Dar uma visibilidade acrescida no seio da comunidade científico-tecnológica em que se insere, bem como no meio empresarial.
Em suma: visibilidade e proximidade serão duas pedras basilares do trabalho da U.Porto Inovação que considero valer a pena reforçar. Creio que isso no futuro poderá trazer muitos dividendos, nomeadamente no que diz respeito a uma das funções maiores da U.Porto Inovação que é tratar das questões da propriedade intelectual e da valorização do conhecimento produzido na nossa Universidade e no nosso alargado ecossistema de investigação.
3. Como parte integrante da Universidade do Porto, a U.Porto Inovação tem um público bem evidente cá dentro. No entanto, temos também outros públicos, nomeadamente a comunidade empresarial e a sociedade em geral. Considera que a U.Porto Inovação tem contribuído também junto desses players?
Sim. Essa é também uma das suas funções fundamentais. Promover e facilitar as interações junto da comunidade empresarial, para aumentar a sua participação em projetos de investigação com a Universidade do Porto, que permitam criar produtos e valor com impacto na sociedade e na economia nacional. Sabemos que há muitas empresas que procuram melhorar os seus meios de produção, ou criar produtos novos, mas fazem-no muitas vezes recorrendo a entidades externas e mesmo fora do país. Gostaríamos que, sempre que possível, o possam fazer com o ecossistema de investigação da Universidade do Porto e, nesse sentido, a atuação da U.Porto Inovação é uma mais valia, já que tem a capacidade para juntar a comunidade académica e empresarial.
Este diálogo entre as empresas e a comunidade científica tem vindo a aumentar e há, de facto, cada vez mais projetos conjuntos entre a academia e as entidades empresariais. Ainda assim, acredito que se pode melhorar muito esta interação, e a U.Porto Inovação está especialmente posicionada para mediar muito esse contacto. Pode ir junto de empresas que conhece bem, e com as quais já trabalhou (como por exemplo as spin-offs, geradas por ideias de negócio que aqui surgiram) e trazê-las cada vez mais para junto da comunidade científica. Motivá-las a procurar as soluções dos problemas que enfrentam em contexto empresarial na investigação científica da Universidade do Porto.
Resumindo, temos aqui três questões principais: visibilidade, proximidade da comunidade científica, despertando-os ainda mais para a inovação, e trazer a comunidade empresarial para mais perto da ciência que se faz no nosso ecossistema de forma a fazermos coisas em conjunto.
4. Reconhece uma evolução na U.Porto Inovação desde o seu primeiro contacto com o trabalho da equipa?
É difícil situar quando é que soube da existência da U.Porto Inovação. Como investigador e académico tenho feito investigação em ciências biomédicas e ciências da saúde mas, nesse papel, não conheci com muita profundidade o trabalho da U.Porto Inovação. No entanto, importa dizer que nos últimos anos, e muito também devido a medidas que têm sido postas em prática (para promover a valorização do conhecimento, a proteção via patente, ou a criação de spin-offs), a U.Porto Inovação aparece como o local onde se vai procurar respostas. Hoje em dia o serviço é procurado por uma maior diversidade de áreas entre as quais as ciências biomédicas.
Importa dizer também que o conceito de inovação tem evoluído muito nos últimos anos, com novos desafios e questões. Basta pensar que hoje em dia muitos dos projetos de investigação têm parcerias de empresas e questões de inovação associadas e têm, nos seus KPIs, muitos destes aspetos como essenciais. São questões que começaram a entrar na ordem do dia há meia dúzia de anos, talvez mais, mas que já fazem parte do imaginário de quem faz investigação na Universidade do Porto.
5. Acha que o termo inovação precisa de um rebranding? Que está “batido”?
Talvez. Inovação e empreendedorismo são termos que são empregues de forma muito abrangente, onde cabe muita coisa e as definições dos termos podem ser mais estreitas ou mais latas consoante faça sentido.
Acho que o termo inovação, tal como está definido, ainda é pertinente. Claro que podemos falar em invenção, ou outros, mas, à falta de melhor definição, considero que ainda faz sentido usar o termo. O que às vezes acontece é que a inovação está muito ligada a questões de aplicabilidade e de tecnologia e isso não tem de ser necessariamente assim. A inovação está ainda muito cunhada com a produção de produtos tecnológicos, muitas vezes ligados ao mundo digital ou à área das engenharias. Foram estas as áreas que, no contexto da inovação, se movimentaram mais depressa, e que de alguma forma marcaram a perceção do termo. E a inovação pode ser isso, sim, mas também ir além disso, basta pensar em conceitos como a inovação social.
É relativamente frequente colegas da área das ciências da vida, que eu conheço bem, sentirem algum desconforto em usar a palavra inovação porque acham que não se aplica bem às áreas em que eles trabalham. Já para não falar das áreas das humanidades ou artes. Essa parte da comunidade vê a inovação como estando intimamente ligada a tecnologia de ponta, inovação tecnológica. E não tem necessariamente que ser isso.
Aí, a U.Porto Inovação tem também algum trabalho de pedagogia a fazer, mostrando que pode haver inovação em todas as áreas, e de formas diferentes, e não apenas no mundo digital e no mundo das apps.
6. Que legado gostaria de deixar?
Legado é uma palavra um pouco forte, mas gostava que os três pontos principais que falei acima fossem atingidos com sucesso, beneficiando todos os intervenientes.
É importante salientar que a U.Porto Inovação tem um nome perfeitamente estabelecido a nível nacional. A qualquer lugar que eu vou, no contexto da inovação e investigação, a U.Porto Inovação é um dos serviços da Universidade do Porto mais reconhecido. Basta pensar nos convites que a equipa recebe para os diversos eventos relacionados com o tema, onde dá o seu testemunho. Isso denota que o trabalho que tem sido feito é reconhecido a nível nacional (e internacional também).
Gostava que essa visibilidade externa também acontecesse a nível interno, e de uma maneira mais abrangente. Já há um conhecimento grande em algumas áreas de investigação e em algumas unidade orgânicas a U.Porto Inovação é frequentemente procurada por muitos investigadores, que recorrem aos seus serviços. Mas gostaria que o trabalho da equipa fosse ainda mais conhecido e chegasse a mais pessoas, e que o diálogo entre o mundo das empresas e o mundo da investigação fosse cada vez mais frequente e intenso. O objetivo é que esse diálogo (que é, já em si, muito importante) encoraje a existência de parcerias, e que de uma forma mais célere, leve a que estas duas entidades, criem mais projetos de investigação em conjunto no futuro.
7. Como é que vê o futuro da inovação não só na Universidade do Porto mas também a nível nacional? Como é que a U.Porto Inovação pode contribuir para isso?
No mundo em constante mutação em que vivemos é muito difícil fazer previsões de médio e longo prazo. É verdade que a inovação tem atravessado – e continuará a atravessar no futuro, como todas as áreas – grandes transformações. Passados vários anos, o caminho feito por diferentes universidades e outras entidades na criação de estruturas como a U.Porto Inovação é naturalmente objeto de reavaliação. Estou em crer que os nossos resultados, nomeadamente na implementação e proteção da propriedade intelectual, demonstram que, no essencial, esta foi uma aposta ganha.
Quanto à atuação no futuro, por um lado, numa primeira fase, continuar a fazer-se um trabalho irrepreensível e de grande qualidade na proteção da propriedade intelectual (PI). A proteção da PI está na génese da criação de estruturas como a U.Porto Inovação e tem um propósito claro: proteger o conhecimento gerado com vista à sua valorização. Eu acredito que esse trabalho, com a importância basilar que tem, vai ter sempre de continuar mas não se pode encerrar em si mesmo e perder de vista a valorização social e económica do conhecimento protegido.
Creio que também é necessário ir ativamente de encontro ao conhecimento gerado em áreas científicas que, até agora, não têm sido a aposta óbvia destas estruturas. Na verdade, há áreas que não estão tão despertas para a necessidade de proteger de uma forma mais estreita o conhecimento que produzem e, assim, têm ficado um bocadinho fora do radar da U.Porto Inovação.
Ainda assim, chegados a este ponto, acredito que haja necessidade de proceder a alguns ajustes no futuro, nomeadamente dar mais atenção à valorização económica do conhecimento. No fundo, procurar que a propriedade intelectual que é protegida possa ser de facto uma mais-valia do ponto de vista económico, seja através de licenciamentos, vendas, criação de spin-offs ou outras formas. Seja como for, estou convicto que apesar dos desafios que os tempos em constante mudança nos colocam, estruturas como a U.Porto Inovação continuarão a ser, no futuro, uma peça fundamental do ecossistema de investigação e inovação da Universidade do Porto.
Spin-off U.Porto está na lista da Norrsken Impact/100 2024
Submitted by U.Porto Inovação on 12/12/24
É uma lista mundial de 100 startups que se dedicam a criar soluções inovadoras para alguns dos maiores desafios do mundo. A edição de 2024 distinguiu a Smartex, uma spin-off U.Porto incubada na UPTEC que, desde a sua fundação, se tem dedicado a revolucionar a indústria têxtil através de sistemas de controle de qualidade alimentados por Inteligência Artificial (IA).
“É verdadeiramente inspirador sermos reconhecidos ao lado de tantas empresas inovadoras que trabalham de forma incansável para criar mudanças positivas no mundo. Esta distinção reforça a nossa missão e motiva-nos a avançar ainda mais nos nossos esforços para causar um impacto global”, referem os responsáveis da Smartex.
A tecnologia desenvolvida pela startup possibilita uma redução significativa do desperdício na indústria têxtil, melhorando a eficiência e garantindo uma maior sustentabilidade do setor. “Somos a primeira inovação no mundo a oferecer inspeção automatizada com IA nas fases iniciais da cadeia de abastecimento têxtil. Este avanço é crucial num setor tradicionalmente marcado por desperdícios elevados, tanto materiais como energéticos”, referem os membros da Smartex. O facto de a tecnologia possibilitar a deteção de defeitos em tempo real na produção faz com que se “reduza drasticamente o desperdício de recursos e aumente a eficiência, conseguindo aumentar a eficiência e contribuindo para uma indústria mais sustentável e moderna”, acrescentam.
Na opinião dos empreendedores, este tipo de reconhecimentos é muito importante: “Vivemos tempos desafiadores, onde é crucial destacar o trabalho que milhares de inovadores estão a fazer em todo o mundo”, referem. A Norrsken Impact/100 é uma iniciativa da Norrsken Foudantion, uma organização sueca. O objetivo é identificar e apoiar as 100 startups mais promissoras do mundo, tendo em conta o seu potencial para gerar mudanças significativas na saúde, educação, meio ambiente, acesso à energia, bem como em outras questões sociais e ambientais utilizando modelos de negócio inovadores.
Desde o nascimento da Smartex que estão focados em criar soluções práticas e inovadoras e continuam com uma missão muito clara em mente: transformar a indústria têxtil. Neste momento estão a desenvolver soluções que utilizam dados de alta qualidade para conectar as diferentes etapas da cadeia de abastecimento, promovendo a modernização e a digitalização do setor. Prometendo surpreender em 2025, a Smartex revela que o futuro passa por aprofundar o impacto das tecnologias e alargar a sua aplicação a outros setores desta industrial.
A imagem das empresas selecionadas nesta edição apareceu projetada na Torre Nasdaq, em Times Square (Nova Iorque) durante a Semana do Clima. Na opinião da Smartex este foi o “cenário perfeito” para mostrar estas 100 maneiras de melhorar o futuro, simbolizando a interseção ente tecnologia, negócios e sustentabilidade. “É disto que precisamos: pessoas e empresas dedicadas a criar soluções tangíveis e escaláveis para um futuro melhor”, concluem.
Recrutamento de Técnico/a Superior para a U.Porto Inovação
Submitted by U.Porto Inovação on 11/12/24
PROCESSO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE UM/A TÉCNICO/A SUPERIOR PARA A U. PORTO INOVAÇÃO, EM REGIME DE CONTRATO DE TRABALHO DE DIREITO PRIVADO A TERMO RESOLUTIVO CERTO
Tendo por base a proposta de abertura do processo de recrutamento, foram definidos como requisitos mínimos:
a) Habilitações literárias - Licenciatura em Ciência dos Computadores; ou Ciência da Informação; ou Engenharia e Gestão Industrial; ou Engenharia Eletrotécnica e de Computadores; Engenharia Informática e Computação; Inteligência Artificial e Ciência de Dados; Matemática; ou em Matemática Aplicada;
b) Domínio, oral e escrito, das línguas portuguesa e inglesa (nativo, B1 ou B2).
As pessoas candidatas admitidas serão sujeitas aos métodos de seleção Avaliação Curricular e, eventualmente, Entrevista Profissional.
A classificação na avaliação curricular será obtida consoante os fatores abaixo identificados, comprovadamente reunidos pelos/as candidatos/as:
a) Valorização da classificação final obtida no grau de Licenciatura;
b) Mestrado em área relevante para as funções a desempenhar;
c) Experiência profissional em tecnologias da informação e comunicação (TIC); em sistemas de informação; em gestão de dados; em transferência de tecnologia; em propriedade intelectual;
d) Conhecimentos em tecnologias da informação e comunicação (TIC); em sistemas de informação; em gestão de dados; em transferência de tecnologia; em propriedade intelectual;
e) Motivação, a indicar na carta de candidatura;
f) Disponibilidade imediata, considerando-se como tal, a disponibilidade para iniciar funções em 30 dias após notificação pela U.Porto, a indicar na carta de candidatura;
g) Disponibilidade para deslocações nacionais e internacionais, a indicar na carta de candidatura.
As candidaturas deverão ser formalizadas no sistema de submissão de candidaturas online disponível no site da Reitoria da Universidade do Porto, até ao dia 26 de dezembro de 2024. Mais informação sobre o recrutamento pode ser encontrada aqui.
Spin-off U.Porto adquirida por gigante internacional
Submitted by U.Porto Inovação on 04/12/24
“Após quase duas décadas de trabalho árduo e dedicação, anunciamos que a Bullet Solutions foi adquirida pela Kinetic, uma empresa da Volaris Group reconhecida globalmente pela sua excelência e inovação na área do software”. Foi com estas palavras que Pedro Fernandes, CEO da Bullet Solutions, anunciou a recente aquisição da spin-off da Universidade do Porto, classificando-a como “um motivo de celebração mas também uma acrescida sensação de responsabilidade”.
Tudo começou em 2020, com uma abordagem inicial e de caráter exploratório cujo objetivo foi dar a conhecer a natureza das operações da Bullet Solutions, avaliar o seu nível de maturidade e obter alguns indicadores financeiros que permitissem à Volaris uma primeira análise da empresa.
A política estratégica da Constellation Software, detentora da Volaris, distingue-se pela aquisição de empresas com o objetivo de fortalecer o seu portfólio. Historicamente falando, a Constellation Software “até hoje nunca vendeu nenhuma das cerca de 1.000 aquisições, tendo crescido até aos 50 mil colaboradores e 8,4 biliões de receitas”, explica Pedro Fernandes.
Assim, a equipa da Bullet Solutions viu aqui uma oportunidade de integrar um grupo com visão a longo prazo, onde “o crescimento sustentável, a criação de sinergias entre as empresas e a manutenção da identidade, equipa e cultura são prioridades”.
Sem precipitações de nenhum dos lados e com uma decisão comum de não avançar no imediato, as duas empresas mantiveram contactos trimestrais. Depois, à medida que a Bullet Solutions crescia, novos interlocutores, incluindo o CEO da Kinetic (empresa da Volaris), foram integrados nas reuniões que se seguiram.
“No último trimestre de 2023 recebemos, então, uma proposta que correspondia às nossas expectativas”, revela Pedro Fernandes, CEO. Seguiu-se um processo de due dilligence que se estendeu por oito meses e que culminou na assinatura dos contratos. “Embora exaustivo, este processo permitiu um profundo conhecimento mútuo entre as partes, assegurando que ambas tinham confiança no passo que estavam a dar”, diz o antigo estudante da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP).
"Passar de uma pequena equipa para uma estrutura com milhares de profissionais"
Aspetos como a manutenção da equipa da Bullet Solutions e a preservação da identidade e cultura da empresa foram princípios orientadores para o processo, e muito atrativos para a spin-off.
“Ao longo de quatro anos a Volaris conseguiu transmitir-nos uma visão clara do que seria o futuro da Bullet Solutions sob a sua tutela. Além disso, estando os direitos da nossa equipa e o legado construído ao longo de quase duas décadas devidamente assegurados, o valor global da proposta revelou-se bastante atrativo”, refere Pedro Fernandes.
Com esta aquisição, são expectáveis haverá algumas alterações importantes no que diz respeito, por exemplo, a boas práticas já amplamente testadas pela Volaris. “Entre as áreas de maior intervenção na Bullet Solutions encontram-se o software utilizado, a segurança (que foi a primeira grande preocupação abordada), o acesso a formações e a um vasto conhecimento acumulado, bem como a integração numa ampla rede de profissionais”, explica o CEO.
A juntar a isso, a estrutura organizacional da Bullet Solutions foi significativamente reformulada, com a criação e reestruturação de novos departamentos que agora servem como pilares estratégicos para impulsionar a eficiência operacional e promover o crescimento sustentável.
“Esses departamentos foram concebidos para fortalecer a coordenação entre as áreas-chave da empresa, garantindo uma maior agilidade na tomada de decisões e um alinhamento mais eficaz com os objetivos de longo prazo da organização”, refere Pedro Fernandes.
O CEO acrescenta que tudo isso se refletiu na sensação de terem passado “de uma pequena equipa para uma estrutura com milhares de profissionais disponíveis para oferecer suporte e aconselhamento”.
Futuro passa pelo cliente, pelo processo e por novos mercados
A Bullet Solutions é uma empresa spin-off U.Porto, que acolheu a chancela em 2019. Desenvolve software que possibilita a geração automática de horários (timetabling) para mais de uma centena de instituições de ensino superior no mundo inteiro. A plataforma desenvolvida pela Bullet Solutions pode fazer poupar até 90% do esforço e custo associados ao processo manual e complexo de geração de horários.
Assume-se como uma empresa com um “foco inabalável na satisfação do cliente”, visão compartilhada pelos seus novos proprietários. “Os clientes podem continuar a esperar os mesmos rostos familiares bem como a mesma dedicação de cada um de nós”, diz Pedro Fernandes.
Atualmente, estão totalmente focados na melhoria contínua do seu produto, na otimização dos processos para proporcionar um serviço cada vez mais eficiente e também na expansão para novos mercados.
Com o crescimento da equipa – associado à aquisição – a Bullet Solutions espera continuar a responder às exigências do mercado, dando continuidade ao trabalho que tem vindo a desenvolver nos últimos anos. Tendo agora o apoio de um grande grupo internacional, a empresa prevê que será possível acelerar este crescimento de forma ainda mais segura e sustentada.
“Como cofundador da Bullet Solutions sinto um imenso orgulho ao testemunhar o crescimento da nossa empresa e a sua capacidade de embarcar neste novo capítulo ambicioso. Todo este processo assegurou-nos, da parte da Volaris, que será uma relação duradoura e frutífera. O nosso objetivo agora é demonstrar que o investimento que fizeram em nós foi a escolha certa”, conclui o CEO.
Comitiva da U.Porto visita empresa Casa Alta
Submitted by U.Porto Inovação on 02/12/24
Foi no início do mês de novembro que uma comitiva da Universidade do Porto rumou às instalações da Casa Alta, empresa sedeada no Alentejo. A sessão A2B (Academia to Business) contou com a presença de uma dezena de cientistas da Universidade, das mais diversas áreas de estudo, interessados em conhecer melhor a empresa alentejana que tem no azeite o seu principal foco.
A produção de azeite em Portugal tem registado recordes sucessivos nos últimos anos, sendo um setor com um enorme potencial de crescimento. A Casa Alta tem sido uma assumida promotora da área, e pretende continuar a apoiar o desenvolvimento da agroindústria nacional através da estimulação do crescimento do setor oleícola e da produção sustentável de azeite. As preocupações da empresa são tanto de caráter económico como ambiental.
Esta instalação da Casa Alta no Alentejo recolhe, atualmente, bagaço de azeitona de duas fases de lagares no Alentejo com o objetivo de extrair óleo a partir desta biomassa, obtendo assim o caroço e bagaço de azeitona extratado. Assim, foram vários os investigadores da U.Porto interessados em expor aos seus trabalhos aos representantes da Casa Alta, na esperança que daí possam surgir colaborações frutíferas. É o caso de Soraia Neves, investigadora auxiliar do CEFT, Centro de Estudos de Fenómenos de Transporte, Unidade de Investigação da Faculdade de Engenharia da U.Porto.
Na opinião da cientista, este tipo de encontros é uma “situação vantajosa tanto para a academia como para a indústria, uma vez que cria um espaço para a partilha de conhecimento e o confronto de desafios, facilitando o encontrar de soluções com impacto”. A engenheira química achou particularmente interessante poder observar os processos da empresa, assim como perceber que “existem empresas portuguesas a investir em processos disruptivos e a procurar ativamente novas ideias e soluções”, acrescenta. Além da experiência, Soraia Neves trouxe para “casa” uma amostra de bagaço de azeitona, cedida pela empresa. Irá utilizá-la para “explorar novas aplicações do subproduto no tingimento de têxteis”, trabalho que está a desenvolver em colaboração com investigadores do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
Além de Soraia Neves, investigadores das faculdades de Ciências, Engenharia, e Farmácia, bem como cientistas do CIIMAR e do GreenUPorto quiserem marcar presença. O grupo teve oportunidade de oportunidade de visitar a unidade de extração de óleo de bagaço de azeitona da empresa e também a Zeyton, uma startup tecnológica lá sediada que produz nutracêuticos também a partir do bagaço de azeitona, usando uma tecnologia patenteada e amiga do ambiente
A Casa Alta junta-se, assim, à “família A2B”, esse grande grupo de empresas e cientistas apostados em aproximar cada vez mais o meio académico do empresarial. O objetivo das sessões A2B é apoiar o esforço de inovação da indústria, promovendo o encontro entre grupos de investigação e empresas com o intuito de formar parcerias que assegurem uma maior eficácia da transferência e valorização de conhecimento. Estas sessões, que podem ter lugar tanto na Universidade como nas empresas, proporcionam o reforço dos laços entre os investigadores e os membros da indústria, criando assim as condições ideais para uma investigação aplicada aos desafios que as empresas enfrentam num mundo cada vez mais competitivo.
As sessões A2B começaram em 2011 e, desde então, já se realizaram mais de 70 encontros.
U.Porto Inovação recebe cinco novos UPinTech's
Submitted by U.Porto Inovação on 01/12/24
Alexandre Santos, Beatriz Oliveira, Maria Beatriz Oliveira, Pedro Bessa e Vicente Lora são os novos colaboradores da U.Porto Inovação, uma colaboração em part-time ao abrigo do programa UPinTech. Em novembro passado, a equipa da U.Porto Inovação reuniu-se para dar as boas-vindas aos quatro novos membros da família, que tiveram também oportunidade de receber formação acerca dos trabalhos que passarão a desempenhar.
As áreas de formação anunciadas para esta edição do programa UPinTech – que acontece com o apoio da Caixa Geral de Depósitos – foram Health e Manufacturing.
Começando, então, pela área Health, a coincidência desta edição: duas colaboradoras com o mesmo nome - Beatriz Oliveira - e a mesma licenciatura em Biotecnologia. Beatriz Oliveira frequentou a Universidade de Aveiro e está, neste momento, no segundo ano do Mestrado em Bioengenharia lecionado na Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Já participou em projetos de investigação nas áreas de medicina regenerativa e disease modeling, estando atualmente a desenvolver a sua tese de mestrado sobre a interação entre cancro e sistema nervoso. Já Maria Beatriz Oliveira licenciou-se na Universidade do Minho. Durante o mestrado focou-se no uso de resíduos da indústria da cortiça e os seus compostos bioativos para tratamento de doenças de pela. Está, atualmente, no primeiro ano do programa doutoral de Ciências Biomédicas no ICBAS, focada no desenvolvimento de um tratamento para o acne através do uso de uma nova matriz natural.
Passando para a área de Manufacturing, Alexandre Santos é licenciado em Engenharia Mecânica pela Universidade de Aveiro estando, agora, a frequentar o Mestrado em Engenharia Mecânica na FEUP com especialização em automação. Os seus interesses passam pelas áreas da robótica e inteligência artificial. Vicente Lora também se licenciou na FEUP, em Engenharia Informática e de Computadores. Assume-se como um fascinado por física, psicologia e pelo universo da computação.
Por fim, mas não por último, Pedro Bessa também se junta à equipa da U.Porto Inovação. É estudante de licenciatura em Matemática Aplicada na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e tem interesse em inteligência artificial, finanças, empreendedorismo e música, procurando aplicar os seus conhecimentos na criação de soluções inovadoras.
Sobre o programa UPinTech
Já lá vão mais de dez anos desde que a U.Porto Inovação lançou o programa UPinTech. Desde então, mais de 70 pessoas colaboraram e receberam hands on training na unidade de transferência de conhecimento e empreendedorismo da U.Porto.
O principal objetivo do programa UPinTech é providenciar à comunidade estudantil e científica da U.Porto um contacto direto com as atividades de proteção e comercialização de tecnologias da U.Porto.
A U.Porto Inovação beneficia do trabalho de uma equipa altamente qualificada em proteção, transferência de tecnologia e empreendedorismo. Para saber mais sobre a oportunidade e as competências necessárias clique aqui.
Esta edição do programa UPinTech conta com o apoio da Caixa Geral de Depósitos.
CREA está a renovar o Estádio Universitário do Porto
Submitted by U.Porto Inovação on 28/11/24
A recuperação da bancada, dos balneários, dos vestiários e a criação de dois novos edifícios são o resultado da reabilitação do Estádio Universitário do Porto, realizada pela CREA, um atelier de arquitetura instalado na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto e spin-off da U.Porto.
71 anos depois da sua inauguração, um “novo” Estádio Universitário é apresentado à cidade, fruto de uma extensa reabilitação desenhada pela CREA, e que permitiu devolver à cidade um dos mais icónicos espaços desportivos da Invicta.
“Importa-nos muito o contexto desta obra, e o significado que aquele espaço em plena quinta do Campo Alegre representa para a cidade e para a comunidade, em particular a da Universidade do Porto. Sentimos naturalmente a responsabilidade e o desafio que nos foi confiado”, afirma André Camelo, fundador da CREA (na foto).
A obra, com um orçamento de 3,4 milhões de euros, teve a duração de cerca de cinco anos, mas “foi apenas uma etapa, naquilo que foi, é e será seguramente uma ainda longa história do Estádio Universitário”, acrescentou, ainda, o empreendedor da UPTEC.
“Este é, com efeito, um novo Estádio Universitário, resultado de um moroso processo de resgate da gestão deste espaço e de um ambicioso plano de renascimento e requalificação de um equipamento histórico que queremos ao serviço da comunidade académica e da cidade, dos cidadãos da área metropolitana e das suas associações desportivas”, destacou o Reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira.
A cerimónia de inauguração contou com a presença de Luís Montenegro, Primeiro-Ministro de Portugal, Rui Moreira, Presidente da Câmara Municipal do Porto, e dos Ministros Pedro Duarte e Fernando Alexandre.
A segunda fase de reabilitação, idealizada pela CREA, contemplou a recuperação do edifício da bancada, a reformulação dos balneários e a construção de dois novos edifícios, incluindo a nova sede do CDUP-UP.
Notícia escrita pelo serviço de Comunicação & Imagem da UPTEC.
"Inovação é um termo com futuro, do qual vamos continuar a falar"
Submitted by U.Porto Inovação on 27/11/24
André Fernandes começou a trabalhar na U.Porto Inovação - na altura UPIN - em 2007. Mais de uma década depois, em 2020, assumiu as funções de dirigente intermédio. No ano em que a U.Porto Inovação comemora o seu 20º aniversário, é André Fernandes que está ao leme da equipa, tutelada por Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da U.Porto para a Investigação e Inovação.
Aumentar a equipa e melhorar a eficácia dos processos diários são os principais objetivos a curto prazo de André Fernandes. Depois, com os olhos postos no futuro, assume a visibilidade, proximidade e cooperação como as suas principais bandeiras. Sempre, claro, com o termo inovação na ponta da língua: "Diria que inovação é um termo que, felizmente até, tem muito futuro e temos que continuar a falar muito nele", refere.
1. A que U.Porto Inovação chegou quando tomou posse?
A minha comissão de serviço como dirigente intermédio de segundo grau começou em 2020, assumindo novas funções numa equipa que, felizmente, já conhecia. Uma equipa bastante capacitada, diversificada do ponto de vista de qualificações, faixa etária e funções. Por isso, na minha opinião foi um começo confortável porque acabei por dar continuidade à equipa e ao trabalho que estava a ser feito antes.
Havia uma situação que me preocupava que tinha a ver com a precariedade das relações laborais da equipa. A ciência em Portugal e estas atividades de interface entre a ciência e o tecido económico baseiam se muito em projetos financiados que, tipicamente dão recursos às instituições para que estas contratem pessoas. A questão é que esses projetos são limitados no tempo, e sendo as relações laborais muito baseadas nos projetos, quando estes se aproximam do fim ou terminam há sempre esse dilema e essa dificuldade de dar continuidade ao trabalho de algumas pessoas. E era isso que estava a acontecer quando cheguei. Em geral a equipa estava a desempenhar muito bem mas, de facto, tínhamos várias situações em que se estava a aproximar o prazo dos contratos de trabalho dessas pessoas. Isso é uma dificuldade e um problema a que depois demos resposta.
Havia outra novidade quando passei a ser diretor, que era a mudança recente de instalações da U.Porto Inovação. Desde 2004 que desenvolvemos atividade no edifício histórico da Reitoria da Universidade do Porto, e em setembro de 2019 passámos a estar fisicamente no edifício da UPTEC. Essa foi uma decisão da equipa reitoral do ponto de vista estratégico, para nos aproximar da equipa da UPTEC, das spin-offs e para estarmos mais próximos dos laboratórios, dos centros de investigação da U.Porto, etc.
De facto, foi uma altura em que a equipa estava a “bombar” do ponto de vista de atividades, com vários projetos a acontecer, mas por causa da mudança física ainda estávamos um pouco em fase de adaptação.
2. Diria que chegou com expectativas e planos específicos ou focou-se mais na continuidade do trabalho já feito?
Eu já tenho alguma de experiência de trabalho em diferentes organizações, públicas e privadas, e a minha perspetiva foi sempre de perceber que é difícil fazer ruturas do ponto de vista organizacional, sobretudo quando está a ser desenvolvido um trabalho muito meritório e com resultados, como era o caso da U.Porto Inovação quando eu assumi o papel de direção. E, além de tudo, também entrei a meio do mandato da equipa reitoral, que já tinha a sua visão e estratégia.
Diria que do ponto de vista de planos ou de ideias para a minha comissão de serviço, o principal tinha mais a ver não tanto com alteração de atividades, prioridades ou serviços que a nossa equipa oferece, mas mais do ponto de vista da organização e de criar condições, sobretudo de rendimentos e de músculo, para conseguir reter a equipa que estava a trabalhar.
3. Reconhece uma evolução no trabalho da U.Porto Inovação desde que chegou à equipa?
Sem dúvida. Por onde começar?
Do ponto de vista de atividades, na altura em respondi a um processo de recrutamento lançado pela UPIN por ter identificado a necessidade de ter uma pessoa que desempenhasse funções de interface entre a Universidade do Porto e o tecido económico. Esta interface era um pouco a montante na cadeia de inovação da Universidade, e traduzia-se em atrair as empresas para projetos de investigação em parceria. Eu entrei muito com esse espírito e, até aí, as atividades da UPIN tinham estado mais viradas para a proteção da PI e para a comercialização, por um lado, empreendedorismo, por outro, e mais algumas atividades como o apoio de candidaturas a projetos financiados, dinamização da investigação interdisciplinar, etc.
Desde então, e até agora, nós temos desenvolvido as nossas atividades muito à volta dessas três áreas que na altura estavam em formação: PI e transferência de tecnologia, promoção do empreendedorismo e interface universidade-empresa.
Assim, eu diria que a grande evolução foi na equipa. Em todos estes anos tivemos, felizmente, a possibilidade de aproveitar oportunidades para capacitar as pessoas, profissionaliza-las. E, neste momento, temos pessoas seniores em todas as nossas atividades – do ponto de vista de experiência e conhecimento, não de idade.
4. A que necessidades acredita deve responder uma equipa deste género? Que planos tem a curto, médio ou longo prazo?
Penso que é importante começar por enquadrar o nosso trabalho. Nós estamos num ecossistema que é o maior produtor de ciência do país. A Universidade do Porto é responsável por 25% da produção científica nacional, se medirmos do ponto de vista de publicações. Isto, de facto, é reconfortante no sentido que estas dinâmicas criam resultados de várias formas. Do ponto de vista comercial pode até ser mais fácil porque temos massa crítica a montante; por outro lado acaba por ser um desafio porque trabalhamos com um grande volume de solicitações. Não havendo a perspetiva de uma diminuição da ciência que se faz na U.Porto, uma das necessidades que temos, se queremos aproveitar melhor essa massa critica, é aumentar a nossa capacidade de resposta.
Isto faz se de duas formas e eu destaco duas. Primeiro, aumentar a equipa. Isso está sempre em cima da mesa. Por outro, otimizar os nossos processos e torná-los mais eficientes, para que a equipa possa concentrar as atenções nas atividades que mais valor podem trazer à Universidade e também para termos mais capacidade de resposta. Já consolidámos a equipa e neste momento somos 9 pessoas, com funções complementares. Umas transversais, umas mais viradas para determinadas áreas científicas e tecnológicas.
Falando a curto prazo, são estas as minhas prioridades: crescimento da equipa e otimização dos processos, aumentando a sua eficiência.
A longo prazo, destacaria três áreas de intervenção, sem nenhuma ordem. Primeiro, a importância de dar corpo à subida de estatuto da U.Porto Inovação, que passou de Unidade para Serviço. Isso foi muito relevante para a nossa equipa, porque representa reconhecimento do trabalho desenvolvido. E como damos corpo? Com uma equipa maior, capaz de mostrar mais resultados.
Depois, realço a visão que o Vice-Reitor Pedro Rodrigues tem para a nossa equipa: dar mais visibilidade à U.Porto Inovação e ao trabalho que desenvolve, ao mesmo tempo que nos aproximamos mais da comunidade científica. A Universidade tem investido na criação de estruturas locais de apoio à investigação e inovação, e devemos aproximar-nos mais delas e potenciar o trabalho conjunto.
Por fim, mas não por último, adaptar e coordenar a nossa atividade com a dinâmica que se cria dentro da própria Universidade e também no ecossistema. Falo, por exemplo, dos institutos de investigação participados pela U.Porto, da UPTEC, ou das empresas startup e spin-off. Acredito que estaremos a contribuir para a missão da Universidade se encontrarmos formas de coordenar todos estes agentes, aumentando o nosso impacto na sociedade, que é o grande desígnio que todas estas pessoas têm em comum.
5. Acha que o termo inovação precisa de um rebranding? Que está “batido”?
É compreensível que a nos, que usamos este jargão e este vocabulário diariamente, nos pareça que este tipo de conceitos, definições, que acaba por ser metas e referencias, estejam mais gastos. Prefiro dizer que estão mais maduros.
Mas mais do que pensar que é um termo gasto, eu diria que é um termo que, felizmente até, tem muito futuro e temos que continuar a falar muito nele. Ao longo dos anos da nossa atividade até nos vamos posicionando razoavelmente bem nos rankings mas, de facto, ainda é muito difícil entrar no tecido económico porque as empresas ainda não estão preparadas para assimilar novos processos, novas ideias, e depois para fazer dessas ideias novos negócios de uma forma estruturada e, diria, sustentável. Portanto, olhando o cenário e a nossa envolvente, ainda vamos ter que martelar muito na inovação.
6. Como vê o futuro da inovação na Universidade do Porto?
Há uma grande relevância das atividades de inovação no plano estratégico da U.Porto para 2030, o que nos dá uma grande sensação de responsabilidade em responder a esta missão. Trabalhamos com muitas solicitações, um volume quase diário, e isso demonstra que as atividades do nosso Serviço são vistas como úteis e importantes para a comunidade com quem trabalhamos.
Trabalhar a inovação na Universidade do Porto implica, como já foi referido, melhorar a nossa visibilidade e proximidade junto da comunidade científica, percebendo as suas dinâmicas, indo aos laboratórios e junto dos cientistas com quem não nos cruzamos todos os dias. E devemos desenvolver essa estratégia em conjunto com as equipas de apoio à inovação que se vão formando na U.Porto.
Depois, é importante realçar que, felizmente, não estamos sozinhos nesta missão. Em última análise esse papel não é só das instituições científicas e de ensino superior. Nós temos o nosso papel, mas não é só nosso e felizmente estamos bem acompanhados. Refiro-me a associações empresariais que têm sempre este foco na inovação, organismos públicos como por exemplo a da Agência Nacional de Inovação (ANI) que também tem desenvolvido o seu trabalho com muito mérito. O nosso sistema nacional de inovação é robusto, perene e tem estrutura. Agora o que precisamos é continuar. Claro que, para isso, é preciso investimento, o investimento implica risco, e o risco traz muitas incertezas. Vamos ter insucessos, sim, mas também temos os nossos sucessos e é importante aprendermos com ambos e continuarmos o nosso trabalho.
De envolvente interna basta olhar para o plano estratégico da Universidade Porto para 2030 para perceber que, pelo menos até esse ano, ainda vamos ter muito que falar do ponto de vista de inovação e da importância que a Universidade dá a essa área. E isso é uma muito boa notícia para estruturas como a nossa e para novas estruturas que têm surgido nas unidades orgânicas, faculdades e centros de inovação.
Por isso eu iria que inovação é um termo com futuro, não está esgotado, e atendendo aqui ao nosso lema que é 20 anos de U.Porto Inovação / 20 anos de inovação na U.Porto, eu diria que pelo menos até 2030 vamos ter a inovação na cabeça das pessoas na nossa Universidade.
CEO de spin-off U.Porto premiada pelo European Innovation Council
Submitted by U.Porto Inovação on 26/11/24
“Mais do que um prémio, é uma validação do nosso trabalho, o que fortalece a nossa convicção no caminho que estamos a seguir”. São palavras de Ângela Carvalho, CEO da BEAT Therapeutics, em reação ao prémio de 75.000 euros conquistado no âmbito da primeira edição do WomenTechEU. A investigadora é uma das duas portuguesas distinguidas nesta iniciativa do Prémio Europeu para Mulheres Empreendedoras, promovido pelo European Innovation Council (EIC) e pela SME Executive Agency (EISMEA).
Na origem desta distinção está a empresa BEAT Therapeutics, uma spin-off da Universidade do Porto atualmente incubada na UPTEC – Parque da Ciência e Tecnologia da U.Porto. Trata-se de uma startup de biotecnologia focada na descoberta e desenvolvimento de terapias inovadoras para tratamento de cancros agressivos, fruto da colaboração entre investigadores da Faculdade de Farmácia (FFUP), do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), do REQUIMTE e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL). Ângela Carvalho, Lucília Saraiva, Maria José Ferreira, Hugo Prazeres, Lúcio Lara Santos são os cofundadores.
Focada em agentes anticancerígenos que atuam na reparação do ADN, a empresa visa impulsionar avanços significativos na investigação oncológica e oferecer terapias de elevada eficácia e segurança, capazes de melhorar de forma significativa a qualidade de vida dos doentes.
O principal candidato a fármaco, atualmente em fase de desenvolvimento pré-clínico, é uma molécula inovadora, concebida para inibir a reparação do ADN em células cancerígenas ao interromper uma via central na recombinação homóloga.
O reconhecimento internacional na iniciativa WomenTechEU é de grande importância para a equipa. “Numa área onde o acesso a financiamento pode ser desafiante para projetos liderados por mulheres, iniciativas como o Women TechEU ajudam a criar pontes, facilitando o acesso a uma rede internacional de contactos e recursos estratégicos, que são ferramentas valiosas para impulsionar o nosso crescimento no exigente mercado da biotecnologia em saúde”, destaca Ângela Carvalho.
Nesse sentido, a BEAT vai aproveitar os serviços especializados promovidos pela WomenTechEU para reforçar a vertente estratégica do projeto, ao mesmo tempo que continuará a intensificar os esforços em investigação e desenvolvimento da tecnologia.
“O desenvolvimento de terapêuticos é um caminho longo, complexo, e com elevadas necessidades de financiamento”, acrescenta a CEO. E isso faz com que seja fundamental que a equipa aproveite estes apoios não só para refinar o modelo de negócio, mas também para expandir a rede de parceiros internacionais.
Da investigação ao empreendedorismo
Ângela Carvalho já havia tomado a decisão de “despir a bata do laboratório” (era investigadora do i3S) e passar para a área da transferência de tecnologia quando começou a trabalhar num programa de aceleração em saúde, dando apoio a startups: “Pouco tempo depois de começar a trabalhar em transferência de tecnologia percebi que era nesta área que podia dar um contributo para criar valor”, diz.
E é nesse contexto que se junta à BEAT Therapeutics e ao lançamento do projeto empreendedor. Na opinião de Ângela, o empreendedorismo em saúde é um “espaço híbrido, onde a investigação científica e a visão empresarial andam lado a lado”, explica. Por isso, considera que tanto a sua experiência como investigadora como a no empreendedorismo foram essenciais para trilhar o caminho até chegar aqui.
É, então, neste papel, que a investigadora encontra o seu propósito: “Agora o meu trabalho e a minha visão sobre a aplicação da ciência no mundo real unem-se e, na nossa equipa, trabalhamos com o foco principal de dar resposta ás necessidades dos doentes”, refere.
A jornada, que começou nos laboratórios e levou à constituição de uma empresa, já valeu várias conquistas à BEAT Therapeutics. Entre elas incluem-se a vitória na 9.ª edição do iUP25k – Concurso de Ideias de Negócio da U.Porto, o Prémio Inovação Bluepharma 2023, o Prémio Jovem Empreendedor 2023, o primeiro lugar na EIT Health InnoStars 2023, a distinção no Programa Gilead Génese ou o prémio no programa de aceleração espanhol “Startup Olé”.
Ângela Carvalho confessa que é difícil destacar algum momento mais especial no tempo de vida da startup, que considera curto. “Cada parceria, apoio e reconhecimento alcançado têm sido peças fundamentais no nosso crescimento”, diz.
Sobre o WomenTechEU
O objetivo do WomenTechEU é reconhecer mulheres líderes em ciência, tecnologia e empreendedorismo que estão a impulsionar inovações disruptivas na Europa. Com três categorias a concurso, a iniciativa destaca o papel crucial da diversidade de género na inovação, inspirando as próximas gerações de mulheres a assumir a liderança no setor.
Para além de uma subvenção individual de 75.000 euros, para apoiar as etapas iniciais do processo de inovação e o crescimento da empresa, o prémio inclui ainda aconselhamento e orientação prestados pelos Serviços de Aceleração Empresarial (BAS) do European Innovation Council (EIC), bem como a possibilidade de participar em atividades organizadas pelo InvestEU e pela Enterprise Europe Network.
Para a BEAT Therapeutics, esta distinção trata-se de mais um “capítulo importante” que fortalece a capacidade de a empresa responder ao que verdadeiramente a move, seja na vertente da investigação ou do empreendedorismo: desenvolver terapias inovadoras que respondam às necessidades dos doentes com cancro.
Em Portugal, este prémio é acompanhado pela Agência Nacional de Inovação (ANI), encarregue de promover a participação nacional em programas europeus de apoio à ciência e tecnologia.
Projeto apoiado pelo BIP PROOF mostra resultados inovadores
Submitted by U.Porto Inovação on 26/11/24
Desenvolvida por uma equipa multidisciplinar de investigadores do INESC TEC e da Universidade do Porto, a tecnologia SpecTOM permite reconstruir a informação química e bioquímica dos tecidos analisados. O seu caráter inovador, bem como alguns desenvolvimentos recentes, levaram a que o grupo integrasse o projeto Phenobots, onde a tecnologia está neste momento “a ser melhorada”, contam os investigadores. A equipa afirma que o financiamento de 10 mil euros obtido no BIP PROOF foi “essencial” para o avançar do projeto, uma vez que permitiu a construção de equipamento específico para recolha de dados.
Explicado de forma mais detalhada, o SpecTOM é uma plataforma tecnológica de “tomografia metabólica não invasiva, para análise molecular baseada em espectroscopia”, explicam os investigadores do projeto. Tem como objetivo principal efetuar diagnóstico “precoce e de alto débito, 'in-situ' e 'in-vivo', utilizando uma plataforma robotizada (Metbots) e um instrumento de espectroscopia de última geração da “inteligência das coisas”, referem, acrescentando que a tecnologia poderá ter um impacto disruptivo para o desenvolvimento de sistemas avançados de Agricultura de Precisão, atualmente muito baseada em relações estatísticas.
Em 2020, a equipa concorreu ao BIP PROOF, iniciativa da U.Porto Inovação que, desde 2018, financia ideias inovadoras, e acabou por ser uma das equipas vencedoras dessa edição Na altura, os investigadores referiram que o montante recebido tinha como destino a montagem de um microscópio ótico com resolução hiper-espectral e histoquímica. Esse objetivo foi alcançado e, com o equipamento, o grupo é agora capaz de “desenvolver modelos tridimensionais dos tecidos e da sua composiçãocontam. Essa informação é depois utilizada para simular e diagnosticar o processo fotossintético (em conjunto com outros dados obtidos em campo e em laboratório) para “reconstruir modelos de gémeos digitais que possam simular condições de produção”.
Os espectros recolhidos neste microscópio são, assim, dados importantes para, depois, baixar o limite de deteção do SpecTOM, “permitindo o suporte de reconstrução de imagens metabólicas de elevado detalhe”, contam.
Graças ao microscópio, tornado possível também graças ao apoio financeiro do BIP PROOF, a equipa está a desenvolver ainda mais a tecnologia SpecTOM no sistema Phenobot. Um dos objetivos atuais é que possa ser “integrada funcionalmente no Phenobot, um sistema de modelação, inteligência artificial e diagnóstico para uma nova geração de agricultura de precisão baseada na fisiologia da planta”, refere Rui Martins, um dos cientistas por trás do SpecTOM.
A entrada no projeto aconteceu com o objetivo de reconstruir a morfologia e a bioquímica das folhas de videira. O grupo de investigadores acredita tratar-se de uma tecnologia essencial para o desenvolvimento de gémeos digitais das folhas das plantas “permitindo simular e diagnosticar numericamente o estado metabólico e a fisiologia da planta, especialmente no que diz respeito ao metabolismo central e à capacidade de geração de energia e captura de carbono”, explicam. Conhecer a capacidade fotossintética e a plasticidade fenotípica de uma folha, e da canópia da planta, reflete a sua resposta às condições ambientais.
“As plantas são incrivelmente resistentes, demonstrando mecanismos de plasticidade que maximizam o aproveitamento das condições favoráveis de luz, temperatura, água e nutrientes – não desperdiçando uma oportunidade de estar à frente e preparadas para as adversidades”, contam os investigadores. Isso faz com que as plantas rapidamente avancem para estados metabólicos com maior disponibilidade de energia, o que capacita o metabolismo secundário a responder a ameaças causadas por stress biótico ou abiótico.
E, tendo em conta o contexto de mudanças climáticas que enfrentemos, o grupo é perentório em afirmar o quão crítico é “otimizar a fotossíntese de todas as plantas, tornando-as mais produtivas, robustas e resilientes” a diferentes adversidades. Por esse motivo, o grupo está empenhado em levar cada vez mais longe a tecnologia SpecTOM.
Sobre o BIP PROOF
Foi em 2018 que a U.Porto Inovação arrancou com a iniciativa BIP PROOF e desde então já foram financiados 44 projetos, num total de meio milhão de euros.
O principal objetivo da iniciativa é criar um sistema de provas de conceito. Essas podem traduzir-se em construção de protótipos de viabilidade técnica, realização de ensaios in vitro/in vivo, estudos de viabilidade ou de mercado, entre outras, para que possam contribuir para a maturação da tecnologia e aproximação ao mercado. O BIP PROOF é, e tem sido, uma das maneiras de a U.Porto Inovação apoiar, e procurar valorizar, o que de melhor se faz na investigação da Universidade do Porto.
A edição que financiou o SpecTOM (2020/2021) contou com o apoio da Fundação Amadeu Dias e do Santander Universidades.