Spin-off da U.Porto vence Prémio Empreendedor XXI
Submitted by U.Porto Inovação on 20/05/19
A HUUB, empresa spin-off U.Porto desde 2017 e que criou uma plataforma logística integrada para o setor da moda, foi uma das duas startups portuguesas distinguidas na edição deste ano dos Prémios Empreendedor XXI, iniciativa do BPI e do CaixaBank. Além do prémio monetário, no valor de 25 mil euros, a empresa vai ter também acesso a programas de desenvolvimento internacional em Silicon Valley ou Cambridge.
Nesta edição do Prémio Empreendedor XXI foram definidos seis novos setores ligados às novas tendências em inovação e a algumas áreas de negócio das entidades organizadoras. A HUUB foi a grande vencedora de uma dessas categorias: Commerce Tech. Para Tiago Craveiro, co-fundador e CPO da HUUB, é gratificante “vencer um prémio sectorial como o Commerce Tech, que abarca todos os concorrentes de todas as regiões da Península Ibérica”, refere.
Já há algum tempo que a spin-off da Universidade do Porto tem vindo a apostar no mercado espanhol. Para o CPO, este prémio representa por isso um “reforço do posicionamento no país e credibilidade”, além de potenciar contacto com novas marcas do mundo da moda – mercado esse “particularmente agitado em Espanha”.
Além da HUUB, foi premiada a também portuguesa SEACLIQ. A iniciativa Prémio Empreendedor XXI, dinamizada pelo BPI e pelo CaixaBank, distinguiu ainda outras três finalistas portuguesas que terão acesso a programas internacionais de desenvolvimento. Os prémios foram entregues no âmbito do “Innovation Summit”, um programa criado pelo Grupo CaixaBank e que reuniu os principais players do ecossistema empreendedor, tecnológico e investidor em sessões em Portugal e Espanha, uma delas na Porto Business School.
A HUUB nasceu em 2015 e geriu desde sempre clientes com grandes marcas de moda a nível mundial, assumindo todas as suas tarefas logísticas e operacionais. O core businessda startup é a gestão integrada da cadeia de abastecimento de marcas de moda, permitindo que as mesmas consigam focar o seu trabalho no design de novas peças e na sua venda, deixando o trabalho operacional para a Huub.
Em junho do ano passado a HUUB fechou uma ronda de investimento no valor de 2,5 milhões de euros, liderada pela Pathena (uma das maiores sociedades de capital de risco em Portugal). Esta é mais uma conquista importante para a startup portuguesa, nascida no seio da Universidade do Porto pelas mãos de quatro antigos estudantes (Luís Roque, Pedro Santos, Tiago Craveiro e Tiago Paiva) e sediada na cidade.
U.Porto Inovação celebra 15 anos com “um minuto de inovação”
Submitted by U.Porto Inovação on 15/04/19
Um GPS sonoro, um método para combater o envelhecimento, novos tratamento para o cancro ou para a leishmaniose, ou um doseador de sal de última geração . Na última década e meia, estas foram apenas algumas das mais de 30 tecnologias inovadoras saídas das “mentes brilhantes” da Universidade do Porto, e é mostrando-as ao mundo que a U.Porto inovação comemora, esta segunda-feira, 15 anos de existência.
“Um minuto de inovação” por semana é a proposta que a U.Porto Inovação preparou para dar a conhecer “as mentes brilhantes da Universidade do Porto e as inovações que vão mudar o nosso futuro. Tudo isto ao longo de uma série de 32 vídeos (alguns dos quais já disponíveis no Youtube) produzidos ao longo do último ano e que serão disponibilizados, a partir de 17 de abril, nas redes sociais da U.Porto (Facebook, LinkedIn, etc.).
15 anos a proteger o conhecimento "made in U.Porto"
Estávamos em 2004 quando se tornou clara a necessidade de criar uma estrutura capaz de apoiar a proteção e a valorização do conhecimento produzido dentro da U.Porto. Havia que estar mais perto dos investigadores e ajudá-los a proteger o seu trabalho, aproximá-los do mundo empresarial e estimular o espírito empreendedor. Em cima desses pilares, foi lançada a U.Porto Inovação, na altura UPIN.
Após a mudança da equipa reitoral em 2018, a tutela da U.Porto Inovação ficou a cargo de Helder Vasconcelos. Para o vice-reitor, “a inovação e o empreendedorismo são há muito reconhecidos como fatores determinantes para o crescimento económico”. Nesse sentido, considera que a U.Porto Inovação tem um “papel fundamental em assegurar que os resultados da inovação e empreendedorismo da U.Porto passam para o setor privado”. E o apoio da cadeia de valor da Universidade, promovendo a transferência de conhecimento, é uma das missões principais da U.Porto Inovação.
A primeira comunicação de invenção da U.Porto data de 2003, ainda antes da criação do gabinete. Como era urgente encontrar maneiras de salvaguardar os interesses dos investigadores e da Universidade no que às invenções dizia respeito foi aprovado, em 2005, o primeiro Regulamento de Propriedade Intelectual da Universidade do Porto (RPIUP). Juntamente com a criação da U.Porto Inovação (um dos responsáveis pelo RPIUP), esta foi a pedra basilar para que se passasse a proporcionar aos colaboradores da U.Porto o acesso direto aos benefícios resultantes da valorização dos direitos de propriedade industrial.
Desde então, a U.Porto Inovação já recebeu mais de 350 comunicações de invenção, provenientes de quase todas as faculdades da U.Porto. De 2003 até à data, foram submetidos perto de 500 pedidos de patente nacional e internacional, estando a Universidade perto de alcançar as 200 concessões de patente em territórios como Portugal, Europa, Estados Unidos, Japão, Rússia, entre outros. Hoje, a U.Porto Inovação gere um portfolio de mais de 300 patentes e pedidos de patentes, a que chama patentes ativas.
Para Maria Oliveira, coordenadora do gabinete de 2008, os anos passados estão “repletos de motivos de orgulho” e este portfolio de patentes, gerido pela equipa, e algo inexistente na Universidade até à criação da U.Porto Inovação, é um deles. Prova disso é o facto de por mais que uma vez, em anos diferentes, a Universidade do Porto ter sido a universidade portuguesa que mais procura a patente. Em 2018, por exemplo, ficou em primeiro lugar tanto no pedido de patentes europeias como portuguesas.
Apesar da importância da proteção da Propriedade Intelectual (PI), não menos fundamental é a valorização do conhecimento gerado na instituição. Ao longo dos anos foram várias as iniciativas da U.Porto Inovação pensadas com esse objetivo, como é o caso do Business Ignition Programme, que teve seis edições, ou o mais recente BIP PROOF que, com o apoio do Norte 2020, Portugal 2020, União Europeia e da Fundação Amadeu Dias, apoiou monetariamente 11 tecnologias com valores entre os 10 e os 20 mil euros, ajudando na construção de provas de conceito.
Alavancar o empreendedorismo e chegar às empresas
Além do apoio à proteção das invenções, a U.Porto Inovação também se tem dedicado ao apoio do empreendedorismo na comunidade académica. E isso pode acontecer em forma de acompanhamento pessoal e direcionado, na fase de uma simples ideia de negócio, ou do apoio a jovens empresas nascidas na Universidade. Em 2010 a Inovapotek tornava-se a primeira empresa a receber a chancela spin-off U.Porto, selo criado para identificar, validar e estimular a criação de empresas no seio da Universidade. Hoje em dia são já 80 as empresas chanceladas e o The Circle, grupo criado em 2016 para reunir os empresários em fóruns e debates, agilizando a troca de experiências entre si.
Além disso, entre 2010 e 2016 a U.Porto Inovação organizou o iUP25k, iniciativa que atribuía 25.000 euros em prémios às melhores ideias de negócio da Universidade do Porto. Até 2016, ano da última edição, passaram pelo concurso de ideias de negócio da Universidade do Porto perto de 300 ideias e mais de 700 participantes.
De ressalvar também é o papel do gabinete no cumprimento da Terceira Missão da Universidade do Porto, isto é, o aproximar da comunidade académica ao tecido empresarial. Com o objetivo de apoiar o esforço de inovação das empresas, a U.Porto Inovação criou, em 2011, as sessões Academia to Business (A2B). A iniciativa promove encontros entre grupos de investigação e empresas, com o intuito de formar parcerias e já foram realizados mais de 40 fóruns, com mais de 1200 participantes. Sonae Retalho, Amorim, Galp, Forestis, Samsung, Grupo Trivalor, são alguns dos parceiros da U.Porto Inovação nesta iniciativa.
Equipa focada em apoiar as missões da U.Porto
Atualmente a U.Porto Inovação conta com dez colaboradores permanentes, mas recebe frequentemente prestadores de serviços, em regime de part-time, ao abrigo do programa UPinTech. Desde 2011 já passaram por esta iniciativa perto de 50 pessoas, às quais é proporcionada a oportunidade de contacto direto com os processos de PI, com inventores e empresas. Muitos destes colaboradores conseguiram, depois da passagem pela U.Porto Inovação, boas oportunidades de emprego.
Maria Oliveira fala da equipa que lidera, tanto a permanente como a estagiária, como uma das principais razões para o sucesso de todas as iniciativas do gabinete: “O espírito de entreajuda, motivação e profissionalismo estão sempre presentes”, diz. No entanto, a vontade é sempre de continuar a fazer mais e melhor: “queremos chegar a toda a universidade e dar resposta atempada e adequada aos desafios de inovação que nos são colocados”, conclui.
Universidade do Porto é a mais inovadora em Portugal
Submitted by U.Porto Inovação on 04/04/19
Em 2018, as faculdades e institutos associados da Universidade do Porto emitiram 46 pedidos de patente portuguesa. Os dados, que constam do último relatório anual do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), confirmam o estatuto do da U.Porto como principal produtor de ciência e inovação em Portugal.
Restringindo a análise às unidades orgânicas da U.Porto, só no ano passado, partiram dali 17 pedidos de patente nacional. A Faculdade de Engenharia destaca-se com nove pedidos, seguindo-se a Faculdade de Ciências, com três, e a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, com dois. As faculdades de Desporto, Medicina Dentária, Medicina e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) também entram nesta listagem, com um pedido por faculdade.
Destes 17 pedidos de patente, a maioria (seis) centra-se na área da saúde e, com especial relevo, ni domínio dos dispositivos médicos. Os restantes dividem-se pelas áreas da Energia, ambiente e construção (cinco), Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (três), Transportes e Segurança (dois) e Biotecnologia, tecnologia alimentar e agricultura (um).
Na comparação com as outras instituições de ensino superior nacionais, a U.Porto destaca-se no topo da tabela, ao lado da Universidade do Minho, ambas com 17 pedidos realizados como primeiro requerente. Ao pecúlio da instituição portuense há, contudo, que somar três pedidos na qualidade de co-requerente.
Seguem-se as universidades de Coimbra e da Beira Interior (UBI) e o Instituto Politécnico de Leiria, com 10 pedidos, a UTAD e a Universidade de Aveiro, com nove; o Instituto Superior Técnico (IST), com sete; a Universidade do Algarve e o Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), com seis, a Universidade Nova de Lisboa, com cinco; a Universidade Católica Portuguesa, com quatro; a Universidade de Lisboa e a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, com três, o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e o Instituto Politécnico de Bragança )IPB), com dois, e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo e o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), com um pedido realizado.
Liderança absoluta
Mas se o contributo das faculdades bastaria para confirmar a liderança da U.Porto, os números ganham outra dimensão quando a análise é alargada aos centros de investigação e institutos associados da Universidade. Neste cenário, o número de patentes “made in U.Porto” sobe para 46, fruto dos contributos do INESC TEC (12 pedidos), do i3S -Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (11 pedidos) e do CIIMAR (6).
Com estas 46 patentes, a U.Porto assume mesmo a liderança absoluta entre as instituições que mais pedidos de invenção nacionais realizaram em 2019, superando a Bosch Car Multimedia Portugal (26).
O relatório estatístico do INPI relativo a 2018 pode ser consultado aqui.
U.Porto continua caminho de sucesso na liderança da inovação
Submitted by U.Porto Inovação on 03/04/19
“A inovação e o empreendedorismo são há muito reconhecidos como fatores determinantes para o crescimento económico”. São palavras de Helder Vasconcelos, vice-reitor da Universidade do Porto e responsável, desde 2018, pela U.Porto Inovação. Passando o ano em revista, o vice-reitor acredita que o gabinete tem um “papel fundamental em assegurar que os resultados da inovação e empreendedorismo da U.Porto passam para o setor privado”, refere.
E 2018 foi, efetivamente, mais um ano de consolidação da missão da U.Porto de não só proteger mas também valorizar o conhecimento produzido na instituição. As patentes ativas, cujo portfolio é gerido pela U.Porto Inovação, chegaram a 297, tendo sido feitos, só em 2018, 22 novos pedidos de prioridade de patente em território nacional. Este número colocou a Universidade do Porto no topo, fazendo com que, segundo o Instituto Nacional da Propriedade Industrial, fosse a Universidade nacional com mais pedidos de patente em Portugal: um total de 46 pedidos feitos pelas faculdades da U.Porto e pelos Institutos Associados INESC TEC, i3s e CIIMAR.
Além disso, a Universidade do Porto (no conjunto Faculdades e Institutos Associados) ficou também em primeiro lugar do ranking de pedidos de patente europeia, com um total de 17 pedidos. Os números, que constam do último relatório anual do European Patent Office (EPO), reforçam o estatuto da U.Porto como um dos principais motores de inovação a nível nacional. Englobando outros territórios, foram submetidas, ao todo, 33 pedidos de patente internacional para a Universidade do Porto em 2018.
De ressalvar também são as patentes concedidas durante o ano passado, que totalizam 43 entre nacionais e internacionais. Atualmente, a U.Porto conta já com 26 patentes concedidas nos Estados Unidos, 94 em território Europeu, 4 no Japão, entre outras em diferentes territórios espalhados pelo mundo. No que diz respeito a Portugal, as concessões são 59.
Proteger é fundamental. Mas ajudar a valorizar e a capacitar também. Com isso em mente, a U.Porto Inovação lançou o programa BIP PROOF com o apoio da Fundação Amadeu Dias e do projeto U.Norte Inova (um projeto financiado pelo Norte2020, Portugal 2020 e União Europeia). A iniciativa, criada para providenciar fundos monetários para a construção de provas de conceito, apoiou um total de 11 tecnologias com valores entre os 10 e os 20 mil euros para cada.
Apoiar o empreendedorismo e ouvir os parceiros
Além do apoio à proteção das tecnologias desenvolvidas na Universidade, a U.Porto Inovação também se tem dedicado ao apoio do empreendedorismo na comunidade académica. E isso pode acontecer em forma de acompanhamento pessoal e direcionado, na fase de uma simples ideia de negócio, ou do apoio a jovens empresas nascidas na Universidade, com o selo spin-off U.Porto. Durante o ano de 2018, 21 novas empresas receberam a chancela, e o The Circle passou a contar com 76 membros. Este clube, que desde o início é apoiado pelo Santander Universidades, tem agora também a Porto Business School como parceiro. Falando ainda de empreendedorismo, 2018 foi o ano de lançamento do Entreprenow, um evento para apoiar o empreendedorismo e a inovação de base tecnológica colocando inovadores e investigadores debaixo do mesmo teto. Com o apoio do Santander Universidades, a primeira edição contou com oradores como Ken Singer (Sutardja Center for Entrepreneurship and Technology e Josemaria Siota (IESE Business School) e reuniu mais de 100 pessoas.
Ainda nesta missão, a U.Porto Inovação, em conjunto com as Universidades de Aveiro e Minho e com o apoio do projeto NOE- Noroeste Empreendedor (financiado pelo Compete 2020, Portugal 2020 e União Europeia), ajudou a lançar o Observatório do Empreendedorismo. O objetivo é estudar e discutir a evolução do ecossistema de empreendedorismo na região norte do país, medir o efeito da “Terceira Missão” de cada Universidade e reunir informação que ajude a melhorar as práticas da área no futuro. Foi criado também o Innovation Advisory Board (IAB) da Universidade do Porto, um novo órgão consultivo constituído por profissionais com uma larga experiência nos campos da inovação e empreendedorismo, a par de um forte conhecimento das realidades universitária e empresarial. O IAB é composto por 15 membros e será não só consórcio de aconselhadores para a inovação, mas também um parceiro estratégico, atento à eficácia das ações que venham a ser implementadas.
Finalmente, mas não por último, é de ressalvar a continuação das sessões A2B, que já são um habitué na atividade da U.Porto Inovação. Em 2018 tiveram lugar três encontros entre academia e indústria, sendo que dois deles foram fora da U.Porto – nas instalações da TMG Automotive e nas do CeNTI – e a outra aconteceu durante a FINDE.UP, a feira de emprego da Universidade do Porto. Esta é uma forma de promover e melhorar a 3ª missão da Universidade, que consiste numa maior aproximação da mesma à indústria, bem como por uma mais eficaz valorização económica e social do conhecimento gerado na Universidade. Ao todo, desde 2011, já passaram pelas sessões A2B mais de 1200 participantes, entre membros da Universidade e de empresas.
Como refere Maria Oliveira, coordenadora do gabinete, é uma verdadeira honra para a equipa “manter a inovação como um dos pilares principais da Universidade do Porto, promovendo o seu conhecimento e competências, mas principalmente a sua talentosa comunidade”. Para o futuro só se pode esperar a continuidade desta missão de “transformar o conhecimento em produtos inovadores, serviços e modelos de negócio com potencial para beneficiar a sociedade”, conclui.
A brochura da U.Porto Inovação em números, referente ao ano de 2018, está disponível para consulta aqui.
"A investigação científica deve ser feita em equipa"
Submitted by U.Porto Inovação on 02/04/19
A engenharia química foi onde encontrou a casa de partida, mas agora o foco de Fernão Magalhães tem sido na ciência e engenharia de polímeros. É investigador na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), mais especificamente no LEPABE (unidade de I&D sediada no departamento de engenharia química dessa faculdade), desde 1997.
Foi ainda durante a licenciatura em Engenharia Química que surgiu o gosto pelos materiais poliméricos. Terminado o doutoramento nos EUA, Fernão Magalhães regressou à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto onde começou a fazer parte de um grupo de investigação que apostou fortemente na aproximação à indústria, impulsionado por Adélio Mendes, também investigador da FEUP. Nesse contexto, e respondendo a sucessivos desafios lançados por empresas, foi consolidando “experiência e conhecimento no desenvolvimento de produtos de base polimérica, particularmente nas áreas de revestimentos, sistemas adesivos e materiais compósitos”, conta.
Desde o início da jornada académica, e apesar de as áreas de interesse terem sido variadas ao longo do tempo, o investigador manteve sempre um denominador comum no seu trabalho: o sonho de que o que faz “traga benefícios concretos para a economia e sociedade”, refere. E isso verifica-se no seu trabalho dedicado ao desenvolvimento de adesivos e de compósitos de base natural, com diversas aplicações, desde o mobiliário à embalagem. Um exemplo são os painéis de derivados de madeira leves, uma necessidade atual da industria do mobiliário, uma vez que os materiais são usualmente transportados pelo próprio cliente para montagem em casa.
Explicando de forma mais concreta, imaginemos o processo de compra de mobília para uma casa nova. Vamos a uma loja, escolhemos o que gostamos e tudo parece simples. Até ao momento em que alguém tem de carregar essa pesada carga até casa, ou qualquer que seja o destino. A indústria de mobiliário tem procurado usar painéis de derivados de madeira de baixa densidade, mas isso implica processos de fabrico complexos ou perda de qualidade. Para dar resposta a isso, o grupo que Fernão Magalhães formou com colegas do Departamento de Engenharia de Madeiras do Instituto Politécnico de Viseu encontrou uma forma de diminuir o peso de painéis de derivados de madeira sem comprometer as suas qualidades mecânicas, isto é, sem prejudicar, por exemplo, a resistência à tração ou à flexão. Para ligar as partículas de madeira a equipa utiliza espuma de poliuretano que preenche os espaços vazios, gerando um produto final leve mas coeso. Esta combinação de materiais permite um processo de produção mais simples e menos dispendioso do que com os painéis tradicionais, pois não é necessário utilizar níveis de temperatura ou pressão tão altos.
“Este processo simplificado alarga as possibilidades para o design de mobiliário”, refere Fernão Magalhães. Como não é necessário seguir uma linha de produção standard, baseada em prensas de pratos planos, é possível, por exemplo, produzir painéis com superfícies curvas. A equipa ambiciona evoluir ainda mais este produto e está, neste momento, a trabalhar ativamente na procura de alternativas mais ecológicas do que o poliuretano para produzir o material “ligante” dos painéis. Foram já feitos ensaios com espumas de amidos que deram resultados muito promissores, quando comparado com a formulação original.
Hoje, Fernão Magalhães lembra a “profecia” da mãe que, ao vê-lo brincar sozinho com Legos, dizia que haveria de ser cientista. Apesar de admitir que ela tinha razão, e que o caminho profissional acabou, efetivamente, por ser esse, o investigador acredita que os cientistas devem trabalhar em grupo e não sozinhos, criando sinergias a partir da diversidade de conhecimentos. “A minha mãe, ao ver-me passar longas horas a brincar sozinho no meu quarto, vaticinava que eu haveria de ser cientista. Tinha a ideia de que um cientista era alguém que trabalhava sozinho num laboratório, isolado no exterior. Acertou no ‘cientista’, mas enganou-se na questão do isolamento: a investigação científica tem que ser feita em equipa, tirando partido de competências multidisciplinares”, conta. Na sua opinião, a Universidade do Porto é um excelente meio para colocar isso em prática, pois tem um “grande potencial humano e infraestruturas de qualidade, combinados com vontade em apoiar e divulgar a inovação”.
Neste momento, o investigador tem em curso alguns projetos com empresas, principalmente nas áreas de adesivos e revestimentos. Tem trabalhado também com uma equipa do i3S no desenvolvimento de materiais baseados em grafeno para a área biomédica. Espera que, num futuro não muito distante, seja possível “ver aplicações práticas desse trabalho”, conclui.
Cleft Toothbrush: a escova que chega mais longe
Submitted by U.Porto Inovação on 02/04/19
A higiene dentária é uma parte essencial da nossa rotina. No entanto, pessoas com malformações na cavidade oral, como é o caso da fenda lábio-palatina (FLP) podem ter dificuldades numa tarefa aparentemente tão simples e rotineira. Rita Rodrigues, investigadora da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP), juntamente com a equipa transdisciplinar que investiga a fenda lábio-palatina, encontrou uma solução para este problema.
A Cleft Toothbrush é um complemento que pode colocar-se, como uma peça extra, numa escova convencional e que permite uma higienização rigorosa das áreas de difícil acesso. As pessoas com FLP apresentam várias alterações orais que dificultam a higienização com uma escova de dentes convencional, o que se traduz numa maior acumulação de placa bacteriana. Mas a Cleft Toothbruh, que tem a forma de uma chama, permite, através da aplicação de movimentos circulares, a remoção da placa bacteriana da área fenda sem causar lesões nos tecidos adjacentes. A sua ponta é flexível, o que torna a utilização simples. Além disso, e como refere Rita Rodrigues, “sendo um instrumento sem mecanismos eletrónicos ou mecânicos, terá um custo de produção atingível e, por isso, poderá chegar a um maior número de pessoas”.
A ideia surgiu quando Rita Rodrigues estudava na Universidade Fernando Pessoa, período durante o qual pensou na necessidade de criar uma escova de dentes para jovens com paralisia cerebral, de forma a que não dependessem da ajuda de terceiros para a tarefa. “Na altura já tinha esta ideia de contribuir para a sociedade de alguma maneira científica e por isso já tinha a ideia de vir a fazer investigação, que concretizei através do doutoramento”, conta. O “clique”, como lhe chama, deu-se quando, em 2012, conheceu uma criança com fenda lábio-palatina. Imediatamente apresentou a ideia ao grupo, onde nasceu a ideia para desenvolver um outro modelo de escovas de dentes, adaptado a indivíduos com estas condições, melhorando não só a sua qualidade de vida como a das pessoas à sua volta: “A Cleft Toothbrush permite que as crianças tenham uma melhor saúde oral, mas também ajuda a que os pais se sintam mais confiantes ao escovar áreas sensíveis com maior facilidade”, refere a investigadora, acrescentando que o complemento pode ser utilizado também por “indivíduos acometidos de lesões da cavidade oral por traumatismo ou sequelas de patologias”.
O grupo de investigação que criou a Cleft Toothbrush inclui cinco investigadores de várias áreas, entre elas a saúde e a engenharia: Rita Rodrigues (FMDUP), António Bessa Monteiro (Hospital Lusíadas), Maria da Conceição Manso (U. Fernando Pessoa), Maria Helena Fernandes (FMDUP), Joaquim Gabriel Mendes (FEUP) e Rowney Furfuro (Clínica Compor). A eficácia da escova já foi testada num primeiro teste com uma criança de 4 anos, com FLP. Verificou-se uma redução significativa da placa bacteriana e tanto a criança como os seus pais ganharam uma melhor qualidade de vida. Além disso, foram já construídos alguns protótipos.
Tendo já submetido um pedido de patente, um dos principais objetivos de Rita Rodrigues e do grupo de investigação atualmente é fechar um parceiro industrial para desenvolvimento do produto com as suas características específicas e em tempo útil, sendo uma prioridade “testar e ter a certeza que responde ao que é pretendido”. A investigadora acredita que, antes de pensar em lucros, é prioritário saber responder a necessidades do mercado, mais ainda se tratando de questões de saúde: “Nós ainda estamos na variável do valor, não de custos. Primeiro é o valor que isto terá para o mercado e nós quisemos criar algo que realmente tivesse impacto social. Uma das preocupações é que o produto chegue à mão do utente como algo que foi desenvolvido para a pessoa, customizado para a pessoa. E que tenha impacto na sua vida diária”, conclui.
A chat with companies: Carlos Pires, from Salvador Caetano
Submitted by U.Porto Inovação on 02/04/19
In this edition we talked with Carlos Pires, Director of Innovation of Salvador Caetano group. In his opinion, "work in cooperation and sharing of knowledge" is very important and the relationship with the University of Porto has been "long and proficient in several areas", he says.
Q: What is the importance of the Salvador Caetano Group's relationship with the scientific and technological ecosystem?
A: The Salvador Caetano group (GSC) has several business areas in the mobility sector. In the industry, it has the assembly of LandCruiser Toyota, the production of bus models and a new unit of aeronautical components. In services and automobile retail, the group has an extensive multi-brand network settled in Portugal, Spain and Africa.
For the development of new solutions for the industry, the relationship with several entities of the scientific and technological environment has been very important. In it, we value work in cooperation and sharing of knowledge, as it is vital for the innovation and continuous improvement of our products.
The mobility sector is in a phase of major transformation, and GSC aims to play an active role in shifting the paradigm of mobility services. For this, the group will continue to count on the scientific and technological means for the development of differentiating solutions, which will bring more value and convenience to the customers.
Q: How has the Salvador Caetano Group been interacting with the University of Porto?
The relationship between the Salvador Caetano Group and the University of Porto has been long and profitable, namely in the following areas: cooperation with INEGI in the European project CleanSky in the aeronautical sector; cooperation with the Faculty of Engineering (FEUP) in the development of solutions for electric buses and fuel cells; as FEUP's prime affiliate partner in the areas of engineering and doctoral programs; in the development of passive and active bus safety and in the internship programs of recent graduates of engineering and industrial management.
Q: What are the main challenges facing the two institutions?
In a strategy of open innovation and cooperative development of the Salvador Caetano Group, the main challenges are the adoption of the principles of 4.0 Industry, the integration of fuel cells and new forms of energy storage; the industrialization of new materials for the construction of buses and the development of new mobility services.
À conversa com as empresas: Carlos Pires, da Salvador Caetano
Submitted by U.Porto Inovação on 02/04/19
Nesta edição fomos conversar com Carlos Pires, Diretor de Inovação do grupo Salvador Caetano. Na sua opinião, é muito importante o "trabalho em cooperação e a partilha de conhecimento" e a relação com a Universidade do Porto tem sido "longa e profícua em diversas áreas", diz.
P: Qual a importância da relação do Grupo Salvador Caetano com o meio cientifico e tecnológico?
R: O grupo Salvador Caetano (GSC) tem várias áreas de negócio no sector da mobilidade. Na industria tem a montagem do LandCruiser Toyota, a produção de modelos de autocarros e uma nova unidade de componentes aeronáuticos. Nos serviços e retalho automóvel o grupo tem uma extensa rede multimarca com implantação em Portugal, Espanha e Africa.
Para o desenvolvimento de novas soluções para a indústria, tem sido muito importante a relação com diversas entidades do meio cientifico e tecnológico. Aí, valorizamos o trabalho em cooperação e a partilha de conhecimento, por ser vital para a inovação e melhoria continua dos nossos produtos.
O sector da mobilidade encontra-se numa fase de grande transformação GSC pretende ter um papel ativo na mudança de paradigma dos serviços de mobilidade. Para isso, o grupo vai continuar a contar com o meio cientifico e tecnológico para o desenvolvimento de soluções diferenciadores, que aportem mais valor e conveniência para os clientes.
P: Como é que o Grupo Salvador Caetano tem vindo a interagir com a Universidade do Porto?
Tem sido longa e profícua a relação do Grupo Salvador Caetano com a Universidade do Porto, nomeadamente nas seguintes áreas: cooperação com o INEGI no projeto europeu CleanSky, no setor aeronáutico; cooperação com a Faculdade de Engenharia (FEUP) no desenvolvimento de soluções para autocarros elétricos e fuelcell; como parceiro do FEUP prime affiliate nas áreas de engenharia e programas doutorais; no desenvolvimento da segurança passiva e ativa dos autocarros e nos programas de estagio de recém licenciados de engenharia e gestão industrial;
P: Quais os principais desafios que os dois agentes têm pela frente?
Numa estratégia de inovação aberta e desenvolvimento em cooperação do Grupo Salvador Caetano, os principais desafios passam pela adoção dos princípios da Industria 4.0, pela integração de pilhas de combustível e novas formas de armazenamento de energia; pela industrialização de novos materiais para construção de autocarros e pelo desenvolvimento de novos serviços de mobilidade.
Spin-off da U.Porto facilita a compra de roupa online
Submitted by U.Porto Inovação on 01/04/19
Cada vez mais pessoas recorrem à Internet para fazer compras. É fácil, é prático, e tudo sem ter de sair de casa. Mas a procura pela peça ideal pode ser demorada, dada a oferta. E se fosse possível, através de uma simples fotografia, encontrar o que queremos online? Foi isso que a ShopAI, uma empresa spin-off da Universidade do Porto, conseguiu.
Tudo começou durante uma brincadeira entre amigos, em que falavam da possibilidade de criar um botão para colocar em sites e aplicações que permitisse aos consumidores tirarem fotografias a peças de roupa de amigos ou que encontrassem em montras e/ou revistas de moda. Mas foi durante o mestrado de Rui Machado e Hélder Russa na Faculdade de Economia da U.Porto (FEP) que a ideia começou a afigurar-se como uma realidade. Daí até à fundação da empresa foram treinadas “milhares de imagens em diferentes perspetivas e com diferentes técnicas de engenharia”, refere Rui Machado, atual CEO da ShopAI.
O produto, agora final, é um motor de pesquisa visual, que funciona com o mote: “e se pudéssemos tirar uma fotografia diretamente no site de uma marca que gostamos e, com ela, pesquisar produtos visualmente similares dentro do catálogo sem teclar uma única palavra”. O objetivo é simplificar todo o processo até chegar ao produto que o cliente procura, traduzindo-se num aumento da conversão das próprias lojas numa lógica de win-win (para o cliente, que passa menos tempo na busca, e para o vendedor, que consegue vender mais graças à satisfação do cliente e à rapidez do processo).
E quais são as vantagens em relação à concorrência? Além de a aplicação da ShopAI ser mais rápida de implementar no sistema do cliente do que outras soluções no mercado, também pode ser personalizada à medida. Isto é: podem ser adicionadas regras de negócio para ajustar o sistema às necessidades de cada marca, como por exemplo “criar uma regra para que apareçam apenas produtos que se encontrem com um preço no intervalo de 10% (por defeito ou excesso) do produto que o utilizador esteja a pesquisar”, explicam os membros da empresa. A aplicação da ShopAI também permite fazer vendas cruzadas e sugestão de produtos semelhantes.
Atualmente incubada no UPTEC, a ShopAI nasceu em março de 2018. Terminada a fase de trabalhar apenas em regime de part-time, pós-laboral e fins de semana, os jovens empresários, reconhecendo o potencial do que haviam criado, deram o passo seguinte e encontraram na Zando África do Sul o primeiro cliente. A marca, que é uma das maiores empresas online de moda do país, estava à procura de um sistema de pesquisa baseado em imagem, pelo que a ligação foi imediata. E os resultados também. A qualidade dos resultados obtidos com a Zando chamou a atenção da Addidas e Reebok da África do Sul, o que, para Rui Machado, é um marco muito importante: “Quando conseguimos provar que a nossa abordagem diminuía a taxa de abandono dos sites e aumentava a probabilidade de acontecer, de facto, uma venda, ficou tudo mais fácil”.
Com esta conquista, a SHOPAI espera assumir uma posição de destaque no mercado das soluções de pesquisa e recomendação de artigos. Estão, atualmente, em crescimento exponencial no mercado africano, mas pretendem focar-se igualmente na Europa onde acreditam não existir “um líder destacado na oferta deste tipo de serviços”. Apesar de manterem o foco na indústria da moda, já tiveram contactos de outras áreas, para os quais têm desenvolvido provas de conceito.
Spin-off U.Porto mostra-se num dos maiores eventos mundiais do mercado imobiliário
Submitted by U.Porto Inovação on 29/03/19
A oportunidade surgiu através da Câmara Municipal do Porto (CMP), que foi convidada a participar no MIPIM, em Cannes, um dos mais importantes eventos mundiais do mercado imobiliário. Através de um parceiro comum, a 3Decide, empresa spin-off da Universidade do Porto pioneira no desenvolvimento de soluções à medida com abordagens visuais interativas, juntou-se ao evento, cabendo-lhe liderar a parte tecnológica do stand da autarquia.
A 3Decide desenvolveu uma solução que combina mapas temáticos com realidade aumentada para que os visitantes possam tirar o máximo partido de um evento com estas dimensões. Para o efeito, foi colocada, no stand da CMP, uma mesa interativa que apresentava mapas com zonas e pontos de informação, retratando o Porto em temas como a mobilidade, licenciamento e investimento ao nível do imobiliário. “A mesa permitiu que os visitantes explorassem informações e indicadores relevantes do ponto de vista urbanístico, imobiliário e económico dos últimos anos da cidade do Porto”, refere Carlos Rebelo (CEO da 3Decide). E tudo isto através de mapas temáticos dentro da mesa interativa, que permitia aos visitantes usufruírem de uma experiência coletiva numa lógica de “todos à volta da mesa”, dando a oportunidade aos responsáveis da CMP e parceiros para dialogarem com os visitantes. No entanto, as experiências individuais também eram possíveis através de tablets “onde cada um tinha acesso a informação visível só para si, apontando simplesmente o tablet para os mapas apresentados na mesa”, refere o CEO.
Segundo a organização do evento, a edição de 2019 da MIPIM reuniu 26.800 pessoas, incluindo mais de 5.400 investidores e 560 líderes políticos de mais de 100 países. Para a 3Decide esta foi uma experiência muito importante ao nível da visibilidade e dos contactos para parcerias futuras: “É sem dúvida um dos palcos internacionais mais importantes para a aplicação de tecnologias relacionadas com o imobiliário e urbanismo”, refere Carlos Rebelo, acrescentando que a solução da 3Decide “gerou muito interesse nos visitantes, atuando como uma eficaz ferramenta de comunicação das dinâmicas da cidade do Porto”.
Criada em 2008, a 3Decide segue com o objetivo de inovar no desenvolvimento de soluções digitais para empresas de diferentes áreas de atuação. Um dos elementos que mais diferencia a spin-off U.Porto é a sua capacidade de criar narrativas digitais impactantes, combinando conteúdos visuais com as realidades físicas dos clientes. Satisfeitos com o feedback recebido no MIPIM, a empresa está já a adaptar a solução para a ExpoReal em Munique, prevista para outubro de 2019. Além disso, vão continuar a trabalhar na consolidação da sua posição no mercado nacional ao mesmo tempo que antecipam alguns projetos internacionais com os olhos postos em 2020.