A chat with companies: Nuno Silva, from Efacec

In this edition of "A chat with companies" , we talked to Nuno Silva, Director of Innovation and Technology at Efacec. In his opinion, "the complementarity of skills between industry and academia is not only relevant but a factor of business success," he says. Q: What’s the importance of Efacec’s relationship with the scientific and technologic community? A: Efacec, a company over 70 years old, has always been able to explore the importance of partnerships that help complement and extend the innovation ecosystem. As a company with a strong technological character, it bases its offer on the market in differentiated customer value-added solutions. It is precisely for both of these reasons that the complementarity of skills between industry and academia is not only pertinent but a factor of business success. Scientific and technologic institutions are essential in the ideation and development of R&D projects and even in defining some vectors of the technological strategy we follow. It is good to question and be questioned, to debate the state of the art and to explore new methodologies or algorithms, some only used in a simulation environment and now moving to industrialization processes in order to increase the competitiveness of our solutions, systems and services.   Q: How have Efacec and the University of Porto been collaborating? A: The University of Porto has been a very long-term partner of Efacec and highlights the sustainable way in which these partnerships can work, contributing to the generation of value for both parties and even society in general. We have been maintaining and even creating new partnerships with numerous departments of the Faculties of the University of Porto (such as the Faculties of Engineering, Sciences, Economics, Porto Business School, among others) as well as with many research institutes and associated laboratories that integrate the U.Porto. These have been part of our technology strategy and have participated in joint projects, whether national, European or even transcontinental. There are already more than 100 joint initiatives that have been developed over time and continue to the present day, with the creation of Intellectual Property and the tangibility of results through a conscious process of industrialization and market introduction. Realizing customers' current and future needs is a challenge that the academy has made an effort to perceive more efficiently, and that allows translating joint knowledge into value. There are even examples of relationships that are sustained and continued over several years and whose joint know-how is part of solutions that we have implemented with clients, such as the partnership of more than 25 years with INESC TEC or with the Electrical Engineering Department of the Faculty of Engineering for several decades.   Q: What are the main challenges these two players face? A: There are numerous technological challenges that the energy transition brings to all stakeholders in the industry, such as Efacec and the University of Porto although in different value chain stakes. These, however challenging they may be, with the specific experience and knowledge we have, are already being addressed and many of them together. The focus of this type of partnership is on issues related to the training of human resources, the adequacy of their specialization to the needs of the labour market and aligned with the requirements of the industry. The planning of teaching methods, content and research topics should be done jointly in order to bring these two worlds closer together. That is, the challenge is not in the technological domains or basic knowledge, but in the articulation between the industry's Technology Roadmap, the new trends and the way academy addresses this transformation and can proactively question (something very important) how companies innovate, contributing to increased efficiency, reduced time-to-market, accentuating differentiation and also the (positive) impact on society. The best way to do this is to develop a joint long-term strategy from its inception.

Estudantes da U.Porto entre os melhores da EIA 2019

Durante três semanas (14 de julho a 2 de agosto), mais de 500 estudantes vindos de todas as partes do mundo passaram por Cascais para participar em mais uma edição da European Innovation Academy. No último dia, e depois de uma jornada intensiva de aprendizagem, workshops e trabalho em equipa para acelerar ideias de negócio, 10 ideias foram premiadas pelo júri. Três delas contaram com o contributo de estudantes da Universidade do Porto. Com apenas 19 anos, Daniel Cardoso ajudou a pensar o modelo de negócio para a GroupPay, uma app para pagamentos em grupo que permite fixar o montante de despesa pretendido e cada elemento pagar a sua parte através de um cartão virtual. Depois, esse cartão é usado num pagamento único. “Já chega de relembrar amigos para nos pagarem de volta ou de esperar, numa fila, a nossa vez de pagar”, salienta o estudante da Faculdade de Direito da U.Porto (FDUP). Para Daniel, a participação na EIA 2019 resultou numa “experiência muito desafiante”, onde o espírito de aprendizagem e learn by doing foram constantes, bem como o estímulo ao trabalho em equipas interdisciplinares: “O que percebemos ao longo das três semanas é que temos de confiar no trabalho de quem está connosco se quisermos chegar longe. Para concluir um puzzle não basta destreza e orientação. Precisamos das peças todas e uma equipa é fundamental para o sucesso ou insucesso de uma startup”, conta. Rodrigo Valdoleiros, estudante da Faculdade de Medicina Dentária da U.Porto (FMDUP), é da mesma opinião: “Cada elemento completava a equipa à sua maneira. Foi uma experiência muito enriquecedora que nos ajudou a conhecer melhor o verdadeiro processo porque os empreendedores passam nas startups”. Biotimix é o nome da ideia que ajudou a desenvolver. Trata-se de um dispositivo que permite a criação de órgãos com recurso a impressões 3D, com o objetivo de diminuir a taxa de rejeição. “A nossa visão passa por tentar eliminar a lista de dadores. A impressão 3D será feita através das células dos pacientes, especialmente para se adequar, de forma natural, ao seu organismo. Queremos devolver a tecnologia de modo a facilitar a bioimpressão de tecidos 3D mais complexos”, explica.   Por fim, mas não por último, falemos de SafeSeat, uma cadeira de criança para bicicletas equipada com um airbag instantâneo que abre em caso de queda. Renata Zampollo, da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), descreve a experiência na EIA como “estimulante, cansativa e muito gratificante”, tendo a melhor parte sido “a aprendizagem no trabalho em equipa”. Os prémios conquistados pela SafeSeat incluem uma campanha de lançamento de produto e apoio num pedido provisório de patente.         "Grande valia para uma vida inteira" Ao todo, foram 24 os estudantes da U.Porto que participaram na edição de 2019 desta Summer School internacional, com o apoio do Santander Universidades. Representando praticamente todas as faculdades da Universidade, os estudantes  tiveram oportunidade de imergir no programa e aprender com especialistas de Silicon Valley, Berkeley, e até mesmo da gigante Google. “É com muita satisfação que voltámos a associar-nos à European Innovation Academy, com o apoio do Santander Universidades. Depois de três semanas intensivas de aprendizagem e trabalho em equipa, ficamos muito orgulhosos por verificar que, uma vez mais, as ideias dos estudantes da U. Porto integram o top 10 das ideias selecionadas como mais promissoras”, destaca Hélder Vasconcelos, vice-reitor da U.Porto para as Relações com empresas, inovação e empreendedorismo. Entre os estudantes, Vitor Borba nunca pensou que “dedicar desta forma as férias fosse tão proveitoso e de grande valia para uma vida inteira”. Já Diogo Cunha afirma recomendar “vivamente a experiência a qualquer aluno, independentemente da sua área de estudos”. Ao todo foram premiadas 10 equipas multidisciplinares, cujos prémios foram entregues na cerimónia no Centro de Congressos do Estoril. Entre as inovações encontra-se também uma aplicação móvel de ajuda aos cegos, dispositivos para melhorar painéis solares, uma aplicação para cuidar das abelhas, uma solução que pretende limpar o lixo de plástico e reutilizá-lo para o uso diário, entre outras. A edição de 2019 da European Innovation Academy contou com uma participação recorde de 500 estudantes, 130 dos quais com uma bolsa do Santander Universidades. Além dos estudantes da U.Porto, outros dois estudantes portugueses subiram ao pódio.

Spin-offs da Universidade do Porto distinguidas pela EIT Health

As spin-offs InSignals Neurotech (na foto, à esquerda), nascida no INESC TEC, e Wisify Tech Solutions (na foto, à direita), com génese na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), foram recentemente distinguidas em programas para startups, dinamizados pela EIT Health. Ambas as empresas terão acesso a financiamento e outros apoios. A InSignals Neurotech, spin-off do INESC TEC na área da engenharia biomédica, ficou em segundo lugar na primeira edição do programa EIT Health Startup Meets Pharma, angariando um apoio financeiro no valor de 10 mil euros. Como parte do prémio, a startup irá participar, em dezembro, no EIT Health Annual Summit, em Paris, para apresentar o novo dispositivo wireless vestível que avalia a rigidez do pulso para apoio a procedimentos neurocirúrgicos de estimulação cerebral profunda. Já a Wisify Tech Solutions, fundada por inventores do Lipowise – um dispositivo médico para medição de pregas cutâneas – foi uma das 15 startups vencedoras do EIT Health Funding. O programa, criado para apoiar empresas em fase de criação, permite à spin off da U.Porto garantir desde já um financiamento de 40 mil euros, o qual poderá ascender aos 50 mil euros, caso a empresa atinja resultados coerentes com a programação prevista. Além disso, com ajuda dos promotores regionais desta rede europeia, as startups selecionadas vão também vão receber apoio no desenvolvimento e/ou lançamento dos seus projetos. A participação da Wisify surgiu depois de uma apresentação que a EIT Health fez no i3s: "Depois disso, achamos que havia enquadramento para fabrico e validação da tecnologia Lipowise, pelo que nos candidatámos ao Headstart Funding. Felizmente fomos uns dos contemplados. Importa referir que a equipa do EIT Health é extraordinária no apoio às Startups desde o primeiro momento, esclarecendo e apoiando de imediato qualquer solicitação", refere Ricardo Moura, CEO da spin-off. Ambos os programas fazem parte da estratégia da EIT Health para apoiar a inovação e o empreendedorismo na saúde. No caso do EIT Health Startup Meets Pharma, o objetivo passa por aproximar as startups a atuar neste setor da indústria às principais empresas farmacêuticas europeias. Foram 14 as startups que participaram neste programa, apresentando um pitch sobre as respetivas áreas de negócio perante um júri de peritos em tecnologia médica. A InSignals Neurotech participou num desafio proposto pela empresa Ferrer dedicado à doença de Parkinson, um esforço conjunto do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER) e do Serviço de Apoio ao Licenciamento (SAL) do INESC TEC, em colaboração com a empresa Frontier IP, também ela acionista da spin-off do INESC TEC. O Headstart Funding, por sua vez, tem como objetivo ajudar startups e PMEs a desenvolverem as suas invenções mais rapidamente e com melhores resultados. Nesta ronda foram escolhidas 15 empresas de países como Itália, Grécia, Polónia e Portugal, que responderam a desafios específicos relacionados com doenças cardíacas, doença de Parkinson, cuidados geriátricos, etc. Sobre as empresas Nascida em fevereiro deste ano, a InSignals Neurotech é o resultado da aposta feita pelo INESC TEC, com o apoio do Hospital Universitário de São João, na área da Engenharia Biomédica. Tem também participação na InSignals Neurotech o grupo Frontier IP do Reino Unido, especialista em comercialização de propriedade intelectual universitária. A tecnologia desenvolvida pela Insignals Neurotech foi já testada em pacientes de Parkinson e pode vir também a ser útil em doentes de Epilepsia ou outras doenças do foro neurológico. O trabalho já havia sido reconhecido este ano com o prémio do i3S Hovione Capital Health Innovation Prize. A Wisify Tech Solutions nasceu a partir do desenvolvimento do Lipowise, por investigadores da FEUP e está focada em ferramentas fiáveis e inovadoras para os profissionais das áreas médicas, nutrição e desporto Em janeiro de 2018, durante o “Boston Global Immersion”, a tecnologia foi selecionada com o objetivo de prospeção de interesse comercial com investidores, e surgiram aí as raízes para o modelo de negócio a implementar. Na segunda metade de 2018, nasceu a empresa Wisify Tech Solutions pela mão dos empreendedores Ricardo Moura e Tiago Andrade. Ambas as empresas receberam o selo spin-off U.Porto no ano de 2019

Investigador do ICBAS vai colaborar com multinacional farmacêutica

Marco Alves, investigador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), que tem vindo a desenvolver investigação de ponta na área da fertilidade, foi recentemente convidado a fazer parte do novo programa de inovação da Merck KGaA, uma multinacional farmacêutica. O Medical Innovation Program (MIP) foi lançado no passado mês de junho em Viena, (Áustria), no Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (na foto, à esquerda, o investigador acompanhado de investigadores de entidades internacionais, incluindo a Merck). Durante o evento, Marco Alves apresentou o projeto “Spermboost: improving sperm preparation for ART”, em que tem vindo a trabalhar nos últimos anos, e assinou um protocolo de colaboração com a Merck para o desenvolvimento futuro da tecnologia. O projeto liderado pelo investigador da U.Porto promete revolucionar a área da reprodução medicamente assistida, trazendo nova esperança a quem tenha problemas de fertilidade. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, estima-se que pelo menos 50 milhões de casais em todo o mundo sofram ou venham a sofrer de algum tipo de problema de fertilidade, o que leva a um aumento da procura por técnicas de procriação medicamente assistida. No entanto, a taxa de sucesso está longe de ser a desejável. De forma a mudar esta realidade, o grupo de investigação de Marco Alves tem vindo a trabalhar numa forma de melhorar o modo de preservação de gâmetas, particularmente espermatozoides, enquanto mantém a sua qualidade e viabilidade e sem prejudicar o DNA. A descoberta foi comunicada à U.Porto Inovação, tendo já dado origem a uma patente internacional e a uma ronda de financiamento de 10 mil euros, garantido pela Fundação Amadeu Dias no âmbito do programa BIP PROOF. Durante os contactos comerciais, a equipa da U.Porto Inovação descobriu que a Merck estava prestes a entrar no mercado dos meios de preservação de esperma, e iniciou-se o contacto que começou por um donativo sem contrapartida para financiar os custos da patente. Depois desse passo, a equipa de Marco Alves candidatou-se a um grant da MERCK, que ganhou, estando agora a fazer investigação em conjunto com a gigante farmacêutica. Tendo agora, como parceira, uma das maiores farmacêuticas do mundo, a equipa pretende continuar o seu trabalho e obter melhores preparações para as técnicas de reprodução medicamente assistida. O Spermboost entra, assim, numa nova fase de consolidação, com os olhos postos numa possível entrada no mercado a médio prazo. Sobre Marco Alves Licenciado em Biologia e doutorado em Bioquímica, é investigador auxiliar do ICBAS desde 2016 e faz parte da gestão científica da Unidade Multidisciplinar em Investigação Biomédica (UMIB) dessa faculdade. Foi no ICBAS que deu início a um grupo de investigação focado em endocrinologia, metabolismo e reprodução masculina, e a sua principal área de trabalho incide na biologia reprodutiva masculina, na modulação metabólica, obesidade e causas fisiopatológicas de infertilidade. Desde 2015 que o investigador orienta vários alunos de doutoramento e pós-doutoramento e a sua investigação já foi premiada com vários prémios, bolsas nacionais e internacionais e fundos internacionais. O laboratório que integra é bastante competitivo na Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) tendo visto já alguns projetos de investigação aprovados, um deles com Marco Alves como investigador principal arrecadou perto de 240 mil euros. É também cientista convidado na Universidade de Bari (Itália).    

Projetos financiados apresentam-se ao público

Contando com o apoio da Fundação Amadeu Dias (FAD), a Universidade do Porto conseguiu atribuir financiamento a 5 tecnologias, tendo cada uma recebido 10.000€ para desenvolver provas de conceito. Alguns meses passados, os investigadores responsáveis vieram à Universidade apresentar os resultados ao público, consequentes do investimento recebido. O projeto BIP PROOF tem como objetivo apoiar equipas de investigação no desenvolvimento de provas de conceito para as suas ideias. A ligação à Fundação Amadeu Dias aconteceu, por isso, de uma forma natural, pois como referiu João Gonçalves (na foto), nas boas-vindas da sessão, "apoiar pessoas ligadas à investigação no meio universitário é uma das maiores prioridades da instituição”. Nilza Remião (INEGI) inaugurou o palco com a apresentação do projeto MechALife. Esta invenção, em desenvolvimento no INEGI e na Faculdade de Engenharia da U.Porto, pretende disponibilizar uma evolução tecnológica das muletas e andarilhos através de um exosqueleto assistido para os membros inferiores. A investigadora referiu que o financiamento foi muito importante para ajudar a passar do desenho para o projeto mecânico e que os próximos passos serão desenvolver roupas adaptadas à estrutura e inaugurar a componente elétrica. Ainda nas engenharias, foram apresentados os projetos CROPEO e KET-CAT. O primeiro trata-se de um dispositivo simples que permite utilizar óleos essenciais, extraídos de plantas, para proteger cereais e leguminosas de fungos e insetos, assegurando assim o aumento da sua longevidade. A docente e investigadora da FEUP, Margarida Bastos, mostrou os resultados de um ensaio bem sucedido com a ajuda do BIP PROOF e revelou que a equipa vai continuar a efetuar testes, desta vez mais longos. Já o KET-CAT, desenvolvido em conjunto pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e o Instituto Superior Técnico de Lisboa, tem como objetivo o aumento de escala de um processo patenteado de produção de cetonas a partir de álcoois. Esta é uma reação química de grande relevância na indústria química, uma vez que as cetonas estão presentes numa série de produtos nomeadamente solventes industriais, diluentes em tintas e plásticos, na indústria têxtil, cosmética, farmacêutica e até alimentar. O novo método de produção permite que esta reação ocorra de forma significativamente mais rápida, menos poluente - uma vez que o processo reduz a quantidade de reagentes químicos nocivos necessários - e mais sustentável, porque o catalisador empregue pode ser reutilizado várias vezes, sem perda de eficiência. Por fim, mas não por último, foram apresentados resultados de duas tecnologias da área da saúde, ambas pensadas e desenvolvidas no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Miguel Ramos apresentou o OBOOM, um biomarcador urinário que permite diagnosticar a competência de um músculo da parede da bexiga – o detrusor – em pacientes do sexo masculino com sintomas no aparelho urinário inferior. Com a ajuda do financiamento da Fundação Amadeu Dias a equipa conseguiu o desenvolvimento de um protótipo do kit de diagnóstico. Já o projeto SpermBoost, apresentado pelo investigador Marco Alves, vem trazer uma nova esperança a quem enfrenta problemas de fertilidade. A invenção vai melhorar o modo de preservação de espermatozoides através de uma nova utilização de um composto, sem comprometer a sua qualidade e DNA. O sucesso da primeira edição do BIP PROOF fez com que surgisse uma nova parceria entre a Universidade do Porto e a Fundação Amadeu Dias. Neste momento já está aberta e mais quatro projetos vão receber até 10 mil euros. Para saber mais e concorrer,  aceder a este link.  O BIP PROOF tem o apoio da Fundação Amadeu Dias    

Sessão A2B junta grandes empresas a empreendedores da U.Porto

  A iniciativa partiu da Building Gobal Innovators, que viu na Universidade do Porto o parceiro ideal para dinamizar este encontro entre empresas e empreendedores. O “Open Innovation Event” aconteceu no passado dia 4 de julho, no Clube Universitário do Porto, e reuniu mais de 50 participantes. Tudo se baseou na já conhecida premissa das sessões A2B, iniciativa que a U.Porto Inovação organiza desde 2011: empresas escolhidas pensam em desafios de I&D e inovação que precisem de ver resolvidos, apresentam-nos à comunidade de empreendedores e/ou investigadores presente e, a partir daí, pensam-se colaborações mútuas. Esta sessão em particular realizou-se sob a alçada da EIT Digital, e foi subordinada às novas tecnologias nos setores das telecomunicações, infraestruturas, finanças, saúde, agricultura, entre outros. Ao todo foram lançados 10 desafios, por parte de empresas internacionalmente conhecidas – Delta, KPMG, Lusíadas, REN Portgás, SIBS, Sinmetro, Sogrape, Ubiwhere, Vodafone e VPS – e as propostas foram apresentadas na sessão no formato de “Reverse Pitch” (10 minutos por empresa). Depois dessa primeira exposição os empreendedores e investigadores presentes tiveram a oportunidade de falar com as empresas, criando verdadeiros momentos de brainstorming para encontrar as soluções mais adequadas e pensar como as instituições poderão colaborar no futuro. A Vodafone Portugal, por exemplo, perspetivou o que será o futuro das operadoras móveis com o 5G, lançando o desafio de se criar uma nova experiência de atendimento ao cliente recorrendo à Inteligência Artificial. Também nesta ótica da preocupação com o seu público, o desafio apresentado pela SIBS consiste em criar uma experiência de pagamentos automáticos melhor e mais simples, utilizando os POS (Point of Sale) em integração com os SmartPhones. Já a Sogrape, empresa há muito parceira da Universidade do Porto em várias iniciativas, propôs a criação de um modelo automatizado de recolha de dados para ajudar a perceber o impacto das previsões climáticas na gestão das vinhas. Para além destas empresas a VPS, Delta, KPMG, REN Portgás, Lusíadas, Ubiwhere, Sinmetro. As spin-offs da Universidade do Porto aderiram de forma significativa a esta sessão A2B, tendo estado presente mais de uma dezena de empresas. Andrea Mota, da Xpectraltek, referiu que a sessão foi uma surpresa “muito agradável e positiva”. “Foi muito importante para nós termos tido a oportunidade de ouvir, de uma forma muito direta, as reais necessidades e problemas das empresas presentes, assim como de interagir em pequenos grupos de trabalho com elevadas competências e interesse genuíno em apresentar soluções e caminhos viáveis para uma resposta efetiva a esses mesmos problemas. Consideramos que é com este tipo de abordagem que as colaborações entre corporate já estabelecidas no mercado e startups têm um potencial real de se virem a concretizar. Esperamos poder participar em mais acções deste género!” , acrescenta. A sessão A2B com a Building Global Innovators durou um dia, e no final dos trabalhos os participantes revelaram-se satisfeitos com o que daqui poderá advir. Gonçalo Amorim, da Buiding Global Innovators, referiu que “a Universidade do Porto é excelente ao nível da transferência de tecnologia e no seu ecossistema empreendedor”, abrindo a porta para novas colaborações e encontros do género. Helder Vasconcelos, vice-reitor da Universidade do Porto para esta área, referiu também a importância das sessões A2B, de modo a “continuar a aproximar a Universidade do tecido empresarial”. Esta sessão A2B teve o apoio da Fundação Amadeu Dias.  

“As descobertas podem surgir de formas inesperadas”

É uma jornada recheada de objetivos e sonhos, alicerçada na curiosidade que nasceu na infância. Luísa Peixe, atual docente e investigadora da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) começou ali, em 1988 e como assistente estagiária, a sua carreira nas Ciências Farmacêuticas. Durante a licenciatura especializou-se em análises químico-biológicas, que considera “uma base formativa importante para a investigação posteriormente desenvolvida”. Desde então, o principal foco do seu trabalho tem estado nas bactérias e nos antibióticos. “O estudo da resistência bacteriana aos antibióticos foi o primeiro desafio apaixonante a que me dediquei, um tópico a que poucos investigadores se dedicavam nessa altura e ao qual a comunidade em geral não atribuía grande importância”, revela Luísa Peixe. Em criança já se colocava muitos “porquês”, especialmente relacionados com aspetos da área das Ciências da Vida, e essa motivação também a direcionou no caminho que hoje continua a traçar: “Conhecíamos muito pouco dos mecanismos, origem e evolução das resistências a antimicrobianos e isso é uma problemática determinante para a saúde humana e animal”, refere. O mundo das bactérias é imenso, assim como o é a necessidade de o estudar e compreender cada vez melhor. Para a investigadora, “as descobertas podem surgir de formas inesperadas”, como foi o caso de uma bactéria que, segundo o que Luísa Peixe conseguiu apurar, é capaz de produzir, com elevado rendimento, “uma essência muito pretendida”. Juntamente com a sua equipa, e através da caracterização genómica da bactéria, a investigadora conseguiu descodificar a via utilizada para a produção desta essência. Os resultados da investigação foram recentemente comunicados à U.Porto Inovação que está atualmente a trabalhar com a equipa da FFUP para submeter, em breve, um pedido de patente em Portugal para proteger esta invenção promissora. “Agora é necessário comprovar as vantagens deste microrganismo para a sua produção”, revela. A par disso, Luísa Peixe e a sua equipa continuam a trabalhar em novos métodos para detetar bactérias problemáticas: “Após vários anos, e reunindo competências multidisciplinares, foi possível desenvolver um método rápido de deteção de bactérias problemáticas, serviço esse já disponibilizado a hospitais para a identificação de surtos”, explica a investigadora. O próximo desafio é alargar a aplicabilidade desse método para que seja possível detetar uma maior variedade de bactérias. Estão também a tentar encontrar novas estratégias, terapêuticas ou de diagnóstico, para patologias do trato urinário. Uma das maiores motivações de Luísa Peixe é a possibilidade de se aplicar rapidamente o conhecimento científico a que se tem dedicado na rotina dos laboratórios, na vida quotidiana dos farmacêuticos e nas aulas que leciona, mesmo que, como refere, conciliar a atividade de investigação com as atividades de docente seja um “desafio constante”. Na opinião da investigadora, seria benéfico a U.Porto ter uma melhor gestão do potencial dos seus recursos humanos até porque, na sua opinião,  “as ideias e a sua concretização dependem muito de uma equipa competente e motivada, e da existência dos recursos necessários ao desenvolvimento”. A docente fala, com orgulho, da equipa com quem trabalha, bem como do ambiente institucional onde se inserem: “A Universidade do Porto proporciona infraestruturas importantes para o desenvolvimento dos trabalhos e um relevante espaço de liberdade conceptual, não condicionando as direções das atividades de investigação”, diz. De olhos postos no futuro, Luísa Peixe ambiciona continuar a trabalhar e investigar na área dos antibióticos. Um dos seus sonhos, e que está próximo de ser concretizado, é “diminuir a transmissão de bactérias patogénicas e/ou difíceis de tratar, utilizando métodos mais rápidos e de fácil acesso para a sua deteção em ambiente hospitalar”, conclui.

Salt Quanti ajuda a controlar o uso excessivo de sal

É um dispositivo inovador, pensado e desenvolvido na Universidade do Porto num grupo multidisciplinar de investigadores. O propósito? Medir, em qualquer lugar, a quantidade de sal presente em todos os tipos de alimentos e, assim, controlar a utilização desse condimento na alimentação e os problemas associados ao consumo em excesso do mesmo. Carla Gonçalves, investigadora da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, é, também, nutricionista, e foi da sua prática profissional que surgiu a ideia de desenvolver o Salt Quanti. O consumo de sal em excesso é um problema mundial, ao qual Portugal não escapa, e é uma das principais causas do aumento da pressão arterial e das doenças cardiovasculares. À partida, e falando de confeção de alimentos, seria fácil resolver: cozinhar com menos sal, regulamentar as quantidades e controlar. Mas o excesso de sal está tão enraizado na nossa alimentação e costumes que o cenário se torna mais complexo, como explica Carla Gonçalves: “Tentar controlar o teor de sal nas refeições produzidas numa cozinha de restauração, por exemplo, é muito difícil de realizar. Isto porque, normalmente, a adição de sal acontece de acordo com o paladar do cozinheiro que pode gostar de um nível de sal superior ao que é recomendado, tal como a maioria dos consumidores”. Além disso, existe atualmente uma “afinidade cultural ao sal que impede que este seja visto como um risco para a saúde”, explica a investigadora. E foi face a essas dificuldades que Carla Gonçalves começou a pensar uma forma de controle mais fácil de utilizar em ambientes reais, sejam eles caseiros ou de restauração. Com o Salt Quanti é possível, logo no momento da confeção da refeição, medir o teor de sal e, assim demonstrar a quem cozinha que está a utilizar uma quantidade não adequada. “Assim, é possível intervir atempadamente e, desta forma, promover a saúde pública. Deixa de ser uma recomendação baseada em algo subjetivo para ser baseada num valor objetivo, que as pessoas veem ali, à sua frente”, refere a investigadora.  O equipamento é portátil e funciona através de um elétrodo de ião seletivo de sódio. Para medir a quantidade de sal é necessária apenas uma pequena porção do alimento (equivalente a uma colher de sopa), que o Salt Quanti tritura, pesa e, finalmente, mede no que diz respeito ao sal, sendo também capaz de distinguir o teor de sal em relação à categoria de alimento que está a ser medido (se é sopa, pão, ou uma refeição completa, por exemplo) e poder ser utilizado em alimentos líquidos ou sólidos. Os resultados são mostrados num ecrã recorrendo a uma simbologia como os semáforos, isto é: fica verde quando o teor de sal é adequado, amarelo quando é moderado e vermelho quando é elevado. Carla Gonçalves considera esta simbologia muito importante para a perceção dos resultados por parte dos utilizadores do Salt Quanti, sendo algo que conseguem associar rapidamente a uma eventual situação de risco. Economicamente falando, o dispositivo também apresenta vantagens: “Cada análise com o nosso equipamento fica consideravelmente mais barata do que fazer análises em laboratório”, explica Carla Gonçalves. Além disso, o Salt Quanti tem um sistema de memorização de resultados e faz com que um restaurante, por exemplo, consiga fazer uma monotorização de resultados ao longo do tempo, controlando de forma mais acessível (quando comparada com laboratórios) e rápida a evolução do uso de sal nas refeições produzidas nos seus estabelecimentos. Em suma, podemos dizer que as vantagens do Salt Quanti tornam o dispositivo adequado para ser utilizado por cozinheiros, responsáveis por unidades de restauração, nutricionistas, entidades fiscalizadoras, hospitais, entre outros, ajudando a promover hábitos de alimentação saudável em vários ambientes. O desenvolvimento desta tecnologia envolveu (e ainda envolve) muitos investigadores, a maioria da Universidade do Porto das Faculdades de Ciências da Nutrição (FCNAUP) e Engenharia (FEUP). Carla Gonçalves (FCNAUP), Maria João Pena (investigadora independente), José Moreira (FEUP), Joaquim Gabriel Mendes (FEUP), Maria Arminda Alves (FEUP), Olívia Pinho (FCNAUP) e Rodolfo Martins (Evoleo Technologies) são os responsáveis pela concretização desta ideia, que tem contado com o apoio da empresa Evoleo Technologies. Neste momento, e em parceria, a equipa de investigação está à procura de um parceiro comercial que “permita a comprovação da tecnologia em ambiente operacional e a sua fabricação para, depois, o Salt Quanti poder ser comercializado”, refere Carla Gonçalves. No que diz respeito à propriedade intelectual, a U.Porto Inovação tem acompanhado o processo e existe já um pedido de patente nacional com boas perspetivas. Todos os passos dados desde que o Salt Quanti era apenas uma ideia, têm deixado Carla Gonçalves orgulhosa e com vontade de continuar. A nutricionista ambiciona fazer chegar o dispositivo a todos os agentes de restauração, para que eles possam controlar, rapidamente e sem muitos custos, o teor de sal nas refeições que servem: “Acredito que todos os consumidores sairiam a ganhar com refeições mais saudáveis e saborosas, e utilizar menos sal não é impeditivo disso mesmo, uma vez que a redução gradual não é percebida pelo consumidor”, refere. A investigadora sonha em fazer de Portugal pioneiro na regulação feita ao teor de sal utilizado nas refeições servidas quer pela restauração coletiva quer pela pública, um problema que ainda nenhum país da Europa conseguiu resolver. “Que o Salt Quanti permita melhorar a saúde dos portugueses, através da alimentação”, conclui.

A chat with companies: Rute Sousa, from Sogrape

In this edition of “A chat with companies” we met with Rute Sousa, Innovation Manager at Sogrape. In her opinion we live in an age where it is fundamental to “prepare professionals adequately for challenges, providing them with essential skills in digital transformation and the ability to manage constant change”. Q: What’s the importance of Sogrape’s relationship with the scientific and technologic community? A: Innovation is a part of Sogrape’s character and it is one of its strategic leverages for value creation. We scout the tendencies that impact our sector which, even though being traditional, isn’t immune to the fast and uncertain transformation mostly driven by the evolution of scientific and technologic knowledge. The scouting and connection to the science and technology ecosystem, both national and international, is a part of the research and innovation developed at Sogrape. This ecosystem is nowadays a fundamental tool of the Research, Development and Innovation at Sogrape. These partnerships in project development having been fruitful for both parties, as they complement each other not only in the research and experimentation, both also in the creation of value through the translation and application of new knowledge and technology. Sogrape has several collaborations with Universities, institutes research centres and others, both for the implementation of projects and for the education of new professionals. Q: How have Sogrape and the University of Porto been collaborating? A: The interaction between Sogrape and the University of Porto has been based on cases of creation and application of knowledge, which synergistically combine the skills of the two entities in solving problems or developing opportunities relevant to Sogrape. The IJUP Program has been the most continuous and structured collaboration mechanism, along with traineeship programs and talent recruitment. The interaction with the University of Porto also extends to joint participation in research, development and innovation projects. Based on an approach focused on value creation, this collaboration has addressed challenges identified along the value chain, but also in the analysis of consumer behaviour and preferences of products and services in the wine sector. Q: What are the main challenges these two players face? A: I would say there are two main challenges. On the one hand, the conciliation of research interests of the University of Porto with the priorities of R & D and Innovation of Sogrape. On the other hand, the alignment of expectations regarding the result of the collaboration, in order to ensure both rapid experimentation and the development of practical solutions for the company, and the rigor of scientific research for the University. Also worth mentioning the need to prepare professionals adequately for the challenges of our time and future, providing them with essential skills in digital transformation, the ability to manage constant change and adaptation to longer careers and lives.

À conversa com as empresas: Rute Sousa, da Sogrape

Nesta edição da rubrica "À conversa com as empresas" fomos conversar com Rute Sousa, Gestora de Inovação da Sogrape. Na sua opinião, vivemos numa era em que é fundamental "preparar profissionais de forma adequada para os desafios"  mas também dotar "o mercado de trabalho com competências essenciais de transformação digital e capacidade de gerir a mudança permanente", refere. P: Qual a importância da relação da Sogrape com o meio cientifico e tecnológico? R: A inovação faz parte do caráter da Sogrape e constitui uma das suas alavancas estratégicas para a geração de valor. Estamos atentos às tendências que impactam o nosso setor que, apesar de tradicional, não escapa à rápida e incerta transformação, em grande parte movida pela evolução do conhecimento científico e tecnológico. A vigilância e ligação ao ecossistema científico e tecnológico, nacional e internacional, faz parte da investigação e inovação realizadas pela Sogrape. Esse ecossistema constitui hoje uma ferramenta fundamental do modelo de investigação, desenvolvimento e inovação da Sogrape. Estas parcerias no desenvolvimento de projetos têm sido proveitosas para ambas as partes, na medida em que se complementam não só na investigação e experimentação, mas também na criação de valor através da aplicação de novo conhecimento e tecnologia. A Sogrape conta com diversas colaborações com universidades, institutos, centros tecnológicos e outros, quer para execução de projetos, quer na educação de novos profissionais. P: Como é que a Sogrape tem vindo a interagir com a Universidade do Porto? R: A interação entre a Sogrape e a Universidade do Porto tem assentado em casos de criação e aplicação de conhecimento, os quais juntam sinergicamente as valências das duas entidades na resolução de problemas ou desenvolvimento de oportunidades relevantes para a Sogrape. O Programa IJUP tem sido o mecanismo de colaboração mais continuado e estruturado, a par da orientação de estágios e a captação de talento. A interação com a Universidade do Porto alarga-se ainda à participação conjunta em projetos de investigação, desenvolvimento e inovação. Assente numa abordagem focada na criação de valor, esta colaboração tem endereçado desafios identificados ao longo da cadeia de valor, mas também na análise do comportamento e preferências do consumidor de produtos e serviços do setor vitivinícola. P: Quais os principais desafios que os dois agentes têm pela frente? R: Diria que há dois grandes desafios. Por um lado, a conciliação de interesses de investigação da Universidade do Porto com as prioridades de I&D e Inovação da Sogrape. Por outro lado, o alinhamento de expectativas quanto ao resultado da colaboração, de forma a assegurar simultaneamente a experimentação rápida e o desenvolvimento de soluções práticas para a empresa, e o rigor da investigação científica para a Universidade. De mencionar ainda a necessidade de preparar profissionais de forma adequada para os desafios da nossa época e do futuro, adequando também o mercado de trabalho com competências essenciais de transformação digital, capacidade de gerir a mudança permanente e adaptação a carreiras e vidas cada vez mais longas.

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