Nesta edição da rubrica "À conversa com as empresas" fomos conversar com Rute Sousa, Gestora de Inovação da Sogrape. Na sua opinião, vivemos numa era em que é fundamental "preparar profissionais de forma adequada para os desafios"  mas também dotar "o mercado de trabalho com competências essenciais de transformação digital e capacidade de gerir a mudança permanente", refere.

P: Qual a importância da relação da Sogrape com o meio cientifico e tecnológico?

R: A inovação faz parte do caráter da Sogrape e constitui uma das suas alavancas estratégicas para a geração de valor. Estamos atentos às tendências que impactam o nosso setor que, apesar de tradicional, não escapa à rápida e incerta transformação, em grande parte movida pela evolução do conhecimento científico e tecnológico.

A vigilância e ligação ao ecossistema científico e tecnológico, nacional e internacional, faz parte da investigação e inovação realizadas pela Sogrape. Esse ecossistema constitui hoje uma ferramenta fundamental do modelo de investigação, desenvolvimento e inovação da Sogrape. Estas parcerias no desenvolvimento de projetos têm sido proveitosas para ambas as partes, na medida em que se complementam não só na investigação e experimentação, mas também na criação de valor através da aplicação de novo conhecimento e tecnologia.

A Sogrape conta com diversas colaborações com universidades, institutos, centros tecnológicos e outros, quer para execução de projetos, quer na educação de novos profissionais.

P: Como é que a Sogrape tem vindo a interagir com a Universidade do Porto?

R: A interação entre a Sogrape e a Universidade do Porto tem assentado em casos de criação e aplicação de conhecimento, os quais juntam sinergicamente as valências das duas entidades na resolução de problemas ou desenvolvimento de oportunidades relevantes para a Sogrape.

O Programa IJUP tem sido o mecanismo de colaboração mais continuado e estruturado, a par da orientação de estágios e a captação de talento. A interação com a Universidade do Porto alarga-se ainda à participação conjunta em projetos de investigação, desenvolvimento e inovação. Assente numa abordagem focada na criação de valor, esta colaboração tem endereçado desafios identificados ao longo da cadeia de valor, mas também na análise do comportamento e preferências do consumidor de produtos e serviços do setor vitivinícola.

P: Quais os principais desafios que os dois agentes têm pela frente?

R: Diria que há dois grandes desafios. Por um lado, a conciliação de interesses de investigação da Universidade do Porto com as prioridades de I&D e Inovação da Sogrape. Por outro lado, o alinhamento de expectativas quanto ao resultado da colaboração, de forma a assegurar simultaneamente a experimentação rápida e o desenvolvimento de soluções práticas para a empresa, e o rigor da investigação científica para a Universidade. De mencionar ainda a necessidade de preparar profissionais de forma adequada para os desafios da nossa época e do futuro, adequando também o mercado de trabalho com competências essenciais de transformação digital, capacidade de gerir a mudança permanente e adaptação a carreiras e vidas cada vez mais longas.