U.Porto põe Portugal no "top 20" europeu das patentes académicas
Submetido por U.Porto Inovação em 24/10/24
Entre 2000 e 2020, o ecossistema científico e empreendedor da Universidade do Porto foi responsável por mais de um quarto (207) dos 818 pedidos de patente europeia submetidos pelas instituições de ensino superior nacionais. Números que destacam a U.Porto na liderança das universidades portuguesas mais inovadoras e que ajudam a colocar Portugal no 17.º lugar entre os países com mais patentes académicas, de acordo com o relatório The role of European universities in patenting and innovation, elaborado pela Organização Europeia de Patentes (OEP).
Segundo o estudo agora divulgado, há 39 instituições nacionais que depositaram pelo menos um pedido de patente europeia de origem académica na OEP no período em análise.
A Universidade do Porto, que conta, desde 2004, com o seu próprio gabinete de transferência de tecnologia e de conhecimento – a U.Porto Inovação – , é a única universidade portuguesa que supera a marca dos 200 pedidos de patentes académicas. Seguem-se a Universidade Nova de Lisboa (155), Universidade de Lisboa (148), Universidade do Minho (131) e Instituto Superior Técnico (115).
Estes dados vão ao encontro dos do último relatório anual do European Patent Office, que coloca U.Porto no lugar mais alto do pódio das universidades que mais pedidos de patente europeia submeteram em 2023, à semelhança do que já tinha acontecido em 2020, 2019, 2018 e 2017. Dos 329 pedidos de patente europeia que saíram de Portugal o ano passado, pelo menos 29 tiveram origem na Universidade do Porto ou nos seus Institutos Associados.
Para Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da U.Porto para a Investigação e Inovação, “a liderança no ranking dos pedidos de patentes europeias de origem académica reflete o contínuo investimento na valorização do conhecimento gerado pelo ecossistema de investigação da U.Porto“. E vai mais além: “A Universidade tem ativamente promovido a translação dos resultados da investigação e patentes em inovação, para benefício do tecido económico e da sociedade.”
No total, as universidades portuguesas são responsáveis por 0,76% de todas as patentes académicas da Europa nas duas décadas abrangidas pelo estudo. A lista, que inclui mais de 1.200 instituições europeias, é liderada pela Alemanha, França, Reino Unido e Itália.
Patentes académicas a crescer na Europa
Segundo a OEP, “os pedidos de patentes para invenções oriundas de universidades europeias têm vindo a aumentar nas últimas duas décadas, representando atualmente 10,2% de todos os pedidos de patente apresentados à OEP por requerentes europeus.”
No que toca a Portugal, o peso das patentes académicas é substancialmente maior, representando 34,2% de todos os pedidos de patentes europeias apresentados por requerentes portugueses à OEP, no período de 2000-2020.
O estudo indica ainda que “dois terços de todos os pedidos de patentes com origem em universidades europeias nas últimas duas décadas não foram apresentados diretamente pelas próprias universidades, mas por outras entidades, como pequenas e médias empresas”. Uma vez mais, Portugal contraria a tendência geral, uma vez que as universidades são titulares da maioria das patentes académicas do país.
Ainda assim, a OEP conclui que “as universidades europeias aumentaram substancialmente o número de pedidos de patente de invenção académicas, tendo a proporção aumentado de 24% de todos os pedidos de patentes académicas em 2000 para 45% em 2019, indicando uma mudança significativa na prática e na política de proteção e gestão da propriedade intelectual”.
Para António Campinos, Presidente da OEP, “este estudo põe em evidência a capacidade inventiva de origem académica em toda a Europa, e pretende disponibilizar informação mensurável e fidedigna que sirva de suporte ao desenho e adoção de políticas e estratégias de proteção e valorização do capital intelectual.
“Ao explorar o potencial inerente a uma patente, seja através da concessão de licenças, da colaboração com a indústria ou através da criação de startups, as universidades podem ampliar o seu impacto, gerando valor comercial e social”, destaca o responsável, lembrando que “a Europa tem uma longa tradição de excelência académica, mas por vezes temos dificuldade em transformar a investigação em sucesso comercial”.
O relatório The role of European universities in patenting and innovation, desenvolvido através do Observatório de Patentes e Tecnologia da OEP, em colaboração com o Instituto Fraunhofer de Investigação em Sistemas e Inovação (Fraunhofer ISI), apresenta-se como “o primeiro levantamento exaustivo de patentes provenientes de universidades europeias e dos desafios que estas enfrentam para colocar as suas invenções no mercado”.
Notícia escrita em colaboração com o Serviço de Comunicação & Imagem da Universidade do Porto.
Fotografia: Miguel Alves / Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Tecnologia do INESC TEC e U.Porto vence prémio europeu de inovação
Submetido por U.Porto Inovação em 24/10/24
Medicina personalizada com diagnósticos e tratamentos mais precisos, ajustados às particularidades dos doentes. É o que propõe a tecnologia “intelligent Lab-on-a-Fiber “(iLof), desenvolvida por investigadores do INESC TEC e da Universidade do Porto, que acaba de ser premiada como a inovação europeia de 2024. O EARTO Innovation Award, na categoria de “impacto esperado”, foi entregue no dia 23 de outubro, em Bruxelas, pela European Association of Research and Technology Organisations (EARTO).
A iLof nasceu nos laboratórios do INESC TEC pelas mãos de três investigadores deste instituto, que também têm afiliação à U.Porto: Joana Paiva (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar), João Paulo Cunha (Faculdade de Engenharia) e Pedro Jorge (Faculdade de Ciências).
Esta tecnologia permite a estratificação de doentes através de biomarcadores relevantes, obtidos de modo não invasivo recorrendo a um sistema fotónico eficaz e posterior identificação de padrões únicos usando inteligência artificial. Por outras palavras, as impressões digitais biomoleculares obtidas pela tecnologia abrem a porta à medicina personalizada com diagnósticos e tratamentos mais precisos e ajustados às necessidades daquele grupo de doentes.
Essa deteção de micro e nano alvos é fundamental para o desenvolvimento de medicamentos, ensaios clínicos, diagnósticos e outros subdomínios do conceito OneHealth (uma só saúde), tendo impacto direto quer para pacientes – em doenças como a de Alzheimer ou o cancro – quer para profissionais de saúde.
Uma evolução no sistema de saúde tradicional
O sistema de saúde tradicional tem seguido uma abordagem “one-size-fits-all”, ou seja, uma abordagem de tratamento único, independentemente de uma série de outros fatores e particularidades que são de extrema relevância no que à saúde diz respeito. Além disso, as soluções atuais apresentam uma baixa eficiência económica e induzem um desconforto desnecessário nos doentes.
Esta estratégia tem vindo a revelar-se muito pouco eficaz para lidar com determinadas doenças complexas, como é o caso da doença de Alzheimer, onde nos últimos 14 anos se verificou o falhanço de mais de 400 ensaios clínicos. Estes dados mostram a necessidade urgente de estratégias de tratamento personalizadas, que a iLof a tem capacidade de fornecer.
Ao utilizar uma plataforma de Inteligência Artificial (IA), esta tecnologia desenvolvida nos ecossistemas da U.Porto tem o potencial de revolucionar os cuidados de saúde, na medida em que, ao ter a capacidade de gerar impressões digitais óticas precisas a partir de amostras de sangue, simplifica o processo e a experiência do paciente e reduz todos os custos associados a ensaios clínicos ou triagens.
Além disso, a iLof tem um custo baixo, reduz, em pelo menos, 40% os custos de ensaios clínicos e até 70% o tempo de triagem, o que significa que – quando aplicado à área da saúde – pode tornar o processo mais acessível e eficiente. O impacto económico e social da tecnologia já foi testado em ambiente real pela ação da empresa spin-off do INESC TEC e da U.Porto, que tem o mesmo nome da tecnologia – iLof.
“A tecnologia já demonstrou o seu impacto em pilotos reais, permitindo, por exemplo, poupar milhões de euros em ensaios clínicos, quando aplicada à área da saúde. Ao permitir a criação de uma vasta biblioteca de perfis biológicos digitais, a iLoF tem potencial para mudar o paradigma dos ensaios clínicos e da medicina personalizada, oferecendo uma abordagem mais direcionada e eficaz ao tratamento de doenças”, explica Daniel Vasconcelos, responsável pelo gabinete de transferência de tecnologia do INESC TEC e que acompanhou a tecnologia desde a sua génese até à materialização, proteção da propriedade intelectual e valorização pela via spin-off.
Impacto milionário nos cuidados de saúde
A tecnologia iLof pode ter impacto no mercado global da medicina personalizada, que está avaliado em mais de 500 mil milhões de euros. Esta solução beneficia não só pacientes – ao melhorar a precisão de diagnósticos -, mas cria também oportunidades para novas tecnologias no setor farmacêutico, reduzindo barreiras de entrada e fomentando um maior crescimento económico.
Há ainda o potencial de utilização noutros setores, como a bioengenharia, já que a deteção precisa de micro e nano partículas é relevante em muitas áreas de aplicação.
Espera-se agora que a empresa spin-off lance uma solução comercial baseada na tecnologia com o mesmo nome para ensaios clínicos nos próximos três anos. Por agora, já foram realizados testes pré-comerciais com sucesso com uma grande farmacêutica, durante os quais conseguiu quantificar alguns dos potenciais benefícios da tecnologia.
Considerada pela norte-americana CB Insights como uma das 150 startups mais promissoras a nível mundial na área da saúde digital, a spin-off iLoF integra, atualmente, o estudo internacional Bio-Hermes-002, através do qual se pretende revolucionar a pesquisa e o tratamento da doença de Alzheimer.
Sobre a EARTO
A European Association of Research and Technology Organisations (EARTO) é uma associação europeia de organizações ligadas à ciência e à tecnologia que, todos os anos, destaca contribuições inovadoras e com elevado impacto social através de duas categorias: impacto entregue e impacto esperado.
O INESC TEC é a primeira instituição portuguesa a conquistar este prémio atribuído na categoria “impacto esperado”, reforçando o seu papel como maior instituição de investigação e desenvolvimento de engenharia, em Portugal, e um dos principais centros do país dedicados à transferência de tecnologia de inovações digitais.
Já em 2023 o INESC TEC tinha subido ao pódio da competição da EARTO, alcançando o terceiro lugar na categoria “impacto esperado” com a tecnologia MyNPK – Precision fertilization sensing technology.
A EARTO integra mais de 350 membros de mais de 30 países.
Spin-off da U.Porto soma e segue na purificação de biogás
Submetido por U.Porto Inovação em 10/10/24
“Somos uma das empresas com maior crescimento a nível mundial no setor da purificação de biogás”. São palavras de Patrick Bárcia, da SYSADVANCE, uma empresa spin-off da Universidade do Porto. Uma das principais tecnologias que disponibiliza para o mercado chama-se METHAGEN AD e chegou, recentemente, à empresa Bovogas, que detém uma unidade de produção de biometano na Letónia. Em julho deste ano a SYSADVANCE marcou presença na inauguração, onde teve a oportunidade de dar a conhecer a METHAGEN AD aos convidados. A tecnologia tem sido uma valiosa ajuda para que a Bovogas seja a primeira a injetar biometano na rede.
“O nosso cliente é produtor de ovos de galinha e derivados, e tem um aviário com mais de 3,5 milhões de aves”, explica Patrick Bárcia. Essas aves produzem, anualmente, 70 mil toneladas de um resíduo chamado cama de aves. A Bovogas consegue valorizar esse resíduo “numa unidade de digestão anaeróbia que produz biogás, uma mistura de metano, dióxido de carbono, vapor de água, sulfureto de hidrogénio, amónia, e algum residual de oxigénio e azoto, entre outros contaminantes”, explica. O processo METHAGEN, tecnologia desenvolvida pela SYSADAVANCE, permite eliminar cada um desses contaminantes de modo a “entregar metano renovável com poder calorífico equivalente ao gás natural fóssil”, contam. Esse biometano é depois introduzido na rede de gás natural, em postos de injeção que monitorizam continuamente a qualidade.
Numa primeira fase, a central de produção da Bovogas injeta na rede de gás o equivalente a 100 GWh de gás por ano o que, como referem os representantes da SYSADVANCE, “é suficiente para suprir o consumo do município de Bauska, na Letónia, onde a central está inserida”. Atualmente esta central está a produzir 6 milhões de m3 de biometano para injeção na rede, devendo atingir em breve uma produção anual de 12 milhões.
E quais as vantagens do biometano?
São quatro as características fundamentais: é um recurso endógeno, renovável, não intermitente e armazenável. Isto é, “a criação de uma fileira do biometano tem desde logo impacto na redução das importações de combustível”, refere Patrick Bárcia. Além disso, permite fomentar “a valorização dos resíduos, resolvendo um problema ambiental e contribuindo para a criação de um novo setor de atividade, gerador de empregos especializados”. Devido à sua natureza endógena, o biometano trará benefícios também para o interior do país, “normalmente mais afastado dos grandes investimentos”, referem.
“A invasão da Ucrânia pela Rússia veio acelerar ainda mais este processo de transição para os gases renováveis, como forma de reduzir a dependência energética da Europa”, refere Patrick Bárcia. Na sua opinião, “há uma consciencialização geral da importância de um rápido scaling-up da produção de biometano na Europa. No fundo, estamos a converter resíduos - potencialmente geradores de impacto ambiental - numa fonte endógena de energia primária e consequente criação de valor, e isto são argumentos demasiado fortes e sólidos para serem contrariados por eventuais alterações de política energética”, diz.
Assim, a presença da SYSADVANCE neste setor, em mercados como o dos países Bálticos ou Estados Unidos, tem sido cada vez mais forte, fruto do “reconhecimento da tecnologia METHAGEN por parte dos clientes da empresa”, diz Patrick Bárcia. Foi em 2017 que instalaram a primeira unidade de purificação de biogás em Portugal e logo no ano seguinte iniciaram a injeção de biometano num projeto de grande dimensão na Califórnia, onde foram a primeira empresa a cumprir com uma regulamentação muito exigente no que refere aos padrões de qualidade do gás, conhecida como “Rule 30”.
Desde então, a empresa foi aperfeiçoando cada vez mais os processos, adaptando-se às novas exigências do mercado em termos de eficiência energética e requisitos de qualidade. Este projeto na Letónia faz parte do caminho que a SYSADVANCE tem vindo a traçar, e implica um trabalho contínuo de acompanhamento. Apesar de as unidades de purificação de biogás serem os pontos centrais, existem desafios desde o processamento dos resíduos até à injeção na rede de gás. “O nosso trabalho não se extingue com a instalação e arranque da unidade de purificação. A equipa de engenharia e automação da SYSADVANCE trabalhou em relação próxima com o construtor da unidade de digestão e com a operadora do posto de injeção, de modo a proceder à partilha de sinais e comandos entre as várias unidades para permitir um controlo e uma monitorização transversal de toda a instalação”, conta Patrick Bárcia.
E tudo é possível, como refere, graças ao trabalho de uma equipa “de engenheiros e técnicos altamente competentes, que têm como estímulo acrescido o facto de contribuírem diariamente, com o seu trabalho, para a transformação do panorama energético no sentido da criação de uma economia mais sustentável tanto a nível económico como ambiental”, diz Patrick Bárcia.
Sobre a SYSADVANCE
A SYSADVANCE – Sistemas de Engenharia, S.A. é uma empresa de base tecnológica, que desenvolve e fabrica equipamentos e processos para a separação de gases e fornece soluções integradas para produção in situ de N2, O2, O2 Médico e O2 VSA, e purificação de Biogás, He, H2 e SF6.
Foi fundada em 2002, dentro da Universidade do Porto, e classificada como spin-off FEUP (Faculdade de Engenharia da U.Porto). Em 2017 recebeu também a chancela U.Porto Spin-off. Desde então, a empresa registou um crescimento significativo e contínuo, como resultado da sua estratégia focada na satisfação do cliente. Com pessoal técnico altamente qualificado, a SYSADVANCE esforça-se por fornecer tecnologia de ponta aos seus clientes em mais de 40 países, em diferentes indústrias e setores de atividade.
No que refere à produção de gases renováveis, preveem terminar o segundo trimestre de 2025 com 36 instalações em operação em mais de 10 países, o que corresponderá a uma capacidade instalada para produção de gás renovável superior a 1 TWh. Patrick Bárcia explica: “Para terem uma ideia, 2,7 TWh é o objetivo fixado no “Plano de Ação para o Biometano” para produção de biometano em Portugal em 2030. Estamos confiantes que, graças à experiência internacional adquirida ao longo dos anos neste setor, poderemos dar ao país um grande contributo para alcançar, ou até mesmo antecipar, as metas fixadas para o biometano.”
Braining quer revolucionar a reabilitação em casos de AVC
Submetido por U.Porto Inovação em 08/10/24
Falamos de uma plataforma de apoio a pacientes de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e que pretende, segundo os seus criadores, “revolucionar todo o processo de reabilitação dos doentes, com fortes ferramentas de decisão clínica”, dizem. O projeto Braining, que foi finalista na 10ª edição do iUP25k – concurso de ideias de negócio da Universidade do Porto, destacou-se na competição Poliempreende, a maior rede no panorama do empreendedorismo nacional no ensino superior politécnico. Foram os grandes vencedores da edição regional (Porto) e ficaram em 2º lugar na final nacional.
Conjugando Realidade Virtual (RV) e Inteligência Artificial (IA), a plataforma responde às necessidades dos pacientes, mas também do mercado, oferecendo ambientes personalizados e imersivos que se ajustam, de forma dinâmica, às particularidades de cada utilizador. Desta forma, é possível não só acelerar o processo de recuperação como aumentar a sua eficácia global.
“A nossa implementação de tecnologias VR oferece uma abordagem única e envolvente, proporcionando uma gama diversificada de estímulos e mantendo o paciente engajado. A adaptação ao paciente é um marco nosso, pelo que validamos e acompanhamos a sua evolução”, refere Nuno Almeida, uma das mentes por trás da plataforma.
O projeto Braining nasceu das mãos de João Ribeiro, antigo aluno da Universidade do Porto (Faculdade de Engenharia e Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar) e atual investigador no i3S, e Nuno Almeida, estudantes da Escola Superior de Saúde do P.Porto. Estão, atualmente, incubados na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, estando para breve a constituição formal da empresa. Atualmente estão a desenvolver o modelo de IA, que já é “capaz de criar planos de reabilitação totalmente personalizados e ajustados aos dados clínicos de cada paciente”, conta. Já estabeleceram algumas parcerias que permitem avançar “na área de investigação e dão acesso a ferramentas essenciais para o desenvolvimento, validação e disseminação do trabalho” as vitórias no concurso Poliempreende garantiram-lhes um prémio monetário que rondou os 7 mil euros. No entanto, a equipa continua à procura de financiamento para expandir o projeto.
Pensando no futuro, os empreendedores estão focados em desenvolver a aplicação e treinar o modelo de IA, bem como em preparar todo o campo de investigação à volta disso. Têm como objetivos a curto prazo participar na WebSummit para “demonstrar o potencial do Braining em primeira mão” e, no início do próximo ano, avançar com validação do produto na clínica, preparando-o para o mercado, com perspetivas de internacionalizar a invenção o mais rapidamente possível. São também finalistas na competição Youth Entrepreneurship Award 2024, da Unicorn Factory Lisboa.
A ambição? “Ver o Braining crescer ao nível das maiores referências globais no setor da healthtech”, dizem. Os empreendedores querem que o projeto se transforme numa marca reconhecida mundialmente, associada às palavras-chave inovação, tecnologia, impacto. “Estamos entusiasmados em transformar o Braining num negócio de sucesso, prometendo salvar e poupar vidas. Ambicionamos não só revolucionar a reabilitação de pessoas que sofreram um AVC mas também estabelecer um novo standard de cuidados de saúde que utilize IA e RV para oferecer soluções personalizadas e acessíveis. Sonhamos com um futuro onde o Braining esteja presente em clínicas e hospitais de todo o mundo, ajudando milhões de pessoas a recuperar a sua qualidade de vida”, concluem.
BIP PROOF volta a investir 60 mil euros em projetos "made in" U.Porto
Submetido por U.Porto Inovação em 02/10/24
Esta é a sétima vez que o programa BIP PROOF, iniciativa da U.Porto Inovação, garante verba para financiar projetos inovadores na execução de provas de conceito. Serão, ao todo, seis os projetos financiados nesta edição de 2024/2025, e cada um vai receber até 10 mil euros.
À semelhança dos anos anteriores, e desde o seu arranque, esta edição do BIP PROOF contou com o apoio da Fundação Amadeu Dias (FAD). A Caixa Geral de Depósitos também se juntou ao programa como parceira.
“O BIP PROOF é uma iniciativa que demonstra o que nós, na Universidade do Porto, queremos fazer: trazer a investigação para a sociedade em geral". São palavras de Pedro Rodrigues, Vice-Reitor para a Investigação e Inovação na U.Porto quando questionado sobre a importância do programa. Para o Vice-Reitor, esta é uma "iniciativa a manter no futuro".
BioECOchar: uma aplicação multifuncional para reutilizar resíduos agrícolas e tratar águas residuais
“É um projeto que utiliza resíduos agrícolas que, de outra forma, seriam provavelmente queimados e dá-lhes uma nova vida útil”. São palavras de Antón Puga Pazo, investigador principal do BioECOchar. Falamos de um projeto focado na economia circular que visa utilizar várias tecnologias para reutilizar resíduos e tratar águas residuais. Está a ser desenvolvido nos laboratórios do LAQV/REQUIMTE por um grupo de cinco cientistas.
O investigador Antón Puga Pazo explica as diferentes fases por que passa o BioECOchar: “Numa primeira fase – chamada etapa I – será utilizado biochar de resíduos agrícolas como adsorvente para remoção de fármacos (considerados micro contaminantes) em águas residuais contaminadas. Depois vem a etapa II, que consiste na regeneração por métodos eletroquímicos desse material – que está saturado de micro contaminantes. Desta forma, o biochar poderá ser reutilizado em vários batch de adsorção-regeneração. Por fim, e quando o biochar começar a perder eficiência, será regenerado uma última vez, ficando limpo de fármacos e podendo, depois, ser utilizado como fertilizante (etapa III)”. Encerra-se, assim, o ciclo.
Além da reutilização dos resíduos agrícolas, dando-lhes uma nova vida, o projeto BioECOchar também permite que, no final dessa nova vida o material seja utilizado noutra missão: a fertilização. “Assim, fazemos com que o resíduo final seja zero, alcançando o conhecido zero waste”, refere Antón Puga Pazo.
O financiamento agora angariado através do programa BIP PROOF será, como refere a equipa, “uma grande ajuda para o projeto” nas diferentes etapas. “O dinheiro será utilizado, principalmente, para um bolseiro de investigação que ajude nas tarefas do projeto. Desta forma, um estudante de licenciatura ou mestrado, poderá começar a trabalhar no laboratório, conseguindo experiência e habilitações lhe possam ser úteis no futuro”, refere Antón Puga Pazo. Outra parte do orçamento irá para análises do material nas diferentes etapas referidas.
A equipa por trás do BioECOchar é composta por investigadores do Grupo de Reação e Análises Químicas (GRAQ). O GRAQ está integrado na rede de laboratórios LAQV/REQUIMTE. Da esquerda para a direita, na fotografia: Cristina Delerue-Matos, Antón Puga Pazo, Cristina Soares e Manuela Moreira. Da equipa faz parte também Verónica Poza-Nogueiras, investigadora do grupo BIOSUV da Universidade de Vigo, que atualmente está a fazer uma estadia pós doutoral no GRAQ.
DMD4PD: uma nova esperança para doentes com Parkinson
A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurológica degenerativa, de evolução lenta e crónica, associada à perda de células cerebrais (neurónios). Essas células produzem dopamina, um neurotransmissor que afeta o controlo dos movimentos. As novas abordagens terapêuticas na DP ambicionam modificar o curso da doença e melhorar a resposta à terapia convencional. E é nesse contexto que se enquadra o projeto DMD4PD, desenvolvido por cientistas da Universidade do Porto. “É uma estratégia inovadora que visa superar as limitações dos tratamentos atuais, tanto em termos de segurança como de eficácia clínica”, dizem.
Na última década conseguiram-se avanços científicos relevantes no que diz respeito à doença de Parkinson. No entanto, descobrir novos medicamentos para a tratar continua a ser, como referem os responsáveis pelo projeto DMD4PD, “um grande desafio”.
“Em 2023, foram registados um total de 139 ensaios clínicos relacionados com a DP, com milhares de milhões de euros investidos para tentar, sem êxito, suprir este desafio societal. O último medicamento aprovado para o tratamento da DP pela EMA e FDA foi em 2016 e 2020, respetivamente, um inibidor da catecol-O-metiltransferase (COMT), usado para alívio sintomático, mas tal como todos antiparkinsonianos não interefere na evolução da doença”, referem os investigadores.
Assim, o principal objetivo do DPD4PD é “validar um novo inibidor da COMT e quelante de metais divalentes, desenvolvido, validado e patenteado pelas equipas, como um fármaco modificador da doença de Parkinson”, referem.
Os 10 mil euros angariados no programa BIP PROOF serão aplicados em ensaios pré-clínicos in vitro e in vivo, para validação do conceito e permitir, numa segunda fase, efetuar ensaios clínicos piloto deste novo potencial “antiparkinsoniano”.
A equipa responsável pelo projeto é composta por Fernanda Borges, Sofia Benfeito, Daniel Chavarria, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), e Patrício Soares-da-Silva, Bárbara Albuquerque e Paula Serrão da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Com uma abordagem promissora, o DMD4PD poderá “representar um avanço significativo no tratamento de doença de Parkinson, oferecendo uma nova esperança aos pacientes que ainda aguardam por soluções terapêuticas de abrandar ou parar a progressão da doença”, concluem os investigadores.
PepTRAP: uma abordagem farmacológica inovadora para combater a doença de Parkinson
Também ligado ao tratamento da doença de Parkinson está o projeto PepTRAP, desenvolvido por Ivo Dias e Sara Reis (ambos investigadores do LAQV/REQUIMTE na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto) e também por Xerardo Mera e Eddy Sotelo (ambos investigadores e docentes na Faculdade de Farmácia da Universidade de Santiago de Compostela).
“A levodopa, um precursor de dopamina, é o fármaco de eleição no tratamento da doença de Parkinson. Contudo, a terapia com levodopa vai perdendo efeito ao longo do tempo, necessitando de doses terapêuticas cada vez maiores e, consequentemente, surgem efeitos secundários graves que podem mesmo exacerbar os sintomas da doença”, explica o investigador Ivo Dias. Contrariando isso, o projeto PepTRAP tem como objetivo explorar uma nova abordagem terapêutica através do desenvolvimento de moléculas capazes de modular a atividade dos recetores de dopamina, tornando-os mais sensíveis a este neurotransmissor”. Desta forma, estes recetores podem ser ativados “em níveis sub-ótimos de dopamina, aliviando os sintomas da doença de Parkinson”, acrescenta.
Os moduladores da PepTRAP são apenas farmacologicamente ativos na presença de dopamina. Na ausência de dopamina “não possuem efeito nas vias dopaminérgicas sendo, por isso, mais seguros que outras opções terapêuticas atuais”, referem os investigadores. A tecnologia pode ser usada em estágios iniciais da doença de Parkinson (quando ainda existe dopamina no sistema nervoso central) de forma a atrasar a terapia com levodopa.
Para alcançar este resultado, a equipa de investigação está focada "no desenvolvimento de derivados de um neuropéptido com capacidade moduladora dos recetores de dopamina, a melanostatina, de forma a aumentar a sua potência e melhorar as propriedades biológicas compatíveis com a sua translação clínica”, explicam.
Já há vários anos que este grupo de cientistas tem vindo a dedicar-se a explorar alternativas farmacológicas para o tratamento da doença de Parkinson. Para o grupo, a distinção no BIP Proof é um reconhecimento do trabalho efetuado, e “terá um impacto muito significativo na progressão do projeto, permitindo a valorização e o desenvolvimento da tecnologia, reunindo mais evidências acerca do seu potencial terapêutico”, dizem.
O financiamento agora angariado permitirá, então, aumentar a maturidade da tecnologia e também atrair potenciais parceiros industriais para uma aproximação ao mercado. Numa primeira fase os 10 mil euros serão aplicados na aquisição de consumíveis e reagentes. Depois, será realizada “uma bateria de estudos in vitro, os quais são essenciais para caracterizar o perfil biológico destes moduladores e identificar os melhores candidatos para futuros estudos pré-clínicos em modelos animais da doença de Parkinson”, conclui Ivo Dias.
PEPILSKIN: combater a "pandemia silenciosa" das feridas crónicas
Sejam úlceras do pé diabético, úlceras varicosas ou escaras de doentes acamados, as feridas crónicas são um problema grave e em rápido crescimento. Isso deve-se maioritariamente ao facto de o aumento da esperança média de vida não estar, necessariamente, acompanhado por uma melhoria da qualidade de vida. Foi com este problema em mente que surgiu, no REQUIMTE, o projeto PEPILSKIN.
“As feridas crónicas são mais prevalentes em pessoas idosas e/ou com outras patologias associadas e, por isso, infetam facilmente, o que dificulta ainda mais a sua resolução. Isso é agravado pelo aumento alarmante de micróbios resistentes aos antibióticos”. A explicação é de Ricardo Ferraz, um dos investigadores por trás do projeto. Acrescenta ainda que estas feridas provocam grande mal-estar físico e mental aos pacientes, obrigando a contínuas intervenções dolorosas, bem como a utilização frequente de antibióticos “cuja eficácia é cada vez menos garantida”.
Com o bem-estar desses doentes em mente, nasce o projeto PEPILSKIN, um produto inovador de aplicação tópica para a prevenção e tratamento de feridas crónicas. Falamos de um gel para aplicação direta nas feridas, baseado numa tecnologia recentemente desenvolvida por uma equipa de investigadores das quais fazem parte, além de Ricardo Ferraz (LAQV/REQUIMTE, Escola Superior de Saúde do Politécnico do Porto), Ana Gomes e Paula Gomes (LAQV/REQUIMTE, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto). “Através da tecnologia que desenvolvemos conseguimos suprimir a necessidade de usar antibióticos convencionais, substituindo-os por péptidos de origem natural que nós modificamos de forma a apresentarem, simultaneamente, ação antimicrobiana de largo espetro e efeitos cicatrizantes.”, explicam.
A principal mais-valia do PEPILSKIN é o “produto-base da formulação tópica e também as características da própria formulação para que seja aplicada de forma autónoma e indolor”, explicam os cientistas. O facto de estar baseado em péptidos e, por isso, isento de antibióticos convencionais, faz com que seja “menos provável o desenvolvimento de resistência microbiana”.
Para a equipa, o valor angariado no BIP PROOF será fundamental para fazer avançar a tecnologia, aproximando-a ao mercado. “Tendo já sido demonstradas as ações antimicrobiana, cicatrizante, anti-inflamatória e antioxidante do nosso produto-base em feridas de ratinhos diabéticos, poderemos agora avançar para a criação de uma formulação (gel) adequada para aplicação precisa e indolor em feridas e que não cause reação adversa (dermatite de contacto) na pele saudável do paciente”, referem. Assim, os 10 mil euros serão aplicados na “otimização da formulação tópica, bem como na avaliação do seu potencial de indução de dermatite de contacto em pele humana”, concluem.
SIMIC: monitorização inteligente para comboios
O mercado da monitorização ferroviária é um setor, em rápido crescimento, impulsionado pelos avanços na engenharia ferroviária e pela crescente procura por operações eficientes, seguras e resilientes. A adoção de tecnologias avançadas de Inteligência Artificial (IA), como a aprendizagem de máquinas, está a impulsionar o crescimento do mercado.
Nesse contexto, nasce o SIMIC, um sistema de monitorização inteligente concebido para “identificar situações de instabilidade do veículo e para avaliar o estado das rodas, separada ou simultaneamente”. A explicação é de Cecília Vale, investigadora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e uma das inventoras do SIMIC. Da equipa fazem parte também Araliya Mosleh, Andreia Meixedo, Ruben Silva, Pedro Montenegro, todos da FEUP, em colaboração com uma equipa do Instituto Superior de Engenharia do Porto, constituída por Diogo Ribeiro e Goreti Marreiros.
São várias as vantagens técnicas do SIMIC quando em comparação com as tecnologias existentes. Por um lado, permite que o dano e/ou a instabilidade dos veículos ferroviários seja detetada em fase inicial, o que possibilita a manutenção atempada “e evita a escalada de defeitos, garantindo-se a segurança das operações ferroviárias”, explica Cecília Vale. Depois, também permite uma “monitorização abrangente de condições anormais porque, além da deteção de defeitos, o SIMIC identifica eficazmente o tipo de defeito e localiza-o, aspetos cruciais para as equipas de manutenção”. Da lista de vantagens fazem parte também: a monitorização não intrusiva; a identificação de cargas desequilibradas; a instalação fácil e sem causar perturbações na circulação ferroviária; o baixo custo pela utilização de um número reduzido de sensores; a adaptabilidade para satisfazer necessidades específicas de um cliente, entre outras.
Com o valor angariado no BIP PROOF, a equipa vai continuar a trabalhar no desenvolvimento do sistema de monitorização, de forma a aumentar o “TRL 4 para um TRL 5/6 no prazo de dez meses”, refere Cecília Vale. Vão investir também na redação e depósito do pedido definitivo de patente. “Este financiamento permite a maturação da tecnologia e a sua aproximação ao mercado nacional e internacional”, concluem os cientistas.
UPWIND: alargar o acesso a energia acessível
“As necessidades de energia elétrica atuais não estão adequadamente satisfeitas em muitos locais onde a rede elétrica não está disponível ou é insuficiente”. Falamos, por exemplo, de comunidades remotas ou sítios com necessidades temporárias de eletricidade como construções, minas, ou locais de eventos. Os geradores a combustível que, por norma, são utilizados nestas situações, além de muito poluentes têm elevados custos de operação.
Quem o afirma é a equipa de investigadores por trás do UPWIND, uma tecnologia que proporcionará energia elétrica de forma limpa, com portabilidade, baixo custo operacional e sem necessidade de reabastecimento de combustível. “Falamos de um gerador portátil e de rápida e fácil instalação para produção de eletricidade com base em energia renovável eólica”, apresentam.
O UPWIND baseia-se em sistemas aéreos de energia eólica, que permite captar a energia cinética do vento a grandes alturas “onde essa energia é frequentemente mais intensa e mais consistente”, explica Fernando Fontes, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e líder do projeto de investigação. “O objetivo é fornecer eletricidade onde ela não está disponível ou é insuficiente, oferecendo uma alternativa limpa e mais acessível do que os geradores a combustível”, acrescenta.
Da equipa UPWIND fazem parte também Luís Tiago Paiva, Manuel Fernandes, Sérgio Vinha, Rui da Costa, Conrado Costa e Gabriel Fernandes, todos da FEUP. Estão acompanhados por Dalila Fontes, da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e por Luís Roque, do Instituto Superior de Engenharia do Porto – ISEP. Para a equipa, estar entre os vencedores do BIP PROOF representa a validação da ideia de negócio por especialistas. O prémio encoraja os cientistas a explorar a valorização económica do projeto e, por isso, vão aplicar o montante recebido para dar os primeiros passos necessários para a transição de ideia para negócio.
Apesar de, como referem os cientistas, ainda haver muito a ser feito até se alcançar um produto comercializável, o UPWIND tem o potencial de “criar valor acrescentado significativo para a sociedade, contribuindo para um futuro mais limpo, equitativo e sustentável”, refere Fernando Fontes. Além disso, a utilização dos novos geradores permitirá “reduzir a dependência de combustíveis fósseis, alargar o acesso a energia acessível e contribuir para a resiliência energética, fomentando o desenvolvimento económico e social das comunidades beneficiadas”, concluem.
Sobre o BIP PROOF
O programa foi criado pela U. Porto Inovação em 2018 e, ao todo, já distinguiu um total de 44 ideias inovadoras com 500 mil euros. Esta é a 7ª edição do programa.
No arranque, e contando com o apoio do projeto U. Norte Inova, o BIP PROOF financiou seis projetos com 20.000 euros. Foi já nesse ano que a Fundação Amadeu Dias (FAD) se juntou ao BIP PROOF, permitindo financiar mais quatro projetos com 10.000 euros para cada. A ligação da FAD ao programa manteve-se em todas as edições.
Nos ano seguintes repetiu-se a receita de sucesso: em 2019 foram distinguidos quatro projetos, cada um com 10 mil euros. Em 2020 o Santander Universidades juntou-se à iniciativa como patrocinador e foram eleitos seis vencedores, também com 10 mil euros. As edições seguintes (2021 e 2022) distinguiram 10 ideias inovadoras nascidas na U.Porto, contando com o apoio de projetos financiados (Spin-UP em 2021 e UI-TRANSFER em 2022) e também com o patrocínio da J.Pereira da Cruz em ambas as edições. O valor investido nessas duas edições ultrapassa os 100 mil euros.
A última edição aconteceu em 2023 e contou com o apoio da Fundação Amadeu Dias e do Santander Universidades. Seis projetos receberam 10 mil euros cada.
O principal objetivo do BIP PROOF é criar um sistema de provas de conceito. Essas podem traduzir-se em construção de protótipos de viabilidade técnica, realização de ensaios in vitro/in vivo, estudos de viabilidade ou de mercado, entre outras, para que possam contribuir para a maturação da tecnologia e aproximação ao mercado.
Esta edição conta com o apoio da Fundação Amadeu Dias e da Caixa Geral de Depósitos.
"Trabalhei com uma U.Porto Inovação muito dinâmica e empenhada"
Submetido por U.Porto Inovação em 02/10/24
Helder Vasconcelos foi Vice-Reitor da Universidade do Porto entre 2018 e 2019. Foi um dos membros da Equipa Reitoral montada por António de Sousa Pereira, eleito Reitor da Universidade do Porto em 2018. Durante esse período, Helder Vasconcelos teve a U.Porto Inovação a seu cargo.
Apesar de ter estado pouco tempo com a equipa, há um momento que marca a estratégia de Helder Vasconcelos para a U.Porto Inovação. O antigo Vice-Reitor foi o responsável pela mudança de instalações da equipa , desde 2019, saiu do edifício da Reitoria da U.Porto e passou a estar na UPTEC Asprela I. Helder Vasconcelos assume essa mudança como um dos seus principais objetivos alcançados, acreditando que isso “potenciou o aproveitamento de diversas sinergias decorrentes do trabalho conjunto e complementar que ambas as entidades passaram a desenvolver”.
1. A que U.Porto Inovação chegou quando tomou posse?
Encontrei uma U.Porto Inovação muito dinâmica e empenhada no apoio à transferência de conhecimento e tecnologia gerados na universidade para o setor empresarial e para a sociedade em geral. Em particular, encontrei uma equipa jovem e muito motivada no desempenho do seu trabalho e consciente da importância da missão da estrutura em que se encontrava integrada.
2. Quais eram as suas expectativas para a equipa e para o trabalho a desenvolver?
Ficou para mim muito claro, desde o início do meu mandato, de que aquela equipa era não só distinta, mas também incluía quer as capacidades necessárias quer a motivação adequada para o desempenho das suas funções.
Neste sentido, a minha principal expectativa era dar continuidade ao bom trabalho que vinha sendo feito no que concerne à promoção da inovação e no aproveitamento do potencial científico e tecnológico da Universidade do Porto para impulsionar o desenvolvimento económico e social.
3. Que objetivos conseguiu alcançar e quais ficaram pelo caminho?
Julgo que o principal objetivo que conseguimos alcançar foi integrar fisicamente a U.Porto Inovação com a UPTEC, o que potenciou o aproveitamento de diversas sinergias decorrentes do trabalho conjunto e complementar que ambas as entidades passaram a desenvolver, designadamente: (i) sinergias operacionais decorrentes da concentração de ambas as entidades no mesmo espaço físico, criando um ambiente mais coeso e colaborativo para o desenvolvimento de projetos de inovação e promovendo um ecossistema de inovação mais dinâmico; (ii) o acesso a recursos compartilhados; (iii) a facilitação da formação de parcerias estratégicas entre projetos de inovação e as empresas instaladas no parque de ciência e tecnologia, impulsionando, deste modo, a transferência de conhecimento e tecnologia para o mercado; e (iv) a promoção da cultura empreendedora mais forte dentro da comunidade académica, incentivando os investigadores da UPorto a considerarem a comercialização de suas inovações e a criação de startups.
Ficou, seguramente, muito por fazer, mas estou seguro de que a qualidade da equipa, bem assim como da nova liderança da U.Porto Inovação, nos dão a garantia que o caminho de sucesso, que já vinha sendo trilhado aquando da minha chegada, será continuado e mesmo reforçado.
4. Que atividades destaca nos anos em que esteve à frente da U.Porto Inovação?
Em 2018 e 2019 a U.Porto Inovação esteve envolvida em diversas atividades relacionadas à promoção da inovação, transferência de tecnologia e empreendedorismo.
Algumas das atividades que se destacaram nesse período são, a meu ver, a gestão de projetos de I&D realizados por investigadores da U.Porto em colaboração com empresas, a proteção e valorização da propriedade intelectual gerada pelos projetos de investigação na universidade (incluindo a avaliação de potenciais patentes, licenciamento de tecnologias e apoio à criação de spin-offs baseadas em tecnologia), a promoção de parcerias estratégicas com entidades especialmente interessadas em apoiar a inovação (como são os casos do Banco Santander e da Fundação Amadeu Dias), o suporte aos empreendedores na comunidade académica, ajudando-os a transformar ideias inovadoras em projetos empresariais viáveis, e internacionalização das atividades de inovação da universidade (sobretudo no que diz respeito à participação em redes internacionais de inovação).
5. A que necessidades acredita deve responder uma equipa deste género?
Uma unidade deste género deve (continuar a) responder às necessidades de gestão de projetos de investigação, valorização da propriedade intelectual, transferência de tecnologia, apoio ao empreendedorismo e internacionalização das atividades de inovação na Universidade do Porto, promovendo o desenvolvimento económico e social através do conhecimento e da tecnologia gerados na instituição.
6. Na sua opinião, por onde passa o futuro da inovação na Universidade do Porto? O que falta fazer?
A Universidade do Porto tem a vantagem comparativa de concentrar uma parte muito significativa do conhecimento científico gerado nas universidades portuguesas. A universidade tem, por isso, a responsabilidade de desempenhar um papel crucial no avanço da inovação e no desenvolvimento económico e social em Portugal. Neste sentido, eu destacaria quatro direções estratégicas que podem ser seguidas.
Primeiro, estimular a interdisciplinaridade, promovendo a colaboração entre diferentes áreas de conhecimento, faculdades e centros de investigação da universidade.
Segundo, investir de forma clara nas tecnologias emergentes, direcionando recursos para áreas de investigação e desenvolvimento relacionadas com as designadas tecnologias emergentes, como a inteligência artificial e as energias renováveis, entre outras.
Terceiro, expandir os esforços de internacionalização da UPorto, procurando colaborações com instituições de ensino superior e empresas em todo o mundo. Isso pode envolver a participação em projetos de investigação internacionais, a promoção de programas de intercâmbio de estudantes, docentes e investigadores, e a criação de parcerias estratégicas com universidades e empresas globais.
Por último, promover e priorizar a inovação social e sustentável, tendo como objetivo desenvolver soluções que abordem desafios socioambientais importantes. Isso pode incluir o desenvolvimento de tecnologias limpas, a promoção de práticas empresariais responsáveis e a implementação de programas de responsabilidade social corporativa.
Estão escolhidos os finalistas do BIP Acceleration 2024
Submetido por U.Porto Inovação em 27/09/24
Já estão escolhidos os 10 projetos que vão participar no programa BIP Acceleration.
Parabéns às equipas:
AI4RETINA
BodyBoost
MineAI: Inteligência Artificial para Matérias-Primas Críticas
MYLeukaemia Therapy Guidance Chipset
OCEAN-SLIM-G
Orioos - Cost-effective monitoring and phenotyping autonomous robot for woody perennial crops controlled by a smartphone
Regenix: um cocktail personalizado de matriz fetal para medicina regenerativa
SafeBladder - Design and Implementation of a Wearable Bladder Volume Monitoring System for Neurogenic Bladder Management
UPWIND - Generating clean, portable and affordable electricity, anywhere
VineComputer
O BIP Acceleration desenrolar-se-á ao longo de 7 workshops imersivos de 4 horas, a cargo da Porto Business School. Haverá muito trabalho de equipa para acelerar a interação e o desenvolvimento de negócios com base em conhecimento científico, tecnológico e criativo nascido na Universidade do Porto.
O programa culmina numa sessão final, na qual as equipas vão ter a oportunidade de apresentar o pitch do seu projeto a agentes de inovação e empreendedorismo do ecossistema.
O BIP Acceleration 2024 tem o apoio da Caixa de Geral de Depósitos e a parceria da Porto Business School e da UPTEC.
"O rebranding de UPIN para U.Porto Inovação foi fundamental"
Submetido por U.Porto Inovação em 19/09/24
Carlos Brito assumiu a responsabilidade pela U.Porto Inovação em 2014, durante o seu mandato de Pró-Reitor da Universidade do Porto para a Inovação e Empreendedorismo. No entanto, já estava ligado às áreas da inovação e do empreendedorismo desde 2011, altura em que assumiu o cargo de Pró-Reitor.
Uma das mudanças que mais marcam a tutela de Carlos Brito é o momento em que a UPIN passa a chamar-se U.Porto Inovação. Na opinião do, na altura, Pró-Reitor, UPIN era um nome que “não vendia bem”, e por isso tomou a decisão de alterar: “A partir daí, as pessoas passaram a entender, sem necessidade de qualquer explicação adicional, que se tratava de uma estrutura ligada à inovação. “, refere.
Durante quatro anos Carlos Brito preocupou-se em dar continuidade a trabalho que já vinha de trás, mas também em criar novas iniciativas como foi o caso da Gala da Inovação ou do The Circle. “A minha postura é sempre construir sobre o que já existe e nunca fazer um reset, acabando com o que já existia e começando tudo de novo.”, diz.
1. A que U.Porto Inovação chegou quando tomou posse?
Quando assumi a tutela da U.Porto Inovação aquilo que encontrei foi um gabinete de transferência de tecnologia com uma vocação para a promoção do empreendedorismo a par da atividade core ligada à propriedade intelectual.
Devo salientar que a unidade era conhecida pela sigla UPIN. Todavia, sempre me pareceu que se tratava de um nome que não “vendia” bem. Num círculo restrito de professores, investigadores e empreendedores o nome era conhecido. Mas noutros âmbitos mais alargados era preciso estar sempre a explicar do que se tratava. Por isso, uma das primeiras decisões que tomei foi mudar o nome para U.Porto Inovação. A partir daí, as pessoas passaram a entender, sem necessidade de qualquer explicação adicional, que se tratava de uma estrutura ligada à inovação.
Pode parecer um pormenor, mas em termos de promoção do gabinete creio que este rebranding foi fundamental. Até pelo significado que teve, pois passámos a estar mais virados para fora.
2. Quais eram as suas expectativas para a equipa e para o trabalho a desenvolver?
Na altura, assim como agora, a Universidade do Porto tinha duas estruturas fundamentais no âmbito da promoção da inovação: a U.Porto Inovação e a UPTEC. Esta era e é um parque de ciência e tecnologia, com uma vertente de incubação de start-ups e outra de acolhimento de centros de inovação de grandes empresas. A U.Porto Inovação, por seu turno, estava e está muito mais vocacionada para a proteção e comercialização da propriedade intelectual, bem como para a promoção do espírito empreendedor dentro da universidade e para o relacionamento de longo prazo com empresas e instituições no âmbito da inovação.
Havendo estas duas estruturas complementares, a minha expectativa – ou melhor, a minha ambição – em relação à U.Porto Inovação era simples: fazer dela o melhor gabinete de transferência de tecnologia do país. O que, diga-se de passagem, foi conseguido pois tornámo-nos na referência nacional. Basta dizer que a Universidade do Porto se tornou na universidade portuguesa com mais pedidos de patente submetidos.
3. Que objetivos conseguiu alcançar e quais ficaram pelo caminho?
Como salientei, a minha maior ambição foi alcançada. A Universidade do Porto passou a ser a instituição de ensino superior com mais patentes em Portugal e demos um impulso muito grande no que diz respeito à ligação com o tecido empresarial. A nível interno, a U.Porto Inovação foi reforçada com mais meios humanos e reestruturada através de uma maior especialização dos colaboradores, não apenas funcional mas também relacional atendendo às características das entidades com quem interagíamos. De realçar também a implementação de um Balanced Scorecard que nos permitia fazer um acompanhamento estratégico muito rigoroso da atividade realizada, dos recursos utilizados e dos resultados alcançados.
O que ficou pelo caminho? Em termos de projetos estruturantes, creio que nenhum. Tudo o que estava previsto foi desenvolvido e lançado. Em termos de resultados alcançados, creio que precisávamos de mais tempo para termos ido mais longe. Mas esse foi o desafio de quem me sucedeu, da mesma maneira que também procurei construir sobre o muito que já estava feito quando assumi a liderança da U.Porto Inovação.
4. Que atividades destaca nos anos em que esteve à frente da U.Porto Inovação?
A minha postura é sempre construir sobre o que já existe e nunca fazer um reset, acabando com o que já existia e começando tudo de novo. Dito isto, procurei desde logo impulsionar todo um conjunto de iniciativas que já existiam, como as sessões A2B - Academia-to-Business, o BIP - Business Ignition Programme ou o concurso de ideias de negócio iUP25K. Eram iniciativas meritórias que “herdei”, que já vinham detrás, e que sendo muito relevantes só poderiam contar com o meu apoio e incentivo. Procurámos, por isso, ir mais além neste domínio.
Mas também lançámos um conjunto muito significativo de novas iniciativas. Saliento, por exemplo, a Gala da Inovação que, ao fim de três edições, se tornou num evento de referência dentro do ecossistema de inovação do Porto. Criou-se também um Advisory Board constituído quase em exclusivo por elementos externos à Universidade do Porto com o objetivo de ser um think tank de apoio a toda a política de inovação da universidade. Criou-se um clube de start-ups e projetos inovadores denominado The Circle. Reformulou-se o regulamento da atribuição da chancela “U.Porto Spin-off” o que, tendo desburocratizado o processo, levou a um incremento muito significativo do número de start-ups provenientes da universidade a utilizarem aquela chancela.
Apostámos também de forma decisiva na RedEmprendia, na altura a maior rede de inovação do espaço ibero-americano, tendo a Universidade do Porto assumido um papel central dentro dessa rede constituída por quase três dezenas de universidades, algumas das quais muito maiores do que a nossa em termos de número de alunos.
Enfim, lançámos múltiplas atividades, todas elas com o mesmo propósito: serem peças de um puzzle que contribuísse para a valorização económica, social e ambiental do conhecimento gerado dentro da Universidade do Porto.
5. A que necessidades acredita deve responder uma equipa deste género?
À concretização da terceira missão da Universidade, que se traduz no reforço da ligação com a sociedade e na capacidade de traduzir desafios e necessidades sociais em novas tecnologias e serviços.
Deve contribuir ativamente para fomentar o diálogo entre o mundo empresarial e a comunidade académica promovendo a criação de pontes fundamentais para a inovação. Isso pode ser alcançado através do desenvolvimento e gestão de patentes, da celebração de acordos de investigação colaborativa e do suporte às fases iniciais de projetos empreendedores, sempre com o objetivo de transformar o conhecimento gerado dentro da universidade em soluções práticas e tangíveis que beneficiem a sociedade como um todo.
6. Na sua opinião, por onde passa o futuro da inovação na Universidade do Porto? O que falta fazer?
A Universidade do Porto tem todos os “ingredientes” que existem nas melhores universidades do mundo.
Possui espaços de incubação e de acolhimento de centros de inovação de grandes empresas, possui uma unidade de proteção e comercialização da propriedade intelectual, possui estruturas de interface que desenvolvem projetos de investigação aplicada em parceria com a indústria. As peças existem, mas ainda há um longo caminho a percorrer pois é necessário que a Universidade do Porto, no seu todo, se transforme numa verdadeira universidade empreendedora.
Esse é um desafio que se situa ao nível das pessoas e da cultura organizacional o que, diga-se, é um desafio bem mais complexo. Não basta podermos citar casos de startups extremamente bem sucedidas que são oriundas da Universidade do Porto; não basta termos patentes que poderão valer imenso dinheiro; não basta estarmos envolvidos em projetos que foram decisivos para a competitividade de todo um setor. De tudo isso nos podemos orgulhar. Mas é preciso que os todos nossos professores, investigadores e pessoal não docente sejam empreendedores; é preciso que todos os nossos estudantes sejam empreendedores.
Isso é um desafio para cada um de nós, mas cabe às estruturas de governação fomentar esse espírito, essa atitude inconformista, criadora e aberta ao risco. Foi isso que procurei fazer durante o período em que servi na Reitoria da Universidade do Porto. E, tenho a certeza, é isso que quem me sucedeu procura fazer. O caminho é longo? É. É difícil? Também é. Mas se fosse rápido e fácil certamente que não tinha estado à frente da área de Inovação e Empreendedorismo da Universidade do Porto durante 7 anos.
Escolhidos os vencedores do BIP Proof 2024/2025!
Submetido por U.Porto Inovação em 17/09/24
Depois de uma criteriosa seleção de todas as candidaturas recebidas e elegíveis, estão finalmente escolhidas as equipas vencedoras do BIP Proof, edição 2024/2025.
A avaliação, coordenada pela U.Porto Inovação, foi levada a cabo por avaliadores/as com funções na área da propriedade industrial, do investimento de capital de risco e também por empreendedores.
Este ano, foram selecionados seis projetos. São eles:
As equipas dos projetos selecionados serão contactadas em breve para formalização dos apoios.
Parabéns!
Esta edição do BIP PROOF conta com o apoio da Fundação Amadeu Dias e da Caixa Geral de Depósitos.
"Era imperativo sensibilizar e capacitar a comunidade académica"
Submetido por U.Porto Inovação em 04/09/24
Maria Oliveira liderou a U.Porto Inovação durante 11 anos. Quando chegou, tinha bem presente a missão de sensibilizar a comunidade académica para a importância da propriedade industrial e para a transferência de tecnologia. Tinha, assume, a ambição de “afirmar a Universidade do Porto como líder nacional” neste domínio, particularmente no que toca a patentes internacionais.
“Foi necessário um esforço persistente e continuado ao longo de vários anos para que a inovação fosse reconhecida como uma área distinta e estratégica, merecedora de uma gestão dedicada, e para que o empreendedorismo e a transferência de tecnologia adquirissem o relevo devido dentro e fora da instituição”, diz.
1. A que U.Porto Inovação chegou quando tomou posse?
Quando assumi a U.Porto Inovação esta já incorporava o GAPI e estava a dar os primeiros passos em atividades de apoio a projetos financiados a nível europeu e na interação com as empresas. A equipa era constituída por 6 pessoas, e começava-se a perceber a importância crescente do empreendedorismo para a terceira missão da Universidade do Porto.
Desde essa altura, a U.Porto Inovação testemunhou mudanças significativas, não só ao nível do crescimento da equipa e de expansão das suas atividades, mas também em relação ao aprofundamento do seu papel e impacto dentro da universidade e na comunidade mais ampla.
2. Quais eram as suas expectativas para a equipa e para o trabalho a desenvolver?
As minhas aspirações centravam-se em assegurar a sustentabilidade e autonomia financeira do departamento, com o intuito de expandir a nossa capacidade para oferecer um apoio mais abrangente e profissional aos estudantes, docentes e investigadores da U.Porto.
Era imperativo sensibilizar e capacitar a comunidade académica para a importância da proteção da propriedade industrial e para a transferência de tecnologia. Ambicionávamos igualmente divulgar as oportunidades e políticas existentes para o reconhecimento das spin-offs da U.Porto, bem como afirmar a Universidade do Porto como líder nacional na proteção da propriedade industrial, especialmente no que toca a patentes internacionais.
Estávamos a navegar num território praticamente inexplorado em Portugal, onde a gestão destas áreas ainda não era uma prática estabelecida. Inicialmente, tanto a inovação quanto o empreendedorismo estavam enquadrados no pelouro da Investigação dentro da equipa reitoral. Foi necessário um esforço persistente e continuado ao longo de vários anos para que a Inovação fosse reconhecida como uma área distinta e estratégica, merecedora de uma gestão dedicada, e para que o empreendedorismo e a transferência de tecnologia adquirissem o relevo devido dentro e fora da instituição.
3. Que objetivos conseguiu alcançar e quais ficaram pelo caminho?
Entre os objetivos alcançados, destaco principalmente o aumento da equipa e o desenvolvimento de estratégias para a sua sustentação, quer através de projetos financiados, nacionais ou europeus, quer pela procura ativa de parcerias e mecenas.
Conseguimos igualmente expandir de forma significativa o portfólio de patentes da Universidade do Porto, melhorando a gestão dos custos associados e reforçando as políticas de proteção da propriedade intelectual e de reconhecimento das spin-offs da U.Porto.
Lançámos o primeiro concurso de ideias de negócio iup25K, em colaboração com o então Clube de Empreendedorismo da U.Porto, e criámos o The Circle, um clube que reúne as empresas spin-off da U.Porto, que tem crescido consistentemente. Além disso, implementámos o primeiro fundo de provas de conceito da U.Porto para apoiar a validação das tecnologias desenvolvidas.
Contudo, alguns objetivos não foram plenamente alcançados. Enfrentámos desafios ao tentar estruturar um veículo de investimento para as spin-offs da U.Porto, visando converter a propriedade intelectual em participações minoritárias. Também tentámos, sem sucesso, fechar acordos de licenciamento de patentes que permitissem retornos significativos para os inventores e para a universidade. Em várias ocasiões, estivemos perto de fechar um acordo, mas dificuldades como tecnologias que não atendiam aos parâmetros esperados em escala piloto, ou patentes contestadas, levaram ao insucesso de negociações avançadas, desfazendo meses de trabalho e negociação em uma única reunião.
4. Que atividades destaca nos anos em que esteve à frente da U.Porto Inovação?
Para além das já referidas, tenho um particular carinho pelo programa UPinTech.
Este programa de estágios remunerados de curta duração, destinado a estudantes de mestrado e doutoramento, desempenhou um papel fundamental na criação de embaixadores e pontos de contacto, tanto na U.Porto mas também em várias empresas em Portugal e pelo mundo fora.
O programa foi desenhado para formar os estudantes nas áreas de gestão da propriedade intelectual e da transferência de tecnologia, permitindo-nos, simultaneamente, estreitar relações com a comunidade académica e compreender melhor as suas expectativas. Até ao momento da minha saída, mais de 50 estudantes haviam participado no programa, e é com orgulho que relembro que muitos deles alcançaram posições de liderança em instituições de renome internacional.
Considero um privilégio que a U.Porto Inovação tenha tido a oportunidade de contribuir, mesmo que de forma modesta, para o sucesso destes talentosos indivíduos.
5. A que necessidades acredita deve responder uma equipa deste género?
À concretização da terceira missão da Universidade, que se traduz no reforço da ligação com a sociedade e na capacidade de traduzir desafios e necessidades sociais em novas tecnologias e serviços.
Deve contribuir ativamente para fomentar o diálogo entre o mundo empresarial e a comunidade académica promovendo a criação de pontes fundamentais para a inovação. Isso pode ser alcançado através do desenvolvimento e gestão de patentes, da celebração de acordos de investigação colaborativa e do suporte às fases iniciais de projetos empreendedores, sempre com o objetivo de transformar o conhecimento gerado dentro da universidade em soluções práticas e tangíveis que beneficiem a sociedade como um todo.
6. Na sua opinião, por onde passa o futuro da inovação na Universidade do Porto? O que falta fazer?
A Universidade do Porto é já uma referência incontornável a nível nacional no ensino e na investigação, sendo uma das universidades mais internacionais de Portugal. Precisa ganhar escala na terceira missão, investir de forma consistente e musculada na criação e manutenção de estruturas que possam competir a nível internacional para a atração de talento e a sua retenção na cidade e na região.
Para tal, é necessário fortalecer as estruturas de transferência de tecnologia, desenvolver as colaborações estratégicas com o setor empresarial e investir em programas de empreendedorismo que apoiem tanto a criação de startups inovadoras, como o seu crescimento e expansão global.
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