"O sonho é conseguir contribuir para uma sociedade onde a privacidade é um direito fundamental"

Foi com seis anos de idade que Rolando Martins, agora investigador da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), recebeu o primeiro computador: o famoso ZX Spectrum. O fascínio que tal objeto lhe despertou na altura manteve-se firme ao longo dos anos e, desde então, manteve-se sempre ligado ao mundo da computação. “Sempre soube que queria ser cientista porque tive sempre um grande interesse pelos diversos ramos científicos e, sobretudo, porque sempre quis uma profissão onde estivesse constantemente a aprender”, conta Rolando Martins.  O percurso prosseguiu e conta já 14 anos ao serviço da investigação, 11 deles na Universidade do Porto e 3 na Carnegie Mellon University (CMU), como investigador doutorado. Rolando Martins é formado em ciência de computadores, área da sua licenciatura, mestrado e doutoramento, sendo todos os graus atribuídos pela Universidade do Porto, onde exerce atualmente.  Um dos seus trabalhos atuais é, como o próprio investigador a apelida, Iris, e “tem como objetivo melhorar as comunicações em ambientes com uma grande densidade de pessoas, como eventos desportivos ou concertos”, descreve. A invenção, cujo nome técnico é “Method and device for live-streaming with opportunistic mobile edge cloud offloading” foi uma das patentes da U.Porto concedidas em 2022, em Portugal.  A Iris surgiu da experiência de Rolando Martins enquanto post-doc na CMU e do seu envolvimento na Yinzcam, uma empresa spin-off dessa universidade. “Durante três anos tive contacto com o melhor que se fazia na área de cloud computing e streaming e com os vários problemas que surgem quando tentamos ter soluções deste tipo em grandes aglomerados de pessoas”, refere. A maior parte do seu trabalho acontece no C3P (Centro de Cibersegurança e Privacidade da Universidade do Porto), incluindo o desenvolvimento do Iris. Para ser possível melhorar este tipo de comunicações, a equipa de Rolando Martins criou um software capaz de gerir a carga entre servidores que, ao mesmo tempo, consegue também identificar qual o meio mais apropriado para distribuir conteúdos para cada utilizador presente nesses eventos/cenários. A grande inovação desta tecnologia, como refere o investigador, é a “utilização de recursos que até agora não eram explorados, mais concretamente tirar partido dos recursos dos telemóveis dos utilizadores que estão a usar o sistema e fazer com que eles participem no esforço de propagação da informação”, conta.. Isto em contraponto ao que acontece habitualmente, onde toda a informação reside em servidores, “o que obriga à presença de uma infraestrutura de comunicações sobredimensionada e cara para garantir o acesso à informação”, explica o investigador. A Iris torna então possível que os telemóveis comuniquem diretamente entre si e que partilhem informação, conseguindo reduzir a carga das infraestruturas de comunicação “até 12 vezes, mostrado em testes laboratoriais”, conclui Rolando Martins. "Tornar os sistemas informáticos mais seguros, garantindo o direito à privacidade" Além do percurso académico, Rolando Martins também passou 12 anos na indústria, mais precisamente na Investigação e Desenvolvimento da EFACEC. As diferentes áreas de trabalho – indústria e academia - permitiram-lhe acumular experiência, construir o percurso que tem hoje e, sobretudo, pensar no futuro das comunicações digitais, assunto que o preocupa. “Atualmente, fruto da crescente transição digital, os problemas societais relacionados com o uso indevido deste tipo de tecnologias têm vindo a crescer exponencialmente”, refere.  Têm sido vários os casos noticiados recentemente de ataques informáticos a grandes empresas, incluindo Portugal, mas também os de uso indevido de dados pessoais. E é aí que Rolando Martins encontra a sua grande motivação para trabalhar: “Pretendo continuar a explorar novas soluções para tornar os sistemas informáticos mais seguros. O sonho? Conseguir, através da transferência de conhecimento, contribuir para uma sociedade mais livre, igualitária, segura, e onde a privacidade é defendida como direito fundamental”, diz. E pretende continuar a fazê-lo… na Universidade do Porto. Na opinião de Rolando Martins, o espaço da U.Porto para inovação, na área da informática, é “comparável ao melhor que se faz lá fora”. Além disso, refere como grande mais-valia da instituição o ambiente de entreajuda entre as várias entidades como a Reitoria, a U.Porto Inovação, as Faculdades, e também a UPTEC ou Porto Business School, traduzindo-se tudo isto numa “excecional” experiência pessoal.  Contudo, o investigador não deixa de referir a “crónica” falta de apoios à investigação e inovação por parte da tutela, bem como o “elevadíssimo grau de burocracia imposto pelas entidades financiadoras a nível nacional”. Os obstáculos existem, claro, mas o talento e imaginação dos investigadores tem sido um forte motor para os contornar: “De forma a contrariar tudo isto a U.Porto tem tido uma maior aproximação às empresas e temos vários projetos de investigação colaborativa, fomentados em grande medida pelo nosso reitor, Prof. António de Sousa Pereira e a equipa reitoral, bem como os diretores da FCUP e FEUP, Profª. Cristina Freire, e o Prof. João Falcão e Cunha [diretor entre 2014 e 2022]”, conta Rolando Martins. Assim, e de olhos postos no futuro, o investigador sonha, atualmente, com a progressão científica da invenção Iris mas também com o lado empreendedor do processo, que será concretizado aquando da comercialização/licenciamento da patente, através da recém criada SafeHelm, empresa startup e spin-off da Universidade do Porto.

Produção de aroma a rosas a partir de culturas bacterianas

“Process for production of 2-phenylethanol by a selected acinetobacter soli strain and uses thereof”: um nome extenso, resultado de duas décadas de trabalho da equipa liderada por Luísa Peixe, da Faculdade de Farmácia.  As cientistas do grupo de investigação liderado pela docente e investigadora têm se dedicado ao estudo da resistência aos antimicrobianos em diversos nichos (clínico, ambiental, animal) e durante o desenvolvimento de alguns trabalhos com bactérias de origem ambiental, foram surpreendidas por uma cultura bacteriana com um “agradável cheiro a rosas”, como o descrevem. Depois dessa descoberta, e contando com o apoio de investigadores de outras unidades, nomeadamente da Universidade Nova de Lisboa, partilhando ambos os grupos de uma curiosidade bastante aguçada, puseram mãos à obra para deslindar o produto e a via de produção do aroma.  “Verificou-se assim que o isolado, pertencente ao género Acinetobacter, apresentava uma via metabólica (existente em muito poucos microrganismos, na sua maioria fungos) que lhe permitia produzir o composto designado por 2-feniletanol (2-PE) e que é responsável pelo aroma a rosas”, contam as cientistas.  Neste momento, o grupo está focado em trabalhar na “otimização do processo de crescimento bacteriano, testando novos nutrientes”, de forma a reduzir os custos de produção de 2-PE. Além disso, estão também a desenvolver estudos para melhorar a extração do composto do meio da cultura. O objetivo a curto-médio prazo é ter um processo de produção de 2-PE com elevada rentabilidade, testando-o à escala industrial. Segundo as investigadoras, já várias “empresas de produção de aromas têm mostrado interesse”, pelo que este passo da caminhada pode estar para breve. “Com o apoio da U.Porto Inovação esperamos encontrar o parceiro apropriado para a valorização do nosso processo”, refere Luísa Peixe. Em 2022, esta inovadora descoberta garantiu uma concessão de patente em território Portugal.  Para Luísa Peixe esta conquista, bem como a possibilidade do uso da tecnologia pela indústria, fez a equipa “olhar para a coleção bacteriana e pensar que é possível aproveitá-la em benefício de todos”, conclui.

À conversa com as empresas: NCREP

  A NCREP – Consultoria em reabilitação do edificado e património faz inspeção e diagnóstico estrutural de construções antigas, avalia a sua segurança estrutural e define medidas de reabilitação e reforço. Estão, atualmente, incubados na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto. Trabalha também muito na área de avaliação e reforço sísmico, e tem uma forte componente de formação: "Damos formação em várias entidades, nomeadamente na Ordem dos Arquitetos e Engenheiros", refere Tiago Ilharco, fundador da empresa que recebeu o selo spin-off U.Porto em 2017.  Ao longo do tempo, a NCREP já teve oportunidade de trabalhar em edifícios com grande valor patrimonial, como por exemplo as Muralhas de Óbidos e de Peniche, o Aqueduto das Águas Livres, o Supremo Tribunal de Justiça, a Livraria Lello ou o Palácio da Bolsa. "A missão da NCREP passa por melhorar a qualidade de vida das pessoas através do reforço da segurança estrutural. Sabemos que o nosso serviço é muito relevante para o bem-estar das pessoas e isso é um motivo de grande orgulho no nosso trabalho diário", refere Tiago Ilharco. Vamos conhecê-los melhor?   1. Como é um típico dia de trabalho na NCREP? Envolve tarefas muito distintas, como visitas a obras, inspecções a edifícios, trabalho de projecto em escritório, reuniões com clientes e parceiros, entre outros. Não há dias iguais…    2. O que fazem, enquanto equipa, quando se sentem menos criativos ou animados? Ainda que tenhamos implementado trabalho híbrido depois da pandemia, tentamos promover, sempre que possível, momentos em que a equipa se junta. Vamos organizando team buildings durante o ano e encontros informais, em que há uma pessoa responsável por apresentar um determinado tema à restante equipa. Estes momentos ajudam a combater essa eventual falta de criatividade ou de animação.  Por outro lado, o facto de termos a privilégio de trabalhar em edifícios únicos, que normalmente só temos a possibilidade de visitar enquanto turistas, é também um fator determinante para que haja maior criatividade e animação na equipa!    3. Porquê o nome NCREP? O nome NCREP veio de um núcleo que existia na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, o Núcleo de Conservação e Reabilitação de Edifícios e Património. Quando criámos a empresa em 2011, mantivemos as siglas e alteramos o nome para NCREP – Consultoria em Reabilitação do Edificado e Património.    4. Quem é a pessoa mais divertida da empresa? A equipa é globalmente bastante divertida! As nossas reuniões semanais e os nossos encontros são normalmente animados. E tanto no escritório como nos trabalhos fora, o ambiente é muito informal. E temos o melhor imitador de vozes do mundo…    5. Se uma criança um dia vos disser "Quero ser empresário/a!", qual será o vosso primeiro conselho? Seria: avança, reúne uma equipa de confiança e trata bem essa equipa! A equipa é o motor de qualquer empresa e deve naturalmente ser alvo dos maiores cuidados.    6. Se pudessem escolher um só sonho a alcançar com a NCREP, qual seria? Ser líder mundial na área de inspecção e diagnóstico estrutural de construções antigas.    7. Quais os planos da NCREP para o futuro mais próximo? Consolidar a nossa presença em Portugal, como empresa de referência na área da reabilitação do património edificado e avançar para a internacionalização. Estamos a dar passos importantes nestas duas direções.   8. O que aprenderam, até agora, com esta jornada empreendedora? E com as pessoas com quem trabalham? Aprendemos que é possível uma empresa funcionar bem com 5 sócios, desde que haja respeito, tolerância e complementaridade. E percebemos que há duas condições fundamentais para o sucesso: criar e manter uma equipa sólida e estável, e ter um foco muito grande nos clientes.   9. Quais os vossos sonhos pessoais? Cada um terá os seus sonhos, mas enquanto equipa, para além do sonho que já referimos numa pergunta anterior, queremos continuar a ser uma referência na área da reabilitação do património edificado, e fazer aquilo que gostamos, tendo a oportunidade de trabalhar em edifícios únicos em termos de valor patrimonial. Simultaneamente, temos a convicção da importância, para toda a equipa, de conseguir equilibrar cada vez mais o trabalho e a vida pessoal. Nesse sentido, vamos continuar a dar passos para perseguir esse equilíbrio.    10. Como é, para vocês, ser membro da família de spin-offs da U.Porto, o The Circle? Representa ter a oportunidade de conhecer outros empreendedores e de estabelecer parcerias e relações profissionais que podem ser muito profícuas. É também uma excelente oportunidade de estar a par do que vai acontecendo no seio desta família de spin-offs da U. Porto.  

Biofabics: spin-off da U.Porto quer tornar a moda mais “animal free”

Continuar a usar um casaco de vison, ou pelo, sem que isso signifique a morte de um animal? Sim, é possível, e a tecnologia está a ser desenvolvida por uma empresa portuense. A Biofabics, spin-off da Universidade do Porto graduada da UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, está a produzir folículos capilares em laboratório, que poderão substituir pelo, lã e até mesmo cabelo. Esta inovação ficou no radar da Comissão Europeia resultando num financiamento de 4 milhões de euros. Este montante vai ser gerido pela Biofabics, sendo que desse total 700 mil euros serão utilizados exclusivamente pela spin-off. “O montante será aplicado no desenvolvimento da nossa tecnologia, que permite “biofabricar” e cultivar, de um modo automatizado, células com folículos capilares”, conta Pedro Costa, CEO da Biofabics.  O objetivo é que esses folículos, quando suficientemente maturados, originem substitutos de pelo, lã ou cabelo, num processo mais eficiente e livre de sofrimento animal. “Pretendemos, assim, eliminar o sacrifício de animais e tornar a indústria da moda mais eficiente e animal-free”, acrescenta Pedro Costa. A Biofabics trabalha diariamente para garantir a produção em grande escala de folículos capilares, que podem ser de humanos, de animais em vias de extinção ou de lã de ovelha, todos eles desenvolvidos em laboratório e a partir de culturas de biópsias: “A partir das biópsias dos animais produzimos uma grande quantidade de células de pele que, por sua vez, originam pelo, como acontece naturalmente. A diferença é que, neste caso, isso acontece no laboratório, em incubadoras de grande dimensão, e sem o sofrimento ou morte dos animais”, explica o CEO. A empresa pretende, a longo prazo, eliminar o sacrifício de animais e tornar a indústria da moda mais eficiente e animal free. Segundo Pedro Costa, este projeto irá contemplar o “melhor de dois mundos”: “permitirá que as pessoas continuam a usar um casaco de vison ou pelo, se assim o desejarem, mas sem que isso represente a morte de um animal”, diz. De olhos postos no futuro, a Biofabics tem vários projetos de investigação em curso. Falamos de “criação de modelos in vitro de osso, cartilagem, pulmão, pele e coração humano até à criação de modelos in vitro de intestino para estudar e otimizar a alimentação de peixe em aquacultura”, adianta Pedro Costa, levantando a ponta do véu para novidades que a spin-off trará nos próximos tempos.

Spin-off U.Porto vence Prémio PME Inovação da COTEC

A Addvolt, uma empresa spin-off da Universidade do Porto que esteve teve a sua primeira sede na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, venceu a 18ª edição dos Prémios PME Inovação COTEC-BPI. O projeto das powerbanks para camiões frigoríficos chamou a atenção do júri, acabando por ser escolhida entre as mais de 200 candidaturas que o concurso recebeu. A entrega de prémios aconteceu no passado dia 30 de novembro,, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões. Miguel Sousa, diretor de operações da Addvolt, recebeu o galardão das mãos do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa. “Este prémio é um enorme reconhecimento de toda a dedicação e energia da equipa da Addvolt e, ao mesmo tempo, um admirável contributo para disseminação e partilha dos desafios que a nossa inovação e tecnologia estão a resolver. Estamos a eletrificar o transporte comercial e começámos por aplicações que fazem sentido, mas que não são mainstream, e este prémio tem a particularidade de identificar inovações e tecnologias que estão a resolver problemas interessantes, mas ‘escondidos’”, afirma Bruno Azevedo, CEO e cofundador da Addvolt. Uma solução inovadora e amiga do ambiente O sistema Plug-in Elétrico da Addvolt, tecnologia desenvolvida na Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e já patenteada em vários territórios, assegura a distribuição de produtos frescos e congelados sem recorrer ao uso de diesel. Além disso, é livre de emissões de CO2 e opera com baixo ruído devido à combinação de veículo a gás com o sistema de refrigeração alimentado em modo elétrico pela Addvolt. É uma solução verdadeiramente não-invasiva e ecológica, que usa bateria de iões de lítio que podem ser carregadas em qualquer centro logístico, ou com energia recuperada nas travagens e desacelerações do veículo. Assim, a tecnologia permite, graças à diminuição do ruído dos camiões, que as empresas de transporte operem em zonas urbanas durante a noite, e melhora também as condições de trabalho dos motoristas através da redução do nível de ruído do veículo e da minimização das vibrações na cabine. Os planos da Addvolt para o futuro continuam a ser promissores, com uma franca aposta na expansão comercial na Europa. “Queremos manter a liderança na eletrificação das unidades de frio de transporte e já contamos com tecnologia a bordo de camiões híbridos, elétricos e recentemente movidos a hidrogénio. Neste momento, estamos a trabalhar em soluções para transporte ferroviário, onde já temos algumas unidades em circulação na Suíça, e a diversificar para outra tipologia de veículos equipados com gruas, caixas de resíduos, transporte de líquidos, entre outros”, projeta o fundador da empresa. Addvolt: Oito anos sempre a crescer A Addvolt foi fundada em 2014 e é, atualmente, liderada por Bruno Azevedo. Em 2020, o CEO da spin-off da U.Porto foi um dos eleitos pela Forbes para o ranking dos 30 melhores talentos europeus com 30 anos ou menos. Com o centro de desenvolvimento e produção localizado em Portugal e a direção comercial no centro da Europa, a Addvolt já conta com 44 pessoas na equipa.  A solução da graduada da UPTEC já está a operar em 11 países de três continentes diferentes, com uma forte presença nos mercados da Alemanha e Países Baixos. Em 2019, a Comissão Europeia escolheu a Addvolt como uma das empresas a receber parte do financiamento de 278 milhões de euros dessa instituição. A empresa está presente em mais de dez mercados de três continentes e tem importantes parcerias estratégicas como é o caso da HAVI Portugal, uma empresa de logística mundialmente reconhecida. (Fotografia: Vitor Hugo Teixeira)

Escolhidos os vencedores do BIP PROOF 2022/2023!

Depois de uma criteriosa seleção das 30 candidaturas recebidas e elegíveis, estão finalmente escolhidas as equipas vencedoras do BIP PROOF, edição 2022/2023. A avaliação, coordenada pela U.Porto Inovação, foi levada a cabo pela J.Pereira da Cruz, membros da Portugal Ventures e por elementos de empresas Spin-off da U.Porto. As equipas dos projetos selecionados serão contactadas em breve para formalização dos apoios. Parabéns! A edição 2022/2023 tem o apoio do UI-Transfer, um projeto cofinanciado pela União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, enquadrado no Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) do Portugal 2020. Conta também com o apoio da Fundação Amadeu Dias, do Santander Universidades e da J.Pereira da Cruz.  

Investigador da U.Porto é o jovem empreendedor de 2022

BIP Acceleration (U.Porto Inovação), Born from Knowledge (BfK) Ideas (Agência Nacional de Inovação – ANI) e, agora, Jovem Empreendedor 2022 (ANJE). A lista de prémios aumenta, mas o destinatário mantém-se: Rodrigo Val d’Oleiros, investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), que tem vindo a trabalhar, entre outras coisas, numa tecnologia pioneira que promete revolucionar o mundo dos transplantes de órgãos: a I-R3Therapies/OrgaValue. Trata-se de um projeto na área da bioengenharia que propõe uma tecnologia inovadora para criar novos órgãos humanos. A inovação tem potencial de aplicação tanto no tratamento como no diagnóstico de doenças. Criada no i3S pelos investigadores Cristina Ribeiro, Hugo Prazeres e Rodrigo Val d’Oleiros, o OrgaValue tem como objetivo melhorar a eficácia nos transplantes de fígado. As mortes de pacientes, enquanto esperam por um transplante, são frequentes, e “54% rejeitam o novo órgão, sendo que o problema não é a falta de órgãos, mas a qualidade dos mesmos”, explicam. Assim, para dar resposta a este problema, a equipa de Rodrigo Val d’Oleiros desenvolveu uma tecnologia que permite reabilitar órgãos humanos e torná-los totalmente transplantáveis. E como? “Através de uma solução líquida de limpeza que remove as células, deixando uma matriz não celular com a matriz orgânica apropriada. Então, novas células humanas saudáveis são introduzidas na matriz para bioengenharia de um novo órgão”, contam os cientistas. A equipa espera começar os primeiros ensaios clínicos do projeto em 2025. O mês de novembro foi um “all-in” para o investigador, que é também mestre em Medicina Dentária e atual estudante do Programa Doutoral Internacional em Biotecnologia Molecular e Celular aplicada às Ciências da Saúde (BiotechHealth) do Instituto de Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e da Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP). Além de ter sido uma das quatro equipas universitárias premiadas no Born from Knowledge (BfK), da ANI (na foto, à direita, o investigador e a equipa da U.Porto Inovação, que tem acompanhado o seu caminho), o investigador recebeu o Prémio Jovem Empreendedor 2022 da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), uma das mais antigas competições de empreendedorismo a nível nacional. A sessão de entrega do galardão decorreu no passado dia 19 de novembro, no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa. Um caminho feito de "esforço e tolerância" Para Rodrigo Val d’Oleiros este tipo de reconhecimento é importante principalmente para “dar a conhecer ao público o projeto”. Os planos para aplicação dos 5000 euros são, claro, dedicados ao OrgaValue, focando-se a equipa agora em iniciar os “ensaios pré-clínicos em órgãos humanos”, refere o Jovem Empreendedor 2022. “No empreendedorismo e na investigação o futuro é sempre algo bastante dinâmico. O caminho principal, agora, será valorizar o projeto e aumentar o TRL (Technology Readiness Level). Assim, será crucial encontrar novas colaborações industriais, médicas e institucionais (nacionais ou internacionais) para alargar esta iniciativa a outros que possam querer integrar a equipa e, em conjunto, aumentarmos não só a capacidade de trabalho como a perspetiva de sucesso”, acrescenta o vencedor do Prémio Cidadania Ativa 2021, na categoria de Empreendedorismo. O caminho já vem sendo longo para um jovem que se assume como “apenas um estudante de doutoramento, estudante de medicina e, até há quem diga, investigador”. Para Rodrigo Val d’Oleiros esta tem sido uma jornada de “esforço e tolerância, numa sociedade que exige constantemente o sucesso e onde é dito que não se pode errar”. Para o investigador, a passagem pelos programas organizados pela U.Porto Inovação e pela Universidade do Porto (BIP 2020, BIP Acceleration, European Innovation Academy 2019) foram uma importante alavanca para este reconhecimento que, agora, vai chegando: “permitiu-me conhecer novas pessoas, com espírito crítico e construtivo e, sobretudo, com a capacidade de errar para aprender mais. Sem essas dinâmicas seria mais difícil estar aqui”, conclui.  

U.Porto Inovação abre consultorias de empreendedorismo

São muitos os desafios encontrados, diariamente, por quem deseja levar uma ideia de negócio mais além. A pensar nisso, a U.Porto Inovação lança agora as suas consultorias de empreendedorismo, focadas em ajudar os empreendedores da Universidade do Porto a responder a desafios em diferentes áreas, de forma a que consigam alavancar os seus projetos com a perspetiva de garantir o seu sucesso. Esta iniciativa de apoio a projetos empreendedores acontece no âmbito do UI-CAN, um projeto financiado que tem como objetivo promover o espírito empreendedor nos estudantes das universidades parceiras. As consultorias estão abertas para estudantes de todos os ciclos de estudo da Universidade do Porto (licenciatura, mestrado e doutoramento), assim como para todos os investigadores da Universidade. Os requisitos para participar são a) afiliação à U.Porto; b)  Terem um projeto inovador de negócio, esteja ele em fase inicial ou mais madura. Não serão aceites projetos com empresas já constituídas. Os interessados em receber este tipo de apoio podem manifestar-se preenchendo um formulário online, onde poderão escolher não só o horário pretendido como a área, ou áreas, em que desejem receber apoio. As áreas disponíveis são Comunicação, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Plano de Negócio, Propriedade intelectual e Apoio jurídico – temas identificados pelo consórcio do UI-CAN como indispensáveis para a capacitação dos empreendedores e para o desenvolvimento dos seus projetos empresariais. Cada um dos temas será conduzido por uma empresa especialista no assunto, com experiência de mercado, que irá aconselhar os participantes sobre as melhores orientações estratégicas a adotar nos seus projetos ou negócios. Quando e como participar? Para este ano está previsto o início das consultorias em Comunicação (30 de novembro, 7 de dezembro e 14 de dezembro) e ODS (de 5 a 16 de dezembro). As restantes três terão início apenas em 2023, mas as inscrições também já estão abertas, podendo os interessados manifestar-se relativamente a todas as áreas. Cada consultoria oferecida pela U.Porto Inovação terá blocos de horas previamente definidos para cada uma das áreas acima descritas. Os empreendedores terão, obrigatoriamente, de se inscrever, identificando não só as suas necessidades como as áreas que consideram prioritárias para dar resposta a esses desafios. Os interessados poderão também contar com o acompanhamento técnico personalizado da U.Porto Inovação, responsável por agendar, posteriormente, as sessões com cada um dos projetos inscritos no formulário. As inscrições estão abertas até às 23h59 do dia 11 de dezembro. Quaisquer dúvidas relacionadas com as consultorias poderão ser enviadas para uican@reit.up.pt   Estas consultorias acontecem no âmbito do UI-CAN - Universidades como Interface para o Empreendedorismo, um projeto financiado pelo Compete 2020, Portugal 2020 e Fundo Social Europeu, União Europeia.

Smartex capta investimento de mais de 24 milhões de dólares

  A Smartex, spin-off da Universidade do Porto e startup incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, acaba de fechar uma ronda de investimento de mais de 24,7 milhões de dólares. Este capital vai permitir à empresa expandir para outros mercados – nomeadamente para a Ásia –, explorar novos produtos e fazer melhorias no hardware e infraestruturas nas fábricas. A startup da UPTEC criou uma tecnologia que deteta defeitos em têxteis em fase de produção, o que permite reduzir os defeitos de produção para perto de 0%, diminuir o desperdício e a produção têxtil defeituosa, assim como aumentar a competitividade e qualidade da indústria. Ao recorrer a algoritmos de inteligência artificial e machine learning, a tecnologia da Smartex realiza uma inspeção automatizada e em tempo real das máquinas de tricotar circulares, o que permite identificar os defeitos à medida que eles acontecem e, consequentemente, resolver o problema de forma rápida. “Esta indústria só mudará se a tecnologia for aplicada em escala – com eficiência de preço e excelência operacional –, só assim poderemos criar um impacto real no mundo. A nossa visão e objetivo de longo prazo é expandir para outras indústrias para permitir que fábricas em todo o mundo produzam com significativamente menos desperdício. Precisamos desenvolver produtos e processos escaláveis e ajudar as fábricas têxteis a fazer a coisa certa.”, garante António Rocha, CTO da Smartex. O impacto ambiental dos têxteis A indústria da moda é considerada a terceira mais poluente, responsável por 20% da poluição global e 10% das emissões de gases com efeitos de estufa. Além disso, estima-se que anualmente sejam produzidas 92 milhões de toneladas de desperdício têxtil. “Esta indústria é muito desafiante! Essa é uma das razões pelas quais poucas empresas de tecnologia operam aqui. A maioria das fábricas não tem a infraestrutura necessária para receber tecnologia de ponta. Estamos muito satisfeitos por já estar a criar um grande impacto tanto ambiental quanto financeiro para as nossas fábricas parceiras – mas quando comparado com o tamanho geral da indústria, não parece nada! E esse é um desafio fundamental de operar numa indústria tão grande, explica António Rocha. A solução da Smartex já assegurou a poupança de 300 mil kg de tecido, 33 milhões de litros de água e 2,7 milhões de kWh de energia, o que se traduz numa redução de 650 000 kg de emissões de CO2. “Não vamos parar até que tenhamos feito uma grande diferença, estamos apenas a começar! No futuro, todas as fábricas estarão totalmente conectadas, automatizadas e sustentáveis e queremos ser parte ativa e significante nesta revolução.”, admite o CTO da spin-off da U.Porto. Nascidos na U.Porto e à procura de talento Fundada por António Rocha, Gilberto Loureiro e Paulo Ribeiro, alumni da FCUP – Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a startup deu os primeiros passos na Escola de Startup da UPTEC. Desde então, já conquistou clientes nos mercados da Europa, Ásia Central, América do Sul e África e angariou mais de 27 milhões de euros. Atualmente, a Smartex já conta com uma equipa de 91 colaboradores de 17 nacionalidades diferentes, e pretende chegar aos 100 colaboradores até ao final do ano. A empresa procura talento nas áreas de engenharia, software, produto e operações e tem, atualmente, 34 vagas em aberto. Esta série A de investimento foi liderada por capitais de risco internacionais: Lightspeed Venture Partners dos Estados Unidos, e pelo estúdio britânico Build Collective. Além disso, H&M e Kering – holding que detém a Gucci e Balenciaga – e a portuguesa Faber também participam na operação. O anúncio da angariação da ronda de investimento acontece um ano após a Smartex vencer o prémio Pitch, para melhor ideia, do Web Summit.  

Vencedores do BIP PROOF mostram resultados a público e parceiros

PROAQUA, PerovSIPort, MyRNA, PRO-FUSE e NeuROP. São estes os nomes dos projetos escolhidos para receber financiamento na última edição do BIP PROOF. São trabalhos de diferentes áreas de investigação, provenientes de diferentes entidades ligadas à Universidade do Porto, entre eles: probióticos de nova geração para peixes; um mecanismo inovador capaz de simplificar a montagem e aumentar a eficiência de conversão de energia; um teste complementar de diagnóstico para depressão; um fusível prostético para aplicações odontológicas e um projeto de neuromodulação para restaurar a propriocepção oral. Foram estes os escolhidos na edição 2021/2022 do programa BIP PROOF, tendo cada projeto recebido 10 mil euros para prosseguir e valorizar a investigação. Mais sobre cada um, aqui. Perto de seis meses passados desde a atribuição do financiamento, chegou a altura de os cientistas apresentarem os projetos a público, explicando o que foi feito até aqui em termos de investigação e valorização. A sessão ocorreu no passado dia 3 de novembro de 2022, na UPTEC, e contou com a presença de todas as equipas e também de todos os parceiros que tornaram esta edição da iniciativa possível. A abertura ficou a cargo de Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da Universidade do Porto para a Investigação e Inovação, que congratulou esta iniciativa levada a cabo pela U.Porto Inovação como muito importante para levar o conhecimento produzido na Universidade mais longe: “O nosso ecossistema de inovação gera, naturalmente, muito conhecimento. Esse conhecimento pode ser valorizado e pode chegar às empresas e pode ser utilizado em atividades produtivas a vários níveis e em diferentes áreas. O que se pretende aqui, com o BIP PROOF, é que esse conhecimento tenha apoio para chegar a um nível de maturidade que o leve até ao mercado e até dar origem a novos produtos ou serviços”, referiu o Vice-Reitor. Pedro Rodrigues aproveitou também para agradecer o apoio de todos os parceiros. Esta edição do BIP PROOF só foi possível graças ao envolvimento da Fundação Amadeu Dias (FAD) - que acompanha a iniciativa desde a primeira edição, sendo que está já em curso a quinta- do Santander Universidades e também da J.Pereira da Cruz. João Marinho Gonçalves, da FAD reiterou a importância do envolvimento da Fundação nesta iniciativa que muito embora se dedique à solidariedade, também tem forte atuação na investigação: “A nossa área é, precisamente, a investigação e o apoio à investigação. Por isso, é para nós um gosto estar aqui e gostaria de dar os parabéns aos que verdadeiramente importam: os investigadores e o trabalho que desempenham”, referiu. Também Nuno Vieira, em representação do Santander Universidades, se referiu ao BIP PROOF como uma parceria de sucesso: “Tentamos sempre apoiar este tipo de projetos, cujo potencial pode mudar a nossa vida, a nossa economia, a nossa educação”, referiu. Na opinião de Nuno Vieira, o BIP PROOF tem uma característica muito própria e importante, que vai ao encontro dos três E’s do Sander Universidades – Educação, Empregabilidade, Empreendedorismo – que é “a aplicabilidade do dinheiro em aspetos concretos para que os projetos sejam bem sucedidos e possam, até, dar origem à criação de empresas spin-offs, contribuindo para a economia e geração de emprego”, concluiu. Por fim, mas não por último, João Pereira da Cruz, em representação da J.Pereira da Cruz, quis também dar os parabéns às equipas de investigação presentes e à organização do programa: “Continuem o bom trabalho, o mérito é vosso”, referiu o responsável pela empresa. A J.Pereira da Cruz atua na área da propriedade industrial e, por isso, na proteção do conhecimento gerado. Como referiu o seu representante: “A propriedade industrial é um dos grandes motores da economia. Por isso, tudo o que pudermos fazer nesta área é bom para o país”.   Esta sessão de apresentação de resultados do BIP PROOF contou com o apoio do UI-TRANSFER, um projeto cofinanciado pela União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, enquadrado no Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) do Portugal 2020. A edição 2021/2022 aconteceu no âmbito do projeto SPIN-UP , um projeto orientado para o aumento da transferência de tecnologia para o mercado no Norte de Portugal e Espanha, cofinanciado pelo FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do Programa de Cooperação Transfronteiriça INTERREG V A Espanha-Portugal 2014-2020 (POCTEP).       

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