"Todos ambicionamos que o trabalho científico faça diferença"

Quando ingressou na Universidade do Porto, há cerca de 20 anos, a investigadora e docente Colette Maurício percebeu rapidamente que a sua verdadeira paixão era a investigação. Estava em fase de concluir o doutoramento e, graças ao contacto com “cientistas fabulosos”, percebeu como “a ciência (básica ou aplicada) é fascinante”. E assim tem sido, até à data, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS – Universidade do Porto). Apesar do trabalho desenvolvido noutras áreas, o grupo de investigação que Colette Maurício lidera tem-se dedicado ao desenvolvimento de terapias celulares. Tudo começou a pensar nos humanos, mas, recentemente, começaram a dedicar-se também a terapias celulares veterinárias. Um dos projetos de investigação deste grupo é o REGENERA, focado em células estaminais. Surgiu quando a equipa do ICBAS foi confrontada com o dado de que perto de um terço dos cavalos de corrida termina a sua jornada com uma lesão grave que, na maior parte dos casos, nem a cirurgia consegue resolver. Partindo desse problema, as investigadoras começaram a testar o uso de células estaminais e terapias celulares para promover a regeneração dos tecidos danificados, de modo a possibilitar uma cura mais rápida e eficiente, e permitindo que o cavalo volte a correr. “Já tratámos mais de 30 cavalos e os resultados são muito promissores. Todos os animais conseguiram recuperar o seu funcionamento”, conta a investigadora. Até ao momento, esta terapêutica já foi utilizada em cavalos em cães, aliviando dores nas articulações e permitindo a regeneração de tendões e ligamentos. É verdade que a ciência sempre esteve na vida de Colette Maurício, que cresceu com uma mãe bióloga e um avô médico, ambos empenhados em incutir-lhe o gosto pela temática. Começou por licenciar-se em Medicina Veterinária e durante o doutoramento trabalhou em fisiologia. Mas depois desse capítulo decidiu mudar radicalmente de área, passando para Medicina Regenerativa e Engenharia dos Tecidos, na qual trabalha atualmente na companhia de “excelentes investigadores que são também excelentes indivíduos”, diz. No entanto, não deixa de ser curioso que um dos seus principais sonhos de criança fosse crescer e ser escritora, atividade que ainda hoje lhe dá muito prazer mesmo que se traduza “apenas” em textos científicos, uma grande parte do seu trabalho como cientista.  No futuro, um dos seus sonhos é alargar o tratamento REGENERA a outras espécies animais, para continuar a melhorar a vida das mesmas, mas também ao tratamento em humanos. O grupo já começou a trabalhar noutro tipo de terapias celulares, a partir da geleia de Whärton e do sangue do cordão umbilical, bem como da polpa dentária de dentes definitivos. Têm também projetos na área da regeneração óssea, neuromuscular e vascular. “O nosso trabalho é sempre desenvolvido numa perspetiva de aplicação clínica”, refere a investigadora, que admite ser muito importante que “o trabalho científico desenvolvido faça diferença, melhorando efetivamente a vida de pessoas e animais” e saindo do papel e do laboratório. Para a docente, esta é uma área científica com um crescimento e evolução muito rápidos, o que irá permitir a descoberta de tratamentos para muitas patologias num futuro próximo. “Os progressos atingidos brevemente serão inimagináveis, de certeza absoluta”, refere. Valorizando muito o trabalho em equipa, Colette Maurício não tem dúvidas de ter escolhido a Universidade e a área certas: “Tudo isto não é trabalho de uma pessoa só, mas sim de uma equipa fabulosa e que ainda hoje me faz ter a certeza que tomei a decisão certa ao começar a trabalhar nesta área. Sem estudantes de doutoramento e pós-doutoramento, tudo parava. E é a eles que agradeço tudo o que temos conseguido”, conclui.   

À conversa com as empresas: Eduardo Soares, da Amorim Cork Composites

Nesta edição da rubrica "À conversa com as empresas" fomos conversar com Eduardo Soares, Diretor de Inovação da Amorim Cork Composites. "É fundamental percebermos qual o papel e a missão que cada instituição desempenha e o que isso obriga na gestão correta e eficiente do papel de cada uma na sociedade.", referiu o diretor. P: Qual a importância da relação da Amorim com o meio científico e tecnológico? R: A estratégia de inovação e desenvolvimento de produto da Amorim Cork Composites é muito focada na criação de valor sustentável e diferenciador, pela natureza da sua matéria-prima, a cortiça. Acreditamos que as características únicas deste material são fonte inesgotável de curiosidade e investigação. Por isso, no centro da nossa atividade estão as parcerias com o meio cientifico e tecnológico, numa lógica de inovação aberta e procura de conhecimentos em vários departamentos. Desde a química, a tecnologia de materiais, a biologia ou a mecânica, procuramos sinergias que complementem o nosso portefólio e que connosco gerem valor acrescentado na resposta a cada desafio. P: Como é que a Amorim tem vindo a interagir com a Universidade do Porto? R: Os projetos de I&D, os estágios, feiras de emprego ou pós-graduações são as formas mais habituais de interação. A proximidade ao meio académico é relevada e valorizada na nossa organização. Não só numa lógica de investigação e colaboração, mas também na atração de recursos humanos qualificados para a nossa atividade. Estamos sempre disponíveis para receber novas propostas de interação que permitam agilizar e potenciar os melhores resultados para todas as partes envolvidas. P: Quais os principais desafios que dois agentes têm pela frente, no que toca à inovação nacional? R: É fundamental percebermos qual o papel e a missão que cada instituição desempenha e o que isso obriga na gestão correta e eficiente do papel de cada uma na sociedade. Se o papel da Amorim Cork Composites se centra na valorização da cortiça e criação sustentável de valor para os seus acionistas, o papel da Universidade do Porto será sempre o de formar recursos, desenvolver investigação, valorizar e reforçar o seu posicionamento no meio académico e capturar investimento público ou privado. O desafio, de um modo geral, é termos cada vez mais pessoas de ambos os interlocutores com experiências mistas, de forma a melhorar entendimentos mútuos e facilitar a comunicação. É também essencial que a Amorim Cork Composites seja capaz de transmitir à Universidade do Porto alguns dos seus desafios tecnológicos e que estes sejam acolhidos e trabalhados na Universidade do Porto. Isto exige reforçar o espírito de inovação aberta e partilha de conhecimento por ambas as partes.

SNACk for Fish vence o concurso de ideias de negócio BfK ideas 2018

Depois de vencerem a terceira edição do Business Ignition Program (BIP), a SNACk for Fish do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) reforça o feito e vence mais uma competição de ideias de negócio. Desta vez, a ideia foi premiada na categoria Agro-Food Industry do concurso Born from Knowledge (BfK IDEAS 2018), uma iniciativa da Agência Nacional de Inovação. A entrega de prémios teve lugar no Creative Science Park, em Aveiro, e o SNACk for Fish foi a única ideia a representar a Universidade do Porto. A ideia de negócio SNACk for Fish surge no âmbito do projecto SNACk, desenvolvido no grupo de Investigação NUTRIMU do CIIMAR, liderado pelo Prof. Aires Oliva-Teles. O Projecto SNACk procura responder a uma das principais necessidades da aquacultura: a promoção da saúde dos peixes criados, diminuindo a carga de surtos bacterianos e o uso de antibióticos. Este projeto está na base do doutoramento da aluna Rafaela Santos (CIIMAR / FCUP) e do trabalho do aluno Fábio Rangel (CIIMAR / FCUP), e foi idealizado pelas Investigadoras Responsáveis pelo projeto, Paula Enes e Cláudia Serra do CIIMAR. Em concreto, o projeto SNACk descobriu novas bactérias com potencial probiótico, isoladas do intestino de diferentes espécies de peixes e capazes de combater alguns dos mais importantes agentes patogénicos que afetam a aquacultura. A ideia de negócio SNACk for Fish, que deriva deste projeto, procura impulsionar a incorporação deste conjunto de bactérias em dietas comerciais para aquacultura, contribuindo para um desenvolvimento sustentável do setor. Além dessa vantagem, o projeto ajuda ainda a satisfazer as necessidades globais de pescado não deixando de cumprir os objetivos da Agenda 2030 das Nações Unidas. Foi com esta ideia em mente que, em abril de 2018, a equipa participou na 3.ª edição do Business Ignition Programme, organizado pela U.Porto Inovação, CIIMAR e INESC TEC com o objetivo de dotar os participantes de competências relevantes para darem resposta a desafios e oportunidades de mercado. Durante este programa intensivo de 12 semanas, os investigadores conseguiram desenvolver a sua ideia de negócio, o que lhes garantiu o primeiro lugar na grande final. Além do prémio monetário no valor de 1500 euros, os membros da equipa receberam ainda bolsas para a European Innovation Academy. O próximo passo será concretizar, efetivamente, a ideia de negócio. Para isso, é necessário realizar testes in vivo em trêse spécies de peixes diferentes, e em condições de cultivo também diferentes, nomeadamente no que diz respeito à salinidade e temperatura da água da aquacultura. Só depois será possível elaborar um dossier para submeter à aprovação pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA-European Food Safety Authority), permitindo a incorporação do SNACk em dietas comerciais. Segundo a investigadora Cláudia Serra, do CIIMAR, a equipa pretende, através dos probióticos SNACk, “diminuir os surtos de doenças bacterianas e, assim, aumentar a competitividade do setor ao mesmo tempo que se diminui o uso de antibióticos, promovendo a saúde pública e o conceito de «Uma Só Saúde», que reconhece a relação da saúde animal e ambiental com a saúde humana”. “Acreditamos que uma vez no mercado, a solução SNACk terá um forte impacto económico e ambiental na indústria da aquacultura. Mas para que tal aconteça é necessário concretizar a nossa ideia de negócio” refere Paula Enes, investigadora do CIIMAR e elemento da equipa SNACk for Fish. A equipa reconhece ainda que “vencer o prémio BfK Ideas é, em primeiro lugar, prestigiante e dá a visibilidade necessária ao projeto, permitindo captar o interesse de potenciais investidores que queiram ajudar neste desafio. A investigadora acrescenta ainda que os dois dias de imersão, incluídos no programa BfK, foram muito importantes para a equipa pudesse “aperfeiçoar ainda mais o futuro modelo de negócio da ideia”, diz. A iniciativa Born From Knowledge divide-se em 5 iniciativas:  BfK Ideas, Awards, Rise, Transfer e Champions. O BfK Ideas acontece uma vez por ano e visa distinguir ideias de negócio representadas por instituições de Ensino Superior Público. Os vencedores desta inicitiva terão acesso ao programa de aceleração BfK Rise em ciência e tecnologia, que pretende transformar o potencial de negocio das equipas em serviços e produtos. Notícia escrita em colaboração com Eunice Sousa, do departamento de comunicação do CIIMAR.

Spin-off da U.Porto vence prémio da José de Mello

A HealthySystems – uma empresa nascida no CINTESIS, com chancela spin-off U.Porto (atribuída pela U.Porto Inovação) – foi galardoada pelo grupo José de Mello, no âmbito do programa de incentivo à inovação Grow. A concurso, estiveram 450 startups de diferentes áreas de atividade. O prémio, no valor de 6 mil euros, visa distinguir a empresa pelo desenvolvimento de uma solução informática que permitiu adequar os dados geridos pelo Hospital CUF às novas exigências da ADSE, o subsistema de saúde que abrange a maioria dos funcionários públicos. A solução apresentada pela spin-off do Porto permitiu poupar tempo e dinheiro ao Hospital CUF, garantindo a articulação do hospital com a ADSE e assegurando o reembolso direto das despesas de saúde de milhares de utentes da CUF que usufruem desse sistema. O sucesso da implementação desta solução garantiu já a extensão do contrato, a longo prazo, aos 16 hospitais daquele que é o maior grupo de hospitais privados a operar em Portugal. Para Ricardo Cruz-Correia (na foto), cofundador da HealthySystems e investigador principal do CINTESIS, este prémio representa um importante reconhecimento para a empresa. “É muito gratificante e permite-nos ter outra confiança para os próximos passos que pretendemos dar, nomeadamente a implementação desta solução noutros hospitais privados e a internacionalização da HLTSYS”, contextualiza o também professor do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde (MEDCIDS) da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP). “Devemos um agradecimento à CUF por ter apostado numa spin-off”, diz o empreendedor, sublinhando ainda que “o sucesso da parceria encetada com o Grupo José de Mello se deve sobretudo ao empenho dos recursos humanos da HLTSYS, nomeadamente aos técnicos que estão no terreno, com o cliente”. A HealthySystems nasceu no CINTESIS, em 2014, tendo iniciado a sua atividade na área das integrações com o desenvolvimento de um projeto piloto em parceria com o IPO-Porto. A empresa tem como missão a promoção da segurança e robustez dos Sistemas de Informação e Infraestruturas de Rede dos seus clientes, incluindo na sua oferta soluções de autenticação segura, sistemas de integração que promovem a troca de mensagens entre diferentes sistemas de informação de saúde, entre outros. Em fase de expansão, a empresa possui atualmente mais de 20 colaboradores e fatura meio milhão de euros por ano. Notícia escrita por Olga Magalhães, do CINTESIS.

U.Porto Entreprenow revelou o Portugal empreendedor

Foram mais de 100 as pessoas que passaram pelo Hard Club no passado dia 27 de novembro, para participar na primeira edição do U.Porto Entreprenow. Tendo como mote “Learn. Connect. Grow”, o evento organizado pela Universidade do Porto deu aos participantes a oportunidade de conhecer melhor o ecossistema inovador da zona do Porto, discutir o empreendedorismo em Portugal e promover networking entre empresários e jovens empreendedores da região. É de opinião geral, manifestada em todos os painéis do Entreprenow, que Portugal é um país empreendedor. O investimento tem vindo a aumentar, os apoios dados a startups também, mas existem ainda algumas dificuldades que é urgente resolver. Nessa ótica de conhecer a realidade do ecossistema empreendedor, durante a manhã foram apresentados os primeiros resultados do Observatório do Empreendedorismo, uma das principais bandeiras do projeto NOE - Noroeste Empreendor. O estudo, que pretende caracterizar as universidades de Aveiro, Minho e Porto no que diz respeito a apoios e iniciativas empreendedoras, revelou, entre outras coisas, que o maior constrangimento ao empreendedorismo é, de longe, a falta de financiamento, seguido de procedimentos administrativos morosos, falta de experiência e elevada carga fiscal. Apesar dos mais de 100 milhões de euros investidos em startups portuguesas entre 2012 e 2017 (segundo dados do relatório Scaleup Portugal 2018), a realidade nacional ainda está longe de competir com outras: “Em Londres fazem isso em duas semanas”, referiu Inês Santos Silva, ativista da Portuguese Women in Tech e moderadora o painel “A evolução do ecossistema empreendedor no Porto”. Para ajudar os empreendedores a fazer face a essa realidade muitas vezes tão conturbada, o Entreprenow convidou Ken Singer (diretor do Sutardja CET, da Universidade de Berkeley) e Josemaria Siota (diretor de investigação na IESE Business School Barcelona) que falaram sobre o financiamento dado a startups nos Estados Unidos e na Europa, respetivamente, dando dicas preciosas à plateia sobre como ultrapassar obstáculos. Ken Singer (na foto, à direita), por exemplo, referiu a importância de “falar e ouvir” o máximo de pessoas possível, mas sempre sem qualquer tipo de imposição: “Não ignorem os conselhos de quem sabe. Esta é uma jornada vossa, mas é preciso que ouçam muita gente enquanto ela acontece, para aprenderem”. Já Josemaria Siota referiu que a “corporate venture é uma realidade atual”, que está a acontecer, e as startups que entenderem melhor os seus mecanismos são as que vão tirar melhor proveito disso. Houve ainda lugar, como é habitual quando se reúnem empresários e académicos, para falar sobre o papel ativo das universidades neste ecossistema empreendedor. Rui Santos Couto, da Founders Founders, realçou a diferença abismal entre a linguagem falada pelos investigadores versus a que é falada pelas empresas, sendo urgente aproximar os dois mundos: “A Universidade tem um papel fundamental nessa aproximação”, referiu. Uma opinião reforçada por Rui Costa, CTO da Veniam, que referiu a possibilidade de “empresas e universidades trabalharem cada vez mais juntos, para melhores resultados”. Já Clara Gonçalves, diretora do UPTEC, lamentou a falta de tempo que os estudantes têm, atualmente, para serem empreendedores, principalmente depois da reforma de Bolonha. O Entreprenow foi também palco para o 4.º encontro de empresas spin-off U.Porto, o The Circle, que ficou a conhecer as novas parcerias, nomeadamente com a Porto Business School, pensadas para trazer benefícios a este grupo de empresas nascidas no seio da Universidade. Rui Costa, CTO da Veniam, e Veronica Orvalho, CEO da Didimo, participaram também no último painel do dia, moderado por Rita Marques, da Portugal Ventures. No final, a especialista em capital de risco perguntou ao painel qual o principal conselho que dariam aos empreendedores. Veronica Orvalho referiu a importância de “dar primeiro, ouvir primeiro, para depois se poder receber”. Sendo também docente na Universidade do Porto, a CEO da Didimo considera fundamental motivar constantemente os empreendedores para que saibam sempre “o que estão a fazer aqui, aproveitando as oportunidades”. Com regresso marcado para 2019, o U.Porto Entreprenow foi  organizado pela U.Porto Inovação, com o apoio do Santander Universidades. Contou ainda com o apoio do U.Norte Inova (um projeto financiado pelo Portugal 2020, Norte 2020 e União Europeia) e do NOE (um projeto financiado pelo Compete 2020, Portugal 2020 e União Europeia) Fotografias: João Pedreda O Entreprenow teve o apoio dos projetos NOE - Noroeste Empreendedor e U.Norte Inova.

U.Porto Entreprenow debate o futuro no Hard Club

No próximo dia 27 de novembro, a U. Porto Inovação – com o apoio do Santander Universidades – junta debaixo do mesmo teto – o Hard Club, no Porto –  investigadores e empreendedores que estão a criar o amanhã. O U. Porto Entreprenow é sobre o aqui e o agora: o momento em que especialistas da área vão debater as necessidades do presente e como elas podem ser suplantadas na construção do futuro empreendedor. Ken Singer, da Universidade de Berkeley (EUA), e Josemaria Siota, Diretor de Investigação na IESE Business School de Barcelona (Espanha), são os convidados internacionais do evento. Atuando em realidades de investimento muito distintas (Estados Unidos e Europa, respetivamente) os dois especialistas vão abordar as principais dificuldades na obtenção de financiamento que as startups enfrentam nos dias que correm. Josemaria Siota vai ainda falar das dificuldades e oportunidades existentes na obtenção de financiamento e parcerias para este tipo de empresas. Mais tarde, e lado a lado com quem representa a realidade portuguesa, Ken Singer e Josemaria Siota vão discutir os apoios dados às empresas em início de carreira em ambos os contextos americano e europeu. João Barros, CEO da Veniam, e Verónica Orvalho, CEO da Didimo, são os companheiros de painel, moderado por Rita Marques, da Portugal Ventures. Na parte da manhã será apresentado o Observatório do Empreendedorismo, a principal bandeira do projeto NOE, e serão conhecidas as primeiras conclusões deste estudo que se propõe a mapear o ecossistema empreendedor das Universidades de Aveiro, Minho e Porto. O painel conta com a participação das três universidades parceiras do projeto e é moderado por Carlos Brito, da Universidade do Porto. Segue-se uma mesa redonda sobre a evolução do ecossistema empreendedor no Porto com a participação de entidades como Agência Nacional de Inovação, Founders Founders, Porto Digital, U.Porto Inovação e UPTEC e moderada por Inês Santos Silva (Ativista na Portuguese Women in Tech). O Entreprenow vai acolher também, em sessões paralelas, o workshop “The Living Lab Experience” (organizado pela EIT Health, do qual a U.Porto é parceira) e o 4.º encontro do The Circle, o grupo restrito de empresas spin-off U.Porto. Atualmente, a Universidade do Porto já tem mais de 70 empresas com o selo spin-off U.Porto. A participação no evento é gratuita, mas sujeita a inscrição obrigatória (lotação limitada). Mais informações aqui. O Entreprenow terá o apoio dos projetos NOE - Noroeste Empreendedor e U.Norte Inova.

App nascida na U.Porto é a segunda melhor do mundo na área da saúde

Já foi apelidada de “Google para médicos” e é a app mais utilizada por clínicos em Portugal. Chama-se TonicApp, foi desenvolvida por uma empresa spin-off nascida no seio da Universidade do Porto e especializada na área da saúde digital mobile, e acaba de conquistar o segundo lugar na competição de melhor aplicação móvel na área da saúde na conferência MEDICA 2018 – a maior feira de saúde do mundo que acontece, anualmente, em Dusseldorf . O principal produto da empresa é uma aplicação que junta, num único sítio, informações úteis para médicos que os auxiliam no diagnóstico e tratamento dos seus pacientes. Desenvolvida numa lógica “de médico para médico”, a app possibilita a partilha de informação entre colegas para que estes se possam ajudar, por exemplo, a estabelecer um diagnóstico mais difícil. Atualmente já é utilizada em diferentes especialidades como Medicina Geral, Medicina Familiar ou Pediatria. A plataforma “ajuda, por um lado, os médicos a diagnosticar e tratar os seus doentes e, por outro, ajuda também os prestadores de cuidados, a indústria farmacêutica e outros players da área da saúde a estarem mais perto dos médicos via mobile”, explica Daniela Seixas (CEO). As funcionalidades da app, que já é utilizada por mais de 5000 médicos em Portugal, impressionou o júri da MEDICA, constituído por especialistas internacionais em saúde digital da Alemanha, China, Eslovénia, França, Índia e Quénia. Além do reconhecimento associado, a TonicApp leva para casa acesso a mentoria por parte da Bayer, a multinacional alemã líder nas ciências da vida. Durante a entrega de prémios numa competição que teve este ano a sua 7ª edição, Daniela Seixas falou do momento importante em que a TonicApp se encontra no que diz respeito à internacionalização: “O sucesso tão rápido em Portugal junto da comunidade médica fez-nos decidir que é o momento de internacionalizar. Orgulho-me de comunicar que a Tonic App já está disponível no Reino Unido, França e Espanha, três dos cinco mercados mais importantes na área da saúde na Europa.”, refere. Recorde-se que em maio deste ano a spin-off U.Porto conquistou também o primeiro lugar no Lisbon Summit 2018. No ano anterior havia arrecadado também uma primeira ronda de financiamento por parte da Portugal Ventures no valor de 100 mil euros. Fundada há menos de dois anos, a TonicApp já é utilizada por mais de 17% dos médicos portugueses.

Investigador da U.Porto premiado na EIT Health Starship

Licenciado em Biologia e Ciências da Comunicação e mestre em Oncologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS - U.Porto), Hernâni Zão Oliveira começou a colaborar com a EIT Health no início de 2018. Recentemente, a equipa onde esteve integrado durante vários meses foi premiada. Foi no início de 2018 que o investigador da Universidade do Porto foi selecionado para se juntar ao EIT Health StarShip, programa onde bolseiros selecionados aprendem uma abordagem baseada na ação, com o objetivo de procurar soluções para desafios na indústria, verificando os requisitos do utilizador e identificando as necessidades potencialmente não atendidas no contexto de saúde. Todo o processo ocorre em estreita colaboração com os principais institutos locais de inovação da rede EIT Health. A equipa multicultural onde Hernâni estava inserido (na foto, à esquerda) foi premiada pelo desenvolvimento de um conceito de plataforma que, com base em escalas e margens de segurança, avalia 30 indicadores de desempenho físico e psicológico de atletas, como forma de prevenir lesões que podem ocorrer em situações de não contato entre atletas. Este desafio foi proposto pela GE Healthcare, discutido por consultores da FIFA e validado em ambientes reais de saúde, sob a orientação da equipe académica da StarShip.  A equipa sagrou-se também vencedora do o pitch final do workshop, tendo sido selecionada para apresentar o projeto desenvolvido em Paris. Para Hernâni, este é um reconhecimento muito importante pois considera a EIT Healtu uma "plataforma com um potencial incrível na divulgação, competição e desenvolvimento de trabalhos". Participar no StarShip também lhe proporcionou a partilha de ideias para o desenvolvimento de metodologias, o estabelecimento de protocolos de colaboração e a obtenção de ferramentas para promover sinergias entre projetos internacionais. Após esta colaboração, o investigador também será introduzido na Comunidade EIT Health Alumni, que tem a missão de promover a inovação e o empreendedorismo no setor de saúde através da construção de uma rede renomada de estudantes, profissionais, empresários e executivos com competências e conhecimentos multidisciplinares. Pode dizer-se que a área da saúde é a verdadeira paixão de Hernâni Zão. Durante a sua frequência na Universidade do Porto, principalmente durante o mestrado em Oncologia, começou a prestar atenção às questões de ansiedade e ao estilo de vida altamente sedentário das crianças hospitalizadas com doenças oncológicas. Com todos os dados e preocupações em mente, nasceu em 2013 o projeto HOPE. Concebido para ajudar crianças com cancro a compreender os assuntos relacionados com a sua doença, o projeto HOPE vai além do entretenimento. O HOPE é um videojogo que promove a prática de exercícios físicos para que os pacientes possam melhorar sua condição física, respondendo de forma mais eficaz aos tratamentos. O objetivo é melhorar a qualidade de vida das crianças, e seus familiares, durante o tratamento oncológico. Foi desenvolvido conjuntamente pelo Laboratório de Criação para a Literacia em Saúde (LACLIS), iniciativa integrada no U.Porto Media Innovation Labs (MIL), em parceria com a empresa BRIGHT (startup fundada em 2014, por Hernâni), o IPO-Porto e a associação Acredita Os projetos da BRIGHT para o Cancro da Mama e Oncologia Pediátrica já ganharam vários reconhecimentos nacionais e internacionais, nomeadamente, o Primeiro Prêmio Empreendedorismo Social Diogo Vasconcelos, o Prêmio Inovação Santander e o Prêmio Astellas Oncologia C3. Atualmente, Hernâni Zão é também responsável pela co-coordenação do LACLIS, que é o primeiro Laboratório Criativo Português para a Literacia da Saúde da Universidade do Porto, e que foi desenvolvido no âmbito do seu doutoramento em Media Digitais o qual ocorre em parceria com a Universidade do Texas. Austin.  

"A curiosidade é um pré-requisito para o investigador"

Universidade da Beira Interior, Universidade do Porto, Audubon Sugar Institute (EUA), CeNTI, Universidade do Minho, e novamente Universidade do Porto. O percurso de António Ferreira, doutorado em Engenharia Química e Biológica pela Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), é longo e diversificado, tendo sido desde sempre motivado pela curiosidade e “funcionamento das coisas”, conta em entrevista à U.Porto Inovação. Quando era criança “um brinquedo nunca era só um brinquedo” e era capaz de passar horas a explorá-lo e até mesmo a desconstrui-lo para descobrir como tinha sido feito, que componentes tinha. Esses anos de menino viriam a transportá-lo para a carreira que continua, ainda hoje, a construir, tendo sempre a curiosidade como base do seu percurso: “Sendo a curiosidade uma espécie de pré-requisito para se ser investigador, acho que, sim, sempre quis ser investigador desde criança”. Atualmente, António Ferreira dedica a maior parte do seu tempo a uma nova tecnologia que, diz, “pode vir a revolucionar o processo produtivo de alguns princípios ativos na indústria farmacêutica”. O foco principal desta tecnologia é a cristalização, que consiste num “processo de purificação utilizado em várias indústrias, nomeadamente a farmacêutica”, explica o investigador, que tem apostado na promoção da flexibilidade do processo de cristalização e na redução dos seus custos operacionais em contexto industrial. A tecnologia designada por Meso-OFR (desenvolvido no LEPABE/FEUP e CEB/ U. Minho) é um equipamento que opera em modo contínuo e permite o controlo constante da temperatura e da mistura dos reagentes, independentemente do caudal usado. Desta forma, consegue-se intensificar o processo de cristalização, diminuindo ou eliminando a formação de subprodutos e de etapas secundárias de purificação. Esta otimização do processo garantida, pelo Meso-OFR, contribui assim para a redução do desperdício. Este reator já está a ser testado na indústria farmacêutica, com a qual António Ferreira tem trabalhado bastante nos últimos anos. Os resultados são promissores, podendo chegar-se a uma redução de 99% no tempo de cristalização de um princípio ativo (API – Active Pharmaceutical ingredient). Além do processo de cristalização, o Meso-OFR pode ser utilizado na maioria dos processos industriais. Enquanto investigador, António Ferreira acredita que a aproximação à indústria é fundamental. Daí que, desde os primeiros resultados obtidos através do Meso-OFR em laboratório, se tornou crucial para o investigador estabelecer contacto com os principais e potenciais interessados. Norteado por esse objetivo, tomou a iniciativa de enviar um email para algumas das maiores empresas farmacêuticas em Portugal, tentando a sua sorte: “Tínhamos excelentes resultados em laboratório, mas faltava-nos dar o salto e transferir a tecnologia para o tecido industrial. Nesse email descrevi as principais características da tecnologia, falei dos resultados alcançados e enviei. No dia seguinte já tinha pedidos de reunião por parte dos responsáveis de Investigação & Desenvolvimento dessas empresas”, conta. O maior sonho do investigador, e do grupo com quem trabalha, é conseguir implementar, efetivamente, a sua tecnologia numa “indústria caracterizada pela sua exigência técnica e científica”, confessa. Apesar de reconhecer as excelentes condições de trabalho na Universidade do Porto para o desenvolvimento da sua investigação, António Ferreira considera que é urgente implementar uma verdadeira carreira científica dentro das instituições. “Os investigadores não podem andar uma vida inteira a saltar de concursos em concursos, numa intermitência que afeta o desenvolvimento dos seus projetos”, refere. E embora considere que este é um problema transversal a todo o país e que, acrescenta, “exige o compromisso de instituições, Governo e sociedade”, António Ferreira gostaria de ver a U.Porto destacar-se, num futuro próximo, “na valorização e proteção inequívocas dos seus investigadores”. Porque a curiosidade, sim, é um pré-requisito. Mas existem muitos outros, e a falta de garantia desses “penaliza não só os investigadores, mas o desenvolvimento do próprio país”, conclui.

Armazenar energia com custos muito reduzidos e pouco impacto ambiental

A ordem do dia é inevitável: há que poupar energia e, de preferência, enquanto se poupa dinheiro e se provoca o mínimo de impacto ambiental possível. Uma tecnologia desenvolvida na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), liderada pelo investigador Adélio Mendes, garante essa possibilidade e a solução tem um nome: baterias redox de escoamento. Mais simples não poderia ser: “estas baterias permitem armazenar energia com um custo muito baixo”, diz Adélio Mendes, o que será uma enorme mais valia para o cumprimento da diretiva europeia NZEB (Nearly Zero Energy Buildings) que, quando entrar em vigor, ditará que a energia necessária para um edifício deve ser pequena e preferencialmente produzida na vizinhança. Ao pensar nesta combinação de fatores – dinheiro, ambiente, energia - , a nossa mente passa, por norma, pelos painéis solares mas a verdade é que não nos lembramos de um pequeno “pormenor”: eles não produzem energia durante a noite. Além disso, e apesar de serem uma grande oportunidade de produção de eletricidade barata, explica Adélio Mendes, “a eletricidade produzida a partir de fontes renováveis é muitas vezes instável, sendo necessárias soluções de armazenamento”. As baterias redox de escoamento são, então, a solução ideal para isso pois além de permitirem o armazenamento de energia a custos muito baixos também têm “um tempo de vida útil muito extenso, pequeno impacto ambiental e não têm problemas de explosão”, explica o investigador. Têm ainda a vantagem, face a outros tipos de baterias, de armazenarem a energia em eletrólitos líquidos guardados em reservatórios tão grandes quanto a necessidade de armazenamento de energia. Esta verdadeira revolução energética começou há cinco anos durante a estadia de Adélio Mendes (na foto, à direita) na Universisdade de Aarhus, na Dinamarca, onde o investigador estudou mais aprofundadamente o uso de células solares sensibilizadas com corante para armazenar energia. Daí nasceu o que viria a tornar-se numa nova área da investigação: “as células solares redox de escoamento, que permitem a conversão direta da energia solar em energia eletroquímica facilmente armazenável e convertível em eletricidade”, explica Adélio Mendes. O investigador percebeu imediatamente que estava na presença de uma descoberta muito promissora mas, apesar disso, ainda pouco desenvolvida a nível Europeu. Com base nessa clara oportunidade nasceu a empresa Visblue (atual spin-off da U.Porto e da U.Aarhus), cujo objetivo foi, desde o início, desenvolver, produzir e comercializar este tipo de baterias. Mais tarde, durante o projeto PowerFLow, com a Efacec, o grupo de investigação conseguiu, em apenas dois anos, desenvolver uma pilha redox de escoamento de 5 kW dando um importante salto numa investigação que começou em 2013. Ao todo são seis os investigadores a trabalhar neste projeto: Adélio Mendes, André Monteiro, Joaquim Gabriel Mendes, Jorge Cruz, Nuno Delgado e Pedro Pacheco. Em janeiro deste ano receberam a notícia de que a patente foi concedida em território europeu (com validações na Alemanha, França e Portugal), um importante reconhecimento para a equipa: “O trabalho desenvolvido na U.Porto é, a todos os níveis, extraordinário. Com um orçamento limitado, é um trabalho de classe mundial”, refere Adélio Mendes. Os próximos passam pelo apoio à Visblue no desenvolvimento do processo de produção da tecnologia, mas também por continuar o trabalho com novos “upgrades” a esta invenção, nomeadamente uma “tecnologia que promete revolucionar este mercado, com a diminuição do tamanho das suas pilhas de duas a três vezes, tornando-as nas pilhas mais compactas e baratas do mercado”, conclui Adélio Mendes.

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