Soluções para a saúde dominam vencedores do BIP 2020

  Foi numa sessão online com mais de 50 participantes que o júri do Business Ignition Programme (BIP) 2020 anunciou os três vencedores desta edição. Sete projetos apresentaram o seu pitch ao júri, convidados e público em geral, e três tecnologias na área da saúde levaram para casa os prémios de 4000€, 2500€ e 1000€. Em primeiro lugar ficou o NanoPyl, desenvolvido no INEB/i3S em colaboração com a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Esta tecnologia pretende “responder à necessidade urgente de tratamentos alternativos antibióticos para a infeção gástrica provocada pela bactéria Helicobacter pylori”, explica Paula Parreira, uma das promotoras do projeto. Esta é uma bactéria “que infeta cerca de 50% da população mundial e a sua prevalência em Portugal é “muito frequente”, explica a investigadora. Os tratamentos existentes atualmente são à base de antibióticos que não só provocam efeitos secundários adversos como têm também uma percentagem de resistência entre 20 a 40%, deixando “1,6 mil milhões de pessoas sem tratamento alternativo em todo o mundo”, acrescenta Paula Parreira. O NanoPyl surge então como uma estratégia não baseada em antibióticos e com um preço muito acessível: “Pretende ser a resposta não só para estes pacientes mas também para a erradicação massiva da bactéria”, referem os cientistas. O prémio monetário conquistado no BIP será usado para assegurar a continuidade da patente internacional e também para financiar mais uma etapa de validação do NanoPyl. “Neste momento, pretendemos usar o NanoPyl para iniciar um ensaio clínico piloto e fazer a primeira demonstração em humanos”, refere Paula Parreira. Em segundo lugar, e levando para casa um prémio de 2500€, ficou o Biomaterials for oral/maxillofacial reconstruction. Como o próprio nome indica, trata-se de uma abordagem inovadora para a regeneração dos tecidos orais e maxilo-faciais, nomeadamente na “regeneração do osso e do tecido periodontal no contexto clínico patológico e reconstrutivo”, explica Rodrigo Val d'Oleiros Silva, investigador do i3S. Para dar resposta a este problema, na última década tem-se dedicado tempo de investigação à incorporação de matrizes extracelulares descelularizadas (MEds), devido “à combinação única de fatores biológicos relevantes, com potencial regenerativo”, explicam os cientistas. Apesar de as complicações das doenças periodontais afetarem 90% da população mundial não existe, segundo a equipa promotora, uma solução válida e duradoura. Assim, os investigadores colocaram mãos à obra com uma tecnologia baseada na incorporação de MEds isoladas de membranas fetais humanas (MFd), resultando numa “abordagem minimamente invasiva e num novo conceito terapêutico que permite a recuperação funcional de tecido ósseo e periodontal/gengival de forma simultânea”, refere Rodrigo Val d’Oleiros Silva. Com o prémio conquistado no BIP a equipa pretende continuar a “preparar o futuro desenvolvimento e exploração do projeto ao publicar os seus resultados, atraindo potenciais investidores, clientes e outras partes interessadas.” Por fim, mas não por último, o terceiro lugar conquistado pelo projeto Lithium Meter. Trata-se de um dispositivo de baixo custo para a monitorização dos níveis de lítio no sangue em doentes bipolares, utilizando apenas uma gota de sangue. “A grande vantagem do Lithium Meter assenta na sua portabilidade, rapidez de medição e menor volume de amostra relativamente às análises clínicas convencionais, que envolvem processos longos, difíceis e invasivos”, explica Renato Gil, um dos promotores do projeto. O grande objetivo é oferecer acessibilidade e autonomia ao paciente para monitorizar, com maior frequência, os níveis de lítio no sangue. Tem ainda a vantagem de estar emparelhado com uma app para smartphone “que partilha com o médico psiquiatra os resultados em tempo real para um ajuste da dose mais rápido e efetivo”, explicam os investigadores. O prémio conquistado no BIP será utilizado no avanço tecnológico da solução: “Apesar de estar validada em laboratório, requer agora o desenvolvimento de um protótipo”, concluem. BIP: “Uma ferramenta muito útil na capacitação da comunidade produtora de conhecimento” São palavras de Joana Resende, pró-reitora da Universidade do Porto, no encerramento da sessão de Pitch. “Este foi um belíssimo final de tarde, com projetos muito promissores”, referiu, salientando a importância deste tipo de iniciativas para ajudar a “levar o conhecimento para o mercado”, referiu. Esta edição do BIP contou com a participação de 12 equipas ao longo de nove sessões. Estas foram conduzidas pela BTEN que, com a sua consolidada experiência, conseguiu adaptar as sessões às necessidades do grupo em contexto de pandemia e, por isso, à distância, estando sempre em contacto com as equipas Segundo José Matos, da BTEN, essa colaboração foi recíproca: “Foi um grande prazer. Sentimos sempre, da parte de todos os grupos, que a nossa contribuição não estava, passo a expressão, a cair em saco roto. Todos estavam a aproveitar e a interagir e isso fez com que sentíssemos um grande entusiasmo com os projetos também”. Graças a esse entusiasmo mútuo, a BTEN manifestou interesse em continuar a acompanhar projetos do BIP 2020. A edição de 2020 do Business Ignition Programme não teria sido possível sem o apoio do Santander Universidades, que tem o empreendedorismo como um dos principais eixos de atuação. Sofia Menezes Frère, em representação da entidade, felicitou todos os participantes, independentemente de quem se sagrou vencedor: “É com enorme satisfação que o Santander se associa a este projeto emblemático da Universidade do Porto. Estou certa que esta iniciativa já produziu, e continuará a produzir, projetos de grande interesse”, concluiu.   O BIP 2020, uma iniciativa da U.Porto Inovação, é enquadrado no SPIN UP, um projeto cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do Programa de Cooperação Transfronteiriça INTERREG V A Espanha-Portugal 2014-2020 (POCTEP). O SPIN UP pretende aumentar a transferência de tecnologia para o mercado nas regiões do Norte de Portugal e Espanha.        Com o apoio de:

Bolsas Santander X Environmental Challenge

De: 
04/03/2021
Até: 
04/04/2021

O Grupo Santander quer estar na vanguarda na resolução das demandas da nossa sociedade e na promoção do sucesso das pessoas e das empresas. É por isso que lançamos, em colaboração com a Fundação Oxentia, o Santander X Environmental Challenge, para apoiar empreendedores comprometidos com o meio ambiente e com ideias inovadoras para construir um futuro mais sustentável.

O desafio tem dois objetivos: por um lado, ser sustentável por meio de financiamentos e investimentos verdes; por outro, dar atenção à sustentabilidade, por meio de produtos e serviços que aumentem a consciência sobre o nosso impacto no meio ambiente.

Existem duas calls abertas, ambas na plataforma Santander X: Be Mindful - que procura soluções para ajudar a medir e reduzir o impacto ambiental de indivíduos e empresas e favorecer a biodiversidade - e Be Sustainable - em busca de soluções em investimento e finanças, para apoiar atividades económicas com impacto ambiental positivo.

Ambas estão abertas até 8 de abril de 2021.

Podem concorrer projetos com os seguintes requisitos:

» Se a implementação da solução proposta tiver potencial para impactar positivamente o meio ambiente e apresenta métricas
» Se a implantação da solução for viável e a equipa possuir um plano de sustentabilidade financeira.
» Se a solução incluir uma nova tecnologia, uma nova aplicação de know-how, um novo modelo de negócio ou um novo processo para resolver o desafio.
» Se a solução puder ser dimensionada para beneficiar a vida de mais pessoas / empresas.

Um grupo de especialistas internacionais avaliará depois os participantes para selecionar 20 finalistas. Estes serão convidados a apresentar os seus projetos a um painel internacional de especialistas em sustentabilidade, empreendedorismo e investimento global no dia 26 de abril de 2021. Seis vencedores, três em cada categoria, receberão 20.000€ para desenvolver ainda mais os seus projetos, bem como orientação personalizada de especialistas na rede da Fundação Oxentia e máxima visibilidade nos canais e redes sociais do Santander.

Mais informações sobre o desafio aqui.

 

Conhecidos os vencedores do BIP 2020!

  Foi numa sessão online com mais de 50 participantes que o júri do Business Ignition Programme (BIP) 2020 anunciou os três vencedores desta edição. Sete projetos apresentaram o seu pitch ao júri, convidados e público em geral, e três tecnologias na área da saúde levaram para casa os prémios de 4000€, 2500€ e 1000€. O júri - composto por Luís Valente (iLof), João Pereira (Portugal Ventures) e João Soares (BTEN) atribuiu a seguinte classificação às sete equipas que apresentaram o seu pitch ao público no passado dia 3 de março: Esta edição do BIP contou com a participação de 12 equipas ao longo de nove sessões. Estas foram conduzidas pela BTEN que, com a sua consolidada experiência, conseguiu adaptar as sessões às necessidades do grupo em contexto de pandemia e, por isso, à distância, estando sempre em contacto com as equipas A edição de 2020 do Business Ignition Programme não teria sido possível sem o apoio do Santander Universidades, que tem o empreendedorismo como um dos principais eixos de atuação. O BIP 2020, uma iniciativa da U.Porto Inovação, é enquadrado no SPIN UP, um projeto cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do Programa de Cooperação Transfronteiriça INTERREG V A Espanha-Portugal 2014-2020 (POCTEP). O SPIN UP pretende aumentar a transferência de tecnologia para o mercado nas regiões do Norte de Portugal e Espanha.        Com o apoio de:  

SHERPA do MAR lança catálogo de ideias de negócio

“A ideia é dar a conhecer todos os projetos empreendedores que se candidataram ao programa Sherpa Journeys e ajudar a promovê-los”. São palavras de Lídia Fonseca, gestora do projeto Sherpa do Mar na U.Porto Inovação. Esta foi a premissa para lançar o novo catálogo de ideias de negócio, disponível online, que vai criar oportunidades de colaboração entre as várias ideias de negócio inscritas bem como outras entidades que atuam no âmbito marinho-marítimo. Neste diretório web podem encontrar-se informações relevantes sobre cada projeto, como a descrição detalhada e de que forma podem contribuir para eventuais sinergias com parceiros. “Funciona como uma rede de contactos e de difusão nesta área de atuação, permitindo dar visibilizade às ideias de negócio bem como acesso a contactos e investidores”, refere Lídia Fonseca. O objetivo principal é que seja um verdadeiro marketplace que proporcione um aumento de sinergias entre projetos e a criação de novas parcerias, reforçando assim a comunidade de empreendedorismo da Galiza e Norte de Portugal. O catálogo está aberto a novos registos de utilizadores com projetos empreendedores relacionados com o setor marinho-marítimo e a blue economy, desde que localizados na euroregião Galiza-Norte de Portugal. Para facilitar possíveis interações, em cada projeto existe um formulário de contacto para enviar uma mensagem ao promotor. Atualmente já são mais de 60 as iniciativas empresariais da Galiza e do Norte de Portugal presentes no catálogo. Da parte dos parceiros portugueses, por exemplo, o projeto ActiveAlgae, do CIIMAR, pode ser consultado na plataforma. Da parte do Sherpa do Mar, espera-se que o número de projetos aumente nos próximos meses. O Sherpa do Mar é um projeto cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do Programa de Cooperação Transfronteiriça INTERREG V A Espanha-Portugal 2014-2020 (POCTEP). A Universidade do Porto é parceira através da U.Porto Inovação, do CIIMAR e da UPTEC.  

Estão escolhidos os vencedores do BIP PROOF 2020/2021!

  Depois de uma criteriosa seleção das 50 candidaturas recebidas, estão finalmente escolhidos os vencedores do BIP PROOF. A avaliação foi levada a cabo pela por elementos da J.Pereira da Cruz, Patentree, Portugal Ventures e UPTEC, tendo a U.Porto Inovação compilado os resultados. Os responsáveis pelos projetos selecionados serão contactados em breve para formalização dos apoios. Parabéns a todos! O principal objetivo do BIP PROOF é criar um sistema de provas de conceito que visam estimular a concretização de etapas de valor condicionantes à valorização de resultados de investigação promissores. Essas provas de conceito podem traduzir-se em construção de protótipos de viabilidade técnica, realização de ensaios in vitro/in vivo, estudos de viabilidade ou de mercado, entre outras, para que possam contribuir para a maturação da tecnologia e aproximação ao mercado. Esta edição contou com o apoio da Fundação Amadeu Dias e do Santander Universidades.    

Spin-offs da U.Porto são finalistas do Digital Health

“Participar no Digital Health Porto foi de enorme importância”. São palavras de Pedro Ramos, da Promptly Health, uma empresa que tem como objetivo potenciar que os sistemas de saúde façam cada vez mais uso de resultados clínicos centrados no doente. Para a spin-off da U.Porto participar nesta iniciativa abriu portas importantes no que diz respeito ao financiamento, tendo originado contactos com venture capital funds relevantes a nível europeu, com quem se encontra, agora, a conversar. Pedro Ramos refere ainda a satisfação de terem sido selecionadas como uma das empresas finalistas, num ano que promete trazer conquistas: “Este será um ano de expansão para a Promptly, principalmente em Espanha e no Brasil, onde já temos presença em alguns clientes”. O plano é continuar a desenvolver o serviço de acompanhamento remoto de pacientes e de análise de dados em saúde “principalmente em patologias-chave como as doenças metabólicas, cardiovasculares e oncológicas”, refere. Também a iLoF (na foto, à direita), uma empresa de biotecnologia que pretende acelerar uma nova era de medicina personalizada usando inteligência artificial, foi selecionada para a grande final do Digital Health: o Tech Tour Ignite. Luís Valente, fundador e CEO da spin-off U.Porto, diz que a participação no programa, apesar de online, foi “altamente imersiva e recompensante para a iLoF”. “Tivemos oportunidade de conectar com players muito relevantes do ecossistema (não só investidores, mas também parceiros e potenciais clientes”, refere. A esperança é que os contactos originados durante esta experiência façam nascer frutos já em 2021 uma vez que, nas palavras de Luís Valente, a “iLoF tem um ambicioso plano de crescimento para 2021”. Desde aumentar a equipa (que pode duplicar) a acelerar as relações com hospitais, biotechs e farmacêuticas, acelerando o desenvolvimento e utilização de tratamentos personalizados para doenças complexas. A iLoF trabalha já com mais de uma dezena de parceiros um pouco por todo o mundo e espera “ver esse número triplicar já durante este ano”, conclui Luís Valente. O Digital Health Porto aconteceu no final do ano de 2020. Todas as sessões de coaching foram online, dado o momento atual. No total, foram 31 as empresas concorrentes, 7 delas portuguesas e 4 spin-offs da Universidade do Porto. Já perto de fechar o ano, a TechTour (organizadora do evento) anunciou os finalistas, que serão agora convidados para o grande evento final, o Tech Tour Ignite (também ele online). As 10 empresas selecionadas vão ter a oportunidade de participar em sessões com investidores da Europa, Estados Unidos, Sudeste asiático, Médio Oriente e África Ocidental. Está previsto que o Tech Tour Ignite aconteça em março de 2021. Mais informações em breve!

"Os maiores desafios dos nossos tempos são as maiores oportunidades para a criação de valor"

Em janeiro de 2020 a Universidade do Porto abraçou um novo projeto internacional, desta vez focado no Empreendedorismo Social Corporativo (ESC). O principal objetivo do projeto Embrace é promover o empreendedorismo social corporativo nos programas educacionais das instituições de ensino superior. Ao mesmo tempo, a iniciativa sugere maneiras de melhorar as competências, a empregabilidade e as atitudes dos alunos, contribuindo para a criação de novos negócios e oportunidades. Entre outras abordagens para ajudar no cumprimento desses objetivos, foi criado o Advisory Board (AB), composto por especialistas internacionais, que guiarão os parceiros do projeto Embrace, complementando o conhecimento dos mesmos. Trazendo as suas experiências para o seio do projeto, os membros do AB darão outra dimensão às atividades do Embrace revendo as atividades, o progresso e os resultados. As conclusões retiradas deste painel de especialistas terão um resultado muito importante no projeto Embrace, ajudando a criar estratégias para lidar com os principais desafios. O AB é composto por cinco especialistas na área do Empreendedorismo Social Corporativo (ESC). Entre eles está o português Carlos Azevedo, Presidente do Conselho de Administração da IES Business School. Na sua opinião “o projeto Embrace é fundamental para garantir que a discussão sobre o CSR e ESC se torna tum tema central na agenda política, científica e de inovação” P: Qual a sua visão acerca da importância do Corporate Social Entrepreneurship? R: O Corporate Social Responsability (CSR) nasce da necessidade de as empresas ativarem novas fontes de valor. Hoje em dia o talento procura mais propósito na sua carreira e os consumidores exigem produtos e serviços mais sustentáveis e responsáveis. Isto significa que os maiores desafios dos nossos tempos são, igualmente, as maiores oportunidades para a criação de valor. O CSR 2.0 passa por alinhar os interesses pessoais com os benefícios coletivos, garantindo que existem os incentivos para inovar enquanto são resolvidos os problemas mais prementes da sociedade. P:       O que acha que as universidades podem fazer para alertar/ajudar as empresas para a importância deste tema? R: As universidades têm um papel fundamental na proliferação e diversificação do mercado de ideias. Na prática, significa garantir que a produção científica faz avançar o conhecimento nesta área, produzindo ferramentas que ajudem as empresas a convergir para a agenda do impacto enquanto são capacitados os líderes do futuro que a valorizem e saibam como enfrentar os principais desafios da sociedade. P:       Como membro convidado para o Advisory Board do projeto Embrace, quais considera serem os seus maiores contributos? R: O meu contributo resulta da minha experiência no apoio a uma comunidade com mais de 8000 pessoas e organizações que têm o impacto no seu ADN e na sua prática quotidiana. Ao longo dos anos tenho procurado sistematizar todo esse conhecimento, garantindo que este é passado para outros, reduzindo os gaps e as assimetrias de informação e, paralelamente, garantindo que esta agenda se torne mainstream. Este é igualmente o papel que posso desempenhar neste Advisory Board. P:       Mais especificamente em relação ao projeto Embrace, o que acredita que o projeto pode conseguir? R: O projeto Embrace é fundamental para garantir que a discussão sobre o CSR e ESC se torna tum tema central na agenda política, científica e de inovação. Acho, sinceramente, que projetos de investigação aplicada trazem credibilidade e materializam práticas que muitas vezes estão no plano das ideias ou da abstração. Este contributo é manifestamente importante para uma mudança definitiva de paradigma. P:       Considera que temos bons casos de empreendedorismo social corporativo em Portugal? O que falta fazer? R: Existem vários exemplos nacionais e internacionais de Empreendedorismo Social Corporativo a vários níveis - startups que nascem focadas no impacto (coloradd), organizações que se reinventam a partir de desafios sociais e/ou ambientais (Grieg Green) e outras que procuram incorporar o impacto ao longo da sua cadeia de valor (Tony Chocolonely). Todavia, ainda há muito a fazer para que esta agenda se torne mainstream, sobretudo nas áreas de capacitação, inovação e liderança para garantir que apesar das tendências e das pressões nas diferentes cadeias de valor, as práticas não sejam apenas pontuais.   O EMBRACE é um projeto co-financiado pelo programa Erasmus+ da União Europeia. A Universidade do Porto é um dos parceiros, através da U.Porto Inovação e do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto (IS-UP). Os restantes parceiros são: Waterford Institute of Technology (Irlanda), Vilnius Gediminas Technical University (Lituânia), DRAMBLYS (Espanha), Budapest University of Technology and Economics - BME (Hungria), National School of Political Studies and Public Administration (Roménia), Domhan Vision (Alemanha), Hellenic Management Association (Grécia), Digital Technology Skills Limited (Irlanda), e Hanze University of Applied Sciences, Groningen (Países Baixos).

Entreprenow: continuamos o diálogo, desta vez online!

Está de volta o maior evento de empreendedorismo da Universidade do Porto: o Entreprenow. Este ano, com a devida adaptação ao momento atual que vivemos, o público estará do outro lado do ecrã. O mote, contudo, mantém-se: Learn. Connect. Grow. Foi um ano atípico e, no mínimo, diferente. Algumas empresas fecharam, outras continuaram a trabalhar, e alguns encontraram neste momento reinvenção, oportunidade, mas sempre muitos desafios. Com isso em mente, o Entreprenow volta para falar sobre o que está a acontecer no ecossistema, mas desta vez focando-se em contrastes. Ao longo de cinco debates distintos vamos conversar com inovadores do ecossistema da U.Porto e conhecer melhor os seus percursos e, acima de tudo, o que os distingue na forma como abordaram os seus negócios ou projetos. O objetivo da terceira edição do Entreprenow é que, apesar da distância física, os intervenientes no ecossistema empreendedor da Universidade do Porto continuem a dialogar, a debater, a procurar sinergias e a reinventar-se. Continuando de olhos postos no futuro, esta edição abordará temas atuais e relevantes para o público empreendedor. Cumprindo todas as normas de segurança e distanciamento, a U.Porto Inovação organizou cinco debates na forma de frente a frente, com dois convidados com backgrounds e experiências diferentes. Todas as conversas serão transmitidas no Facebook da U.Porto Inovação:   11 de janeiro: Fechar ou Persistir? Com António Pereira, da Ecoinside, e Nelson Pereira, da ikuTeam. Moderado por Cláudio Santos, da U.Porto Inovação. 12 de janeiro: Iniciar e Crescer. Com Ana Tavares, da Smartex, e Caroline Prüfer, da Ergoform. Moderado por Daniela Monteiro, da Porto Digital. 13 de janeiro: Empresa ou Empresas? Com Ana Cristina Freire, diretora da Faculdade de Ciências da U.Porto e fundadora da Innovcat, e Luís Filipe Antunes, professor Universitário e fundador da Healthy Systems. Moderado por Rui Coutinho, da Porto Business School. 14 de janeiro: Indústria ou Serviços? Com Emília Simões, da Last2Ticket, e Pedro Araújo, da Advanced Cyclone Systems. Moderado por Maria Oliveira, da UPTEC. 15 de janeiro: Lucrativo ou Social? Com Cristina Parente, socióloga e professora da Faculdade de Letras da U.Porto, e Pedro Maçana, fundador da Wayz. Moderado por Filipe Castro, da U.Porto Inovação. A terceira edição do Entreprenow tem como parceira a UPTEC e volta a contar com o apoio do Santander Universidades, que tem vindo a apoiar todas as edições do evento. O objetivo da organização foi manter como valores o foco no ecossistema e nas experiências e percursos distintos de cada interveniente mas, inevitavelmente, nos desafios que surgiram na altura da pandemia. O diálogo é essencial e a U.Porto Inovação acredita que é frente a frente que as grandes conversas continuam a acontecer. Juntem-se a nós, a partir do dia 11 de janeiro, aqui.

"A Física é uma área científica de raiz, capaz de dar frutos em muitas outras"

Como se tem mostrado frequente quando conversamos com os nossos investigadores, também João Ventura afirma que a curiosidade científica foi algo que sempre coexistiu com o seu imaginário de criança. Na altura ainda não se falava na profissão de investigador, mas foi mesmo esse o caminho que acabou por seguir. Foi um caminho “rodeado de livros” que levou João Ventura ao início da promissora carreira de investigador. O cientista acredita que esse início, “essa liberdade de criação que a leitura oferece”, ainda em criança, foi fundamental para desenvolver a sua curiosidade científica: “Talvez mais importante que fornecer às crianças direções para as profissões que poderão seguir, que na verdade ainda não sabem quais são, é dar-lhes a liberdade para o desenvolvimento saudável e livre de pensamento. A Ciência surgirá como consequência dessa liberdade.”, conta. E surgiu mesmo, começando pela licenciatura em Física na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), um mestrado em computação e um doutoramento em Física. Em 2008 ingressou no Instituto de Física de Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica da Universidade do Porto (IFIMUP), onde se mantém até hoje como investigador principal. Quando questionado acerca da escolha da Física para o seu percurso académico e profissional, João Ventura afirma acreditar que este ramo da ciência terá um papel fundamental no futuro e na atuação das exigências que nos esperam. Apesar de ser difícil afirmar que outras áreas do saber serão relevantes neste futuro, o investigador acredita que a Física “desempenhará uma função de ligação entre diferentes áreas de investigação, tecnologia e inovação”, uma vez que é uma “área científica de raiz, capaz de ramificar e dar frutos em muitas outras”. “Além desses frutos”, acrescenta João Ventura, “a Física permite que a ação científica seja verdadeiramente transformativa e capaz de responder às exigências de sobrevivência que se aproximam”. Assim, e mesmo tendo tudo começado com a curiosidade inicial de uma criança, a paixão pela Física “tem vindo a transformar-se em motivação de urgência e necessidade”, conta. “Gerar energia elétrica de forma simples e barata” Consciente do importante desafio ambiental que vivemos, neste momento a área de investigação de João Ventura está bastante focada na transformação de diversas formas de energia (particularmente energia mecânica) em energia elétrica útil. “Estou a usar o efeito triboelétrico, um fenómeno conhecido há muito tempo, que consiste na eletrificação de dois materiais (por exemplo vidro e lã) quando estes são friccionados, de um modo novo que permite gerar uma corrente elétrica”. Apesar de, como referiu, este fenómeno já ser conhecido há muito tempo, só com o aparecimento da nanotecnologia é que foi possível utilizar o seu efeito de forma útil. “No meu caso, tenho estado a aplicar este efeito em diversos campos relacionados com a geração de energia elétrica e alimentação de sensores para a internet das coisas que vai revolucionar o nosso dia-a-dia.” Este trabalho dos últimos anos do percurso de João Ventura levou, inclusivamente, à criação da inanoE, uma empresa spin-off da U.Porto da qual o investigador é CEO. Em colaboração com a Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e o INEGI, João Ventura e a sua equipa têm vindo a demonstrar como os nano geradores triboelétricos podem ser aplicados para aproveitar a energia das ondas do mar para gerar energia elétrica de uma forma simples e barata. A par disso, tem estado também a trabalhar com empresas como a Repsol, testando “como se pode aproveitar este efeito para gerar energia elétrica aproveitando o movimento de fluidos em tubagem”, explica. O objetivo é ajudar cada vez mais o planeta, de forma sustentável, no importante desafio energético que tem pela frente nos próximos anos. Contribuir para uma vida sustentável “Contribuir para que na fase adulta da minha filha a vida no planeta seja sustentável” – é este o maior sonho de João Ventura no que ao seu trabalho diz respeito. Atualmente, a complexidade da vida exige um preço energético que “pode ser o da própria vida no planeta”, refere João Ventura. Assim, o investigador gostaria de poder contribuir o mais possível para a sua preservação, contribuindo para a investigação de formas alternativas de recolha e armazenamento de energia: “Esse é um esforço coletivo no qual me agrada estar envolvido e o sonho é que este esforço não seja em vão”, refere. Na sua opinião, a Universidade do Porto é um local privilegiado para atingir isso mesmo. “É uma Universidade flexível, com a liberdade necessária à diversidade da dinâmica do conhecimento. A multidisciplinaridade presente na Universidade do Porto e a competência das suas pessoas permite ir a uma investigação mais aprofundada”, diz. Ao mesmo tempo, o investigador acredita que é necessário melhorar a permeabilidade entre as diferentes áreas do conhecimento dentro da U.Porto, de forma a garantir “uma identidade da investigação científica à escala da universidade e não apenas de faculdades ou mesmo de departamentos”, diz. “Aquilo que as próximas décadas nos vão exigir é um sucessivo aumento de escala identitária e o mesmo sucederá com a investigação. Penso que a escala da Universidade do Porto será um bom primeiro passo para uma investigação articulada que funcione como um único sistema, complexo e adaptativo”, conclui João Ventura. Na sua opinião, enfrentar esse desafio será a melhor forma de garantir “o avanço da investigação como motor de conhecimento e não satélite de uma dinâmica de economia que lhe seja alheia”.

Uma inovadora forma de tratar lesões em tendões e ligamentos

Existe uma grande incidência de lesões de tendões e ligamentos em todo o mundo, quer em jovens quer em idosos. Encontrar soluções eficientes para tratar essas lesões, levando a uma recuperação total do paciente, nem sempre é fácil. Tendo isso em conta, Maria Ascensão Lopes, docente e investigadora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), arregaçou as mangas e procurou saber o que mais poderia ser feito nesse campo. “A ideia surgiu de conversas regulares que tenho com professores e médicos ortopedistas da Faculdade de Medicina da U.Porto, a quem costumo perguntar como um engenheiro pode contribuir para a solução dos seus atuais problemas clínicos”, refere. Assim, a investigadora teve conhecimento que em alguns casos de lesões em tendões e ligamentos não existe, de facto, uma abordagem de tratamento eficiente, sendo que as soluções que têm surgido no mercado demonstram um fraco desempenho a médio/longo prazo. Assim sendo, a equipa liderada Maria Ascensão Lopes – da qual fazem parte Rui Guedes e Diana Morais, também da FEUP, Raúl Fangueiro e Juliana Cruz, da U.Minho, e Tiago Pereira, do ICBAS – desenvolveu estruturas fibrosas biocompatíveis capazes de mimetizar o desempenho mecânico in vivo de alguns tendões/ligamentos. Essas estruturas podem ser usadas “como dispositivo prostético e substituir parcialmente a função do tendão ou ligamento”, refere. Para se chegar ao resultado pretendido, a equipa de investigadores baseou-se numa arquitetura “core/shell”, que permite melhor desempenho mecânico. As estruturas fibrosas biocompatíveis desenvolvidas por esta equipa de cientistas podem ser utilizadas, por exemplo, em lesões do ligamento cruzado anterior ou do tendão de Aquiles, uma vez que permitem “atingir os níveis de carga, rigidez, fluência e resistência à fadiga adequados para estas aplicações”, conta Maria Ascensão Lopes. Além disso, outra das vantagens desta invenção é o revestimento das estruturas: o revestimento interno é bioativo e o revestimento externo pode ser passivo. O que significa isso? Se, por um lado, o revestimento interno permite estimular o povoamento celular, ao mesmo tempo o revestimento exterior desta inovadora “prótese” pode ser antiaderente, o que é muito importante em algumas localizações anatómicas para evitar aderências com os tecidos envolventes. A combinação destes dois fatores é, como refere Maria Ascensão Lopes, o que permite “uma melhor integração a médio/longo prazo” destas estruturas, contribuindo para uma recuperação mais eficiente da lesão. Próximos passos A U.Porto Inovação desenvolveu desde logo esforços de proteção desta invenção, existindo pedidos de patente a nível nacional e também internacional. Também já se deu início a um eventual processo de comercialização da patente e já existem empresas interessadas. “Mal a U.Porto Inovação começou a divulgar a nossa tecnologia surgiram logo algumas empresas de dispositivos médicos da área da ortopedia interessadas nas nossas estruturas”, refere a investigadora. Neste momento, a equipa está concentrada em finalizar os ensaios pré-clínicos em modelo animal para que depois, sim, se possa passar para a fase de “valorizar melhor o conhecimento desenvolvido”, conclui.

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