
A Universidade do Porto, através da U.Porto Inovação, viu recentemente aprovadas quatro candidaturas ao concurso MPr-2024-8 do Portugal 2030.
Os projetos aprovados, todos eles em curso na Faculdade de Engenharia (FEUP), trarão recursos para a Universidade proteger quatro invenções durante três anos, financiando-as num total de 164 mil euros, isto é, 85% do investimento da U.Porto nessas tecnologias. Os projetos são financiados pelos programas Portugal 2030, Compete 2030 e Norte 2030.
As invenções beneficiárias deste financiamento são de equipas de cientistas lideradas por Alexandra Pinto e Fernando Fontes, ambos docentes e investigadores da FEUP.
O projeto GENESIS, liderado por Alexandra Pinto, tem associada uma invenção já com pedidos de patente em Portugal, Europa e Estados Unidos. As outras três tecnologias compõem o projeto UPWIND, liderado por Fernando Fontes, e contam já com pedidos de patente internacional.
Soluções energéticas sustentáveis “made in” U.Porto
As quatro tecnologias selecionadas têm um fator em comum: a preocupação com o meio ambiente e com uma produção de energia sustentável.
Posicionando-se como uma “solução limpa, segura e eficiente”, o GENESIS produz hidrogénio e eletricidade diretamente em pequenas embarcações, sem emissões. Para isso utiliza “cartuchos recarregáveis e subprodutos valorizáveis contribuindo ativamente para a transição energética e descarbonização do setor marítimo.
A invenção ficou em 2º lugar na primeira edição do BIP Acceleration e foi uma das selecionadas para receber financiamento na mais recente edição do BIP PROOF.
“Este financiamento é crucial para apoiar de forma significativa os custos associados à proteção da propriedade intelectual, permitindo à equipa canalizar mais recursos para o desenvolvimento e validação da tecnologia”, refere Alexandra Pinto, docente e investigadora da FEUP.
A líder do projeto acrescenta ainda que este apoio vai permitir acelerar “o caminho para a comercialização e fortalecer a posição competitiva do projeto no setor da energia limpa.”
Já o projeto UPWIND consiste mum gerador portátil e de rápida instalação para produção de eletricidade com base em energia renovável eólica. Foi desenvolvido por quatro investigadores do SYSTEC – Centro de Sistemas e Tecnologias da FEUP: Fernando Fontes, Luís Tiago Paiva, Manuel C.R.M. Fernandes e Sérgio Vinha.
Para a equipa, este financiamento é “essencial” uma vez que permite a proteção via patente em vários territórios de uma “tecnologia com impacto global, resultante de vários anos de investigação”, refere Fernando Fontes.
Este é, assim, um passo estratégico que “reforça a credibilidade do projeto, torna-o mais atrativo para futuros investidores e garante condições para transformar conhecimento académico em valor económico e social”.
O UPWIND conquistou o 3º lugar na edição de 2024 do iUP25k e o 2º lugar no BIP Acceleration. Também foram selecionados para financiamento no BIP PROOF, edição 2024/2025, garantindo um financiamento de 10 mil euros. Todas estas iniciativas são da responsabilidade da U.Porto Inovação, com o apoio de parceiros.
De olhos postos na transição energética e no meio ambiente
Para a equipa por detrás do GENESIS, é urgente desenvolver soluções alternativas sustentáveis no setor marítimo face ao “aumento exponencial do consumo de energia elétrica e à elevada dependência, principalmente no caso de pequenas embarcações, de combustíveis fósseis e poluentes”.
Alexandra Pinto revela avanços significativos na área de investigação a que se dedica, algo que, explica, tem possibilitado novos estudos e análises mais detalhadas dentro do laboratório, mas também contactos e visitas técnicas a locais de aplicação real da tecnologia, “com vista à realização das primeiras provas de conceito em embarcações de pesca e recreio”. Além disso, a curto/médio prazo pretendem também testar a tecnologia em barcos maiores.
Já Fernando Fontes e a sua equipa têm parte do foco em alargar o acesso a energia acessível como é o caso de comunidades remotas ou sítios com necessidades temporárias de eletricidade (construções, minas, eventos). “Os geradores a combustível que, por norma, se utilizam nestas situações, são muito poluentes e têm elevados custos de operação”.
O UPWIND pode vir a ser a solução para esse problema, sendo um projeto que “desenvolve soluções para o aproveitamento de uma fonte de energia renovável – a energia eólica de alta altitude – que, neste momento, não está a ser explorada”. Como tal, é uma alternativa que pode contribuir muito para a tão importante transição energética e “para a criação de soluções de energia limpa em comunidades isoladas”, concluem.







