Dos 347 pedidos de patente europeia que saíram de Portugal o ano passado, pelo menos 22 tiveram origem na Universidade do Porto ou nos seus Institutos Associados. Os dados constam no último relatório anual do European Patent Office (EPO), publicado esta semana pela organização.
Os resultados voltam a colocar a U.Porto como a universidade portuguesa que mais registos de patentes solicitou a nível europeu no ano passado (10 pedidos, segundo o relatório). Além disso, a U.Porto está em terceiro lugar na lista de entidades portuguesas que mais pedidos europeus submeteram, só atrás da NOS Inovação e da Altice Labs.
Os 10 pedidos de patente europeia com origem na Universidade do Porto – e geridos pela U.Porto Inovação – surgiram a partir de invenções criadas por cientistas das faculdades de Ciências (FCUP), Engenharia (FEUP), Farmácia (FFUP), Medicina Dentária (FMDUP) e também do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Contemplam tecnologias de áreas científicas diversas, destacando-se a Saúde e a Energia. Falamos de compostos anti-incrustantes, soluções de prevenção e tratamento de doenças da pele, substâncias antimicrobianas, elementos análogos a nutrientes, entre outras soluções.
Em 2024, houve ainda a concessão de três pedidos europeus feitos em nome da U.Porto, dois relativos a invenções nascidas na FFUP e um da Faculdade de Desporto (FADEUP). Essas tecnologias encontram-se concedidas em mais de uma dezena de países europeus, ao abrigo do novo sistema de patente europeia com efeito unitário que entrou em vigor em junho de 2023. Este sistema “oferece uma via simplificada para proteção por patente, uniforme e territorialmente ampla, reduzindo significativamente a burocracia e os custos”, pode ler-se no site do Instituto de Propriedade Industrial (INPI).
No que diz respeito aos Institutos Associados da U.Porto, o INESC TEC submeteu cinco pedidos de patente ao EPO em 2024. Falamos de invenções relacionadas com agricultura de precisão, telecomunicações inteligentes ou fabricação de equipamentos com potenciais aplicações no diagnóstico de doenças ou na deteção de poluentes. Além disso, o Instituto também conseguiu alcançar três concessões de patente na Europa no ano passado.
O Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) também entra nas contas, com três pedidos de patente europeia submetidos em 2024. As tecnologias em questão atuam na área de dispositivos inovadores para gestão ambiental e também nos novos compostos biomarinhos ativos.
Já o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto (i3S) foi responsável por dois pedidos de patente europeia no ano passado, ao passo que o REQUIMTE - Rede de Química e Tecnologia e o INEGI - Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial, registaram um pedido de patente europeia cada um.
Esta é a sexta vez que a Universidade sobe ao pódio do EPO, repetindo, assim, os feitos de 2023 (29 pedidos), 2020 (23 pedidos), 2019 (17 pedidos), 2018 (17 pedidos) e 2017 (12 pedidos).
Portugal patenteia acima da média da União Europeia
A nível nacional, a prestação de Portugal também é de assinalar, com os pedidos de patente a subirem acima da média europeia e a atingirem um novo recorde. Em 2023 tinham sido 329 pedidos, e este ano foram 347, o que representa um crescimento homólogo de 4,8% num ano em que os pedidos dos 27 estados membros da União Europeia (UE) recuaram 0,4%.
Assim, o número de pedidos de patente europeia realizados por cientistas de Portugal tem mantido uma trajetória ascendente desde 2020, com um total de 1432 pedidos e um aumento, em cinco anos, de 38,2%
De destacar ainda que Portugal é o país da UE com maior percentagem de pedidos de patentes com a participação de, pelo menos, uma mulher, sendo que 48% dos pedidos submetidos em 2024 contam com a participação de mulheres.
No que diz respeito às empresas a tendência de crescimento mantém-se. A NOS Inovação volta a destacar-se no primeiro lugar, com 22 pedidos em 2024. Logo depois surge a Altice Labs, com 11 pedidos. A novidade deste ano está na ausência da Delta no ranking e também as chamadas empresas startup “unicórnio” – como é o caso da Strong Health, que ocupou o segundo lugar em 2023.
Apesar de as empresas estarem, inegavelmente, a ganhar terreno, metade do top 10 de requerentes indicados pelo EPO são universidades ou centros de investigação. No ranking de 2024 aparecem a Universidade do Porto e o INESC TEC, bem como as Universidades de Aveiro, Minho e Nova de Lisboa, com 5 pedidos cada.