Veronica Orvalho estudou na Argentina, Estados Unidos e Espanha. Mas é em Portugal que está agora, enquanto docente e investigadora da Faculdade de Ciências da U.Porto. Faz parte da equipa vencedora da edição de 2015 do iUP25k, com uma tecnologia que permite a criação de Avatares. 

FaceDecode – We make faces é uma aplicação que permite a criação de avatares de uma forma simples e por qualquer pessoa e Veronica Orvalho, docente e investigadora da FCUP, é uma das mentes por trás desta ideia. Tudo começou com uma licenciatura em Engenharia de Software (Argentina), um Mestrado em Desenvolvimento de Videojogos (Espanha) e um PhD em Computação Gráfica (Espanha). Um percurso académico que, aliado ao trabalho na IBM da Argentina, a fez chegar até aqui: “Comecei a trabalhar aos 18 anos e continuei durante todo o curso. Trabalhava de dia e estudava à noite. [Na IBM] aprendi sobre trabalho em equipa, compromisso, cumprimento de prazos”, conta. Já há 11 anos que Veronica Orvalho trabalha em animação facial, investigando e desenvolvendo soluções que possam acelerar a criação de personagens 3D, uma tarefa que nem sempre é fácil porque requer capacidades artísticas e muitas horas de trabalho. Os contactos com empresas de cinema de animação não responderam ao “porquê” de este processo ser tão complicado, o que aguçou ainda mais a curiosidade da investigadora e a vontade de pesquisar o que podia ser feito. Até que, há cinco anos, Veronica Orvalho participou no consórcio do projeto europeu VERE (Virtual Embodiment and Robotic Re-Embodiment), onde começou a trabalhar efetivamente numa maneira de avançar com esse sonho. “Hoje estou feliz por conseguir dizer que estamos mais perto do processo de criação automática de personagens em 3D. Agora, qualquer pessoa pode fotografar-se, inserir as imagens na nossa aplicação e obter o seu “eu” virtual”, explica.

Se a tecnologia pudesse ser descrita numa só frase seria “Duplica a tua realidade transformando o teu “eu” real num eu” virtual”, explica a investigadora. É uma aplicação que permite que qualquer pessoa crie, em cerca de vinte minutos, avatares prontos a utilizar em filmes, videojogos e todo o tipo de conteúdos digitais. Além de inovadora a solução é também mais económica do que as atuais, uma vez que contempla todos os passos da produção dos avatares e com equipamentos low-cost (um telemóvel ou uma câmara fotográfica). Os próximos passos estão centrados em consolidar o primeiro grande cliente bem como terminar o primeiro caso de estudo “onde qualquer pessoa deverá poder criar o seu avatar, inserindo-o numa experiência de realidade virtual”, explica Veronica Orvalho. 

 

Maior preocupação é criar mentes abertas

Enquanto docente, Veronica Orvalho olha para os estudantes como os principais atores de uma Universidade e procura formá-los para que sejam seres criativos e pensadores livres. Na opinião da investigadora, nenhum dos inúmeros desafios da U.Porto pode ser ultrapassado sem a personagem principal, os estudantes, a quem gosta de “abrir portas, dar opções e direções que eles possam seguir, ajudando-os a perceber a importância das suas decisões para a sociedade”, conta. A docente encara as mudanças no papel do professor de uma maneira natural, defendendo que, hoje em dia, “já não se trata só de quem é bom a matemática ou letras mas sim o que fazem com as suas capacidades e como contribuem para uma sociedade melhor”, diz.

É por isso que hoje, apesar de o seu sonho de criança ter passado por trabalhar na Organização das Nações Unidas, se sente feliz  e de dever cumprido “se conseguir ajudar a mente de um só estudante”. O seu maior sonho é poder, um dia, ajudar toda a gente a ter acesso à educação, com a certeza de que, “se dermos a todos uma oportunidade de aprender e aplicar o que aprendem, eles podem fazer a diferença”, conclui.

 

(Fotografias: Universidade do Porto)