O acordo foi assinado em 2019 entre U.Porto, U.Minho e OFRTECH, e trata-se de uma licença de exploração exclusiva absoluta. A empresa spin-off foi criada o ano passado e tem como objetivo explorar comercialmente duas tecnologias baseadas em reatores de fluxo oscilatório (do inglês, oscillatory flow reactor (OFR)). A empresa tem direitos sobre fabrico, uso, fruição, venda e locação das duas invenções em questão. No processo de investigação estão envolvidos investigadores do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e do Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho (UM).

“Foi o interesse demonstrado por vários centros de investigação, assim como pelo setor empresarial, nestas tecnologias que acabou por determinar a criação da OFRTECH”, refere António Ferreira (LEPABE/FEUP), um dos inventores envolvidos no processo e que teve a ideia de constituir a empresa. Tudo começou em maio de 2019 e logo depois da criação da spin-off deu-se início ao processo de licenciamento das patentes e do know-how associados às tecnologias junto das Universidades do Porto e Minho.

Falamos de dois reatores de fluxo oscilatório: o Oscillatory Flow Plate Reactor (OFPR) e o Oscillatory Flow Tube Reactor (OFTR). Um é baseado em canais e o outro em tubos, e, como explica António Ferreira, “ambos surgiram da necessidade de intensificar a mistura de diferentes fases – sólida, líquida e gasosa – em processos industriais contínuos”. A eficiência na mistura de soluções é um fator essencial para o sucesso de vários processos industriais. No entanto, as tecnologias usadas atualmente estão longe de serem perfeitas. Problemas como a fraca capacidade de mistura, qualidade do produto, a reprodutibilidade e o aumento de escala são comumente reportados. Os reatores de fluxo oscilatório, desenvolvidos por esta equipa de cientistas liderada por António Ferreira, visam colmatar estas lacunas e reduzir substancialmente os custos operacionais.  Para além disso, estas tecnologias permitem operar em modo semicontínuo e contínuo, uma flexibilidade relevante para a sua adoção em diferentes processos industriais.

“É uma autêntica revolução no processo produtivo”, refere António Ferreira.  A título de exemplo, consegue reduzir-se o tempo de produção de um princípio ativo (API), que ronda atualmente as 10 horas para apenas 7 minutos.  Além disso, explica o investigador, “o footprint foi reduzido de 10-15 m2 para 1 m2 – o equivalente a reduzir um processo do tamanho de uma sala para uma simples secretária”, conclui.

 

Olhos postos no futuro

Marisa Miranda é diretora executiva da OFRTECh e acredita que o potencial dos reatores comercializados “é enorme, não só devido ao espetro de aplicabilidade a diferentes processos de produção, mas também pela sua eficácia que oscila entre 4 a 30 vezes mais do que as soluções atualmente disponíveis no mercado”.  O core business da OFRTECH inclui também o desenvolvimento e investigação de novas unidades de mistura e respetiva venda, “assim como a manutenção dos equipamentos desenvolvidos”, explica a empreendedora.

“Começámos por nos centrar no design do produto transformando a tecnologia licenciada num produto ‘ready to start’, mas simultaneamente arrancámos com a nossa estratégia de vendas”, refere Marisa Miranda.  Os mercados preferenciais são os das áreas farmacêutica, química e biológica e neste momento os reatores comercializados pela OFRTECH já estão a ser aplicados em diferentes unidades de investigação “em processos como a cristalização em contínuo de princípios ativos, purificação de proteínas, tratamento de águas residuais hospitalares, cultivo de microalgas, entre outros”, refere a diretora executiva.

Os planos futuros da jovem empresa passam por “estender a estratégia de vendas à indústria, o que, simultaneamente, implicará um aprofundamento da colaboração entre a empresa e os investigadores”, conclui.