Um GPS sonoro, um método para combater o envelhecimento, novos tratamento para o cancro ou para a leishmaniose, ou um doseador de sal de última geração . Na última década e meia, estas foram apenas algumas das mais de 30 tecnologias inovadoras saídas das “mentes brilhantes” da Universidade do Porto, e é mostrando-as ao mundo que a U.Porto inovação comemora, esta segunda-feira, 15 anos de existência.
“Um minuto de inovação” por semana é a proposta que a U.Porto Inovação preparou para dar a conhecer “as mentes brilhantes da Universidade do Porto e as inovações que vão mudar o nosso futuro. Tudo isto ao longo de uma série de 32 vídeos (alguns dos quais já disponíveis no Youtube) produzidos ao longo do último ano e que serão disponibilizados, a partir de 17 de abril, nas redes sociais da U.Porto (Facebook, LinkedIn, etc.).
15 anos a proteger o conhecimento "made in U.Porto"
Estávamos em 2004 quando se tornou clara a necessidade de criar uma estrutura capaz de apoiar a proteção e a valorização do conhecimento produzido dentro da U.Porto. Havia que estar mais perto dos investigadores e ajudá-los a proteger o seu trabalho, aproximá-los do mundo empresarial e estimular o espírito empreendedor. Em cima desses pilares, foi lançada a U.Porto Inovação, na altura UPIN.
Após a mudança da equipa reitoral em 2018, a tutela da U.Porto Inovação ficou a cargo de Helder Vasconcelos. Para o vice-reitor, “a inovação e o empreendedorismo são há muito reconhecidos como fatores determinantes para o crescimento económico”. Nesse sentido, considera que a U.Porto Inovação tem um “papel fundamental em assegurar que os resultados da inovação e empreendedorismo da U.Porto passam para o setor privado”. E o apoio da cadeia de valor da Universidade, promovendo a transferência de conhecimento, é uma das missões principais da U.Porto Inovação.
A primeira comunicação de invenção da U.Porto data de 2003, ainda antes da criação do gabinete. Como era urgente encontrar maneiras de salvaguardar os interesses dos investigadores e da Universidade no que às invenções dizia respeito foi aprovado, em 2005, o primeiro Regulamento de Propriedade Intelectual da Universidade do Porto (RPIUP). Juntamente com a criação da U.Porto Inovação (um dos responsáveis pelo RPIUP), esta foi a pedra basilar para que se passasse a proporcionar aos colaboradores da U.Porto o acesso direto aos benefícios resultantes da valorização dos direitos de propriedade industrial.
Desde então, a U.Porto Inovação já recebeu mais de 350 comunicações de invenção, provenientes de quase todas as faculdades da U.Porto. De 2003 até à data, foram submetidos perto de 500 pedidos de patente nacional e internacional, estando a Universidade perto de alcançar as 200 concessões de patente em territórios como Portugal, Europa, Estados Unidos, Japão, Rússia, entre outros. Hoje, a U.Porto Inovação gere um portfolio de mais de 300 patentes e pedidos de patentes, a que chama patentes ativas.
Para Maria Oliveira, coordenadora do gabinete de 2008, os anos passados estão “repletos de motivos de orgulho” e este portfolio de patentes, gerido pela equipa, e algo inexistente na Universidade até à criação da U.Porto Inovação, é um deles. Prova disso é o facto de por mais que uma vez, em anos diferentes, a Universidade do Porto ter sido a universidade portuguesa que mais procura a patente. Em 2018, por exemplo, ficou em primeiro lugar tanto no pedido de patentes europeias como portuguesas.
Apesar da importância da proteção da Propriedade Intelectual (PI), não menos fundamental é a valorização do conhecimento gerado na instituição. Ao longo dos anos foram várias as iniciativas da U.Porto Inovação pensadas com esse objetivo, como é o caso do Business Ignition Programme, que teve seis edições, ou o mais recente BIP Proof que, com o apoio do Norte 2020, Portugal 2020, União Europeia e da Fundação Amadeu Dias, apoiou monetariamente 11 tecnologias com valores entre os 10 e os 20 mil euros, ajudando na construção de provas de conceito.
Alavancar o empreendedorismo e chegar às empresas
Além do apoio à proteção das invenções, a U.Porto Inovação também se tem dedicado ao apoio do empreendedorismo na comunidade académica. E isso pode acontecer em forma de acompanhamento pessoal e direcionado, na fase de uma simples ideia de negócio, ou do apoio a jovens empresas nascidas na Universidade. Em 2010 a Inovapotek tornava-se a primeira empresa a receber a chancela spin-off U.Porto, selo criado para identificar, validar e estimular a criação de empresas no seio da Universidade. Hoje em dia são já 80 as empresas chanceladas e o The Circle, grupo criado em 2016 para reunir os empresários em fóruns e debates, agilizando a troca de experiências entre si.
Além disso, entre 2010 e 2016 a U.Porto Inovação organizou o iUP25k, iniciativa que atribuía 25.000 euros em prémios às melhores ideias de negócio da Universidade do Porto. Até 2016, ano da última edição, passaram pelo concurso de ideias de negócio da Universidade do Porto perto de 300 ideias e mais de 700 participantes.
De ressalvar também é o papel do gabinete no cumprimento da Terceira Missão da Universidade do Porto, isto é, o aproximar da comunidade académica ao tecido empresarial. Com o objetivo de apoiar o esforço de inovação das empresas, a U.Porto Inovação criou, em 2011, as sessões Academia to Business (A2B). A iniciativa promove encontros entre grupos de investigação e empresas, com o intuito de formar parcerias e já foram realizados mais de 40 fóruns, com mais de 1200 participantes. Sonae Retalho, Amorim, Galp, Forestis, Samsung, Grupo Trivalor, são alguns dos parceiros da U.Porto Inovação nesta iniciativa.
Equipa focada em apoiar as missões da U.Porto
Atualmente a U.Porto Inovação conta com dez colaboradores permanentes, mas recebe frequentemente prestadores de serviços, em regime de part-time, ao abrigo do programa UPinTech. Desde 2011 já passaram por esta iniciativa perto de 50 pessoas, às quais é proporcionada a oportunidade de contacto direto com os processos de PI, com inventores e empresas. Muitos destes colaboradores conseguiram, depois da passagem pela U.Porto Inovação, boas oportunidades de emprego.
Maria Oliveira fala da equipa que lidera, tanto a permanente como a estagiária, como uma das principais razões para o sucesso de todas as iniciativas do gabinete: “O espírito de entreajuda, motivação e profissionalismo estão sempre presentes”, diz. No entanto, a vontade é sempre de continuar a fazer mais e melhor: “queremos chegar a toda a universidade e dar resposta atempada e adequada aos desafios de inovação que nos são colocados”, conclui.