“É uma prótese dentária modificada, aparafusada a implantes, de modo a proteger o tecido ósseo”. É desta forma que José Ferreira começa por descrever o produto da sua investigação, desenvolvida durante o doutoramento na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. O caráter inovador do seu estudo fez com que a invenção chegasse até à U.Porto Inovação e esteja, neste momento, com pedidos de patente internacionais ativos.

A ideia surgiu da necessidade clínica de reabilitar a dentição a pacientes que por perda de dentes, uso prolongado de próteses removíveis ou outro motivo, apresentem perdas de osso acentuadas: “O objetivo é repor os dentes em falta de uma forma mais fácil, mas que, simultaneamente, assegure uma alta probabilidade de sucesso”, refere José Ferreira.

Explicando de forma mais simples, a invenção de José Ferreira para revolucionar o mundo das próteses dentárias consiste na criação de um fusível mecânico na própria prótese, ou seja, “um elemento frágil que será o primeiro a deformar-se no caso de a prótese ser sujeita a uma força de mastigação demasiado elevada ou pela fadiga natural após alguns milhares de ciclos normais de mastigação”, explica o investigador. Os ensaios efetuados mostram que esta tecnologia terá um maior efeito protetor do tecido ósseo, uma vez que o tal fusível mecânico se deforma antes que se gerem tensões que levem a perda óssea em redor dos implantes.

Além disso, esta nova prótese modificada pode ser utilizada em casos de acentuada diminuição do volume ósseo mandibular ou maxilar em que haja a possibilidade de recorrer aos implantes dentários curtos. Situações clínicas essas em que “a perda de osso é compensada com o aumento do tamanho da prótese, o que tem como consequência um efeito de alavanca que leva a tensões na região da união implante-coroa-osso marginal, com efeitos potencialmente nocivos”, explica José Ferreira.

Outras soluções atualmente disponíveis no mercado podem, indica o cientista, trazer piores consequências para o paciente e não garantir o sucesso do procedimento. É o caso, por exemplo, das técnicas de regeneração óssea, cujo objetivo é aumentar o volume ósseo disponível para ser possível colocar implantes mais longos: “Esta é uma alternativa mais demorada, mais cara, de grande complexidade técnica e também está associada a maior dor e desconforto, bem como com menor aceitação por parte dos pacientes”, conta José Ferreira.

Assim, o processo por si idealizado traz vantagens em todos os parâmetros, uma vez que se trata de uma tecnologia minimamente invasiva, mais económica, menos complexa e, além disso, a principal vantagem, é “ósseo-protetora”, refere o investigador.

Proteger, valorizar, comercializar

Dado o interesse e aplicabilidade da invenção, a U.Porto Inovação tem apoiado tanto o processo de comercialização como de proteção. A tecnologia tem, neste momento, ativo um pedido de patente internacional (PCT) e também um pedido de patente na Europa.

Dado o interesse e aplicabilidade da invenção, a U.Porto Inovação tem apoiado tanto o processo de comercialização como de proteção. A tecnologia tem, neste momento, ativo um um pedido de patente na Europa.

O objetivo principal do investigador, neste momento, é divulgar ao máximo a tecnologia junto de empresas da área da implantologia e da maquinação de próteses dentárias. Ao mesmo tempo, e também graças aos contactos com algumas das maiores empresas da área, estão também a decorrer diálogos com a FEUP e INEGI, no sentido de prosseguir a investigação “com vista à aproximação do conceito provado experimentalmente de um produto acabado e pronto para utilização clínica”, conclui José Ferreira.