“A instalação foi concebida de forma a que o espaço possa ser arrefecido no verão e aquecido no inverno, para um melhor aproveitamento da radiação solar ao longo do ano”, explica o inventor Szabolcs Varga, do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) e da Faculdade de Engenharia da U.Porto, em entrevista à U.Porto Inovação. A tecnologia, desenvolvida numa parceria com o INEGI e que envolveu 9 investigadores doutorados (Szabolcs Varga, Ana Palmero, Armando Oliveira, Clito Afonso, Carlos António, Catarina Castro, António Lopes, Fernando Almeida e João Carneiro) e ainda três bolseiros (Pedro Lebre, João Soares e Paulo Pereira) foi apresentada ao público no passado mês de junho. Está a ser desenvolvida desde 2011.

Mas como surgiu a ideia? Na verdade, como explicou Szabolcs Varga, a associação da energia solar aos aparelhos de ar condicionado não é nova, tendo as primeiras tentativas aparecido durante a década de 70, durante a conhecida primeira crise do mercado energético. No entanto, eram aparelhos demasiado dispendiosos o que constituía uma “barreira para o seu aparecimento em grande escala no mercado”, explica o investigador. À medida que o tempo foi passando, contudo, a utilização de energias renováveis começou a ser fortemente apoiada pela União Europeia, estando criadas condições para um maior desenvolvimento tecnológico destes aparelhos, com custos menores e utilização em grande escala. Na opinião de Szabolcs Varga, um dos fatores mais importantes é, precisamente, o custo: “Um sistema com maior potencial deve ser simples, robusto e de baixo custo”.

A inovação desta equipa consiste, então, na invenção de um sistema de arrefecimento que inclui um ejetor com geometria variável (isto é, que se adapta ao ambiente frio ou quente), o que só por si já á “atraente pela simplicidade estrutural, baixo custo inicial, longa vida útil e relativa flexibilidade em termos de seleção de refrigerante”. Depois de algumas tentativas menos bem-sucedidas para desenvolver um sistema ejetor que utilizava água como fluido, a equipa decidiu tomar um outro rumo: “Propusemos o desenvolvimento de um ejetor com geometria variável e respetivo sistema de controlo. Depois de desenvolver o equipamento, construiu-se uma instalação de demonstração da tecnologia para provar o conceito”, conta o inventor. Isto é: falamos de um sistema de ar condicionado que aproveita de maneira mais eficaz a radiação solar durante todo o ano e não apenas nos meses mais quentes, recorrendo a um ejetor de geometria variável.

A equipa procurou financiamento público para a concretização da ideia em duas candidaturas de projetos à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), ambas aprovadas em 2010 e 2013. Uma vez implementado um protótipo funcional, os investigadores não tencionam parar por aqui: os próximos passos são continuar a recolher dados de desempenho e ganhar cada vez mais experiência para funcionar com o sistema, testando-o.

Szabolcs Varga acrescenta ainda que um desejo comum a todo o grupo é “atrair investidores ou fabricantes que possam ter interesse em elaborar um projeto industrial, do qual resultaria um produto ou gama de produtos para o mercado”, conclui.