Foi no início do mês de novembro que uma comitiva da Universidade do Porto rumou às instalações da Casa Alta, empresa sedeada no Alentejo. A sessão A2B (Academia to Business) contou com a presença de uma dezena de cientistas da Universidade, das mais diversas áreas de estudo, interessados em conhecer melhor a empresa alentejana que tem no azeite o seu principal foco.
A produção de azeite em Portugal tem registado recordes sucessivos nos últimos anos, sendo um setor com um enorme potencial de crescimento. A Casa Alta tem sido uma assumida promotora da área, e pretende continuar a apoiar o desenvolvimento da agroindústria nacional através da estimulação do crescimento do setor oleícola e da produção sustentável de azeite. As preocupações da empresa são tanto de caráter económico como ambiental.
Esta instalação da Casa Alta no Alentejo recolhe, atualmente, bagaço de azeitona de duas fases de lagares no Alentejo com o objetivo de extrair óleo a partir desta biomassa, obtendo assim o caroço e bagaço de azeitona extratado. Assim, foram vários os investigadores da U.Porto interessados em expor aos seus trabalhos aos representantes da Casa Alta, na esperança que daí possam surgir colaborações frutíferas. É o caso de Soraia Neves, investigadora auxiliar do CEFT, Centro de Estudos de Fenómenos de Transporte, Unidade de Investigação da Faculdade de Engenharia da U.Porto.
Na opinião da cientista, este tipo de encontros é uma “situação vantajosa tanto para a academia como para a indústria, uma vez que cria um espaço para a partilha de conhecimento e o confronto de desafios, facilitando o encontrar de soluções com impacto”. A engenheira química achou particularmente interessante poder observar os processos da empresa, assim como perceber que “existem empresas portuguesas a investir em processos disruptivos e a procurar ativamente novas ideias e soluções”, acrescenta. Além da experiência, Soraia Neves trouxe para “casa” uma amostra de bagaço de azeitona, cedida pela empresa. Irá utilizá-la para “explorar novas aplicações do subproduto no tingimento de têxteis”, trabalho que está a desenvolver em colaboração com investigadores do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
Além de Soraia Neves, investigadores das faculdades de Ciências, Engenharia, e Farmácia, bem como cientistas do CIIMAR e do GreenUPorto quiserem marcar presença. O grupo teve oportunidade de oportunidade de visitar a unidade de extração de óleo de bagaço de azeitona da empresa e também a Zeyton, uma startup tecnológica lá sediada que produz nutracêuticos também a partir do bagaço de azeitona, usando uma tecnologia patenteada e amiga do ambiente
A Casa Alta junta-se, assim, à “família A2B”, esse grande grupo de empresas e cientistas apostados em aproximar cada vez mais o meio académico do empresarial. O objetivo das sessões A2B é apoiar o esforço de inovação da indústria, promovendo o encontro entre grupos de investigação e empresas com o intuito de formar parcerias que assegurem uma maior eficácia da transferência e valorização de conhecimento. Estas sessões, que podem ter lugar tanto na Universidade como nas empresas, proporcionam o reforço dos laços entre os investigadores e os membros da indústria, criando assim as condições ideais para uma investigação aplicada aos desafios que as empresas enfrentam num mundo cada vez mais competitivo.
As sessões A2B começaram em 2011 e, desde então, já se realizaram mais de 70 encontros.