"A nossa missão é oferecer alternativas alimentares saudáveis através da introdução de fontes de proteína alternativas e ecologicamente sustentáveis”. São palavras de Guilherme Pereira e Sara Martins, as mentes por trás de uma extensa gama de inovadores produtos alimentares produzidos à base de insetos.

Com a sua “casa” na Universidade do Porto, Guilherme e Sara decidiram, em 2021, criar a empresa Portugal Bugs – que está, atualmente, incubada na UPTEC, e que recebeu, em 2023, a chancela spin-off U.Porto. Os snacks produzidos pelos empreendedores já começaram a “voar” para a Europa, com exportações para Espanha, e, como se costuma dizer: o céu é o limite.

Tudo começou no final da licenciatura em Ciências de Engenharia (perfil Engenharia Alimentar) pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP). Desafiado por um dos seus professores, Guilherme Pereira desenvolveu uma barra energética utilizando farinhas de insetos. “O sucesso do produto foi tanto que nos impulsionou a dedicar tempo à pesquisa e estudo destas proteínas alternativas”, referem. Ao longo deste período, Guilherme e Sara constataram que os insetos já eram indicados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura como uma das soluções para a necessidade crescente de novas fontes de proteína e, por isso, decidiram arriscar: “Começámos a produzir larvas de Tenebrio Molitor na nossa garagem e continuámos a desenvolver novos produtos, de forma a estarmos preparados para a entrada no mercado logo que a legislação o permitisse”, contam.

Entre os produtos criados e comercializados pela Portugal Bugs podemos encontrar barras energéticas, chocolates, bolachas ou farinha de inseto. Além disso, têm ainda disponíveis caixas com insetos desidratados temperados com sal, tomate e orégãos, tomilho e pimenta, entre outras opções. Variedade de produtos foi uma das preocupações de Guilherme e Sara, pois uma das preocupações era conseguir reduzir o “impacto ambiental da população sem exigir uma mudança forçada nos seus hábitos de consumo”. Isso levou-os a criar alimentos que se integram de forma natural no dia a dia do consumidor. Um dos próximos objetivos da Portugal Bugs é tornar este tipo de alimentação mais acessível a toda a população.

 

Empowering Women in Agrofood: "um reconhecimento árduo do nosso trabalho"

Este ano a Portugal Bugs ficou em primeiro lugar na 4.ª edição da final portuguesa do Empowering Women in Agrifood, o programa do EIT Food, implementado em Portugal com a colaboração UPTEC e da Portuguese Women in Tech (PWIT). Além do prémio monetário, no valor de 10.000 euros, que lhes vai permitir investir mais rapidamente no reconhecimento da marca e no desenvolvimento de novos produtos, os fundadores consideram “extremamente gratificante” ver o seu esforço reconhecido. “Além disso, valorizamos muito o reconhecimento e apoio a projetos liderados por mulheres, pois é um incentivo para que mais mulheres se lancem no mundo do empreendedorismo”, referem.

O apoio da Universidade do Porto na jornada da Portugal Bugs tem sido, nas palavras dos seus fundadores, “crucial como um parceiro de excelência”. A disponibilidade para apoiar o desenvolvimento de projetos inovadores, apoiando o crescimento de negócios é, para a equipa, “fundamental”. Assim, Guilherme e Sara esperam que esta parceria se mantenha, quer para este quer para outros projetos que venham a desenvolver.

O futuro adivinha-se bem-sucedido e Guilherme e Sara arregaçam as mangas todos os dias para que assim seja. A curto prazo, estão concentrados em concluir a primeira ronda de investimento, atualmente em curso, o que permitirá avançar mais rapidamente nos planos que têm para a Portugal Bugs a médio e a longo prazo. “Planeamos reforçar a nossa equipa comercial para expandir rapidamente para o mercado internacional, especialmente na Europa Central, e passar de seguida para o lançamento no continente americano.” Assim, a equipa tem investido bastante em marketing e comunicação, de forma a aumentar o reconhecimento da marca nos mercados-alvo.

Ao mesmo tempo, não deixam de lado a missão de serem impulsionadores no desenvolvimento de produtos alimentares com insetos, uma área que consideram fundamental para um futuro sustentável. Para alcançar esse objetivo pretendem expandir a linha de produtos “incluindo categorias de maior procura como snacks salgados e alternativas à carne”. Guilherme e Sara consideram este passo “crucial para satisfazer as necessidades do mercado e afirmar a presença da empresa no setor”.