A patente do investigador destina-se a substituir as cortinas e permitir o aproveitamento da energia solar e está concedida em Portugal e nos Estados Unidos e a ideia surgiu quando José Cavalheiro identificou a necessidade de simplificar os tradicionais “cortinados estores” das janelas de hotéis, uma vez que são sistemas caros e sempre sujeitos a avarias frequentes. Este aspeto aliado ao já conhecido desperdício de energia, fez nascer a “janela inteligente”.
Apesar de ainda não terem sido feitas provas no mercado, o antigo professor da FEUP acredita que, enquanto ideia, a “janela inteligente” é um sucesso. Dificuldades à parte, José Cavalheiro tem tentado, com o apoio da UPIN, divulgar o sistema junto de empresas interessadas na ideia mas, como o próprio refere, embora tenham sido abordadas várias empresas da área, as mesmas, “ainda não se empenharam suficientemente para conseguirem, em tempo útil apresentar soluções construtivas compatíveis com o mercado”.
O que é a janela inteligente?
Trata-se, como o próprio nome indica, de uma janela, que pode ser utilizada também como portada ou claraboia, integrando-se em harmonia na estrutura dos edifícios, “ao contrário do que acontece com os painéis solares convencionais”, diz José Cavalheiro. Explicada de forma simples, “a janela permite um grande aproveitamento da energia solar regulando de forma gradual a intensidade de luz que entra num edifício através da sua capacidade de absorção de energia solar por um filme líquido de espessura variável”, conta o investigador. Além disso, a “janela inteligente” permite, conforme se deseje, tanto o sombreamento (sem perda de visibilidade) como o completo isolamento luminoso da divisão onde a janela estiver instalada.
A janela inteligente aproveita a energia solar.
“Os caixilhos de suporte dos vidros são ligados por uma membrana flexível que permite alterar a distância entre os vidros e daí fazer variar a espessura do filme líquido. A espessura do mesmo é alterada em função do nível de vácuo aplicado a um depósito para e de onde o líquido pode ser transferido. A pressão interna, inferior à atmosférica, permite compensar a coluna de líquido que de outro modo exerceria uma grande força sobre os vidros. Quando entra líquido para o espaço entre os dois vidros a janela escurece, de forma uniforme e gradual, passando a absorver a energia solar incidente”, explica o investigador.
Quanto aos próximos passos a dar, José Cavalheiro refere que “está a ser construída uma nova versão da janela pela Ourseal, empresa ligada às energias renováveis que pretende fazer a demonstração usando tecnologia de produção mais próxima de uma versão comercial”. A tecnologia está patenteada em Portugal e Estados Unidos, encontrando-se em análise a possibilidade de concessão na Europa. O Professor José Cavalheiro está, neste momento, aposentado mas tal não significa que esteja parado pois mantém ligação à U.Porto através dos projetos de I&D que continua a empreender na área dos materiais. Está também envolvido em iniciativas cívicas que, não sendo tecnológicas, procuram trazer inovação à nossa sociedade.