Trata-se da primeira vacina – a PNV 1 – eficaz e totalmente voltada para a prevenção de infecções provocadas por todos os serotipos de um conjunto de bactérias, incluindo multirresistentes, com o objetivo de abranger toda a população desde recém-nascidos até idosos. Foi desenvolvida pela Immunethep (empresa spin-off da Universidade do Porto), baseada na investigação no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) numa equipa liderada pela investigadora Paula Ferreira. E acaba de garantir a primeira concessão de uma patente “made in U.Porto” na Índia e em Hong Kong

As infeções bacterianas são uma das principais causas de morte em todo o mundo, e combatê-las tem sido o principal foco da Immunethep desde 2014. Este dado aumenta a importância deste tipo de descobertas e, posteriormente, concessões de patente. Falando mais concretamente da Índia, Pedro Madureira , membro da equipa de investigação e Diretor Científico da Immunethep, realça a importância desta conquista: “A Índia é um dos países onde a incidência de infeções bacterianas é muito elevada e onde, anualmente, morrem cerca de 200.000 pessoas por causa disso”.

A concessão de patente é, na opinião do investigador, muito importante, e um primeiro passo para o real objetivo da Immunethep ao desenvolver este tipo de produtos: “fazê-los chegar, efetivamente, a estes países e, assim, contribuir para um controlo mais efetivo destas infeções bacterianas”, explica.

Para além da Índia e de Hong Kong, a patente já está concedida em mais de 40 territórios, incluindo Portugal, Canadá, e mais de 30 países europeus.

Nova esperança contra as infeções bacterianas

A vacina PNV1 foi desenvolvida com base na descoberta de um novo mecanismo de imunossupressão partilhado por algumas das bactérias mais perigosas e mortais (Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae, Klebsiella pneumoniae, Escherichia Coli e Streptococcus do grupo B). Baseada no conhecimento deste mesmo mecanismo bacteriano, a Immunethep está também a desenvolver anticorpos monoclonais que podem ser usados como tratamento em pessoas já infetadas.

Os próximos passos incluem “finalizar o desenvolvimento desses anticorpos e entrar com a vacina em ensaios clínicos”, refere Pedro Madureira. O investigador e empresário acrescenta que esta parte do processo implica um “investimento significativo”, e garanti-lo tem sido o principal foco da Immunethep.  Recentemente fecharam um acordo de colaboração com a Merck & Co. (MSD) o que já lhes permitiu um grande avanço.

Recorde-se que a Immunethep está perto de ser a primeira empresa portuguesa a terminar o desenvolvimento de uma vacina contra a COVID-19, tendo já terminado os ensaios clínicos com resultados muito promissores.