André Riboira e Rui Maranhão com o vice-reitor Jorge Gonçalves na final do iUP25k 2012

Explicado de forma simples, o Remote Debugging Service (RDS) é “semelhante a um hospital de software”, como diz André Riboira, um dos inventores da tecnologia. Normalmente um software tem bugs, conseguem ver-se os “sintomas, mas as causas são difíceis de descobrir”. A tecnologia consiste numa aplicação informática que permite reduzir os custos que estão normalmente associados aos erros de programação de software. Ao identificar problemas de lentidão, crashes ou resultados inesperados, o RDS analisa o software e “cria um diagnóstico que indica quais as localizações mais prováveis dos problemas para que os programadores os possam corrigir”, explica André Riboira. O RDS chega a reduzir o tempo utilizado neste tipo de tarefas em cerca de 75%.

A ideia surgiu na sequência de experiências feitas na indústria, onde os dois investigadores concluíram que as técnicas de análise existentes não podiam ser aplicadas em muitos casos reais. André chega mesmo a dizer que quando os sistemas “utilizam várias tecnologias distintas e vários dispositivos, a aplicação das técnicas atuais era impraticável”. Face a este problema, a dupla arregaçou as mangas e lançou mãos ao trabalho: “Sabíamos que tínhamos de resolver este problema”, refere André.

O apoio da UPIN – Universidade do Porto Inovação

Tendo a consciência de que esta ideia nasceu de uma necessidade clara para resolver um problema existente, André e Rui souberam, desde logo, que a tecnologia teria um grande potencial para ser comercializada. Procurando apoios para um processo que se revelava longo e trabalhoso, recorreram à UPIN, o gabinete de transferência de tecnologia da Universidade do Porto. “A UPIN foi o nosso GPS”, diz André Riboira. “Deu-nos as indicações certas para que a ideia saísse da FEUP e seguisse um bom caminho até chegar aos investidores”. A UPIN acompanhou o desenvolvimento da tecnologia, auxiliando os investigadores em todas as questões relacionadas com a propriedade intelectual e proteção da mesma.

Além disso, foi também através da UPIN que o RDS conquistou o seu primeiro prémio: no concurso de ideias da Universidade do Porto, iUP25k. Tendo já sido submetido o pedido provisório de patente em Fevereiro de 2012, André e Rui levaram a ideia a concurso acabando por conquistar o segundo lugar. “Os prémios que recebemos foram a demonstração que não somos só nós a acreditar na nossa ideia – indicam-nos diretamente que os investidores consideram a tecnologia rentável e sabemos agora que há um interesse enorme em testar o nosso serviço”, conta André Riboira, acrescentando ainda que estas vitórias foram “a confirmação que faltava para partimos para a criação da empresa, confiantes no seu futuro”.

Quanto ao dinheiro recebido nos concursos, André revela que todos os proveitos estão a ser canalizados para a abertura da empresa de ambos: “Embora ainda não esteja formalmente constituída, já está planeada e irá contar, naturalmente, com todos os prémios que a ideia recebeu”, diz.

Neste momento a tecnologia encontra-se em fase de protótipo e a dupla de engenheiros está a “validar a sua eficácia num sistema real” de um dos seus parceiros industriais, como referiu André Riboira. Os investigadores estão neste momento em busca de investidores que os ajudem a suportar os elevados custos necessários para avançar com o projeto. Depois, pretendem transformar o protótipo num serviço estável e, finalmente, iniciar a sua exploração comercial.

Sobre os investigadores

André Riboira é licenciado em Engenharia Informática pelo ISEP (Instituto Superior de Engenharia do Porto) e iniciou a atividade profissional como freelancer no desenvolvimento de aplicações web, tendo chegado a criar a sua própria empresa. A curiosidade e empenho no desenvolvimento de novas soluções e tecnologias levou-o a ingressar no MIEIC (Mestrado Integrado em Engenharia Informática), da FEUP, que concluiu em 2011. Foi após essa conquista que participou no projeto “SSaaPP – SpreadSheets as a Programming Paradigm” na Universidade do Minho (financiado pela FCT), aplicando técnicas de debugging automático em folhas de cálculo. Iniciou, depois a colaboração no projecto CSR:Small, na FEUP (financiado pela NSF, EUA) e foi nessa altura que surgiu a ideia do Remote Debugging Service.

Rui Maranhão é licenciado em Engenharias de Sistemas e Informática pela Universidade do Minho e tem um mestrado em “Software Technology” na Utrcht University, na Holanda. Recebeu o grau de doutor neste mesmo país, em 2008, onde trabalhou na área de debugging automático. A sua área de investigação é Engenharia de Software em geral e automatização do teste e depuração de software em particular. Tem mais de 60 publicações em revistas e conferências internacionais e vários prémios científicos de empreendedorismo.