Imaginemos uma maneira de revolucionar as nossas cidades aliando inovação tecnológica, sustentabilidade e…tradição do azulejo português. É impensável? Não para a equipa da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) que desenvolveu a tecnologia Portuguese Solar Tiles, vencedora da segunda edição do ano do Business Ignition Programme, o programa de iteração de modelos de negócio para tecnologias desenvolvidas no meio académico, promovido pela U.Porto.
A Portuguese Solar Tiles é uma tecnologia fotovoltaica em vidro que absorve rapidamente a radiação difusa, mas que, ao mesmo tempo, é esteticamente mais versátil pois pode incorporar não só a imagem dos azulejos como forma decorativa, mas também impressão de imagens e logotipos, ou ser de cores diferentes. Trata-se de uma inovação que ajuda o mercado da construção sustentável a resolver o problema da integração de painéis fotovoltaicos em ambientes urbanos, utilizando painéis fotovoltaicos de filme fino. Tem durabilidade de 20 anos.
“Trabalhámos arduamente nestas doze semanas para provar que o nosso projeto tem viabilidade económica e conseguimos! Esta distinção vem incentivar ainda mais a equipa a puxar esta tecnologia para o mercado. Prometemos não desistir!”, refere Luísa Andrade, docente e investigadora da FEUP, e uma das promotoras da ideia, juntamente com Andreia Passos (INESC TEC) e Ramon Mendes (FEUP). O desenvolvimento da tecnologia Portuguese Solar Tiles tem sido feito no Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia da FEUP, desde 2007, sob a liderança do docente e investigador Adélio Mendes, criador da patente mais cara vendida em Portugal (no valor de 5 milhões).
O júri da segunda edição do BIP, composto por Katja Tschimmel (Mindshake), João Porto (Porto Business School), Madalena Clara (Fábrica de Startups), Marlos Silva (SONAE), e Rita Marques (Porto Business School), escolheu esta ideia como a melhor das 11 participantes em competição. A Portuguese Solar Tiles levou então para casa o primeiro prémio, no valor de aproximadamente 2.700 euros, sendo 1.500 euros em dinheiro, atribuídos através do NOE, um projeto financiado pelo Compete 2020, Portugal 2020 e União Europeia. O restante valor será aplicado numa viagem a um ecossistema empreendedor à escolha da equipa,
De uma viagem irá beneficiar também a ideia A-VA (Assisted Vascular Analysis), que conquistou o segundo prémio. Esta é uma ideia cujo objetivo é tornar o planeamento cirúrgico num processo mais simples e seguro. Com efeito, a A-VA cria softwares que tornam mais precisa e conveniente a caracterização de redes vasculares em imagens médicas 3D, ajudando os médicos a planear ações terapêuticas. Ou, dito com outras palavras, é como o GPS dos vasos sanguíneos a serem dissecados pela equipa cirúrgica. Para a equipa do INESC TEC, participar no Businss Ingnition Programme foi uma experiência enriquecedora: ““O mais importante foi a possibilidade de contactar com o mundo real e, com isso, evoluir o nosso modelo de negócio e crescer como equipa. O prémio vai permitir acelerar a nossa trajetória, possibilitando o contacto com parceiros e concorrentes”, refere Daniel Vasconcelos, um dos promotores. Daniel foi ainda premiado pelo júri com um MBA na Porto Business School.
A segunda edição deste ano do Business Ignition Programme, que contou com o apoio da SONAE, da Fundação Amadeu Dias e do Santander Universidades e da Porto Business School, chega assim ao fim, depois de 12 semanas de trabalho árduo e intensivo das equipas. Ao longo do programa todos os participantes tiveram a oportunidade de desenvolver os vários elementos do seu modelo de negócio, através de uma abordagem de levantamento de hipóteses e sua validação. Durante os três meses as equipas puderam realizar, por exemplo, entrevistas e reuniões com potenciais clientes para aperfeiçoar a adequação das suas soluções a problemas de mercado e consumidores. Puderam também, contando com apoio especializado de mentores, desenvolver e/ou melhorar a sua imagem corporativa e construir canais de contacto tais como websites e materiais de divulgação diversos. Durante esta edição tiveram ainda lugar as BIP Talks, palestras sobre temas variados e abertos a toda a comunidade da U.Porto, às quais os elementos do BIP aderiram em grande escala.
Todos estes motivos são um elemento motivador para a equipa responsável pela organização do BIP, composta pela U.Porto Inovação, CIIMAR e INESC TEC. “Estes projetos estavam todos, de alguma forma, parados e agora têm um caminho” destacou Alexandra Xavier (INESC TEC), na sessão de encerramento do programa, realizada no passado dia 12 de dezembro, na FEUP.
A próxima edição do BIP arranca em 2018. As candidaturas já abriram e decorrem até ao dia 29 de dezembro, quer para as ideias, quer para os elementos de negócio que as vão acompanhar. Mais informações aqui.
O Business Ignition Programme é um projeto financiado pelo Norte 2020, Portugal 2020 e União Europeia. É organizado pela U.Porto Inovação, CIIMAR e INESCT TEC com o objetivo de dotar os participantes de competências relevantes para darem resposta a desafios e oportunidades de mercado.