Perto de uma dezena de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto reuniram, em junho e julho, com representantes da Galp. Estes encontros, em forma de sessão A2B, aconteceram no âmbito da edição do IJUP Empresas do ano passado, altura em que a Galp selecionou três projetos para financiar e estreitar colaborações entre a indústria e a academia.
O primeiro encontro teve lugar nas instalações da Galp, e os três projetos tiveram oportunidade de partilhar com a empresa os resultados que conseguiram alcançar até agora, desde a altura em que receberam o financiamento. Jorge Correia Ribeiro, Industrial Innovation Project Manager da GALP, afirma que, apesar de graus de progressos diferentes “condicionados pela natureza dos projetos e pelos recursos necessários, todos os projetos evidenciaram uma evolução relevante”.
“Electrifying the future with wireless technologies: electrode-less-batteries enabled by ferroelectrics”, liderado por Helena Braga, da FEUP, numa equipa da qual fazem parte também António Miranda Vale, Beatriz Maia e Ilídio Brito Costa, por exemplo, “teve um desenvolvimento muito significativo, muito importante, estando a larga maioria das etapas do cronograma concluídas, tendo sido produzido conhecimento disruptivo”, refere Jorge Correia Ribeiro. Lembramos que este é um projeto cujo principal objetivo é aproveitar todo o potencial do lítio, nomeadamente para gerar energia sem fios.
Já o projeto S.O.S. HYDRO-MAR, desenvolvido por Alexandra Pinto e Diogo Almeida Silva, tem o seu foco nos combustíveis fósseis e em criar alternativas mais sustentáveis. Neste caso, mais voltado para o setor marítimo, um dos mais difíceis de eletrificar e descarbonizar. Foi um projeto que envolveu mais estudos experimentais e testes de otimização, o que acabou por demorar mais tempo. No entanto, como refere Jorge Correia Ribeiro, “a informação obtida nestes testes é muito importante para avaliar o scaling do sistema e também para estudar, por exemplo, o efeito da utilização de água do mar”.
Liderado por Adélio Mendes, também da FEUP, o projeto “Direct Air Capture using Alcaline Solutions” revelou uma “evolução interessante” e estão ainda em curso alguns testes experimentais com o equipamento adquirido para “ensaiar/otimizar o processo de captura e pré concentração do CO2 atmosférico”, diz Jorge Correia Ribeiro, da Galp. Lembramos que este é um projeto para desenvolver uma tecnologia de captura de CO2 diretamente do ar com sustentabilidade económica, social e ambiental. Dele fazem parte também os investigadores Bernardo Soares e Felipe Afonso.
"Este é um programa de excelência, que merece o nosso apoio continuado na próxima edição"
O segundo momento desta sessão A2B incluiu uma visita dos membros da Galp aos laboratórios da FEUP onde estes três projetos se encontram em execução. Na opinião de Jorge Correia Ribeiro, a colaboração com os investigadores tem sido “exemplar, destacando-se a disponibilidade dos mesmos para fornecer informação, esclarecer dúvidas e participar em reuniões de acompanhamento”. O representante da Galp acrescenta ainda a importância e disponibilidade das equipas em fazer a visita aos centros de investigação envolvidos o que, na sua opinião, contribui para o “reforço de uma proximidade que será importante em futuros projetos”.
Quando questionados sobre a importância da participação em programas como o IJUP Empresas, a Galp não hesita em afirmar que este é um “programa de excelência”. Nas palavras de João Ribeiro, Lead Open Innovation Manager da Galp, o IJUP Empresas permite à Galp, em parceria com a Universidade do Porto, “explorar o que de melhor se faz em termos de ciência no ramo da energia”. Além disso, acrescenta, “é um programa com a missão de fomentar a carreira de investigação juntando jovens investigadores com investigadores muito experientes, gerido de uma forma profissional e estruturada”. Assim, a empresa reitera o interesse em continuar a participar no IJUP Empresas, um programa que “merece o apoio continuado da Galp numa próxima edição”, conclui João Costa Ribeiro.
Sobre as sessões A2B
Como forma de aproximar e alargar a rede de contactos entre a comunidade científica e o setor económico empresarial, a U.Porto Inovação promove as sessões A2B (A de Academia, B de Business).
Assim, as sessões A2B têm como objetivo apoiar o esforço de inovação das empresas e fazem-no promovendo o encontro entre grupos de investigação e empresas, com o intuito de formar parcerias que assegurem uma maior eficácia da transferência e valorização do conhecimento.
Através destas iniciativas, que podem ter lugar tanto na Universidade como nas empresas, procura-se dar a conhecer aos investigadores da U.Porto e de Institutos associados as necessidades de I&D das empresas. Por outro lado, são uma oportunidade para apresentar as competências de I&D e inovação da Universidade relacionadas com as atividades dessas empresas. Dessa forma, a U.Porto Inovação aposta no reforço dos laços entre academia e indústria, criando condições ideais para uma investigação aplicada aos desafios que as empresas enfrentam num mundo cada vez mais competitivo.