Tal como o próprio nome indica, Audio-GPS é semelhante…. ao GPS. É uma tecnologia que tem a vantagem de permitir e facilitar a localização em espaços interiores, tudo isto através de um smartphone ou tablet, sem ser necessário adquirir nenhum equipamento especial. Como refere João Moutinho, um dos inventores responsáveis, é uma “tecnologia simples, precisa, fiável e não dispendiosa (usa componentes que já podem estar instalados ou que existem no nosso dia-a-dia)”. E como funciona? Segundo o investigador da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, para o Audio-GPS cumprir o seu propósito, “os espaços interiores só precisam de ter um sistema de som com o dispositivo que inclui a tecnologia. Esse dispositivo será responsável por enviar a informação necessária e coordenar a emissão dos sinais para que estes não sejam percetíveis”. Imaginemos uma estação de metro onde, à partida, é complicado localizar uma pessoa usando as tecnologias atuais que, além de pouco fiáveis, são também dispendiosas. O Audio-GPS usa o sistema de som já existente na estação (e que a maioria dos espaços públicos já possui, ou poderá possuir facilmente) e emite sons que os smartphones ou tablets conseguem captar. Assim, recorrendo à tecnologia, estes dispositivos vão conseguir “localizar-se globalmente como acontece nos sistemas por satélite como o GPS, mas no interior de edifícios, onde os sinais dos satélites não chegam de forma suficiente”, explica João Moutinho.
Esta solução inovadora que permite ter a “localização interior disponível na palma da mão” foi desenvolvida por três investigadores da Faculdade de Engenharia da U.Porto: Diamantino Freitas, João Moutinho e Rui Esteves Araújo. A ideia surgiu na sequência do projeto NAVMETRO (de Diamantino Freitas) criado para orientação, no Metro do Porto, de pessoas com deficiências de visão. Neste tipo de sistema, refere João Moutinho, “é indispensável conhecer com fiabilidade e precisão a localização das pessoas para as orientar devidamente” e os investigadores concluíram não existir no mercado “uma solução de localização em espaços interiores, como estações subterrâneas, com os requisitos necessários: baixos custos de implementação, fiabilidade, precisão, e a não necessidade de obrigar os utilizadores a usar algum tipo de dispositivo não habitual ao seu dia-a-dia”, refere o inventor. Para colmatar essa falha foi desenvolvido, em primeiro lugar, um sistema semiautomático que, com a colaboração do utilizador e usando o sistema sonoro já existente na estação, permite a localização. Verificou-se, contudo ser um processo mais demorado que o pretendido e que obriga o utilizador a um conjunto de interações indesejável. Para suprir necessidade os inventores puseseram mãos à obra e criaram um sistema totalmente automático: o Audio-GPS, tecnologia “já validada do ponto de vista experimental”, conta João Moutinho.
Os próximos passos orientam-se, naturalmente, pela valorização da tecnologia para a sua aplicabilidade. Para tal, os investigadores estão, neste momento, a tratar, com o apoio da U.Porto Inovação, das questões relativas à proteção da Propriedade Intelectual e o pedido de patente já deu entrada. Para João Moutinho, “este apoio às atividades de inovação, transferência de tecnologia e empreendedorismo é fundamental para passar do conhecimento científico à valorização tecnológica que pode vir a ser efetivamente o motor da economia”. Com essa necessidade em mente, a equipa está já a procurar apoios para desenvolver um novo protótipo para demonstração em condições reais. O futuro dependerá inequivocamente do estabelecimento de parcerias ou da possibilidade de “transferência de tecnologia para uma ou mais empresas próximas do mercado”, conclui João Moutinho.