Ao invés das atuais 48 horas necessárias para diagnóstico, os kits atualmente em desenvolvimento pela FASTinov conseguem descobrir em apenas uma hora a que antibióticos é resistente o agente provocador de uma certa infeção bacteriana. Como refere Cidália Pina Vaz (FMUP), uma das investigadoras do grupo, deste modo “é possível dirigir a terapêutica e medicar com segurança”.

Na opinião da investigadora e docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), “avizinham-se tempos muito difíceis sem armas de combate às infeções, com os antibióticos cada vez mais resistentes”, diz. Essa noção, aliada ao facto de trabalhar diariamente na rotina de um grande hospital fez com que, juntamente com Acácio Rodrigues e Sofia Oliveira, quisesse procurar uma solução. “Perante uma suspeita de infeção, os clínicos enviam para o laboratório amostras do doente, no sentido de esclarecer a causa da infeção. O facto de os resultados demorarem 48 horas a chegar faz com que os médicos receitem, empiricamente, um ou mais antibióticos. Devido ao aumento das resistências, essa tarefa é cada vez mais um tiro no escuro. Caso a bactéria seja resistente ao antibiótico receitado, o doente pode mesmo morrer ou apresentar complicações graves”, explica Cidália Pina Vaz. Foi então que surgiu a ideia de desenvolver estes kits de diagnóstico, que diminuem o tempo de espera da análise de amostras corporais de dois dias para apenas uma hora (após um período de incubação da bactéria, que demora 24 horas).

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Para acelerar um processo atualmente praticado nos laboratórios de todo o mundo, a equipa da FASTinov recorre a uma tecnologia já existente mas que ainda não tinha sido usada na área da microbiologia: “Estes kits permitem marcar o efeito ou a lesão (provocada por um dado antibiótico) com substâncias fluorescentes, conseguindo concluir rapidamente se o microrganismo é resistente”, refere a investigadora. Deste modo, é possível não só diminuir o tempo de espera como também evitar o contágio isolando rapidamente o doente, reduzindo assim os custos hospitalares associados. Cidália Pina Vaz acrescenta ainda que, com esta tecnologia, será possível “esclarecer os principais mecanismos de resistência dos microrganismos, fundamental para a compreensão da transmissão e desenho de novas terapêuticas, bem como garantir um tratamento seguro e atempado evitando mortalidade “, diz.

O próximo passo é introduzir o produto no mercado. Os primeiros kits a serem disponibilizados serão os de avaliação da suscetibilidade nos agentes mais frequentemente isolados em laboratórios como por exemplo E.coli ou Pseudomonas. Encontram-se atualmente em fase de certificação. A tecnologia deu também origem a um registo de patente nacional e internacional (ambos pendentes), tendo sido licenciada à empresa spin-off FAstInov