A tecnologia de lasers ultra-curtos venceu o iUP25k de 2013 e está agora em processo de licenciamento à empresa Sphere Ultrafast Photonics. As utilizações desta tecnologia criada por Hélder Crespo (Faculdade de Ciências da Universidade do Porto) vão desde a terapia e diagnóstico avançados em oftalmologia até ao processamento de materiais com alta precisão. O aparelho chama-se d-scan (abreviatura de dispersion-scan) e incorpora “uma nova arquitetura capaz de medir e controlar impulsos laser ultra-curtos com durações sem precedentes, próximas dos 3 femtosegundos”, diz Hélder Crespo. É uma tecnologia de laser ultrarrápida, que vai permitir melhorar o modo como se constroem novos lasers. Isso significa que o d-scanconsegue resolver a dificuldade existente em medir e controlar a aplicação de impulsos laser ultracurtos nas suas diversas aplicações, permitindo assim melhores desempenhos, nomeadamente na microscopia, na medicina e neurociências, na química e na física, assim como no estudo e processamento de materiais.
“Desde há cerca de quinze anos que não se faz inovação significativa nas técnicas de medida de impulsos laser ultra-curtos, mas os próprios lasers têm evoluído e as técnicas de medida existentes não acompanharam totalmente essa evolução”, diz Hélder Crespo quando questionado sobre como surgiu a ideia para criar o d-scan. O aparelho é único, não existindo neste contexto outra técnica de medida ótica que permita o diagnóstico das novas fontes laser. Hélder Crespo acrescenta ainda que, quando em comparação com outros produtos existentes no mercado o d-scan marca a diferença por “não utilizar técnicas interferométricas para medir os impulsos e também pela sua capacidade de, simultaneamente, controlar a dispersão dos mesmos”. Na opinião do investigador, são estas diferenças que dão a vantagem competitiva à tecnologia, uma vez que consegue obter “medidas fiáveis e exatas mais rapidamente”, acrescenta. Em suma, o aparelho consegue medir impulsos mais curtos do que qualquer outra tecnologia, de uma maneira mais simples, robusta e fiável, permitindo uma monitorização mais eficaz e rápida dos resultados.
Todos estes motivos levaram a que esta ideia fosse a grande vencedora da edição de 2013 do iUP25k o que, na opinião de Hélder Crespo, foi um marco “muito importante para destacar a inovação inerente ao d-scan”. Para o investigador o prémio em si foi decisivo para os passos que se seguiram: “Foi um auxílio para a compra de componentes para o protótipo beta do d-scan e para podermos iniciar a incubação no UPTEC, algo que tem sido muito produtivo pelo acesso a investidores e formação”, acrescenta.
Nesta longa e produtiva jornada, Hélder Crespo refere o apoio da U.Porto Inovação como “um contributo e ajuda muito importantes em todo o processo”. A tecnologia da U.Porto encontra-se agora em processo de licenciamento à empresa Sphere Ultrafast Photonics e os investigadores envolvidos estão também a procurar angariar financiamento para conseguirem desenvolver o projeto. A equipa está focada em produzir e colocar no mercado a “mais precisa tecnologia de controlo de laser de impulsos ultrarrápidos de sempre”, rematou Hélder Crespo.