Marco Alves, investigador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), que tem vindo a desenvolver investigação de ponta na área da fertilidade, foi recentemente convidado a fazer parte do novo programa de inovação da Merck KGaA, uma multinacional farmacêutica.
O Medical Innovation Program (MIP) foi lançado no passado mês de junho em Viena, (Áustria), no Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (na foto, à esquerda, o investigador acompanhado de investigadores de entidades internacionais, incluindo a Merck). Durante o evento, Marco Alves apresentou o projeto “Spermboost: improving sperm preparation for ART”, em que tem vindo a trabalhar nos últimos anos, e assinou um protocolo de colaboração com a Merck para o desenvolvimento futuro da tecnologia.
O projeto liderado pelo investigador da U.Porto promete revolucionar a área da reprodução medicamente assistida, trazendo nova esperança a quem tenha problemas de fertilidade. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, estima-se que pelo menos 50 milhões de casais em todo o mundo sofram ou venham a sofrer de algum tipo de problema de fertilidade, o que leva a um aumento da procura por técnicas de procriação medicamente assistida. No entanto, a taxa de sucesso está longe de ser a desejável.
De forma a mudar esta realidade, o grupo de investigação de Marco Alves tem vindo a trabalhar numa forma de melhorar o modo de preservação de gâmetas, particularmente espermatozoides, enquanto mantém a sua qualidade e viabilidade e sem prejudicar o DNA. A descoberta foi comunicada à U.Porto Inovação, tendo já dado origem a uma patente internacional e a uma ronda de financiamento de 10 mil euros, garantido pela Fundação Amadeu Dias no âmbito do programa BIP Proof.
Durante os contactos comerciais, a equipa da U.Porto Inovação descobriu que a Merck estava prestes a entrar no mercado dos meios de preservação de esperma, e iniciou-se o contacto que começou por um donativo sem contrapartida para financiar os custos da patente. Depois desse passo, a equipa de Marco Alves candidatou-se a um grant da MERCK, que ganhou, estando agora a fazer investigação em conjunto com a gigante farmacêutica.
Tendo agora, como parceira, uma das maiores farmacêuticas do mundo, a equipa pretende continuar o seu trabalho e obter melhores preparações para as técnicas de reprodução medicamente assistida. O Spermboost entra, assim, numa nova fase de consolidação, com os olhos postos numa possível entrada no mercado a médio prazo.
Sobre Marco Alves
Licenciado em Biologia e doutorado em Bioquímica, é investigador auxiliar do ICBAS desde 2016 e faz parte da gestão científica da Unidade Multidisciplinar em Investigação Biomédica (UMIB) dessa faculdade. Foi no ICBAS que deu início a um grupo de investigação focado em endocrinologia, metabolismo e reprodução masculina, e a sua principal área de trabalho incide na biologia reprodutiva masculina, na modulação metabólica, obesidade e causas fisiopatológicas de infertilidade.
Desde 2015 que o investigador orienta vários alunos de doutoramento e pós-doutoramento e a sua investigação já foi premiada com vários prémios, bolsas nacionais e internacionais e fundos internacionais. O laboratório que integra é bastante competitivo na Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) tendo visto já alguns projetos de investigação aprovados, um deles com Marco Alves como investigador principal arrecadou perto de 240 mil euros. É também cientista convidado na Universidade de Bari (Itália).