Chama-se MechALife e promete revolucionar as tradicionais muletas e andarilhos através de um exosqueleto para os membros inferiores. Uma vez no mercado, poderá melhorar a vida dos 20 milhões de pessoas da 3ª idade que “sofrem de mobilidade reduzida moderada só na União Europeia”, referem os investigadores. Projeto começou na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e está a ser desenvolvido no INEGI por Daniel Pina e Nilza Ramião (na foto).

Na verdade, o conceito existe há bastante tempo. Mas também é verdade que a ele vem associado algum preconceito: “a ideia de ver pessoas, no presente, a usar exosqueletos no dia-a-dia ainda é algo estranha para alguns”, explica Daniel Pina. Mas as vantagens do MechALife, quando comparadas com os seus principais concorrentes, motivam os investigadores. Por um lado, e quando comparada com muletas e andarilhos, esta tecnologia permite assistir a marcha sem que a pessoa precise de ocupar as mãos e os braços, o que é uma diferença muito relevante pois estas pessoas “têm dificuldade em deslocar-se dentro de casa enquanto carregam um prato de comida, por exemplo”, conta o investigador. Além disso, também se destaca em relação a outro tipo de exosqueletos – muito volumosos e pouco discretos - por poder ficar escondido e usado debaixo de roupas largas: “Não queremos que a imagem do MechALife seja a de um apetrecho metálico e invasivo em torno das pernas. Isto porque acreditamos que o constrangimento social sobre a utilização de um aparato metálico seja grande, particularmente para a faixa etária a que a nossa tecnologia se destina”, conta.

Tudo começou durante o Mestrado de Daniel Pina numa universidade alemã, onde começou a familiarizar-se com os exosqueletos assistidos, tendo inclusivamente participado no desenvolvimento de um, para ser utilizado no cotovelo. Depois, e já terminado o curso, o investigador participou no projeto AAL4LL, que contava com várias universidades do país – incluindo a U.Porto – bem como empresas tecnológicas, e cujo objetivo era criar produtos tecnológicos de assistência à população sénior. A partir daí Daniel Pina ficou familiarizado com o problema mais a fundo, e a temática deu origem ao seu projeto de doutoramento “sobre o desenvolvimento de um exosqueleto para encarar o problema da mobilidade no envelhecimento”, conta. Essa jornada foi orientada por Joaquim Gabriel Mendes, investigador da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e também do INEGI. (FEUP) e coorientada por Renato Natal Jorge (FEUP). Renato Natal Jorge é o responsável pela equipa ao nível da conceção e validação experimental.

Recentemente, o caráter inovador do MechALife foi reconhecido e Daniel Pina e Nilza Ramião receberam um financiamento de 10 mil euros, no âmbito do programa BIP Proof e garantidos pela Fundação Amadeu Dias. Com esse valor, os investigadores estão neste momento a construir um protótipo à escala real, no INEGI, que contam usar para “ajudar a divulgar o potencial da ideia e procurar investimento para continuar o desenvolvimento do projeto”, refere Daniel Pina. O investigador acrescenta ainda que, enquanto engenheiro, o maior sonho será sempre fazer chegar o produto ao mercado, “providenciando uma solução que resolva, de facto, um desafio real da sociedade”, conclui.